Especial SBPC: Antes de gastar e fazer festa, País deveria ter dividido as tarefas do Pré-Sal

30/07/2010 16:36

Mesmo reconhecendo que “este é o momento singular na história do Brasil”, Fernando Galembeck, do Instituto de Química de Campinas (Unicamp), lamentou que o País “tenha feito muita festa e gastado muito dinheiro antes que o petróleo do Pré-Sal aparecesse”. Para ele, que proferiu nesta sexta (30), na 62ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Natal (RN), a conferência “Prever para prover: necessidades de uma era de oportunidades”, o Brasil deveria, antes de mais nada, ter repartido as tarefas para enfrentar os desafios da exploração. ”São problemas novos, que envolvem riscos e incertezas; estamos entrando no desconhecido e não podemos contar com os ovos da galinha antes do tempo”, respondeu à provocação do ex-pró-reitor de Pesquisa da Universidades Federal de Santa Catarina (UFSC), César Zucco, encarregado de apresentar o conferencista ao público. ”Não possuímos as ferramentas mínimas para enfrentar as demandas do Pré-Sal”, alertou Zucco.

Ligado ao Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Inovação em Materiais e Complexos Funcionais, o professor titular da Unicamp, embora indignado com o desperdício de energia e recursos, considerou o cenário brasileiro bastante favorável. ”Com o Pré-Sal, o Brasil pode se tornar em 2015 o 6º produtor mundial de petróleo, ultrapassando a Venezuela. É uma riqueza para investir e não desperdiçar”, sublinhou. Preocupado com a sustentabilidade, que é uma condição global, Galembeck advertiu que a empreitada exige enorme investimento, não só em ciência e tecnologia, mas também na questão ambiental. “A exploração do Pré-Sal não pode deteriorar o mar nem agredir o litoral”. A tragédia do Golfo do México, assinalou, serviu para acender a luz amarela.

A “posição privilegiada do Brasil”, de acordo com o pesquisador, também está respaldada pela agricultura. “Estamos nos consolidando como um dos maiores produtores de alimentos, energia e matérias-primas de fonte renovável”. Levando em conta a abundância de biomassa, geradora do combustível verde, e a camada do Pré-Sal, Galembeck compara o Brasil a um atleta quase imbatível. “É um atacante que chuta tanto com a esquerda como com a direita”.

O pesquisador, sempre se dirigindo ao público jovem da SBPC, não deixou de chamar a atenção para as carências diante do cenário otimista. No campo da infraestrutura, listou questões relacionadas a energia, água, saneamento, estradas, portos e ferrovias. Citou igualmente os problemas de segurança física e legal, indagando: “polícia e justiça funcionam”?

Outra carência grave diagnosticada pelo conferencista refere-se ao “apagão” de gente qualificada e motivada para atender aos desafios da sociedade e do País. “A chave são vocês”, procurou estimular os jovens presentes.

Na mesma linha, criticou a falta de bons planos, programas e projetos. “Os recursos existem, até em abundância, porém as idéias não estão à altura do que a nação requer”, constatou. “Assim”, concluiu, “os belos sonhos não se tornam realidade”.

Ele afirma que, para “o país chegar lá”, precisa fazer as escolhas certas, “decidir o que queremos e o que não queremos”. Os cidadãos, por sua vez, “têm que compreender o seu ambiente, as possibilidades e as limitações”. O leigo, na sua opinião, deve ser informado para desenvolver senso crítico. Já no campo da profissionalização e da geração de recursos humanos, Galembeck torce por “profissionais criativos e inovadores, capazes de criar conhecimento”. Para formar gente com “visão global” e qualificada em várias áreas do saber, é preciso “corrigir o despreparo desigual” e “cobrar critérios de qualidade”. O conferencista observou que alguns cursos universitários se parecem como uma gincana. “Fez as provas, passou, deleta tudo”. A boa formação só é possível, salientou, através do acúmulo do conhecimento.

Dirigindo-se à comunidade universitária, revelou que a maioria dos estudantes nunca leu um único documento de patente, o que significa que “desconhece a informação científica primária”. Outro apelo é no sentido de que os ex-alunos não abandonem as universidades após a formatura. “A falta dessa tradição, sedimentada nos EUA e na Europa, faz uma tremenda falta no Brasil”, asseverou.

Ainda como recomendação aos jovens, frisou que o profissional inovador, além de cultivar os seus talentos, deve “procurar compreender contextos e não apenas repetir paradigmas”. E acrescentou: “seja um intelectual rebelde, mas um trabalhador disciplinado”.

Galembeck reconheceu, finalmente, que o momento brasileiro é singular. Mas isso, ao seu ver, não basta. “As mudanças exigem pessoas qualificadas, infraestrutura adequada e investimentos bem feitos. Enfim, além de sinergia, é necessário foco para alcançar os resultados”.

Por último, novamente respondendo à uma provocação do professor César Zucco, que é diretor de Pesquisa da Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina (Fapesc), fez ponderações sobre a futura crise de fosfato, essencial na fabricação de fertilizantes utilizados na agricultura. Galembeck estima que as reservas brasileiras se esgotem em cem anos. “Se não quisermos importar de Marrocos e China, os únicos detentores de grandes reservas, teremos que desperdiçar menos e partir imediatamente para a reciclagem”.

Encerrou a resposta com uma brincadeira de fundo sério: “alguém de vocês sabe para onde vão os dois gramas de fosfato que urinamos hoje pela manhã?” Reciclar, repetiu, é a única saída.

Por Moacir Loth/ Jornalista na Agecom

Leia mais sobre a 62ª reunião da SBPC:

– Marinha quer aproximar pesquisa das empresas e universidades

– Pesquisadores defendem investimentos maciços na geração de etanol

– Diálogo entre cultura impressa e digital responde ao desafio da formação do leitor no século XXI

– Cidades devem se preparar para revolução com Pré-Sal

– Função da música nas prisões da ditadura ultrapassa a ideológica

– Legalização do aborto é questão de saúde pública e direito individual da mulher

– Sono e sonhos melhoram aprendizagem e desempenho das pessoas

Disciplina ´Orientação e Planejamento de Carreira` tem vagas para alunos de graduação

30/07/2010 16:07

Ainda há vagas para a disciplina PSI 5910 – Temas em Psicologia – orientação e planejamento de carreira, direcionada aos formandos de qualquer curso de graduação, que tenham cumprido acima de 2.000 horas/aula. A disciplina é ofertada pelo Departamento de Psicologia e pelo Laboratório de Informação e Orientação Profissional (LIOP), com o apoio da Pró-Reitoria de Ensino de Graduação (PREG), através da sua Coordenadoria Geral de Estágios.

O objetivo é auxiliar o acadêmico na elaboração de seu plano de carreira e a se preparar para o mercado do trabalho, identificando valores, interesses, habilidades e prioridades individuais. A disciplina incentiva também a reflexão sobre as transformações do mundo do trabalho e as novas exigências de perfil do trabalhador. A partir das aulas o estudante é levado a planejar e preparar meios de organização e inclusão no mercado de trabalho, a debater sobre os processos de recrutamento e seleção – currículo dinâmica de grupo e entrevista, networking, a cultura e classificação das empresas. Temas como empreendedorismo, empregabilidade, direito do trabalho e previdência social também são abordados. A meta é trabalhar o planejamento de carreira como possibilidade de um projeto de realização pessoal e profissional.

A disciplina conta com conhecimentos teóricos e práticos, além de dinâmicas de grupo em sala de aula, onde a troca com outros cursos favorece a apreensão de novos conhecimentos sobre as profissões e possibilidades de atuação profissional.

Todos os conteúdos e atividades são planejados para atender aos alunos de diferentes cursos de maneira equilibrada. Estão disponíveis seis turmas, nas terças-feiras (16h20 e às 18h30), nas quartas-feiras (10h10 e às 16h20) e nas quintas-feiras (16h20 e às 18h30), com carga horária de duas horas semanais.

Os alunos interessados devem efetuar a matrícula da disciplina PSI 5910 – Temas em Psicologia: Orientação Profissional e Planejamento de Carreira no período de reajuste, do dia 29 de julho ao 02 de agosto.

Mais informações com a professora Cláudia Basso: claudiabassopsi@hotmail.com

Especial SBPC: Pesquisadores defendem investimentos maciços na geração de etanol

30/07/2010 09:49

Se não correr, o Brasil pode perder a corrida na produção de energia a partir da biomassa. Esse é o alerta político que escapou em meio a palestras essencialmente técnicas e científicas, apresentadas na sexta-feira (29/7), em Natal, na 62ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), na mesa-redonda ´Etanol de 2ª geração`. Sob coordenação da pesquisadora Gorete Ribeiro de Macedo, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), os palestrantes enfocaram temas específicos ao processo de produção de etanol utilizando bagaço e palha de cana-de-açúcar.

O professor Jakson de Moraes, da Escola de Engenharia de Lorena, ligada à USP, mostrou o “pré-tratamento como etapa essencial na obtenção do etanol de 2ª geração”. Elba P. S. Bon, do Instituto de Bioquímica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), enfocou as pesquisas realizadas há mais de 20 anos para melhorar os processos de fermentação para a produção do etanol sem gerar resíduos. Já Boris Juan Carlos Ugarte Stambuk, professor associado da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e membro do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia, abordou “a biodiversidade de novas espécies de leveduras” capazes de acelerar a fermentação.

As pesquisas são realizadas de forma interdisciplinar, mobilizando várias instituições, inclusive do exterior. O importante, alertou Elba Bon, é que tenham continuidade. “As atividades científicas não podem ser interrompidas. Quando isso acontece, agimos contra o País”, advertiu. A favor da alternativa energética genuinamente brasileira, a pesquisadora assinalou tratar-se de “energia barata, fácil e abundante”. Correndo em raias paralelas ao Pré-Sal, Elba afirmou que “está passando da hora de o Brasil fazer a transição do petróleo para a biomassa”. Os pesquisadores defendem investimentos maciços na área. Segundo eles, a Europa e os Estados Unidos aplicarão R$ 5 bilhões até 2013. “O Brasil até hoje, somando tudo, não investiu R$ 150 milhões nesse ramo estratégico do conhecimento”, lamenta Elba.

A mesa-redonda demonstrou ainda preocupação com os riscos de multinacionais tomarem à frente do processo, embora a ciência brasileira já tenha as respostas e domine o conhecimento relacionado à biomassa.

Boris Stambuk revelou que das 165 espécies de leveduras conhecidas, apenas algumas cumprem a função de incrementar o trabalho de fermentação da glicose. Mesmo produzindo 28 bilhões de álcool combustível por ano, Stambuk informou que o Brasil perdeu a liderança mundial para os EUA. “A vantagem nossa é que a indústria brasileira aprendeu a fabricar álcool a baixo custo”, acrescentou.

Com trabalhos científicos publicados em revistas indexadas e conhecimento acumulado em várias universidades, os pesquisadores brasileiros defendem uma política mais agressiva e permanente para o aproveitamento da biomassa em prol do desenvolvimento sustentável do País. “Não basta fazer a jogada, é preciso fazer o gol”, arremata a coordenadora do Instituto de Bioquímica da UFRJ.

Por Moacir Loth / Jornalista da Agecom

Departamento Artístico Cultural oferece 11 cursos e oficinas de arte neste semestre

30/07/2010 09:26

O Departamento Artístico Cultural (DAC) da UFSC abre inscrições para cursos e oficinas de arte que serão oferecidas no segundo semestre de 2010. As inscrições deverão ser feitas na Secretaria do DAC / Igrejinha da UFSC, de 3 a 6 de agosto, ou enquanto houver vagas, no horário das 9h às 19h. Algumas atividades são oferecidas sem mensalidades, havendo apenas uma taxa semestral de R$ 50.

As novidades para este semestre são as oficinas de violão popular e erudito, há muito solicitadas pela comunidade, e a de cinema digital / documentário. Outras áreas contempladas são teatro adulto — pela Oficina Permanente de Teatro e de RPG —, e de teatro para adolescentes, figurino para cinema e teatro, canto em grupo para iniciante, pintando nossa identidade e Oficina aberta com investigação, experimentação e produção em artes visuais.

Neste semestre serão oferecidas novas linguagens artísticas, devido ao edital realizado pela UFSC, que possibilita a atuação de artistas/profissionais da comunidade como instrutores das Oficinas de Arte do DAC. Esses profissionais externos, somados aos da instituição, permitem ampliar o atendimento das solicitações, oferecendo atividades com qualidade para toda a comunidade.

Ao todo, estão abertas inscrições para 11 oficinas, algumas delas com várias turmas, em disciplinas diferentes, com 230 vagas novas. Considerando as turmas em continuação do semestre anterior, são oportunidades para cerca de 400 participantes. Número que poderá se ampliado a qualquer momento com os cursos de recreação e lazer e de educação contínua, do programa Arte na Escola – Polo UFSC, para professores das escolas da rede de ensino.

Cada oficina do DAC lida com uma forma de arte, possibilitando aos alunos uma experiência estético-pessoal ligada ao entendimento artístico. Esse objetivo colabora para criar nos alunos um senso crítico, necessário para uma melhor compreensão da sociedade.

O Departamento Artístico Cultural (DAC) faz parte da Secretaria de Cultura e Arte (SeCArte) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O setor oferece oportunidade de aprendizado com outros projetos de extensão, como o Coral da UFSC, criado há quase cinco décadas, e os recentes Madrigal e Orquestra de Câmara da UFSC. Para o coral há vagas para vozes masculinas (baixos) e para a orquestra há uma vaga para violoncelo e duas vagas para violino. Contato pelo coraldaufsc@dac.ufsc.br.

Veja a relação completa dos cursos e oficinas de arte do DAC para este semestre, com informações sobre dias e horários, no site www.dac.ufsc.br.

Serviço:

O QUÊ: DAC abre inscrições para oficinas de arte no segundo semestre de 2010.

ONDE: inscrições na secretaria do Departamento Artístico Cultural – Igrejinha da UFSC, Praça Santos Dumont, Trindade, Florianópolis

QUANDO: De 3 a 6 de agosto, das 9h às 19h, ou enquanto houver vagas.

