A UFSC participou no dia 17 de dezembro da cerimônia de conclusão da fase inicial de seqüenciamento do primeiro organismo estudado pelo Projeto Genoma Brasileiro – Rede Nacional de Seqüenciamento. O projeto foi implantado no início desse ano pelo Ministério de Ciência e Tecnologia e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), sendo integrado por 25 laboratórios de todo o país. Na UFSC, participam do projeto dois laboratórios do Centro de Ciências Biológicas da UFSC.
A professora Tânia Creczynski Pasa, do Departamento de Ciências Fisiológicas, e o professor Edmundo Grisard, do Departamento de Microbiologia e Parasitologia, são os pesquisadores que representaram a UFSC em Brasília. Segundo os professores, esta primeira fase que está concluída representa a ‘etapa braçal’ de leitura e ordenamento das letras genéticas, que contêm as características físicas e químicas do organismo. A fase seguinte será o estudo do que significa este genoma.
Além de trabalhar neste seqüenciamento, a UFSC foi a instituição que indicou a bactéria Chromobacterium violaceum, primeiro microorganismo que teve seu genoma trabalhado pela Rede Nacional de Seqüenciamento. A bactéria Chromobacterium violaceum, selecionada para dar partida ao projeto, foi proposta pelas professoras Tânia Beatriz Creczynski-Pasa e Regina Vasconcelos Antônio, do Centro de Ciências Biológicas. O organismo foi selecionado por sua importância farmacológica, médica e biológica. O melhor conhecimento de seu genoma pode levar, por exemplo, à produção de novos medicamentos para doenças como a Leishmaniose e a Doença de Chagas. Do ponto de vista biológico, a importância do microorganismo está relacionada a sua capacidade de produzir polímeros com característica do polipropileno (plástico), com a vantagem de ser biodeagradável.
Mais informações sobre o Projeto Genoma Brasileiro na UFSC com os professores Edmundo Grisard (331 9512) ou Tânia Pasa (331 9579).
Saiba Mais:
UMA BACTÉRIA ESTRATÉGICA
A Chromobacterium violaceum, escolhida para inaugurar as atividades da Rede Nacional do Projeto Genoma Brasileiro, já era conhecida há tempos pelos cientistas por sua capacidade de combater doenças como o Mal de Chagas e a leishmaniose, produzir plásticos biodegradáveis ou reduzir impactos da poluição em áreas de garimpo. Pesquisas recentes apontam ainda sua eficiência no controle de pragas agrícolas. Tudo isso justifica o esforço feito para desvendar seu material genético. Esse é o primeiro passo para se entender como os genes conferem ao microrganismo tantas e tão preciosas propriedades.
A proposta vencedora foi apresentada pelo grupo da bióloga Tânia Creczynski-Pasa, do Departamento de Ciências Fisiológicas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A equipe da bióloga emprega a bactéria em várias linhas de pesquisa, como, por exemplo, a que investiga novas moléculas com potencial antioxidante. “Investigamos o papel da violaceína e a expressão de enzimas relacionadas com o processo de defesa ao estresse oxidativo na Chromobacterium violaceum”, diz Tânia, que cedeu o microrganismo para a realização do seqüenciamento.
AÇÃO ANTIBIÓTICA
A produção de violaceína, vale destacar, é uma das características mais notáveis da Chromobacterium. Além de possuir ação antibiótica, esse pigmento de cor escura se mostrou eficaz também no combate ao Trypanosoma cruzi, causador do Mal de Chagas, e no tratamento da leishmaniose, doença provocada por protozoários do gênero Leishmania.
Suspeitas sobre a ação antibiótica da violaceína foram levantadas a partir da observação da microfauna do Rio Negro, na Amazônia, onde a Chromobacterium violaceum está presente em grande quantidade.
Boa parte dos pequenos animais de suas águas, verificou-se depois, é dizimada em virtude do poder antibiótico da substância. Diante da baixa disponibilidade de alimentos, os cardumes desaparecem e tornam inviáveis as atividades pesqueiras da população ribeirinha.
Não é por outra razão que o rio ficou conhecido internacionalmente como “hungry river” (rio da fome). Em artigo publicado na revista Ciência Hoje em 1990, o pesquisador Luiz Renato Caldas, do Instituto de Biofísica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, afirma que a biomassa do Rio Negro chega a ser 200 vezes menor que a do Rio Amazonas.
A Chromobacterium não é encontrada exclusivamente na região do Rio Negro, como é costume imaginar. Ela se difunde amplamente por todo o mundo tropical e não apenas em ambientes aquáticos (algumas cepas já foram isoladas em amostras de solo). Além de violaceína, a Chromobacterium produz também um peptídeo – substância formada pela união de dois ou mais aminoácidos, como as proteínas e certos hormônios – que revelou expressiva atividade antitumoral em testes feitos com camundongos.
