UFSC forma profissionais em Biossegurança

08/01/2003 14:37

A UFSC formou um time de multiplicadores em uma área estratégica: a Biossegurança. Cinqüenta profissionais de diferentes estados brasileiros, de campos como veterinária, advocacia, farmácia e bioquímica, agronomia, química, biologia, engenharia civil, arquitetura, odontologia, enfermagem, engenharia sanitária, engenharia florestal e física integraram a primeira turma da Especialização em Biossegurança. Pioneiro no país, o curso foi implementado em 2002 pelo Departamento de Microbiologia e Parasitologia (MIP). A especialização será realizada no segundo semestre de cada ano,comprendendo no mínimo 360 horas-aula distribuídas em 8 disciplinas. Veja mais informações no site http://www.biosseguranca.ufsc.br/

Oferecido gratuitamente, o curso contou com o apoio do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia da UFSC, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (ANBio) e Fundação de Ciência e Tecnologia do Estado de Santa Catarina (Funcitec.

“Antes do curso tinha uma visão sobre Biossegurança e agora tenho outra completamente diferente”, avalia a engenheira agrônoma Patrícia Sanglard Felipe Bruneta, de Mato Grosso. A mudança de visão, explica, refere-se ao fato de que antes relacionava a Biossegurança estritamente à tecnologia do DNA recombinante (Organismos Geneticamente Modificados, ou transgênicos). Agora, a área se mostra claramente relacionada a diversos aspectos da segurança. Risco biológico, manipulação genética de células, clonagem, transgenia, produção, armazenamento ou manipulação de embriões humanos e animais, clonagem terapêutica e análise de risco ambiental provocada por espécies geneticamente modificadas são alguns dos campos em que se faz necessária essa ciência voltada a assegurar o avanço dos processos tecnológicos e proteger a saúde humana, animal e o ambiente.

A Biossegurança surgiu no século XX, com o objetivo de diminuir e controlar os riscos da prática de tecnologias realizadas em laboratório ou aplicadas no meio ambiente. É regulada em vários países por um conjunto de leis específicas. No Brasil, no entanto, a legislação de Biossegurança abrange apenas a tecnologia de Engenharia Genética, estabelecendo os requisitos para o manejo de Organismos Geneticamente Modificados. Voltada a uma visão geral da Biossegurança, a Especialização contou com disciplinas sobre Bioética e Propriedade Intelectual; Geração, Acondicionamento, Transporte, Armazenamento e Disposição Final de Resíduos Especiais; Biossegurança e Organismos Geneticamente Modificados, Planejamento e Adequação Física de Áreas de Risco, entre outras.

“A legislação brasileira tem ainda bastante a evoluir e é responsabilidade nossa divulgar as informações a que tivemos acesso para esclarecimento da população”, avalia a advogada Madilini Mariáh K. Jurgacz, que trabalha na Prefeitura de Palhoça (SC) e também integrou a primeira turma da especialização. “Temos o dever de divulgar o que aprendemos para outras pessoas, colaborando para que a Biossegurança seja conhecida e entendida. Estamos envolvidos com uma série de novas informações, discussões sobre novas tecnologias, e esse conhecimento não pode ser um processo privativo do governo ou das empresas”, concorda o advogado Jaime César de Moura Oliveira, de São Paulo.

Especialista na área ambiental, Oliveira buscou no curso uma forma de tornar-se mais preparado para lidar com questões cada vez mais presentes nos processos jurídicos. “Quando se introduz uma espécie exótica em um determinado ambiente, por exemplo, pode-se estar causando um sério impacto ambiental, um desequilíbrio da cadeia alimentar, podemos estar mexendo com o processo de competição entre as espécies e até eliminando formas de vida”, explica, mostrando como a Biossegurnaça está relacionada à questão ambiental.

A saúde humana e animal é outro campo que cada vez mais exige profissionais sensíveis a questões de Biossegurança – clonagem, terapia gênica, descarte de resíduos dos serviços de saúde são exemplos práticos. Para o médico veterinário Silvio Luiz Negrão, de Blumenau, já na graduação deveriam ser contempladas disciplinas na área de Biossegurança. Ele mesmo, somente na especialização teve um maior contato com essa ciência. “Noventa por cento das atividades em medicina veterinária requer a biossegurança, são áreas indissociáveis”, avalia.

“É importante se ter consciência de que não existe risco zero, mas também de que não se pode desprezar as novas tecnologias, e a Biossegurança ensina como prever os riscos”, ensina o engenheiro agrônomo Francisco Witzler, outro aluno da especialização que vai levar os conhecimentos sobre a Biossegurança para sua cidade de origem – no seu caso, Assis, em São Paulo.

Mais informações:

http://www.biosseguranca.ufsc.br/

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