QUANTO: Taxa semestral de R$ 50, sem mensalidade.

CONTATO: no site do DAC – www.dac.ufsc.br ou em www.dac.ufsc.br/destaques_cursos_oficinas.php ou pelos telefones (48) 3721-9348 e 3721-9447.

Fonte: [CW] – DAC: SeCArte: UFSC

Abertas inscrições para 2ª Feira do Inventor da UFSC

30/07/2010 09:16

Estão abertas até 27 de agosto as inscrições para a segunda edição da Feira do Inventor da UFSC. Poderão se inscrever inventores e pesquisadores ligados à UFSC, a outras universidades ou ainda inventores independentes, inclusive aqueles que expuseram seus inventos na 1ª Feira do Inventor.

O objetivo é disseminar ações de inovação tecnológica e reconhecer trabalhos desenvolvidos por inventores e pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina, de outras instituições e por inventores independentes.

A feira será realizada de 20 a 23 de outubro, na Praça da Cidadania, no campus da UFSC em Florianópolis, durante a nona edição Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão (Sepex). Como novidade para este ano, os pesquisadores que desenvolvem programas de computador poderão expor e demonstrar a aplicabilidade de seus softwares.

Para se inscrever na 2ª Feira do Inventor é necessário possuir

depósito de pedido de patente ou registro de programa de

computador. A inscrição deve ser feita no site www.inventores.ufsc.br. Os inscritos serão selecionados por uma comissão avaliadora, designada pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Extensão da UFSC.

Os trabalhos serão avaliados quanto a seu ineditismo, possibilidade de inserção no mercado, criatividade, clareza das informações e depósito de pedido de patente ou de registro de programas de computador. Informações sobre a premiação serão divulgadas em breve.

Mais informações: Departamento de Inovação Tecnológica (DIT/PRPE) / (48) 3721-9628 / www.dit.ufsc.br / carolina@reitoria.ufsc.br

– Veja o regulamento: www.inventores.ufsc.br/regulamento-feira-do-inventor.pdf

Acompanhe o cronograma:

Período de inscrições: 19/07/2010 a 27/08/2010

Período de seleção dos inventos: 30/08/2010 a 10/09/2010

Divulgação dos inventos selecionados: 14/09/2010

Assinatura do Termo de Responsabilidade: 15/09/2010 a 24/09/2010

Montagem dos estandes: 19/10/2010

Premiação: 23/10/2010

Encerramento e desmontagem do estande: 23/10/2010

Por Arley Reis / Jornalista da Agecom

Nona edição do Congresso Internacional Fazendo Gênero aguarda 4 mil participantes

30/07/2010 09:12

O grupo, seus eventos e publicações

O grupo, seus eventos e publicações

Acontece de 23 a 26 de agosto na UFSC o Congresso Internacional Fazendo Gênero 9. O encontro, organizado pelo Instituto de Estudos de Gênero (IEG), discute nesta edição a experiência contemporânea de permanente cruzamento de fronteiras. ´Diásporas, Diversidades, Deslocamentos` é a temática que será abordada.

Na última edição, em 2008, participaram 2.700 pessoas. Esse ano, em função do interesse de acadêmicos brasileiros e de outros países no maior encontro da América Latina da área, o número de vagas é de 4 mil.

“Além dos palestrantes de diversos países que convidamos, muitos pesquisadores, a maioria da América Latina, demonstra interesse, também encaminha seus trabalhos e propõe simpósios para o encontro”, conta Mara Coelho de Souza Lago, uma das coordenadoras do IEG.

O projeto Fazendo Gênero reúne pesquisadores de todo o mundo a cada dois anos. O primeiro desses encontros, ainda de âmbito nacional, aconteceu em 1994, organizado pelo Programa de Pós-Graduação em Literatura da UFSC.

Desde então, com o objetivo de consolidar um espaço permanente de debates e de trocas interdisciplinares, o Instituto de Estudos de Gênero organiza novos eventos que resultam em publicações de anais, livros, coletâneas e números especiais de revistas acadêmicas.

O instituto

Com sede no Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH), O Instituto de Estudos de Gênero (IEG) foi criado após uma reunião de avaliação do Fazendo Gênero 6, em 2004, por pesquisadoras envolvidas com o feminismo e com estudos de gênero. O objetivo era centralizar as atividades que vinham sendo realizadas na UFSC.

Inicialmente envolvendo apenas o Centro de Comunicação e Expressão (CCE) e o Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH), hoje o IEG abrange também o Centro de Ciências da Saúde (CCS) e o Centro Sócio-Econômico (CSE). A meta é estreitar os vínculos entre trabalhos de diversas áreas acadêmicas com os movimentos sociais comprometidos com os direitos das mulheres e com a promoção da igualdade de gênero.

Atualmente coordenado pelas professoras Joana Maria Pedro, Mara Coelho de Souza Lago e Zahidé Lupinacci Muzart, o IEG tem como principais atividades a realização dos encontros Fazendo Gênero, a publicação da Revista Estudos Feministas (REF) e a manutenção do Portal de Publicações Feministas. O setor integra núcleos de pesquisa e laboratórios que atuam no campo dos estudos de gênero, buscando a consolidação dessa área de concentração no Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas.

O instituto tem a meta de ser um espaço permanente de pesquisa, organizando e disponibilizando um acervo de publicações sobre gênero e teorias feministas, apoiando as atividades docentes e discentes na universidade e fora dela. A partir da geração e divulgação desse conhecimento, sua equipe procura colaborar com a instrumentalização de políticas públicas.

Saiba Mais:

Estudos de gênero na UFSC

Os trabalhos iniciaram em 1984, com a criação do Núcleo de Estudos da Mulher. A equipe se reestruturou como Núcleo Interdisciplinar de Estudos de Gênero, a partir do 1° Encontro de Estudos sobre a Mulher, em 1989, mesmo ano em que foi realizado o 3° Encontro Nacional de Mulher e Literatura – um salto qualitativo na consolidação dos estudos na universidade e que resultou no primeiro Fazendo Gênero, em 1994.

Esse campo cresceu significativamente na universidade nos últimos 20 anos, com a abertura de disciplinas em cursos de graduação e de pós-graduação, a criação de linhas de pesquisa e a implantação da área de concentração Estudos de Gênero, do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas. Como resultado, foi acumulada uma vasta produção acadêmica e estruturada a Revista de Estudos Feministas. Atualmente o IEG conta com a participação de diversos centros da UFSC e também da Udesc.

Revista Estudos Feministas

É um periódico interdisciplinar de circulação nacional e internacional que publica artigos, ensaios e resenhas. Desde 1999, um núcleo de professoras da UFSC é responsável pela edição da revista, considerada uma das principais publicações da área e indexada nos principais bancos e fontes de referência científicas internacionais. A REF está disponível em
www.scielo.com.br, no portal feminista (www.ieg.ufsc.br) e no portal de periódicos da UFSC.

Outras publicações:

No site do IEG também estão disponibilizados livros eletrônicos, teses, dissertações e volumes de outras revistas que tratam da temática de gênero: o Caderno Pagu, publicação do Núcleo de Estudos de Gênero da Universidade estadual de Campinas; o Caderno Espaço Feminino, publicação da Universidade Federal de Uberlândia; a revista Gênero, periódico semestral de circulação nacional da Universidade Federal Fluminense e a revista latino-americana da Universidade Estadual de Ponta Grossa, que publica semestralmente artigos científicos relacionados à área de geografia, gênero e sexualidades.

Gênero e Diversidade na Escola

É um projeto destinado à formação de profissionais da área de educação, abordando as temáticas de gênero, sexualidade e relações étnico-raciais. Em 2009, com apoio do Ministério da Educação e da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, o IEG organizou um curso de ensino a distância para professores de educação infantil, ensino fundamental e médio, envolvendo 10 polos no país.

Seis meses depois, uma equipe do instituto lançou o livro ´Práticas Pedagógicas e Emancipação: Gênero e Diversidade na Escola`, que traduz as ações desenvolvidas no projeto. “São tratadas questões transversais sobre diferenças que ocorrem nas escolas. O livro traz informações mais explícitas e sistematizadas, para quem tem que lidar com essas questões no cotidiano”, explica Mara Lago. Para ela, ao participar do projeto, o IEG reforçou seu papel na formação, transmissão e divulgação dos conhecimentos de ponta que produz na área de gênero no Brasil.

Núcleos e laboratório na UFSC

– Laboratório de Estudos de Gênero e História (LEGH)

– Núcleo de Pesquisa Modos de Vida, Família e Relações de Gênero (Margens)

– Núcleo de Estudos Sobre Agricultura Familiar (NAF)

– Núcleo de Antropologia Audiovisual e Estudos da Imagem Grupo de Antropologia Urbana e Maritima (Navi)

– Núcleo de Estudos e Pesquisas em Serviço Social e Relações de Gênero (Nusserge)

– Núcleo de Estudos de Modos de Subjetivação e Movimentos Contemporâneos (NUR)

– Núcleo de Identidades de Gênero e Subjetividade (NIGS)

Mais informações: www.ieg.ufsc.br; (48)3721-6440; estudosdegenero@gmail.com

Por Natália Izidoro / Bolsista de jornalismo na Agecom

Leia também:

Inscrições para monitores do evento Fazendo Gênero vão até 25 de julho

Especial Pesquisa: método de controle da gordura trans desenvolvido na UFSC é premiado

30/07/2010 08:59

Gordura trans: OMS orienta fim do consumo

Gordura trans: OMS orienta fim do consumo

Uma pesquisa da UFSC que gerou método de controle de gordura trans na produção de refeições ficou em primeiro lugar no Concurso Alimentos, organizado pela Associação Brasileira de Empresas de Refeições Coletivas (Aberc). O estudo foi desenvolvido pela nutricionista Vanessa Hissanaga, sob orientação da professora Rossana Pacheco da Costa Proença, junto ao Núcleo de Pesquisa de Nutrição em Produção de Refeições (Nuppre), ligado ao Departamento de Nutrição da UFSC.

O método proposto pela nutricionista é resultado de sua dissertação de mestrado e foi estruturado a partir de estudo de caso em um restaurante de Florianópolis. No trabalho Vanessa identificou processos que mantêm a gordura trans nos alimentos e avaliou que o estabelecimento tinha deficiências no conhecimento da origem de alguns produtos e na conferência dos rótulos.

A partir das análises foi desenvolvida uma ferramenta organizada em sete etapas. Em cada uma delas o nutricionista preenche um formulário sobre os processos adotados na produção das refeições. Com a ajuda de um glossário de termos científicos, descobre onde o procedimento pode ser melhorado e o que pode ser feito.

Na etapa três, por exemplo, o questionário permite o acompanhamento do fluxo produtivo das refeições. São orientações para que os rótulos sejam conferidos e que os fornecedores devem, de preferência, utilizar óleo vegetal, que é mais saudável.

“Com a ascensão da alimentação fora de casa, os restaurantes acabam se tornando responsáveis pela saúde de muitas pessoas”, destaca Vanessa, ressaltando a importância da pesquisa.

Ela lembra que desde 2004 a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o fim do consumo de gordura trans, apoiada em estudos que comprovam sua relação com o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Da mesma forma, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária obrigou todas as empresas do ramo alimentar, a partir de 2006, a discriminarem nos rótulos dos produtos a quantidade da substância, o que popularizou a estampa ‘Livre de gordura trans’.

“O método que desenvolvemos atende estas recomendações e pode ser um apoio para nutricionistas que gerenciam unidades produtoras de refeições”, acredita Vanessa.

O trabalho contou com a parceria professora Jane Mara Block, do Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos, do Centro de Ciências Agrárias (CCA) da UFSC, além de alunas do curso de graduação em Nutrição.

Outras duas finalistas no Concurso Alimentos, organizado pela Associação Brasileira de Empresas de Refeições Coletivas (Aberc), eram também do Programa de Pós-Graduação em Nutrição.

Mais informações pelo telefone (48) 3721-9020 ou pelo site www.nuppre.ufsc.br / e-mail: vanessahissanaga@hotmail.com

Por Arley Reis / Jornalista da Agecom (com informações de Júlio Ettore Suriano / Bolsista de Jornalismo na Agecom em 2009)

Saiba mais: as gorduras e a gordura trans

– A gordura é uma classe dos lipídios, moléculas com grandes cadeias de átomos de carbono que armazenam muita energia, por isso são uma das reservas do nosso corpo. Dividem-se em dois grupos: saturadas e insaturadas. As primeiras são produzidas pelos animais e encontradas na natureza em estado sólido, como nas carnes que comemos. São conhecidas nutricionalmente por aumentarem os níveis de LDL, o “colesterol mau”, podendo causar o entupimento de veias e artérias. Já as insaturadas são líquidas e produzidas pelos vegetais, como o óleo de soja e o azeite. Estas, em geral, aumentam o “colesterol bom”, o HDL.

– Quimicamente, a diferença entre as duas é a seguinte: na gordura saturada, todos os átomos realizam o mesmo tipo de ligação (simples), o que deixa a molécula mais estável e, por isso, acabam gerando uma estrutura coesa e sólida. Na insaturada, alguns átomos têm ligações duplas, o que aumenta a instabilidade e dificulta o agrupamento, resultando em líquidos.

– No início do século passado, a indústria alimentar tentou descobrir uma substância mais saudável e barata que a gordura animal (saturada), para a fabricação de massas, pães e outros. A solução foi aparentemente simples: forçar o rompimento das ligações duplas da gordura vegetal (insaturada), gerando um sólido. Como fazer isso? Adicionando átomos de hidrogênio para se ligarem aos carbonos com duplas ligações, transformando-as em duas simples, em um processo chamado de hidrogenação. Nasceu aí a gordura vegetal hidrogenada.

– A nova gordura, além de ser considerada menos danosa ao organismo, conferia aos alimentos mais tempo de conservação e melhor consistência. Além disso, criou a margarina, que pode ser espalhada em um pedaço de pão logo após ser retirada da geladeira, ao contrário da manteiga, que endurece a baixas temperaturas. Aos poucos, a gordura hidrogenada substituiu a animal.