INTERESSE INDUSTRIAL E AMBIENTAL
A Chromobacterium é um dos raros microrganismos já estudados até agora que sintetizam polihidroxialcanoatos (PHAs) – polímeros orgânicos com características físico-químicas muito semelhantes às do polipropileno e do polietileno. “Isso significa que os PHAs são uma excelente alternativa aos plásticos derivados da indústria petroquímica”, traduz o biólogo Fabrício Rodrigues dos Santos, do Laboratório de Biodiversidade e Evolução Molecular da Universidade Federal de Minas Gerais, em Belo Horizonte, um dos 25 integrantes da rede nacional.
A capacidade de produzir plásticos biodegradáveis, aliada às evidências de que pode ser empregada em processos de limpeza de áreas poluídas com metais pesados ou ajudar a unir partículas de ouro em áreas de mineração, faz com que essa bactéria possa, no futuro, contribuir para solucionar problemas graves que afligem o meio ambiente.
Concluído o trabalho de descrição do genoma da Chromobacterium violaceum, começa agora a busca dos genes envolvidos nas suas muitas propriedades de interesse médico, industrial e ambiental. “As expectativas são grandes e estamos confiantes de que vamos ter em breve muitas e auspiciosas novidades”, antevê Fabrício Rodrigues.
Rede Nacional do Projeto Genoma Brasileiro
Coordenação
Andrew Simpson, Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o Câncer
Rua Professor Antônio Prudente, 109 – 4o andar
01509-010 – São Paulo – SP – Tel.(11)270-4922 – E-mail: asimpson@node1.com.br
Coordenação de Bioinformática
Ana Tereza Ribeiro de Vasconcelos, Laboratório Nacional de Computação Científica/MCT
Av. Getúlio Vargas 333 – Quitandinha
25651-070 – Petrópolis – RJ – Tel.: (24)2233-6106 – E-mail: atrv@lncc.br
Coordenação de Bibliotecas
Jesus A. Ferro, Universidade Estadual Paulista
14870-000 – Jaboticabal – SP – Tel.:(16)3209-2675/2676/2677 – E-mail: jesus@fcav.unesp.br
Laboratório responsável pelo fornecimento da bactéria seqüenciada
Laboratório de Bioenergética e Bioquímica de Macromoléculas, Universidade Federal de Santa Catarina
Coordenadora: Tânia Beatriz Crecznski-Pasa
Campus Universitário – Trindade
88010-970 – Florianópolis – SC – Tel.: (48)331-9579 – E-mail: taniac@mbox1.ufsc.br
Gerente do Projeto
Juçara Carvalho Parra, Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o Câncer
Rua Professor Antônio Prudente, 109 – 4o andar
01509-010 – São Paulo – SP – Tel.(11)270-4922 – E-mail: asimpson@node1.com.br
– Os 25 integrantes da rede de laboratórios:
1. Laboratório de Biologia Molecular, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
Coordenador: José Antônio Alves Gomes
Av. André Araujo, 1756
69083-000 – Manaus – AM – Tel.: (92)643-3249 – E-mail: puraque@inpa.gov.br
Laboratório de Tecnologias de DNA
2. Centro de Apoio Multidisciplinar, Universidade do Amazonas
Coordenador: Spartaco Astolfi Filho
Av. Gal. Rodrigo Otávio Jordão Ramos, 3.000 – Aleixo
69077-000-Manaus – AM Tel: (92)644-1295 – E-mail: sastolfi@fua.br
3. Laboratório de Polimorfismo de DNA, Universidade Federal do Pará
Coordenadora: Maria Paula Cruz Schneider
Campus Universitário Guamá
66020-250 – Belém – PA – Tel.: (91)211-1568 – E-mail: paula@ufpa.br
4. Laboratório de Genética Molecular, Universidade Federal de Alagoas
Coordenador: Cícero Eduardo Ramalho Neto
Cidade Universitária – Tabuleiro
57072-970 – Maceió – AL – Tel.: (82)-214-1384 – E-mail: cern@qui.ufal.br
5. Laboratório de Genética e Biologia Molecular, Universidade Estadual de Santa Cruz
Coordenador: Júlio Cézar de Mattos Cascardo
Rod. Ilhéus – Itabuna, Km16
45650-000 – Ihéus – BA – Tel: (73)9132-6964 – E-mail: cascardo@uesc.br
6. Laboratório de Moléculas Biologicamente Ativas, Universidade Federal do Ceará
Coordenador: Benildo Sousa Cavada
Campus do PICI, s/n bl. 907 – Cx. Postal 6033
6041-970 – Fortaleza -CE – Tel: (85)288-9818 – E-mail: bscavada@ufc.br
7. Departamento de Biologia, Universidade Federal Rural de Pernambuco
Coordenadora: Nara Suzy Aguiar de Freitas
R. Dom Manuel de Medeiros, s/n
52171-930 – Dois Irmãos – Recife – PE – Tel.: (81)302-1314 E-mail: freitasnara@hotmail.com
