Laboratório de Virologia Aplicada aprimora técnica de detecção do vírus da Hepatite A em ostras
O Laboratório de Virologia Aplicada da UFSC aprimorou uma tecnologia para o controle da contaminação do vírus da Hepatite A em ostras. A metodologia permite a análise de `concentrados` da carne de ostras a partir da técnica de Amplificação Gênica (RT-PCR). Essa metodologia foi escolhida por se mostrar como a mais sensível para identificar a contaminação dos moluscos pelo vírus da Hepatite A. As pesquisas nesta área vêm sendo realizadas desde 1997 e envolvem o uso de diferentes técnicas de cultivo do vírus em laboratório, o estudo de métodos de contagem viral e a avaliação dos efeitos da contaminação nos tecidos dos moluscos, entre outras frentes de trabalho. O Laboratório de Virologia Aplicada é ligado ao Departamento de Microbiologia e Parasitologia, do Centro de Ciências Biológicas, e ao Departamento de Ciências Farmacêuticas, do Centro de Ciências da Saúde.
Atualmente o grupo de pesquisa, formado por professores e estudantes, está aguardando a liberação de verbas por parte do Governo do Estado de Santa Catarina para controle da produção em 27 cultivos. Santa Catarina é o principal produtor de ostras do país, sendo que no ano passado foi obtido mais de 1 milhão de dúzias. Além de detectar o vírus da Hepatite A, o monitoramento mensal vai permitir que seja avaliada a quantidade de coliformes nas águas de cultivo, a presença de Salmonellas e Stafilococcus.
“Nossa idéia é trabalhar durante um ano, mostrando que o controle é possível e oferecendo maior qualidade ao produto”, explica a professora Célia Regina Monte Barardi, uma das coordenadoras das pesquisas. Segundo ela, a idéia é fornecer a esses sítios de cultivo um atestado de qualidade emitido pela UFSC.
“É uma concepção errônea achar que somente o monitoramento do nível aceitável de coliformes fecais (bactérias) encontrados nas águas e frutos do mar já é um parâmetro suficiente para garantir segurança à população que consome frutos do mar”, alerta a professora. Segundo ela, o vírus da Hepatite A pode resistir por um período de 2 a 130 dias no mar, dependendo das condições de temperatura. Por isso, amostras de água contendo níveis aceitáveis de coliformes fecais e frutos do mar sem Salmonellas e Staphylococcus podem estar contaminados com o vírus de outras doenças.
Estudos do grupo apresentados em simpósios nacionais e internacionais e publicados em revistas brasileiras e internacionais confirmaram que o perigo é real. A pesquisa desenvolvida pela Mestre em Biotecnologia, Christiane Coelho, e pela estudante de graduação, Ana Paula Heinert, e apresentado no XI Seminário de Iniciação Científica da UFSC, mostrou que o vírus causador da Hepatite A pôde ser detectado em um cultivo da Grande Florianópolis. “Em um dos sítios pesquisados foram encontradas 22% de amostras contaminadas, evidenciando comprometimento da área de cultivo”, informa a estudante. Realizada durante um ano, a pesquisa permitiu a aplicação da técnica RT-PCR junto ao Laboratório de Virologia Aplicada para análise de amostras de campo, coletadas em quatro locais de cultivo da Grande Florianópolis – dois na ilha e dois no continente. Mais informações com as professoras Célia Regina Monte Barardi, e-mail ccb1crb@ccb.ufsc.br331 / fone 331 5207, ou Cláudia Simões claudias@reitoria.ufsc.br / fone 331 9206.
SAIBA MAIS
O Vírus da Hepatite A
A hepatite infecciosa causada pelo vírus da Hepatite A (HAV) é uma das doenças mais sérias causada pela ingestão de frutos do mar crus ou levemente cozidos. O vírus está distribuído pelo mundo e é extremamente resistente à degradação. Pode sobreviver por aproximadamente um mês à temperatura ambiente e só é parcialmente degradado após um tratamento de 12 horas, a 60° C. Mais de cem milhões de partículas virais/ml de fezes podem ser excretadas durante a infecção. Junto às fezes, são liberados nas águas de esgotos.