– A partir da década de 80, ganharam força as evidências de que a gordura hidrogenada poderia ser ainda menos saudável que a gordura saturada. O motivo: na hidrogenação industrial, nem todas as ligações duplas são eliminadas e as restantes formam um ângulo muito pequeno, o que em Química se reconhece pelo prefixo “Trans” – daí o nome “gordura trans”. O resultado é uma molécula extremamente difícil de ser digerida, portanto com grandes possibilidades de se acumular. Descobriu-se então que a gordura trans, além de aumentar o LDL, como a gordura saturada, ainda diminui o HDL, colocando-a na lista de substâncias nocivas ao organismo.

Fonte: NUPPRE

Visite:

– Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa): www.anvisa.gov.br

– Tabela de composição química dos alimentos: www.unifesp.br/dis/servicos/nutri

Leia outras matérias de pesquisa:

– Técnica pioneira testada na UFSC “silencia” vírus da mancha branca que afeta os camarões

– Tese gera fundamentos para regulamentação do uso da bracatinga, espécie nativa da Mata Atlântica

– Tese comprova potencial do “asfalto de borracha”

– Método de controle da gordura trans desenvolvido na UFSC é premiado

– Projeto do Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos valoriza derivados da abóbora

– Estudo traça perfil de jogadores brasileiros que foram para grandes times de outros países

– Tese mostra que fazendas produtoras de madeira de reflorestamento podem colaborar com recomposição da fauna e flora

– UFSC constrói centro avançado de petróleo, gás e energia no Sapiens Parque

– Estudo sobre trabalho doméstico recebe menção honrosa no Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero

– UFSC amplia estrutura laboratorial para monitoramento de ambientes aquáticos

Mudanças climáticas e botânica brasileira são temas de workshop

30/07/2010 08:48

O Departamento de Botânica e o Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal da UFSC sediam nos próximos dias 12 e 13 de agosto o workshop Mudanças Climáticas e a Botânica no Brasil. O evento acontece no auditório Luiz Teixeira, no Centro Tecnológico, e as inscrições podem ser feitas através do e-mail wsmudancasclimaticas@ccb.ufsc.br.

As discussões, que irão reunir pesquisadores de várias instituições brasileiras, terão como eixo central os impactos ecológicos das mudanças globais, com um enfoque mais específico sobre a vegetação e outros componentes da base dos ecossistemas. O papel das universidades, em especial das pós-graduações, na formação de recursos humanos aptos a trabalhar com essa problemática também estará em pauta.

Mais informações: www.wsmudancasclimaticas.ccb.ufsc.br/index.html, 3721-4769 e leororig@gmail.com.

Coordenação: Paulo Antunes Horta Junior (UFSC)

Comissão organizadora: Alessandra Fonseca (UFSC) / Ana Claudia Rodrigues (UFSC) / Leonardo Rorig (UFSC) /

Margareth Copertino (FURG) / Natalia Hanazaki (UFSC) / Sonia Maria Barreto Pereira (UFRPE)

Palestrantes confirmados:

Fabio Scarano (UFRJ)

Carlos Martinez (USP)

Gilvan Sampaio (INPE)

Eurico Cabral de Oliveira (USP)

Margareth Copertino (FURG)

Especial SBPC: Marinha quer aproximar pesquisa das empresas e universidades

29/07/2010 16:49

Considerando a riqueza e o valor político-estratégico dos recursos do mar, o contra-almirante Marcos José de Carvalho Ferreira defendeu nesta sexta-feira (29/7,) na 62ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Natal (RN), um maior envolvimento e comprometimento do setor produtivo nesta área.

Além de investimentos em pesquisa, o coordenador da Comissão Interministerial de Recursos do Mar (CIRM) propôs a aproximação das universidades, das empresas e do Governo com as atividades científicas desenvolvidas pelos centros de pesquisa da Marinha. “As empresas preferem manter os pés na terra ao invés de ir para o mar, que não é para amadores, oferece riscos, mas que precisam ser enfrentados”, advertiu na conferência “Estudos estratégicos para os recursos do mar”, que atraiu principalmente gente ligada à própria Marinha.

O conferencista apresentou uma síntese das várias atividades científicas e dos dez programas realizados no âmbito da comissão que coordena. Com essa estratégia, pretendeu aproveitar a SBPC para difundir e popularizar a ciência, a tecnologia e a inovação desenvolvidas pela Marinha Brasileira em parceria com universidades, institutos e empresas. “Precisamos divulgar mais e melhor a nossa atuação científica”, reconheceu.

O contra-almirante reivindicou investimentos à altura da importância estratégica do mar. “A Comissão Interministerial não possui orçamento próprio e faltam navios de pesquisa e satélites”, revelou. Ele queixou-se também da excessiva descentralização que “dificulta um contato mais próximo com os pesquisadores das universidades“. No entanto, deixou claro que a carência de “ferramentas adequadas” para os desafios lançados não têm impedido avanços reais na pesquisa marinha. Ele reconhece que o anúncio do ministro da Ciência e Tecnologia (MCT), Sérgio Machado Rezende, durante a SBPC; de novos editais para contemplar a criação de dois Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia para o Mar favorecerá a integração das pesquisas com as universidades. Negligenciado nas primeiras chamadas públicas do MCT, o mar contará com R$ 30 milhões para a viabilização de dois INCTs, um abarcando o Norte e Nordeste e o outro cobrindo o Sul e o Sudeste. Ao mesmo tempo em que busca intensificar as parcerias nacionais, inclusive junto ao empresariado, a Marinha aspira ampliar a cooperação internacional, especialmente com o Japão, país que detém liderança nas pesquisas marítimas.

Ao fazer a defesa estratégica da prioridade política do mar, o conferencista lembrou que 80% da população brasileira vivem a menos de 200 quilômetros do litoral, produzindo 78% da receita da União e consumindo 85% da energia elétrica. A extensão litorânea é de 7.491 quilômetros e a massa líquida oceânica soma o equivalente a 50% do território nacional. O contra-almirante observou que, gradativamente, a sociedade brasileira está acordando para essa realidade. “A própria imprensa tirou as aspas do conceito de Amazônia Azul”, comemorou, acrescentando que a biodiversidade do mar brasileiro é superior a da Amazônia. Ainda ao falar dos investimentos nas pesquisas, referiu-se à camada do pré-sal e argumentou que 90% da produção nacional de petróleo são extraídos do mar. “E isso é feito com extrema competência e total segurança, graças aos investimentos que a Petrobrás faz em pesquisa”, ressaltou.

Na opinião do contra-almirante Marcos José de Carvalho Ferreira, a exploração do petróleo do Pré-Sal ensejará um “grande salto no desenvolvimento econômico e social do país”. As reservas, informou, encontram-se todas localizadas dentro das 200 milhas continentais. Significa que a sua exploração está assegurada pela Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar.

A mesma convenção, explicou, garante o direito “pleno e soberano” de explorar os recursos naturais do leito e subsolos marinhos, numa extensão da costa para dentro do oceano de 650 quilômetros. A Amazônia Azul responde por 42% do território brasileiro, o que representa 13 milhões de km².

O coordenador da Comissão Interministerial de Recursos do Mar aproveitou para divulgar, além do Pré-Sal, a descoberta de jazidas minerais e uma biodiversidade que poderá contribuir para o tratamento de doenças como o câncer e a AIDS. Caso houver interesse, desde que tomadas todas as precauções ambientais, as empresas brasileiras, por exemplo, poderão extrair do mar ouro, diamante, ferro, cobalto, cobre, prata e zinco. De acordo com as pesquisas da Marinha, as algas calcárias poderão ser utilizadas na agricultura, na produção de cosméticos, na suplementação alimentar, no implante ósseo e na nutrição animal.

O levantamento e a avaliação do potencial biotecnológico da biodiversidade marinha são condenados pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), em articulação com as universidades. O seu objetivo, salienta o conferencista, é tornar viável o “aproveitamento sustentável dos organismos marinhos”, incluindo-se aí o “potencial farmacológico e medicinal”.

Outra área estratégica de atuação da Marinha é o monitoramento oceanográfico e climatológico. Entre as suas funções, destacou a previsão metereológica e o monitoramento de fenômenos climáticos externos. Uma das metas é aumentar a capacidade de prevenir secas e inundações.

Para acompanhar as demandas científicas e tecnológicas, o conferencista manifestou a necessidade da consolidação e expansão dos grupos de pesquisa e pós-graduação em Ciências do Mar. “A formação de recursos humanos é uma prioridade da Marinha”, enfatizou, informando que atualmente funcionam no país 40 cursos de graduação e 30 de pós-graduação ligados à questão do mar. As parcerias mobilizam universidades, institutos, órgãos governamentais e empresas. É essa relação que a Comissão Interministerial sonha azeitar para tirar os pés do chão para definitivamente ganhar o alto mar.

Por Moacir Loth/Jornalista na Agecom

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Especial SBPC: Diálogo entre cultura impressa e digital responde ao desafio da formação do leitor no século XXI

29/07/2010 15:52

Professores de ensino fundamental e médio vivem em todo mundo talvez o maior desafio da sua história: formar leitores em uma sociedade que sofreu a mudança drástica da cultura impressa para a digital e do paradigma de leitura para o de navegação. Como a escola pode formar leitores nessa contemporaneidade, quando impera uma cultura à qual os professores aderem como emigrantes, enquanto os alunos são os nativos? E como fazer desse leitor.com recém-inventado, esse adolescente zapper que ziguezagueia como um pássaro, um autor intérprete crítico e produtor de sentidos? E ainda: como potencializar as possibilidades de interatividade e multilinearidade da internet em favor da apreensão de saberes complexo em uma sociedade lan house, onde reina o sensorial, o efêmero e a superficialidade dos chats e jogos virtuais?

A busca de respostas a esse desafio reuniu três educadoras em torno da conferência A formação do leitor no século XXI, realizada na tarde de quarta-feira (28), terceiro dia da 62ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Pesquisa e Ciência, no campus da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). As pesquisadoras Maria Zaíra Turchi, da Universidade Federal de Goiás (UFG) e Marly Amarilha, da UFRN apresentaram reflexões e saídas para esse impasse, tão urgente e emergente a ponto de constituir grupos de estudos e uma linha de pesquisa dentro da SBPC. Alice Aurea Penteado, professora da Universidade Estadual de Maringá (UEM), complementou a discussão apresentando os critérios de compra de livros dentro do Edital de Convocação para o Programa Nacional Biblioteca na Escola (PNBE 2011), que primam pela oferta de uma linguagem atraente para os jovens. O diálogo relacional entre gerações e linguagens diferentes, a postura do professor-aprendiz e a convicção de que nenhuma forma de leitura é superior à outra são posições compactuadas pelos palestrantes como ponto de partida para o enfrentamento da questão contemporânea da leitura.

O professor precisa suspender o preconceito contra a cultura digital e imergir no universo dos adolescentes para criar possibilidades de formação do gosto pela leitura, como Maria Zaíra propôs ao abrir sua palestra Do livro à rede: mudança da leitura ou dos leitores? Mas também não deve se sentir inferiorizado diante das novas tecnologias e nem se acuar como se não tivesse, com sua experiência letrada e impressa, mais contribuição a dar para a formação desse leitor zappeante, conforme alertou Marly Amarilha ao falar sobre A multimodalidade na formação do leitor contemporâneo. É justamente na tangência entre as duas culturas – digital e impressa – que reside a riqueza do momento contemporâneo e é nessa troca que se abrem novas possibilidades de ensino, como pode se abstrair do debate.

Valendo-se do conceito de hipermodernidade do filósofo Gilles Lipovetsky, Zaíra lembrou que a internet é a configuração simbólica mais poderosa da hipermodernidade, caracterizada pela hiperprofusão de imagens. Na hipermoderinidade, as esferas da vida humana vivem uma escalada ilimitada em busca da velocidade e da visibilidade. Como nunca antes, a sociedade de consumo se constitui pelo signo do excesso e da exacerbação da mercadoria, marcas e serviços. Os comportamentos e os adolescentes estão imersos nessa engrenagem que coloca a própria escola em crise, uma vez que as mídias são muito mais eficazes do que ela na multiplicação dos gestos, dos comportamentos, dos valores e das linguagens, lembra a estudiosa.

Nessa sociedade de explosão de linguagens, o papel da escola é muito mais complexo, porque não se trata apenas de ensinar a ler na concepção clássica, mas “ler além da linguagem verbal, a visual, a auditiva, olfativa, gustativa, bem como os gestos, as cores, a moda, o comportamento”. Citando Décio Pignatari, no capítulo “Você sabe ler objetos?”, do livro Semiótica e Literatura, enfatiza a necessidade de a escola perceber-se no tempo em que a explosão de informações seguiu-se a explosão de linguagens, na televisão, no cinema, no trânsito, na arquitetura, na publicidade, na informática, na literatura, nos códigos, enfim, da Babel cotidiana. “Consumir é comunicar-se. Não há dúvida de que a inserção do jovem no contexto histórico depende não apenas da sua capacidade de leitores de palavras, mas da sua destreza enquanto leitores de múltiplas linguagens”.

Na cena presente, a compreensão de uma gramática das imagens como estratégia de leitura é tão importante quanto a alfabetização para ler o código escrito. Navegar no espaço virtual exige dos leitores formados em outra cultura, em outro ritual, uma nova compreensão e uma nova atitude, defende. “Talvez nós professores estejamos precisando de um explicador”, diz ela, referindo-se metaforicamente à bela passagem de A linguagem secreta do cinema. Nessa obra, Jean-Claude Carrière conta que, no início do século XX, era comum nos cinemas, bem ao lado da tela, a presença de um funcionário para explicar ao público o que estava acontecendo no filme. A figura do explicador só desaparece em 1920, quando bem ou mal o público já estava alfabetizado na linguagem cinematográfica.

