Centro de Informações Toxicológicas alerta para perigo de acidente com lagartas

10/10/2002 14:56

Lonomia obliqua é a mais perigosa

Lonomia obliqua é a mais perigosa

O Centro de Informações Toxicológicas (CTI) da UFSC quer alertar a comunidade do perigo de acidentes com lagartas. Os casos em Santa Catarina começaram em 1989 e desde essa data já são 1800 acidentes com seis mortes. A preocupação do CIT é em relação ao Dia das Crianças, quando acontecem passeios e piqueniques em lugares onde é fácil encontrar o animal. Conhecidas como taturana, bicha cabeluda, manduruvá, ruga e mandrová, são comuns em épocas quentes e em locais úmidos, como pomares caseiros, beiras de rios e árvores próximas a lagos.

Existem várias espécies e nem todas são nocivas. O grande perigo é a Lonomia obliqua, com espinhos venenosos que causam irritação, ardência, queimação, inchaço, avermelhamento, febre, vômitos e, nos casos graves, alteração na coagulação sanguínea. Quando altera a coagulação, a lonomia provoca hemorragias, manchas escuras e sangramentos pela gengiva, nariz, intestinos, na urina e até nas feridas cicatrizadas. Sem atendimento médico, a vítima pode morrer de hemorragia cerebral ou insuficiência renal aguda. O veneno é mais potente do que o da jararaca.

É fácil diferenciar essa espécie das outras. Nos troncos das árvores, elas estão sempre em grupos de 20 a 30. O corpo é marrom com espinhos verdes e tem faixas no dorso com manchas amareladas. Um dos cuidados que podem ser tomados, além de prestar atenção nos troncos, é observar a grama e ver se as folhas não estão roídas, se não há casulos e fezes no chão.

A professora de Toxicologia e coordenadora do CIT, Marlene Zannin, lembra que em caso de acidente, a vítima deve ser levada imediatamente ao hospital e se possível deve-se levar a lagarta junto. Se a lagarta for levada, o médico entra em contato com o CIT, descreve o animal e o Centro identifica se é ou não a lonomia. Caso o CIT confirme que não é, o paciente é liberado e não há gasto com exames desnecessários. Se o Centro identificar o animal como lonomia, a vítima toma o soro.

O soro antilonômico foi desenvolvido em 1995, quando o CIT encaminhou ao Instituto Butantã algumas lagartas e eles o produziram nos mesmos moldes do soro contra picadas de cobras. O Centro foi o responsável pelo estudo clínico, que inclui o teste do medicamento em pacientes. Desde que o antilonômico começou a ser aplicado, não foi registrado nenhum caso de morte da vítima.

O Centro de Informações Toxicológicas funciona através de um convênio entre a UFSC e a Secretaria da Saúde há 18 anos. O serviço fica no Hospital Universitário e tem um plantão 24h, que atende todo o Estado, não só em casos de contato com lonomias, mas em qualquer tipo de envenenamento e intoxicação. Os casos mais comuns em que o Centro é procurado são de acidentes com animais peçonhentos e intoxicação por medicamentos e agrotóxicos. O plantão atende pelo telefone 0800-643-5252. Informações com as professoras Marlene e Margareth pelos telefones 331-9535 e 331-9173.