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O Programa de Atendimento Odontológico no GAPA (Grupo de Apoio e Prevenção à AIDS / Lar Recanto do Carinho), realizado por estudantes da UFSC com crianças e adolescentes filhos de pais portadores do HIV, é mais do que experiência para a futura profissão. “Procuramos conscientizar nossos alunos participantes sobre a importância de estabelecer relações de afeto, carinho e solidariedade com as crianças e jovens tão especiais do Lar”, conta a coordenadora do projeto, professora Gracia Maria Koerich. O Programa é um projeto de extensão do Departamento de Patologia que iniciou em 1999. Atualmente conta com dois alunos bolsistas e cinco voluntários do curso de Odontologia, além da orientação da professora Sônia Lückmann Fabro.

O Lar Recanto do Carinho abriga 56 crianças de zero a 15 anos de idade portadoras de HIV ou filhos de pais portadores do vírus. Estas crianças residem e estão sob a tutela da instituição, pois os pais já morreram ou estão impossibilitados de cuidar delas devido à doença. De acordo com a coordenadora, a maior parte das crianças vem de famílias onde as condições de pobreza, ignorância, promiscuidade e uso de drogas injetáveis são fatores facilitadores para contração do HIV, tornando-as vítimas da desagregação familiar, abandono e orfandade.

O precário estado de saúde bucal das crianças se deve às necessidades calóricas aumentadas e à ausência de higiene bucal supervisionada. Além disso, muitos medicamentos usados na terapia anti-HIV são xaropes que contribuem no desenvolvimento de cáries. Como os portadores têm o sistema imunológico enfraquecido, as infecções bucais contribuem para agravar o estado de saúde.

O atendimento ao Lar Recanto do Carinho tem como referência o `Estudo da prevalência da doença cárie, das condições de higiene bucal e das manifestações bucais da AIDS em crianças institucionalizadas`, realizado por professores e alunos do curso de Odontologia da UFSC no período de 1996 e 1997. No estudo, constata-se a urgência da implantação de um serviço de Odontologia para a prevenção e tratamento das crianças do Lar Recanto do Carinho. A partir disso, foi implantado em 1998 o Programa de Educação e Prevenção em Saúde Bucal, que realiza atividades educativas e preventivas, como escovação e aplicação de flúor. Esse mesmo estudo serviu de base para a implantação do Atendimento Odontológico no ano seguinte.

Os estudantes que participam do projeto recebem orientações sobre cuidados e procedimentos estratégicos de biossegurança que devem ser adotados no tratamento de crianças e adolescentes portadores de HIV. Além disso, todos os integrantes são orientados sobre o perfil da clientela e a instituição, para se conscientizarem da situação dos pacientes.

“Com o programa, pretende-se incentivar trocas de diferentes vivências entre profissionais, alunos, crianças e adolescentes abrigados, contribuindo para a criação de vínculos afetivos e emocionais. Esse processo facilita o aprendizado e a colaboração mútua, fazendo com que os pacientes aceitem melhor o atendimento odontológico, e os alunos-bolsistas amadureçam em relação a esta clientela sofrida”, avalia a coordenadora. “Atender pacientes HIV-positivos é uma obrigação moral e social de todo o profissional da saúde, e só treinando e capacitando nossos alunos no conhecimento da condição especial desses pacientes é que poderemos eliminar preconceitos e discriminações.”

Informações com a professora Gracia, fone 331 9473