A formação do leitor contemporâneo deve considerar a sua participação cotidiana nas novas mídias digitais, marcada pela interatividade, acrescenta a conferencista. Ao unir, de modo seqüencial, fragmentos de informações de naturezas heterogêneas, o leitor experimenta na sua interação com o potencial dialógico da hipermídia um tipo de comunicação multilinear em que está livre para estabelecer sozinho a ordem textual ou para se perder na desordem das partes. “O navegador coloca em ação habilidades de leitura distintas daquelas empregadas pelo leitor de um texto ou livro impresso”. Esse leitor imersivo atua como editor ao escolher o que ler. Nesse ponto, a professora da UFRN, Marly, complementa que, tão importante quanto ensinar a ler é ensinar a ter critérios de escolha de fontes de leitura no mundo virtual.

Zaíra propõe ainda que a escola conheça as possibilidades das novas formas de leitura interativa, sobretudo a dos blogs de escritores, que permitem a interatividade na construção da narrativa. Segundo sua pesquisa sobre a participação de adolescentes em blogs de autor, essa escrita é marcada pela brevidade dos textos, escritos em linguagem coloquial, com a grafia correta, mas sem o uso constante do internetês, como fazem os leitores de outros blogs. O prazer reside no uso das possibilidades interativas, na liberdade do comentário, da interferência imediata no texto, alterando a sequência, as conexões entre os personagens ou mesmo reescrevendo as histórias, como em um jogo textual. A popularização do escritor nos blogs, com sua presença na tela ou nas conferências virtuais, é capaz de alterar o padrão de consumo intelectual e interferir nas escolhas de livros dos leitores, acredita.

Citando a pesquisadora argentina Beatriz Sarlo, defende que a escola beneficie-se do que seus alunos aprendem em outros lugares e aproveite as habilidades hipertextuais de leitura. Mas isso “até certo ponto”, como diz Sarlo. É que, segundo a autora, essas habilidades, caracterizadas pela rapidez e o imediatismo, pela emoção do jogo, mas também pela brevidade e pelo desinteresse no pormenor ou nas entrelinhas, não fornecem capacidades suficientes para a aquisição de outros, tais como precisão verbal, interpretação e produção de argumentações escritas. “Ou seja, são insuficientes para transformar um adolescente em leitor e produtor de textos”.

É aí que entra o professor emigrante como colaborador do nativo, na nomenclatura proposta por Marly, aprendendo e ensinando com sua herança do universo impresso, não mais como um tiranossauro autoritário remanescente de eras passadas, mas como o elo de ligação do mundo da escrita com o mundo presente. Esse professor, que em um futuro próximo talvez nem receba mais esse nome, ao mesmo tempo estrangeiro e habitante dessa plataforma de bits e vídeo-games, ocupa o entrelugar privilegiado para fazer o corte na adesão eufórica e acrítica às novas tecnologias e mostrar que a própria escrita engendrou a internet não como um artefato alienígena ou futurista, mas como um invento tecnológico e cultural capaz de ajudar a construir sujeitos históricos mais livres.

Por Raquel Wandelli, jornalista Secarte/UFSC/SC

Pesquisadora do Nupill/UFSC

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Programação dos 50 anos da Universidade é assunto na TV UFSC

29/07/2010 09:58

O “UFSC Entrevista” desta semana recebe a servidora do Departamento de Cultura e Eventos da UFSC, Cléia Silveira Ramos, que está à frente das organizações dos eventos que comemoram os 50 anos da Universidade Federal de Santa Catarina.

No programa, Cléia fala sobre esse grande grupo que, desde 2009, planeja as comemorações do cinquentenário da UFSC. Ela explica, por exemplo, como surgiu a ideia de formar uma comissão organizadora dos eventos, por quem ela é formada, quais os principais eventos que marcaram e que ainda farão parte dessa programação, como acompanhar, se informar e participar das homenagens.

O “UFSC Entrevista” vai ao ar nesta quinta-feira, 29/07, às 19h30min, no canal 15 da NET. Mais informações pelo telefone (48) 3952-1942, site www.tv.ufsc.br. Novidades e programação também pelo twitter.com/tv_ufsc.

Fonte: Tadeu Sposito – TV UFSC

“Paredes Pintadas”, documentário sobre mulheres guerrilheiras, estreia na TV UFSC

29/07/2010 09:58

Nesta quinta-feira, às 20h30, a TV UFSC exibe ‘Paredes Pintadas’, documentário que traz a história de quatro guerrilheiras brasileiras que lutaram contra o regime militar vigente no país. Mais de 40 anos depois, Dulce, Sonia, Renata e Damaris contam suas lembranças dos dias em que se uniram à Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) na luta contra o governo das Forças Armadas. (Assista ao trailer no youtube).

Em seus depoimentos, elas lembram da constante tensão dos dias em que viviam escondidas, na ilegalidade, utilizando nomes falsos e sem poder voltar para casa. Contam das ações e planos contra o governo, das torturas e ameaças sofridas na prisão e do exílio após a derrota do movimento.

O vídeo, produzido pelo jornalista Pedro Santos, é atração no Primeiro Plano, programa de reportagens e documentários feitos por alunos do curso de Jornalismo da universidade.

Pedro fala um pouco sobre a produção de Paredes Pintadas e sobre os motivos que o levaram à escolha do tema e dos personagens de seu Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado no primeiro semestre deste ano.

Como se deu a escolha do tema?

Em 2008, eu tive a oportunidade de fazer um intercâmbio para a cidade de Córdoba, na Argentina. Ali, tive oportunidade de conhecer e cobrir diversas organizações de Direitos Humanos, como as Abuelas de Plaza de Mayo, as Madres, a organização H.I.J.O.S., Familiares de Desaparecidos y Detenidos por Razones Políticas, entre outras. Comecei a tomar contato com uma série de movimentos para a preservação da memória. Cobri, para a revista eletrônica Ponto-e-Vírgula (www.revistapontoevirgula.com), o julgamento de um ex-comandante do Exército na época da ditadura argentina (1976-83), Benjamín Menendez. Enfim, fui tomando conhecimento das histórias da época e de toda a mobilização dos jovens de hoje para não esquecer tudo o que aconteceu naquele período. Então comecei a me perguntar: e no Brasil? Quando voltei, estava decidido a fazer um trabalho que trouxesse à tona certas histórias, detalhes, versões, pessoas que viveram aquele período da ditadura no Brasil. A partir disso, optei por retratar mulheres, guerrilheiras, que se engajaram para combater algo pelo qual elas achavam que valia a pena lutar.

Por que a escolha do suporte vídeo?

Sempre quis trabalhar com documentário e essa era uma área que eu tinha explorado pouco no decorrer das disciplinas do curso de Jornalismo da UFSC. Era um desafio tratar o tema que eu escolhi a partir de imagens. Acho que esse é um documentário de palavras. De como a memória se dá, com o passar dos anos e a partir fatos traumáticos, como ela se reconstroi pelo tempo e como ela é expressada na hora em que a pessoa fala, se lembra, olha, respira, os gestos… Me interessava fazer com que as pessoas tivessem, de algum modo, principalmente os jovens que não viveram naquela época, uma experiência audiovisual sobre uma história de quatro mulheres que lutaram contra um regime autoritário. Daí a opção de integrar a fala delas, as palavras, com imagens de arquivo, uso de imagens mais subjetivas, que evocassem passagem, tempo, exílio, memórias passadas, mas nunca perdidas, além do escuro, da tela preta, dos sons agudos… Tudo para compor uma experiência para o espectador a partir da história pessoal daquelas mulheres.

Por que falar do regime militar pelo olhar dessas quatro mulheres?

Basicamente porque as mulheres nos anos 60 viviam um auge de emancipação, de liberação de pensamento, revolução sexual, modo de pensar diferente de como pensavam as mulheres de gerações passadas. Tudo isso em uma sociedade machista, muito mais machista do que é hoje. Elas lutaram muito para conquistar os direitos que elas possuem hoje. E me chamou a atenção a forma como aquelas mulheres, as mulheres que eu entrevistei, lutaram como outros militantes da luta armada, mas ainda mais pelo fato de serem mulheres, de desafiarem um pensamento corrente na sociedade da época, enfim. Era como ser mulher, o simples fato de ser do sexo feminino, já fizesse com que tivessem que nascer lutando, pelo direito de pensar, de viver, de acreditar. E isso as fez, aparentemente, mais fortes do que muitos homens que também lutaram em organizações de luta armada. Vários dos que eu entrevistei chamaram a atenção para o fato de que muitas mulheres eram mais fortes do que eles, principalmente no campo emocional e psicológico. Mas isso, essa escolha, só foi possível para mim porque, na minha vida, eu sempre tive figuras femininas muito marcantes, mulheres lutadoras, dispostas a lutar pelo que acreditam. Particularmente minha mãe, minha irmã e minha namorada, que são as mulheres para quem eu dediquei o documentário. Como você as achou? Como entrou em contato com elas? Quando você começa a pesquisar muito um tema – e comigo a parte da pesquisa foi bem extensa e cansativa – nomes começam a surgir e você vai conhecendo muitas histórias. Depois disso, o trabalho é de garimpar e escolher. Cheguei nos nomes a partir de pesquisas para o documentário. Selecionei as quatro mulheres que participavam da mesma organização, a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) e que se conheciam entre si. Aí, com a ajuda de pessoas mais experientes no tema, como amigos jornalistas, uma professora da História, Mariana Joffily, entre outros, consegui os telefones e contatos pela internet.

Quais foram as maiores dificuldades enfrentadas por você durante a realização do trabalho?

Alguns eventos imprevistos quase comprometeram o resultado final. A começar pelas chuvas do final do ano, quando já estavam marcadas as primeiras filmagens na cidade de Cunha, interior de São Paulo. As chuvas destruíram a cidade, a estrada foi bloqueada e minha entrevistada, a Dulce, não pôde nos receber para a gravação. Tive que esperar alguns meses para voltar. Depois, alguns dos entrevistados mudavam muito a agenda de filmagem, por conta de imprevistos e outros afazeres. No Rio de Janeiro, viajávamos eu e Caroline Santos (fotografia) quando ocorreu aquela chuva que destruiu parte da cidade. Chegamos em Niterói e estava tudo alagado, intransitável, não tinha nem como sair da rodoviária. A única opção era pegar o ônibus de volta. Enfim, alguns outros imprevistos fizeram com que a produção tivesse que se refazer a todo momento. E isso foi interessante porque em qualquer produção independente você está sempre sujeito a essas mudanças bruscas, que te fazem ter que repensar e retrabalhar todo o cronograma, o orçamento, etc. Foi uma grande lição de como produzir projetos.

O que você mais gostou no documentário?

É muito difícil falar do próprio trabalho. Se eu tivesse que escolher, eu diria que o mais bacana foi a trilha sonora. Eu estava sem música, já muito preocupado em encontrar uma voz, uma música, alguma melodia que fosse. Foi aí que entrei em contato com Leonardo Netto, assessor de Marisa Monte. Foi bem por acaso, eu escrevi pra ele e ele respondeu. Fui bem cara de pau e perguntei se a Marisa topava gravar uma música para a trilha sonora. Daí ele respondeu que ela estava afastada de atividades profissionais, mas que cederia uma ou outra canção dela para usarmos no documentário. Passei a madrugada escutando a discografia da Marisa Monte até chegar na música “Pelo Tempo que Durar”, que era a ideal para a cena do exílio, quando as entrevistadas falam das mudanças, das novas perspectivas, de novas descobertas. Em alguns dias veio um contrato da EMI, gravadora do Rio de Janeiro, e acertamos que eles cederiam os direitos da canção para ser usada no documentário. Foi muito legal!

A TV UFSC é sintonizada no canal 15 da NET. Mais informações pelo telefone (48) 3952-1942, site www.tv.ufsc.br. Novidades e programação também pelo twitter.com/tv_ufsc.

Fonte: Tadeu Sposito(tadeusposito@gmail.com) – TV UFSC.

Departamento de Jornalismo perde o professor Sérgio Mattos

29/07/2010 08:59

Foto: Site Projeto Rondon

Foto: Site Projeto Rondon

Com pesar o Departamento de Jornalismo da UFSC comunica o falecimento do professor Sérgio Ferreira de Mattos, às 23h45min desta quarta-feira, 28/7. O velório foi realizado na manhã desta quinta-feira, no Cemitério do Itacorubi. Em seguida o corpo foi levado a Porto Alegre.

Sérgio Mattos era professor do Curso de Jornalismo da UFSC desde 1982, onde lecionava a disciplina obrigatória Telejornalismo I, além das optativas Telejornalismo II, Grande Reportagem em Vídeo e Medições de Audiências.

Exercia a supervisão de estágios não obrigatórios de alunos de jornalismo. Foi bolsista da Organização dos Estados Americanos (OEA) em 1978, no Ciespal, em Quito-Equador, onde fez especialização em Jornalismo Científico e Educativo.

É mestre em Ciências da Comunicação pela USP e fazia o doutorado em Comunicação Audiovisual e Publicidade pela Universidade Autônoma de Barcelona, na Espanha. Foi Chefe do Departamento de Jornalismo e Diretor do Centro de Comunicação e Expressão da UFSC.

Começou suas atividades como jornalista na Rádio da UFRGS e na TV Gaúcha, em 1973 e 1974, atuando ainda nas TVs Difusora e Educativa, na Rádio Guaíba, e como free lancer na Bloch Editores, sempre em Porto Alegre.

Em 2009, ao lado do professor Clovis Geyer Pereira, também do Departamento de Jornalismo, coordenou a participação de equipe da UFSC no Projeto Rondon, Operação Centro Norte. As ações foram executadas na Região do Baixo Amazonas, no município de Monte Alegre.

Clipe do ´Reggae da Tainha` será lançado nesta quinta-feira, em Florianópolis

28/07/2010 20:30

Acontece nesta quinta-feira, 29/7, o lançamento do videoclipe da música ´Sereia Manezinha´, o ´Reggae da Tainha`, trabalho que conta com o cantor Valdir Agostinho, música de Júlio César Cruz e direção do cineasta Zeca Pires. O evento acontece na Fundação Café, da Fundação Cultural Badesc, no Centro de Florianópolis, às 19 horas.