8. Laboratório de Mutagênese, Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Coordenadora: Lucymara Fassarella Agnez de Lima
Campus Universitário – Lagoa Nova – Cx. Postal 1575
59072-970 – Natal – RN – Tel.: (84)211-9209 – E-mail: lfagnez@ufrnet.br
9. Laboratório de Biotecnologia Genômica, Universidade Católica de Brasília
Coordenador: Dario Grattapaglia
SGAN – 916 Módulo B
70790-160 – Brasília – DF – Tel.: (61)340-5550 ramal 115 – E-mail: dario@pos.ucb.br
10. Laboratório de Biologia Molecular, Universidade de Brasília
Coordenadora: Maria Sueli Soares Felipe
ICC – Ala Norte
70910-900 – Brasília – DF – Tel.: (61)307-2260 – E-mail: msueli@unb.br
11. Laboratório de Biologia Molecular, Universidade Federal de Goiás
Coordenadora: Célia Maria de Almeida Soares
Campus Samambaia, s/n
74001-970 – Goiânia – GO – Tel.: (62)521-1110 – E-mail: celia@icb1.ufg.br
12. Centro Nacional de Pesquisas de Milho e Sorgo, Embrapa
Coordenadora: Cláudia Teixeira Guimarães
Rod. MG 424- Km 65 – Cx. Postal 151
35701-970 – Sete Lagoas – MG – Tel.: (31)3779-1200 – E-mail: claudia@cnpms.embrapa.br
13. Laboratório de Biodiversidade e Evolução Molecular, Universidade Federal de Minas Gerais
Coordenador: Fabrício Rodrigues dos Santos
Av. Antônio Carlos, 6.627 – Pampulha
31270-901 – Belo Horizonte – MG – Tel.: (31)3499-2581 – E-mail: fsantos@mono.icb.ufmg.br
14. Laboratório de Genética e Bioquímica, Universidade Federal de Minas Gerais
Coordenador: Sérgio Danilo Junho Pena
Av. Antônio Carlos, 6.627 Pampulha
31270-901 – Belo Horizonte – MG – Tel.: (31)3499-2628 – E-mail: spena@dcc.ufmg.br
15. Núcleo de Análise de Genoma e Expressão Gênica, Universidade Federal de Minas Gerais
Coordenadora: Santuza Maria Ribeiro Teixeira
Av. Antônio Carlos, 6.627 – Pampulha
31270-901 Belo Horizonte – MG – Tel.: (31)3499-2665 – E-mail: santuzat@mono.icb.ufmg.br
16. Laboratório de Metabolismo Macromolecular, Universidade Federal do Rio de Janeiro
Coordenador: Turan Peter Urmenyi
Campus Universitário
21949-900 – Rio de Janeiro – RJ – Tel.:(21)2564-7364 – E-mail: turmenyi@biof.ufrj.br
17. Instituto Nacional de Câncer, Rio de Janeiro
Coordenador: Hector Nicolas Seuanez Abreu
Praça da Cruz Vermelha, 23 – Centro
20230-130 – Rio de Janeiro – RJ – Tel.: (21)2506-6107 – E-mail: hseuanez@inca.org.br
18. Fundação André Tosello
Coordenador: Gilson Paulo Manfio
Rua Latino Coelho, 1301
13087-010 – Campinas – SP – Tel.:(19)3242-7022 ramal 118 – E-mail:gilson@bdt.org.br
19. Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo
Coordenador: Marcelo Brocchi
Rua dos Bandeirantes, 3.900 – Monte Alegre
14049-900 – Ribeirão Preto – SP – Tel.: (16)602-3265 – E-mail: mbrocchi@rpm.fmrp.usp.br
20. Instituto de Ciências Agrárias e Ambientais, Pontifícia Universidade Católica do Paraná
Coordenador: Humberto Maciel França Madeira
Rod. BR – 376, Km. 14 – Cx. Postal 129
83010-500 – Sâo José dos Pinhais – PR – Tel.:(41)382-1454 ramal 4316
E-mail: hmadeira@rla01.pucpr.br
21. Departamento de Bioquímica, Universidade Federal do Paraná
Coordenador: Fábio de Oliveira Pedrosa
Cx. Postal 19406
81531-990 – Curitiba – PR – Tel.: (41)366-4398 – E-mail: fpedrosa@bio.ufpr.br
22. Centro Nacional de Pesquisas da Soja, Embrapa
Coordenadora: Mariângela Hungria
Cx. Postal 231
86001-970 – Londrina – PR – Tel.: (43)371-6081 – E-mail: hungria@cnpso.embrapa.br
23. Departamento de Microbiologia e Parasitologia, Universidade Federal de Santa Catarina
Coordenador: Edmundo Carlos Grisard
Cx. Postal 476 – Campus da Trindade
88040-900 – Florianópolis – SC – Tel.: (48)331-5164 – E-mail: grisard@ccb.ufsc.br
24. Laboratório de Genética e Biologia Molecular, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
Coordenador: Sandro Luis Bonatto
Av. Ipiranga, 6681 – Prédio 12A
90619-900 – Porto Alegre – RS – Tel.:(51)320-3500 ramal 4717 – E-mail: slbonatto@pucrs.br
25. Centro de Biotecnologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Coordenador: Arnaldo Zaha
Av. Bento Gonçalves, 9.500 – Prédio 43421
91501-970 – Porto Alegre – RS – Tel.:(51)3166086 – E-mail: zaha@dna.cbiot.ufrgs.br