No evento de lançamento, o público poderá assistir ao making off da produção, ao videoclipe e a um show com o cantor Valdir Agostinho, que se apresentará com outros músicos convidados, integrantes do cenário cultural local. Na ocasião, o diretor do videoclipe também lança o DVD Curtas de Zeca Pires, que contém cinco dos seus curtas-metragens. O público ainda poderá saborear um coquetel com frutos do mar. O evento faz parte das comemorações dos 50 Anos da UFSC.

A produção do videoclipe é mais uma saudável parceria entre o Hospital Universitário (HU) e o Departamento Artístico Cultural (DAC) da UFSC. Parceria anterior entre os setores resultou na realização da exposição de artes visuais Doadores de Órgãos. Agora a união traz a música e o cinema, um trabalho que vem sendo impulsionado pelo recém-criado Núcleo de Documentários do DAC/SeCArte/UFSC, coordenado por Zeca Pires, que atualmente está trabalhando na finalização do seu filme ´A Antropóloga`.

A letra da música ´Sereia Manezinha´, o ´Reggae da Tainha` traduz a cultura ilhoa falando dos peixes, pescadores e as mulheres da Ilha.

O médico do HU Júlio César Cruz compôs a letra, em 2007, inspirada nas lindas mulheres, nos peixes do litoral da Ilha de Santa Catarina e nos pescadores tradicionais da Barra da Lagoa, a mais conhecida colônia de pescadores da capital catarinense.

Feita em trocadilhos bem amarrados, usando mais de 20 nomes de peixes, ´Sereia Manezinha` ficou guardada durante um ano até o artista multimídia Valdir Agostinho ter acesso à composição. Extasiado, o artista da Barra da Lagoa “pirou”, segundo palavras do próprio artista, e, a partir daí, o trabalho foi consolidado, passando do papel para uma composição trabalhada em estúdio. O subtítulo ´Sereia Manezinha` virou ´Reggae da tainha`, sugestão de Gazu, vocalista da banda Dazaranha, produtor e arranjador da música.

A voz de Agostinho confere um toque ilhéu ao trabalho, cuja letra, divertida e inteligente, agrada desde os pescadores da Barra aos blogueiros especialistas em cultura, arte e música. A essa altura, entra em cena outro ilustre Mané, Zeca Pires, o cineasta fã de Valdir que, com sua intuição, traduziu a música em imagens no clipe ´Reggae da Tainha`.

A melodia é de Gazu e Luiz Maia. Também fazem parte da gravação Gazu, Érico Verícimo, os músicos Ulysses Dutra (guitarra e backing vocal), Luiz Maia (baixo e engenharia de som) e Guilherme Ledoux (bateria), os três da banda Coletivo Operante. Lou Hamad (direção de arte), a atriz Simone Moraes – no papel da sereia -, e alunos do curso de Cinema da UFSC. Nos extras, além do making of, fotos still do fotografo inglês Paul Mansfileld. Cenário e figurino levam assinatura do próprio Valdir, que usou como matéria prima lixo recolhido na Lagoa da Conceição. As gravações aconteceram em local que também tem tudo a ver com o artista: a Costa da Lagoa.

Os artistas

Júlio César Cruz – Natural de Curitibanos e radicado em Florianópolis há 29 anos, o médico de 46 anos cresceu ouvindo MPB e os clássicos do rock nacional, principalmente em sua juventude, na década de 1980, época de ouro do estilo. A letra veio ao acaso, inspirada em seu pai, pescador amador de Itajaí. O médico começou a colocar as ideias no papel, acrescentado aos poucos os detalhes que resultaram nesta verdadeira homenagem ao ilhéu e seus costumes.

Valdir Agostinho – Músico, artista plástico e apresentador de TV. Nascido na Barra da Lagoa, é um típico “manezinho” de Florianópolis e uma das personalidades bastante atuantes na cidade. Valdir é um artista multimídia. Reciclador, o menestrel da Barra se exprime de várias maneiras ao fazer arte, todas com sua personalidade exuberante e carismática, trazendo a temática da preservação do meio-ambiente e da cultura popular sem negar a modernidade. Como artista plástico é conhecido por suas pandorgas (pipas/papagaios) que carregam os temas da cultura mané não apenas pelos céus de Florianópolis como também para galerias de arte pelo mundo afora. É ganhador “hors concours” nos concursos de Carnaval com fantasias feitas de sucata. A reciclagem de lixo é o tema importante da sua obra e também de algumas de suas canções.

José Henrique Nunes Pires – Cineasta catarinense que vem construindo e conquistando lugar de destaque na historia da produção cinematográfica de Santa Catarina. Diretor de 10 filmes, entre documentários, curtas e longas-metragens, o Zeca Pires é natural de Florianópolis. Possuí formação acadêmica nos cursos de Jornalismo (UFSC), Administração (ESAG), mestrado no Curso de História e doutorando em Engenharia de Produção, ambos pela UFSC, na área de mídia e conhecimento, com a temática Cinema Digital. Atualmente é diretor do Departamento Artístico Cultural (DAC) da Secretaria de Cultura e Arte da UFSC. Zeca Pires foi um dos fundadores da Cinemateca Catarinense/ABDSC e um dos criadores do Curso de Cinema e Vídeo da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul). A maioria de seus trabalhos tem um forte vínculo com a cultura popular do Estado, como a co-direção, juntamente com Norberto Depizzolatti, no curta-metragem Manhã (1989) e no documentário Farra do Boi (1991). Veja outros trabalhos do cineasta em http://pt.wikipedia.org/wiki/Zeca_Pires.

SERVIÇO:

O QUÊ: Lançamento do videoclipe ´Sereia Manezinha`, o ´Reggae da Tainha` com show de Valdir Agostinho e músicos convidados.

QUANDO: Dia 29/7, quinta-feira, às 19 horas

ONDE: Fundação Café, da Fundação Cultural Badesc, no Centro de Florianópolis. Rua Visconde de Ouro Preto, 216. Fone (48) 3224-8846, e-mail fundacaocultural@badesc.gov.br

QUANTO: Gratuito e aberto ao púbico

VISITE: www.fundacaocultural.badesc.gov.br e www.dac.ufsc.br

Fonte: [CW] DAC-SeCArte-UFSC, com material dos produtores.

Especial SBPC: Cidades devem se preparar para revolução com Pré-Sal

28/07/2010 16:22

Depois de historiar os processos de ocupação, urbanização e de modernização de capitais como Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Porto Alegre, Vitória e São Paulo, que têm em comum a intervenção radical do colonizador no meio ambiente (desmontes de morros, aterros, destruição de mangues etc), a pesquisadora Maria Cristina Leme, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, foi incisiva ao anunciar uma revolução na vida das cidades e das populações litorâneas a partir da exploração das potencialidades das camadas do Pré-Sal. Maria Cristina proferiu nesta quarta, 28/07, a conferência ´Cidades brasileiras: interação com o mar`, realizada dentro da programação da 62ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que acontece no campus da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em Natal.

A arquiteta, que foi apresentada ao público pelo professor Elson Manoel Pereira, do Departamento de Geociências da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), foi coordenadora de uma rede brasileira de pesquisa sobre a formação do urbanismo, que resultou no livro Urbanismo no Brasil 1895-1965. A conferência é uma iniciativa da Associação Nacional de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (Anpur) com vistas a “contribuir na reflexão sobre o passado, a herança, e as possibilidades, o futuro, que o espaço localizado próximo ao mar, o litoral, pode oferecer ao conhecimento científico e tecnológico brasileiro”.

Secretário executivo da Anpur, Elson Manoel Pereira substituiu na mesa a presidente da entidade, Leila Christina Dias (UFSC), ausente por problemas de saúde. A Anpur, que já foi presidida por Maria Cristina Leme, fez um reconhecimento público à decisão da SBPC em eleger o mar como centro das suas atenções. “A escolha do tema é adequada e oportuna; olhar o mar não significa ficar de costas para o Brasil, como dizia a canção de Milton Nascimento; olhar o mar hoje no Brasil significa olhar o Brasil em sua integridade. É preciso reconhecer o mar como continuidade do território brasileiro e campo de possibilidades para o desenvolvimento”.

Doutora em Arquitetura e Urbanismo, a conferencista Maria Cristina Leme lembrou que as cidades brasileiras sempre foram mediadas pelos conflitos com o mar. Citou que a construção dos portos foi determinante na formação e modificação dos espaços urbanos. “A relação entre porto e cidade definiu praticamente a modernização das cidades a partir do século XX”, exemplificou.

A intervenção do homem, segundo ela, levou em conta fatores econômicos, sociais e políticos que desprezaram qualquer preocupação com a preservação do meio ambiente. Nesse sentido, a derrubada de morros, os aterros e a destruição dos mangues foram comuns nos processos de urbanização.

A pesquisadora observou que as ações do homem se deram de forma bastante radical. Avançou-se sobre o mar numa espécie de experimentação, isto é, sem amparo de conhecimentos científicos e sem levar em consideração os riscos embutidos nessa operação. Os aterros, informou Maria Cristina, têm servido para o desenvolvimento de novas formas de se exercer a arquitetura, o urbanismo e o paisagismo. Ela também constatou a desvalorização gradativa dos centros históricos urbanos. “A centralidade das cidades vai se deslocando com a perda do poder político e econômico”. Os desafios comuns, sublinhou, passam pela renovação e revitalização desses espaços, privilegiando, sobretudo, opções para o entretenimento e a cultura. O mesmo fenômeno ela nota nas zonas portuárias.

Embora fugisse um pouco da temática proposta pela conferência, a pesquisadora colocou lenha na polêmica do Pré-Sal, prevendo uma revolução urbana decorrente da exploração das suas potencialidades. “O volume de dinheiro é impressionante e os impactos e conflitos serão inevitáveis”, alertou. Além dos impactos econômicos e sociais, Maria Cristina prevê reflexos sérios na pesca e nas reservas ecológicas. Afora a briga na partilha dos royalties, os conflitos passam pela infraestrutura urbana e pela adequação dos portos e rodovias à nova realidade. Ou seja, as polêmicas e desafios transitam, como no passado, pelos conflitos e identidades que banham os doces e salgados mares brasileiros.

Considerando ser um tema estratégico e caro para o momento vivido pelo país, a Anpur, que é uma entidade científica e reúne hoje 53 programas universitários de pós-graduação, não se limitou à Conferência. Promoveu também na SBPC uma mesa redonda sobre as formas de apropriação do território com a urbanização do litoral. Coordenada por Elson Manoel Pereira, secretário executivo da entidade, contou com a participação de Norma Lacerda, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Paulo Pereira de Gusmão, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e de Rodrigo Valente Serra, da Agência Nacional de Petróleo (ANP). Elson destacou a importância de uma visão global, de conjunto, no cenário que se vislumbra no horizonte das cidades. “Vimos em muitos períodos da história do Brasil uma irrigação das riquezas do continente para os portos do litoral; usando a mesma metáfora, poderíamos dizer que com as descobertas no Pré-sal veremos uma irrigação das riquezas do mar para o continente”, previu.

Por Moacir Loth/ Jornalista na Agecom

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Mais de 300 monitores preparados pelo Núcleo de Estudos da Terceira Idade atuam em projetos sociais

28/07/2010 14:04

Maria Cecília e Acélio: valorização da cidadania

Maria Cecília e Acélio: valorização da cidadania

A partir de agosto, uma nova turma começa a frequentar o Curso de Formação de Monitores da Ação Gerontológica, que qualifica pessoas idosas para atuarem como voluntários nas comunidades da Grande Florianópolis. Desde 1991, mais de 800 alunos (em 35 turmas) se formaram e, destes, cerca de 40% não usaram somente para si os conhecimentos adquiridos, trabalhando em creches, asilos e em projetos sociais mantidos pelo Estado e pelas prefeituras. “Assim, eles mediam o seu processo de envelhecimento, crescem e superam os preconceitos que ainda atingem os idosos”, diz a supervisora do curso, Maria Cecília Godtsfreidt. Cerca de 40 pessoas são formadas a cada semestre.

O curso, com duração de seis semestres, é oferecido pelo Núcleo de Estudos da Terceira Idade (Neti), que funciona desde 1982 na Universidade Federal de Santa Catarina. As inscrições foram abertas segunda-feira e podem ser feitas até o dia 6 de agosto no próprio núcleo. As aulas serão às segundas e quartas-feiras, das 14h às 16h, em salas do Centro Sócio-econômico (CSE). No dia 10 de agosto, haverá a aula inaugural e uma exposição de trabalhos dos gestores na Reitoria da UFSC.

O conteúdo é ministrado por professores de diferentes centros de ensino da universidade e investe forte nas áreas de humanas (como psicologia, sociologia e antropologia), de saúde e de políticas públicas. Os alunos entram contando com idade entre 55 e 65 anos, na maior parte dos casos, e ao saírem estão aptos a trabalhar como voluntários, aplicando também o que conheceram sobre os fundamentos da gerontologia.

Com isso, aprendem uma nova forma de enxergar a vida, entendem a sua própria condição, valorizam a bagagem que acumularam e se habilitam a suprir carências de pessoal em creches, hospitais e clínicas geriátricas. “Mais de 120 instituições recebem essas pessoas”, conta Maria Cecília, que é assistente social e também dá aulas no curso de gestores.

Direitos e autonomia

A coordenadora faz questão de ressaltar que os idosos aprendem ali a conhecer seus direitos, tornam-se mais autônomos, valorizam a cidadania e o próprio processo de envelhecimento. “São nossos parceiros e se comprometem com as nossas causas”, afirma. A Associação de Amigos do Hospital Universitário (AAHU) é um dos beneficiários desse trabalho, porque depende desses voluntários para continuar desenvolvendo seus projetos.

Ela calcula que mais de 40 mil pessoas já foram alcançadas pelos projetos com os quais se envolveram os gestores formados pelo curso do Neti. Hoje, existem 135 grupos de convivência em Florianópolis, muitos deles contando com egressos do núcleo, a partir de parceria deste com a Secretaria de Desenvolvimento Social da prefeitura. “Estamos tirando as pessoas de casa e integrando-as à Universidade, onde há muitas atividades culturais e científicas que são muito úteis para elas”, ressalta Cecília.

Experiências ricas

Acélio Richetti, formado no curso de gestores no primeiro semestre de 2009, é hoje um voluntário no Núcleo de Estudos da Terceira Idade. Ele é mais um dos que ajudam em eventos dos quais o Neti participa, como a Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFSC (Sepex), encontros e seminários. Há poucos dias, assumiu a função de resgatar o Varal Literário, que o núcleo realizava para promover a integração e estimular o lado literário de seus alunos.

Richetti trabalhou durante 10 anos com atividades físicas junto a idosos na Lagoa da Conceição e também no Instituto Estadual de Educação, envolvendo estudantes, pais e professores em ações que mostravam a importância de respeitar os idosos e reconhecer a importância que tiveram na construção do país. “Aqui, nos sentimos revigorados e aprendemos a encarar o envelhecimento como mais uma etapa da vida”, diz ele.

Outra voluntária muito identificada com o Neti é Alba Mazzola, que se formou em 1999 e não parou mais de atuar em projetos sociais. Ela lembra que a primeira experiência foi chocante, porque o trabalho foi feito numa creche próxima à Penitenciária Estadual, no bairro Agronômica. Ali, ela tomou contato com uma realidade dura, marcada por carências de todos os tipos. “As crianças queriam levar para casa, para dividir com os irmãos, o que dávamos a elas para comer”, conta.

Outra experiência que a marcou foi ter sido discriminada por ser idosa, na mesma escola. “O que essas velhas estão fazendo aqui?”, ouviu de uma professora. Depois, quando percebeu os resultados, a mesma pessoa a convidou para fazer trabalho semelhante com seus alunos. Dona Alba relutou, mas acabou aceitando, por causa das crianças. Depois, ela passou a dar palestras para idosos e adolescentes sobre drogas, gravidez precoce e outros assuntos em vários municípios do Estado.

Hoje, ela dá aulas de bordado para senhoras na Escola de Aprendizes de Marinheiros, no bairro Estreito. Integrante da associação de artesãos da UFSC, está ligada ao Neti desde 1995. E só tem elogios ao curso de monitores e ao núcleo. “Os professores são fora de série”, afirma. “Moro sozinha, e o Neti me ajuda a ocupar o tempo”.

Mais informações podem ser obtidas no Núcleo de Estudos da Terceira Idade (Neti), pelos fones 3721-9445 e 3721-9909.

Por Paulo Clóvis Schmitz / Jornalista da Agecom

Fotos: Paulo Noronha / Agecom

Mudanças climáticas e botânica brasileira são temas de workshop

28/07/2010 13:28

O Departamento de Botânica e o Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal da UFSC estarão sediando nos próximos dias 12 e 13 de agosto o workshop Mudanças Climáticas e a Botânica no Brasil. O evento acontece no auditório Luiz Teixeira (Teixeirão-CTC), e as inscrições podem ser feitas através do email wsmudancasclimaticas@ccb.ufsc.br.

As discussões, que irão reunir pesquisadores de várias instituições brasileiras, terão como eixo central os impactos ecológicos das mudanças globais, com um enfoque mais específico sobre a vegetação e outros componentes da base dos ecossistemas. O papel das universidades, em especial das pós-graduações, na formação de recursos humanos aptos a trabalhar com essa problemática também estará em pauta.

Mais informações: www.wsmudancasclimaticas.ccb.ufsc.br/index.html, 3721-4769 e leororig@gmail.com.

Exposição marca os 260 anos da imigração açoriana

28/07/2010 12:25

As belezas naturais das ilhas do Pico, São Jorge, Terceira, Graciosa, Faial, São Miguel e Corvo, todas pertencentes ao Arquipélago dos Açores, estarão em exposição, a partir da terça, 03/08, na Casa de Cultura de São José. Além das paisagens, as 17 imagens, clicadas por Joi Cletison, também trazem arquitetura, festas populares e costumes tradicionais da cultura açoriana, que 2010 completa 260 anos em Santa Catarina.

Joi Cletison é diretor do Núcleo de Estudos Açorianos (NEA) da UFSC e atua como fotógrafo há mais de 25 anos. Tem dezenas de exposições realizadas no Brasil e no exterior. “Mostraremos um pouco do Arquipélago dos Açores para os muitos descendentes de açorianos que residem em Santa Catarina”, explica Joi.

A proposta da exposição é percorrer as diversas cidades do litoral do nosso Estado que foram povoadas por emigrantes açorianos e ainda mantêm os vários costumes e tradições que herdaram dos seus antepassados.

Mais Informações: (48) 3247.9096 ou (48) 3721-8605 ou joi@nea.ufsc.br

Fotografias para divulgação: http://www.nea.ufsc.br/fotos_joi_cletison_acores.zip

SERVIÇO:

Local: Casa da Cultura de São José

Rua Gaspar Neves, 3175 – Centro histórico de São José

Abertura: 03/08//2010 às 19 horas

Período: 04 a 31 de agosto de 2010.

Promoção: Prefeitura São José e Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

Apoio Cultural: Governo Autônomo dos Açores

Realização: Núcleo de Estudos Açorianos e Casa da Cultura de São José

Texto de apresentação da exposição:

“A proposta desta exposição é viajar pelo Arquipélago dos Açores através da visão panorâmica e fotográfica de Joi Cletison. Usando o seu afinado e seleto olhar ele nos apresenta aspectos dos Açores e dos açorianos, desde a paisagem, o cotidiano, a arquitetura, as tradições, a brincadeira com o touro, a religiosidade, o culto ao Divino Espírito Santo, em momentos que ficam cristalizados nestas fotografias.

O Arquipélago dos Açores é composto por nove ilhas de formação vulcânica (Santa Maria, São Miguel, Terceira, Faial, Pico, São Jorge, Flores, Graciosa e Corvo) e está localizado no Atlântico Norte, a uma distância aproximada de 1.600 km do continente europeu.

Conhecendo um pouco das Ilhas Atlânticas, certamente nos reconheceremos açorianos no nosso litoral catarinense e na nossa Ilha de Santa Catarina”.

Francisco do Vale Pereira

Historiador/NEA/UFSC

Especial SBPC: Função da música nas prisões da ditadura ultrapassa a ideológica

27/07/2010 18:21

No ano de 1971, atuava na prisão do Dops, em São Paulo, um sargento violonista que se unia clandestinamente aos presos nos momentos de liturgia musical. Num domingo, levou o violão escondido na lata de lixo e arriscou-se a acompanhar ao violão Carmenzita, presa política de voz extraordinária, no seu ritual de homenagem à hora do Ângelus. Os presos estavam todos em volta, como de costume, quando se ouviu o badalar do sino das seis horas no mesmo instante em que Carmenzita entoava Ave Maria no Morro, sob os acordes do violão militar. Todos os sonhos de democracia haviam sido cassados pelo AI 5. O horror e a tortura silenciavam os artistas e intelectuais nos cárceres da Ditadura Militar. Mas esse conjunto efêmero de circunstâncias coincidentes provocou uma emoção coletiva intensa, uma epifania entre seres de posições políticas opostas, em que a música foi capaz de suspender as trincheiras entre inimigos.

Esse e outros relatos inéditos que mostram o papel da música nas prisões das ditaduras na América Latina e no Brasil foram narrados esta quarta, 27/08, na manhã do segundo dia da 62ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira do Progresso da Ciência (SBPC), no campus da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em Natal, pela pesquisadora Lúcia Maria Sálvia Coelho, da Universidade de Santa Marcelina (USM). Como no episódio da Ave-Maria, a própria conferência oportunizou momentos de epifania, quando uma platéia lotada, principalmente por jovens estudantes, sentados, ao chão ou de pé, encostados nas paredes, entoou os hinos de resistência gerados nos festivais de música da década de 70 e projetados pela palestrante. A emoção calma e a admiração pela herança político- cultural cumpriram o objetivo da pesquisadora de permitir que as novas gerações conheçam, através das artes, esses momentos de supressão das liberdades para que não se repitam.

Junto com as gravações o público acompanhou “Pra não dizer que não falei das flores”, “Porta Estandarte” e “Disparada”, de Vandré, “Alegria, alegria”, de Caetano Veloso, “Domingo no parque”, de Gil, “Ponteio”, de Edu Lobo e outras canções menos conhecidas de Chico Buarque que, segundo a autora, foi o compositor mais cantado nas prisões. À medida que esclarecia o contexto político no qual essas canções foram produzidas dentro e fora das prisões, e circunstâncias que ela própria vivenciou, o significado das letras foi se revelando. “Pra que ninguém mais pense que Apesar de você fala de uma briga de namorados”, diz Lúcia. Entoar esse samba de Chico era, segundo ela, reação de praxe aos abusos do poder e às atitudes de desrespeito aos direitos humanos no cárcere.

A pesquisadora integra há mais de 20 anos a Sociedade Científica de Estudos da Arte (CESA), fundada há 20 anos por um grupo de estudiosos agrupados em torno de Ruy Galvão de Andrada Coelho, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Na conferência Música nas prisões da Ditadura, valeu-se de sua experiência como presa política, torturada e exilada, ao lado do marido Ruy Galvão, para fazer de suas memórias do cárcere uma oportunidade de reflexão sobre o que pode a música representar para seres humanos em situação de limite e opressão política.

Ainda está longe de ser dito e ouvido tudo sobre a importância da música na superação do período da ditadura militar. Mais do que qualquer outra arte, a chamada canção de protesto representou para a sobrevivência dos presos políticos o que simbolicamente as narrativas das Mil e uma Noites significaram para Sherazade. Depois do AI 5, quando em nenhum outro lugar era possível se reunir, agir protestar, porque qualquer pessoa andando pela rua poderia ser sequestrada e encapuzada, encarcerada e torturada, ter sua casa invadida e seus filhos recolhidos para adoção, quando toda voz já havia sido calada, nos cárceres do regime de exceção os jovens ainda se arriscavam a cantar. E cantando perfaziam no cotidiano das grades, como mostra a conferencista, um ritual de celebração à luta política, à solidariedade na dor, à comunhão de almas, à alegria também e até à carnavalização das diferenças, como no exemplo da Ave-Maria.

“Já estávamos presos mesmo”, diz com um sorriso nos lábios Lúcia Coelho, que consegue com humor e afeto histórico rememorar a tragédia pessoal que viveu em três meses de prisão pelo circuito Dops, Operação Bandeirante (Oban) ou prisão da Tiradentes, além de um ano de cárcere domiciliar e mais dois anos de exílio na França. Seu trabalho conta com a contribuição do filho Sérgio Coelho, professor universitário e estudioso de Teatro.

A solidariedade estabelecida pelos prisioneiros, que cantam juntos nas celas do Dops, constituía uma das mais importantes funções da música nesse período, explica Lúcia. Iniciava no fim do dia, seguindo um repertório escolhido ao acaso, mas sempre se encerrava com a canção Boa Noite, composta na prisão por Marily Bezerra, membro da Polop, torturada e morta nos porões da ditadura: Boa Noite/Diga apenas Boa Noite/Saia ao menos à janela/Para ouvir o meu cantar/Companheiros/Confiança no Futuro/Que um dia nós faremos/Uma manhã cheia de sol.

Na sequência, os presos entoavam a Internacional Comunista e concluíam com uma corrente de boa noites, que iniciava na cela feminina nº 3. “Cada noite, uma de nós ficava encarregada de gritar: Boa noite cela 6! E os prisioneiros da cela 6 respondiam: Boa noite!, e assim por diante, até chegar ao fundão”. O fundão era a cela de isolamento, no fundo do corredor, onde não entrava luz. Havia espaço apenas para um colchão e uma privada, bem aos pés do leito. Esse rito musical raramente era reprimido pelos carcereiros do Dops, a exceção dos ligados ao delegado Fleury. Mas a maioria não apenas permitia como às vezes participava do canto.

A pesquisa aponta ainda que as músicas populares quando cantadas também serviam como forma de evasão e ponte para lembranças dos momentos de liberdade: Um dos relatos mais emblemáticos trazidos por Lúcia é o vivenciado por Iara Seixas, presa política, hoje professora universitária, que conseguiu espiar através de uma janela da Oban a sala de uma casa vizinha onde os moradores estavam à mesa comendo e conversando. A imagem espiada de uma família de classe alta jantando ao lado de uma prisão e alheia aos gritos de dor que emanavam da câmera de tortura, misturada à memória de sua própria vida em família, arrebatou-a de modo muito forte e evocou a música de Caetano Veloso e Gilberto Gil Panis et circensis cantada pelos Mutantes. Eu quis cantar/Minha canção iluminada de sol /Soltei os panos sobre os mastros no ar /Soltei os tigres e os leões nos quintais /Mas as pessoas na sala de jantar/ São ocupadas em nascer e morrer /Mandei fazer /De puro aço luminoso um punhal /Para matar o meu amor e matei /Às cinco horas na avenida central/ (…) Mandei plantar /Folhas de sonho no jardim do solar /As folhas sabem procurar pelo sol /E as raízes procurar, procurar/ (…)

Pelas asas dessa letra, que guarda uma das criações mais sublimes da MPB, Iara tomou consciência da dimensão de seu desamparo e da alienação social tão citada pelas letras de Caetano e Chico Buarque, e, segundo a pesquisadora, muito semelhante ao fenômeno de compactuação dos alemães com o nazismo. Mas na rotina da dor e do cárcere também havia lugar para festa e alegria, como por exemplo no Carnaval. Na prisão Tiradentes, onde havia maior espaço para o convívio, as prisioneiras cantavam e dançavam as marchas carnavalescas usando fantasias ou adornos improvisados. “A alegria voltava para as celas graças à música e à força da imaginação das jovens”, diz a doutora em Psicologia Médica e Prova de Rorschach e membro do Fórum dos Ex-Presos e Perseguidos Políticos.

Notícias da morte de um companheiro eram recebidas com uma onda de tristeza e desânimo. Mas não eram capazes de levar à desistência. A manutenção da coragem e da convicção da necessidade de continuar a luta contra a ditadura eram alimentadas por hinos revolucionários, mas também pela marcha carnavalesca Zum-zum: Oi! Zum, zum, zum,/ Zum, zum, zum! /Está faltando um! (bis) /Bateu asas, foi embora, /Não apareceu. /Nós vamos sair sem ele, /Foi a ordem que ele deu. (…)/

Com a marchinha, acompanhada por uma flauta doce, as prisioneiras da Tiradentes lamentaram a morte de Lamarca, mas também anunciaram que o bloco prosseguiria a luta, cumprindo a vontade do guerrilheiro. E Suíte do pescador, de Dorival Caymmi, aparentemente uma doce canção do mar, composta na prisão, funcionava como um hino de celebração à vida em homenagem aos companheiros que partiam do cárcere e podiam vislumbrar novas perspectivas. Minha jangada vai sair pro mar/ Vou trabalhar, meu bem querer /Se Deus quiser quando eu voltar do mar/Um peixe bom eu vou trazer/ Meus companheiros também vão voltar/ E a Deus do céu vamos agradecer/ Adeus, adeus/ Pescador não se esqueça de mim/Vou rezar pra ter bom tempo, meu bem/ Pra não ter tempo ruim/ Vou fazer sua caminha macia/ Perfumada com alecrim.

Desse modo imaginativo a música na prisão cumpre funções que vão além da comunicação de uma aspiração ideológica, conclui Lúcia. Ao modo brasileiro, as canções rompiam o padrão de medo e barbárie do universo carcerário, embalavam e acalentavam os companheiros após as sessões de tortura. E sobretudo introduziam na rotina dos porões da guerra política a solidariedade, a alegria e o conforto para a dor, humanizando o que foi condenado ao desumano.

Por Raquel Wandelli/ Jornalista na SecArte

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27/07/2010 15:19

À esteira do 3º Programa de Direitos Humanos do Brasil, pesquisadores recolocaram nesta terça, 27/07, na agenda política o tema do aborto como questão de saúde pública e direito individual da mulher. A mesa redonda, realizada no auditório da reitoria da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), durante a 62ª reunião Anual da Sociedade Brasileira Para o Progresso da Ciência (SBPC), produziu um consenso de opiniões dos palestrantes Jefferson Drezett Ferreira, Thomaz Rafael Gollop e Estela Aquino. Apresentados pela pesquisadora Rute M. G. Andrade, da SBPC, eles ofereceram dados e conceitos demonstrando a necessidade urgente da legalização do aborto para que as mulheres brasileiras possam receber um tratamento humanizado na rede hospitalar e fiquem livres da discriminação social a que continuam sendo vítimas por parte da sociedade brasileira. Os pesquisadores consideram inadmissível a interferência das igrejas numa questão que diz respeito “unicamente à individualidade das pessoas”.

A pesquisadora Estela Aquino, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), reivindicou a melhoria e o aperfeiçoamento dos diagnósticos, métodos de pesquisa e levantamento dos dados sobre o aborto no Brasil. “É preciso contextualizar as circunstâncias em que ele acontece. Trata-se de um problema que, embora atinja mais as famílias pobres, afeta todas as classes sociais do país”, assinalou. Defendeu também uma maior segurança da mulher pesquisada e uma efetiva garantia do sigilo ao pesquisador. Lamentou a carência de pesquisas nacionais que contemplem a realidade das periferias e cidades pequenas. Denunciou ainda o tratamento preconceituoso obtido nos hospitais pelas vítimas.

Já o médico Jefferson Drezett, que é ginecologista em São Paulo, sublinhou tratar-se de um falso dilema o debate “contra ou a favor do aborto”. Para ele o importante vai além da discussão ideológica, uma vez que se está diante da violação dos direitos humanos e reprodutivos. O debate, frisa, precisa levar em conta a saúde da mulher, inserindo o aborto como prioridade entre as políticas públicas. “A violência sexual também é uma tragédia na saúde pública”, alertou, após indicar o crescimento assustador do fenômeno no Brasil e no mundo.

Por exemplo, só em São Paulo ocorrem anualmente 42 mil estupros. Acrescentou que a realização do aborto para salvar a vida da mulher é quase consenso na legislação dos países e une a opinião também da maioria dos ginecologistas brasileiros. Citou que 95% dos abortamentos inseguros acontecem nos países em desenvolvimento. No Brasil uma mulher morre a cada dois dias vítima de tratamento em ambiente inadequado.

O médico Rafael Gollop, da USP, informou que a discussão em torno do aborto tem ocupado um grupo de trabalho de pesquisadores da SBPC. Ele chamou a atenção para o significado dos números revelados e pediu a atenção de todos para os conceitos correlacionados à polêmica. Alertou que as correntes religiosas têm deformado o debate “sem a mínima noção dos fatos e da realidade do país”. Frisou que é um sofisma dizer que o Brasil não pode mexer na legislação por ser um país católico. Por fim, pediu a mobilização da sociedade brasileira contra o Estatuto do Nascituro que tramita no Congresso, pois “é um retrocesso até mesmo em comparação ao quadro jurídico atual”. Na sua fundamentação a favor da legalização do aborto, socorreu-se em Aristóteles: “direito é atribuir a cada um o que é seu”. A questão da maternidade, conclui, é uma questão afetiva. “Ninguém obriga a maternidade a ninguém”. Fez finalmente uma provocação: “Se o homem engravidasse, a legalização do aborto já seria uma realidade há décadas no Brasil”.

Por Moacir Loth/ Jornalista na Agecom

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27/07/2010 15:12

Um auditório cheio manteve-se acordado e ansioso o tempo todo na conferência sobre “o papel cognitivo do sono e dos sonhos”, proferida na terça, 26/07, pelo pesquisador Sidarta Ribeiro, do Instituto Internacional de Neurociências de Natal, durante a 62ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

Derrubando preconceitos da própria academia, as pesquisas do laboratório ligado à Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) começam a provar, cientificamente, que sonhos e o sono possuem relação direta com a memória das pessoas e dos ratos. O pesquisador, que doutorou-se nesse polêmico ramo da Ciência, foi apresentado aos presentes pela professora Regina Helena Lima, que, além de integrante do Instituto, também pesquisa a meditação e a ioga no desempenho cotidiano dos estudantes. A equipe de pesquisadores é referendada pela liderança de Miguel Nicolelis, cientista potiguar que detém reconhecimento internacional.

Utilizando métodos e argumentos científicos, Sidarta partiu da sua experiência pessoal no doutorado. “Quando começava a trabalhar, caia no sono. Cheguei cochilar 16 horas por dia. Passei a pesquisar o assunto e descobri que o sono não estava me sabotando, mas me preparando”, contou. Os seus experimentos científicos foram realizados com ratos, cujo comportamento, nessa área, se assemelha ao dos homens. “O sono está para a memória como a alimentação está para a digestão”.

As duas fases do sono, localizadas no hipocampo e no córtex do cérebro, têm importância fundamental para a estocagem das memórias, que se aprofundam ao longo do tempo. “Geralmente não lembramos do que comemos no café da manhã, mas recordamos perfeitamente da merenda do nosso primeiro dia de aula”, exemplificou. A memória com o tempo, acrescentou, vai adquirindo ancoragem, ou seja, faz ligações com fatos correlatos. “O meu avô, por exemplo, dizia que para lembrar o nome de um novo aluno tinha que esquecer o nome de uma planta”.

Sidarta está, no momento, realizando pesquisas sobre os reflexos do sono na escola. Os primeiros resultados mostram que os alunos que tiram uma soneca absorvem muito melhor os conteúdos apresentados em sala. “Talvez possamos aproveitar a experiência futuramente em todos os níveis de ensino, inclusive na pós-graduação”, sonha ele.

O conferencista aprofundou ainda as questões relacionadas ao fortalecimento, à propagação e à reestruturação das memórias. Falou do papel do sono e dos sonhos na criatividade artística, intelectual e no desenvolvimento da ciência no mundo.

As pesquisas do instituto, sublinha Sidarta, recuperam pressupostos lançados há mais de 100 anos por Sigmund Freud, e na época ridicularizados, especialmente sobre o papel exercido pelos sonhos em relação aos desejos do ser humano. “Infelizmente ainda enfrentamos muita resistência e preconceito junto à comunidade científica”, lamenta Regina Helena Silva.

Atuando de forma interdisciplinar e mantendo parcerias com várias instituições no Brasil e no exterior, o laboratório está desenvolvendo simultaneamente diversos projetos de pesquisa interligados pela mesma temática.

Sidarta citou, entre outros, a investigação da função oracular do sono, a busca do correlato natural do sono lúcido e o estudo de sonhos antecipatórios em vestibulandos. Os pesquisadores do laboratório consideram ser possível prever o futuro de uma maneira probabilística a partir dos sonhos. “A população acredita nisso. Falta, agora, convencer a academia”, concluiu Sidarta.

Científico ou não, o fato é que o sonho mobiliza as pessoas e o sono adequado melhora o seu desempenho. A própria conferência confirmou essa verdade.

Por Moacir Loth/ Jornalista na Agecom

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27-07-2010 – Especial SBPC: Sono e sonhos melhoram aprendizagem e desempenho das pessoas

Último final de semana de A VIDA COMO ELA É …

27/07/2010 12:46

A tragicomédia de Nelson Rodrigues, em montagem do Grupo Teatro Sim…Por Que Não?!!!, faz apenas mais três apresentações neste final de semana e depois encerra temporada de sucesso, com um mês em cartaz no Teatro da UFSC/Igrejinha, depois da estréia em junho no Teatro Álvaro de Carvalho (TAC).

A peça reúne cinco histórias do dramaturgo carioca Nelson Rodrigues, com os personagens às voltas com seus dramas e tragédias cotidianas, em torno de amores e paixões, revelando às vezes um mundo hipócrita, outras vezes também cruel.

No elenco, Ana Paula Possapp, Berna Sant’Anna, Leon De Paula, Mariana Cândido, Nazareno Pereira, Sérgio P. Cândido e Valdir Silva. Direção de Luís Artur Nunes, assistência de direção de José Ronaldo Faleiro, iluminação de Luiz Carlos Nem, figurino de Luiz Fernando Pereira, cenografia de Fernando Marés, produção de Júlio Maurício e Nazareno

Pereira.

O espetáculo encerra temporada neste final de semana, com apresentações na sexta, sábado e domingo (dias 30 e 31 de julho e 1 de agosto), sempre às 20h30. Ingressos: R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia). Descontos de 20% para Clube do Assinante/DC. Recomendado para maiores de 15 anos.

Informações: (48) 9117-6161/ teatrosim@hotmail.com

Patrocínio: Edital Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura. Apoio Cultural: Café Central/ Caixa Econômica Federal/ Fibratur/ Fratelanza/Fundação Franklin Cascaes/ Hotel Cecomtur/ Instaladora Santa Rita/ Mirantes/ Museu da Escola Catarinense/ Lojas Planetta/ Eletrobras-Eletrosul.

Documentário sobre guerrilheiras brasileiras é destaque na TV UFSC

27/07/2010 09:58

Nesta semana, a TV UFSC volta a apresentar programas inéditos e traz novos horários. O público pode acompanhar novos documentários, entrevistas, filmes e especiais em homenagem aos 50 anos da UFSC. Na quarta-feira, às 20h, na `Sessão Cinema`, será exibido o filme “A Marselhesa”, do diretor francês Jean Renoir. Na quinta, às 20h, o espectador pode conferir mais um “UFSC Entrevista”, trazendo sempre uma conversa com pesquisadores, servidores e convidados da universidade.

Logo em seguida, a partir das 20h30min, o `Primeiro Plano` mostra o documentário “Paredes Pintadas”, do jornalista Pedro Santos, formado no curso de Jornalismo da UFSC. O vídeo traz os relatos de quatro guerrilheiras brasileiras que lutaram contra o regime militar vigente no país após o golpe de 1964. Mais de 40 anos depois, elas contam as lembranças do tempo em que o Brasil era governado pelas Forças Armadas.

Assista ao trailer no youtube.

Na sexta-feira confira o `Justiça do Trabalho na TV`, agora em novo horário, sempre às 21h. No domingo, a TV UFSC apresenta o `Entre Imagens`, espaço destinado às produções dos alunos do curso de Cinema da universidade. O programa vai ao ar a partir das 20h.

A TV UFSC é sintonizada no canal 15 da NET. Mais informações pelo telefone (48) 3952-1942, site www.tv.ufsc.br. Novidades e programação também pelo twitter.com/tv_ufsc.

Fonte: Tadeu Sposito(tadeusposito@gmail.com) – TV UFSC.

Reunião Anual da SBPC: entidade defende institutos de pesquisas para o desenvolvimento tecnológico do país

27/07/2010 08:40

Na abertura da 62ª Reunião Anual, o presidente da SBPC, Marco Antonio Raupp, ressaltou que o Brasil precisa de um modelo de desenvolvimento que faça a aliança entre o conhecimento científico e a economia, no qual a ciência realmente seja projetada nas atividades econômicas

Leia o discurso proferido pelo presidente da SBPC na noite deste domingo, 27 de julho, em Natal (RN):

“Minhas senhoras, meus senhores, meus jovens queridos,

Esta 62ª Reunião da SBPC ocorre em um momento crucial para a ciência brasileira, qual seja, o momento em que precisamos começar a definir quais e como serão as formas de contribuição do conhecimento científico para o desenvolvimento econômico, social, cultural e ambiental do país.

O mundo de hoje é bem diferente de algumas décadas atrás. A economia é globalizada; os mercados são mais agressivos na competição; a inovação tecnológica deixou de ser opção para se tornar obrigação; rapidamente a sustentabilidade ambiental e a sustentabilidade econômica passaram a andar juntas, indissociáveis.

Antes deste novo contexto global, o desenho do poder econômico mundial era bastante diverso. Algumas nações se destacavam por causa de suas grandes dimensões territoriais. Outras, porque tinham um setor industrial imponente. Um terceiro grupo, em razão de sua capacidade de extrair riquezas de seus recursos naturais… não existia um ponto de conexão entre as diferentes expressões de riqueza dos países.

Atualmente, no novo contexto global em que estamos vivendo, passaram a existir dois pontos em comum e determinantes entre as nações ricas e desenvolvidas. Esses pontos são: 1) a alta qualidade da educação oferecida à sua população, e 2) a produção do conhecimento científico e tecnológico como fator de geração de riquezas – o que se convencionou chamar de economia do conhecimento.

A questão que se coloca neste momento é: o Brasil está preparado para atuar com desenvoltura e eficiência na nova economia mundial? Quando o assunto é a educação formal do povo brasileiro, infelizmente a resposta é não. Apesar dos esforços ocorridos nos últimos anos, em que houve melhorias significativas em termos quantitativos, o ensino no Brasil continua mal em termos de qualidade.

Este é um problema que toda a sociedade brasileira reconhece. O maior agravante deste problema reside no fato de a inclusão pela educação ser o único meio pelo qual é possível garantir a sustentabilidade do processo de modernização da sociedade.

Por este e por outros motivos, não podemos postergar a realização de um verdadeiro mutirão social para promover a superação do déficit educacional brasileiro. A SBPC está mobilizada para isso se manterá alerta até que a educação brasileira atinja um patamar que atenda aos requisitos da cidadania e às necessidades nacionais.

Mas se o nosso sistema educacional ainda precisa evoluir para atingir um nível satisfatório, o mesmo não ocorre com a ciência brasileira. O nosso sistema de produção científica está maduro o suficiente para que nós, da SBPC, acreditemos que o Brasil poderá, sim, ingressar rapidamente na nova economia.

Nosso sistema de C&T, do qual todos os brasileiros devem se orgulhar, foi constituído ao longo dos últimos sessenta anos. Nesse período, a ciência brasileira saiu praticamente do zero para se tornar uma das mais produtivas e dinâmicas do mundo.

O Brasil ocupa hoje a 13ª posição no ranking mundial da produção de ciência, o que nos coloca à frente de países com maior tradição na área, como Holanda e Rússia. Em 1988, os pesquisadores brasileiros publicaram cerca de 2.800 artigos em revistas especializadas internacionais. Em 2008, portanto 20 anos depois, aquele número de 2.800 artigos saltou para cerca de 30 mil artigos anuais, um crescimento formidável e exemplar.

Há várias outras demonstrações da capacidade que nós, brasileiros, temos para fazer ciência. Quero destacar uma delas, que é o nosso sistema de pós-graduação, organizado, coordenado e avaliado pela Capes. Para se ter uma ideia da eficiência desse sistema, basta ver que ele foi constituído há quarenta anos e hoje já forma mais de 35 mil mestres e cerca de 11 mil doutores por ano.

Essa produção científica e de cientistas resultou na construção de um sistema com características acadêmicas. Ou seja, o nosso sistema de ciência foi capaz de se organizar e de se reproduzir para si mesmo. Esta foi uma conquista das mais importantes, porém a produção do conhecimento no Brasil passou a ocorrer basicamente nas nossas universidades.

O desafio que se apresenta agora é a capacidade desse sistema se ampliar, de modo a produzir conhecimento que tenha utilidade direta também para a sociedade, especialmente para os setores industrial e de serviços, auxiliando-os a promover a inovação tecnológica e a atuarem de maneira sustentável em termos econômicos e ambientais, além de serem competitivos no mercado internacional.

O Brasil já deu mostras pontuais de que tem condições para tanto. Quando fizemos esforços no sentido de integrar uma base científica e tecnológica com o setor econômico, nós construímos três exemplos de grande sucesso: no agronegócio, no petróleo e na aeronáutica.

O sucesso no agronegócio brasileiro se deve enormemente à atuação da empresa brasileira de pesquisa agropecuária, a Embrapa, e sua articulação com faculdades de ciências agrárias e veterinárias de todo o país. Graças a esse sistema, a agropecuária brasileira é uma das mais produtivas do mundo.

No petróleo, o que dá competência à Petrobras para que ela seja referência mundial na exploração em águas profundas é o seu centro de pesquisas. O Cenpes, como é conhecido, conta em seus laboratórios com o trabalho direto de centenas de pesquisadores e engenheiros, além de coordenar uma rede de pesquisadores distribuídos por várias universidades brasileiras.

Na aeronáutica, o exemplo é a Embraer. A empresa foi criada com o suporte do Centro Tecnológico Aeroespacial, CTA, e do instituto tecnológico de aeronáutica, ita, e hoje é a terceira maior fabricante de aviões do mundo.

O nosso problema, em termos de Brasil, é que não avançamos muito além desses três exemplos em termos de iniciativas de grande porte.

Se por um lado a produção científica manteve-se em franco crescimento no setor acadêmico, ganhando destaque em termos internacionais, por outro lado ainda é muito reduzido o número de empresas brasileiras que investem na pesquisa e no desenvolvimento de novos produtos ou novos serviços para o mercado.

Sem esses investimentos, as empresas brasileiras não inovam, perdem competitividade e correm o risco de serem ultrapassadas pela concorrência internacional. Afinal, o mercado global é tanto acolá como aqui; não há mais fronteiras para a competição comercial.

Portanto, não podemos mais postergar nossa opção pelo desenvolvimento. E desenvolvimento no mundo de hoje só ocorre com a utilização cada vez mais intensa do conhecimento científico e tecnológico pelas empresas.

Para isso, precisamos construir um modelo de desenvolvimento que faça a aliança entre o conhecimento científico e a economia. Está na hora de o Brasil ampliar o seu universo científico, para que a ciência realmente seja projetada nas atividades econômicas e que leve benefícios mais direta e mais rapidamente à sociedade.

Às capacidades já estabelecidas do nosso sistema de ciência e tecnologia é preciso implementar essa outra capacidade de atender as demandas da sociedade para o desenvolvimento. Isto, porém, não vai acontecer espontaneamente; precisaremos criar estruturas específicas para cumprir esse novo papel da ciência brasileira na sociedade brasileira. E a SBPC se propõe a apresentar algumas sugestões nesse sentido.

Diante do quadro brasileiro atual, um aspecto que consideramos imprescindível é o fortalecimento da figura dos institutos de pesquisa. Naturalmente que as universidades são parte importante no processo que contempla a ciência como fator de geração de riqueza. Não podemos nos esquecer, porém, que o papel fundamental da universidade é a formação de profissionais qualificados, para satisfazer às diversas demandas da sociedade, além da realização de pesquisa científica que contribua para a evolução do conhecimento em suas mais diferentes áreas.

Em resumo, a universidade tem de estar sempre pronta para interagir com os grandes desafios do pensamento e promover e disseminar o conhecimento. Assim, entendemos que são os institutos de pesquisa o ente mais apropriado para fazer a intermediação do conhecimento científico com o sistema produtivo.

Para cumprir esta missão, os institutos de pesquisa – sem a obrigação de ensinar, como ocorre com as universidades -, dispõem das condições ideais necessárias: eles podem se utilizar do conhecimento já existente, adaptando-o para uma finalidade específica; podem gerar novos conhecimentos, para atender demandas pré-definidas; estarão aptos a desenvolver novas tecnologias; isentos de obrigações acadêmicas, terão flexibilidade para se adaptar ao ambiente produtivo empresarial.

A sugestão da SBPC, portanto, é que os institutos de pesquisa já existentes sejam fortalecidos e tenham seu foco de estudo, seus objetivos e seu financiamento redefinidos em conformidade com as dimensões do campo em que vai atuar e dos desafios que terão de enfrentar.

Da mesma forma, propomos a criação de novos institutos de pesquisa, igualmente dotados das condições para a realização de grandes projetos mobilizadores, capazes de criar novas e vigorosas vertentes na economia nacional.

Os nossos exemplos na agropecuária, na aviação e no petróleo são estimulantes. Nosso setor agrícola é responsável por um terço da riqueza brasileira gerada a cada ano. E as pesquisas realizadas pela Embrapa estão literalmente na raiz dessa riqueza.

Na evolução da indústria aeronáutica desponta a Embraer, mas há por trás uma cadeia composta por centenas de pequenas e médias empresas, muitas delas com o desafio de inovar permanentemente para poderem atender um setor dotado de altíssima intensidade tecnológica. Se o Brasil não tivesse criado o Centro Tecnológico Aeroespacial, CTA; se não tivesse criado o Instituto Tecnológico de Aeronáutica, o ITA, é muito provável, mas muito provável mesmo que também não teríamos criado a Embraer.

No petróleo, criamos a Petrobras. Mas o que fez da Petrobras uma vencedora constante de desafios cada vez maiores foi o seu centro de pesquisas e uma rede universitária associada. Foi por meio do conhecimento gerado nessa estrutura que a Petrobras se tornou a empresa líder mundial na exploração de petróleo em águas profundas, fazendo gerar também uma infinidade de empresas de pequeno e médio porte baseadas no desenvolvimento tecnológico e na inovação.

Agropecuária; aeronáutica; petróleo. O nosso próprio modelo está aí: vigorosos e competentes centros de pesquisa dedicados a grandes projetos mobilizadores e estruturantes do desenvolvimento.

Precisamos, assim, de um instituto de pesquisa que responda também a todos os desafios contidos na Amazônia, por exemplo. Um centro que faça a avaliação sobre o que ocorre na Amazônia de uma forma integrada. Que tenha capacidade de desenvolver o lado tecnológico das operações demandadas pela realidade amazônica. Que possa entender os processos com base no conhecimento que é gerado sobre a biodiversidade, sobre as águas e sobre a atmosfera na região. Que desenvolva saberes sobre como intervir no ecossistema amazônico sem destruí-lo. Que tenha capacidade para acompanhar os processos econômicos da Amazônia e saiba sugerir novas atividades para geração de trabalho e renda para a população local. Que estimule novos processos para o uso dos recursos naturais, de modo a gerar produtos que serão valorizados exatamente por fazerem parte de uma economia sustentável.

A Amazônia nos possibilita exemplificar bem nossa proposta de que tenhamos grandes institutos de pesquisa para o enfrentamento de grandes desafios nacionais, mas as possibilidades são se esgotam nela.

O Semiárido está aí, também fazendo por merecer uma intervenção mais robusta da ciência e da tecnologia. O mesmo ocorre com o mar – o ponto central desta nossa 62ª Reunião Anual da SBPC.

A Marinha do Brasil mobiliza há muitos anos esforços e competências para conhecer cientificamente o ambiente marinho, o mesmo acontecendo com algumas de nossas universidades. Contudo, a amplitude e a complexidade marítima pedem um aparato científico e tecnológico que nos possibilite ampliar nossos conhecimentos e nossas possibilidades de extração de riqueza do mar de modo sustentável.

Para se ter uma ideia do tamanho desse desafio, basta ver que a área do mar territorial brasileiro equivale à área da Amazônia. Ambos têm cerca de quatro milhões de quilômetros quadrados. Em resumo, precisamos de uma Embrapa para a Amazônia; precisamos de uma Embrapa para o mar.

Da mesma maneira, precisamos de uma Embrapa também para o setor industrial. Quero dizer, precisamos de um sistema de produção de tecnologia industrial que seja tão eficiente quanto o sistema Embrapa é para o agronegócio.

Fármacos e medicamentos, energia e microeletrônica são alguns dos setores nos quais o Brasil poderia empenhar grandes esforços visando a criação de parques industriais fundamentados na utilização de tecnologias inovadoras desenvolvidas aqui mesmo.

É necessário salientar, contudo, que a gestão desses novos institutos vai requerer também um novo tipo de organização. Será necessário um novo paradigma legal para as relações público-privadas. O agente público e o privado serão parceiros; o público não estará comprando do privado, nem inversamente. Eles vão trabalhar em conjunto; ou seja, será necessária uma estrutura legal que possibilite a interação público-privado de forma plena.

É bom salientar também que esses institutos não vão cumprir a missão específica de pesquisa e desenvolvimento de cada empresa. Eles atuarão na fase pré-competitiva, gerando conhecimento científico e tecnológico que servirá de base às atividades de pesquisa e desenvolvimento das empresas, para que elas possam apresentar ao mercado produtos, serviços e processos inovadores.

Uma vez que estarão comprometidos com o desenvolvimento do país, ou seja, com o nosso futuro, esses institutos desempenharão papel estratégico na economia brasileira. a eles deverá ser dada a tarefa de antever as tendências tecnológicas e, o quanto antes, colocar o Brasil no caminho do futuro.

Com esse conjunto de atributos e objetivos, esses institutos serão um vigoroso instrumento de política pública para a ciência e tecnologia; serão uma forma de participação do governo no esforço de tornar o Brasil um país com alto desenvolvimento tecnológico; e serão também um indutor da inovação tecnológica nas empresas. Mesmo porque, nunca é demais lembrar, cabe às empresas o papel principal e final na cadeia da inovação.

A SBPC sempre ajudou a descortinar novos horizontes para a ciência no Brasil. Deu sugestões de como organizar a universidade brasileira e colaborou com a sua reforma. Propôs a criação de sistemas de apoio à pesquisa e de formação de profissionais para atividades científicas, o que resultou na criação do CNPq e da Capes.

Agora, a SBPC se propõe a ajudar descortinar um novo horizonte para a ciência brasileira, que é o seu compromisso irrestrito e integral com o desenvolvimento do país. Nos últimos anos a ciência brasileira viveu progressos nunca experimentados anteriormente. Contribuíram para isso o Ministério da Ciência e Tecnologia, que teve à frente nos últimos cinco anos o nosso caríssimo Sergio Rezende; contribuíram nossas universidades e institutos de pesquisa, nossas agências federais de fomento – como a capes e o CNPq -, e nossas agências estaduais, como a Fapern, aqui no Rio Grande do Norte.

Enfim, todos os agentes do nosso sistema de ciência e tecnologia têm sido cada vez mais atuantes. E isso é muito bom, porque a ciência está sendo chamada para ser protagonista do desenvolvimento brasileiro. Não podemos nos furtar. Nós, cientistas, já demonstramos que sabemos transformar recursos financeiros em conhecimento. Agora, vamos mostrar que sabemos também transformar conhecimento científico em riqueza – riqueza para o nosso país e para o nosso povo.

JC e-mail 4060, de 26 de Julho de 2010.