
Ministro da Educação Fernando Haddad
O Ministério da Educação suspendeu na madrugada de hoje, dia 1º, a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) que seria realizada no sábado e domingo (3 e 4 de outubro), após receber alerta sobre uma possível quebra de sigilo do exame. A decisão foi tomada pelo ministro Fernando Haddad depois de ter sido avisado pela reportagem do jornal O Estado de São Paulo sobre a subtração da prova por uma quadrilha que teria proposto ao veículo entregá-la em troca de R$ 500 mil em dinheiro.
A prova do Enem seria aplicada no fim de semana para cerca de 4,5 milhões de alunos em 1.800 cidades do país. O exame ganhou mais importância este ano, porque 24 universidades brasileiras aboliram seu processo seletivo tradicional – o vestibular – para adotar o critério do novo Enem. Em outros casos, as instituições passariam a utilizar as notas do exame para balizar o acesso de parte dos novos acadêmicos a partir de 2010.
Segundo o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira (Inep), Reynaldo Fernandes, “há fortes indícios de que houve vazamento” da prova, com base na análise dos técnicos que participaram da elaboração das questões. O MEC tem outra versão da prova pronta para substituir a que foi cancelada, mas a impressão dos mais de 4 milhões de exemplares levaria, segundo o ministro Haddad, em torno de seis semanas. Por isso, estima-se que o novo exame seja realizado dentro de no mínimo 45 dias.
O ministro também informou que será feita uma investigação para saber como ocorreu o vazamento da prova. “Isso (a subtração) não pode ocorrer, pois temos câmeras de vídeo para barrar um acontecimento como esse”, disse Haddad ao programa Boa Dia, Brasil, da TV Globo. Apesar do problema, ele se declarou satisfeito porque o vazamento foi detectado antes da realização da prova, e pediu que os estudantes não se desmobilizem. “Quem está inscrito deve aproveitar este tempo para estudar mais e aguardar as instruções para a nova data”.
Nota oficial do MEC sobre o adiamento das provas
“O Ministério da Educação informa que as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), marcadas para este fim de semana, foram adiadas por motivos de segurança.
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) já tem uma segunda prova e deve anunciar a nova data do exame nos próximos dias, depois de reorganizar a logística de aplicação.
O Ministério da Educação já tomou providências junto ao Ministério da Justiça e à Polícia Federal no sentido de apurar eventuais responsabilidades criminais relativas ao vazamento.
Os estudantes inscritos serão comunicados oportunamente, pelos meios habituais, sobre a confirmação da nova data e do local das provas.
Em razão do adiamento, a divulgação do resultado final das provas, inicialmente prevista para 8 de janeiro, deve sofrer atraso de um mês, aproximadamente.
O Ministério da Educação trabalha para minimizar os efeitos do atraso.”
Fonte: Assessoria de Comunicação do MEC.
Fraude no Enem suspende provas e investigações já começaram
Por Ana Paula Vieira – Andifes – 1 de outubro de 2009 – 12:42
O ministro da Educação Fernando Haddad e o presidente do Instituto de Pesquisas Educacionais (Inep) Reynaldo Fernandes concederam entrevista coletiva às 12h de hoje (01), na sede do Ministério, em Brasília, sobre o adiamento da aplicação das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Confira a nota oficial da Andifes no final da matéria.
O ministro Fernando Haddad relatou os acontecimentos desde às 21h30 do dia 30 de setembro, quando foi contatado pela jornalista Renato Cafardo, do jornal “O Estado de São Paulo”. A oferta da prova do Enem chegou à jornalista por um e-mail e ela se encontrou com duas pessoas que tinham um exemplar impresso da prova do Enem, oferecendo-o por R$ 500 mil. Segundo o ministro, a jornalista manuseou as provas e descreveu os itens ao Ministério, que confirmou “fortes evidências” do furto do exame.
Por volta de 1h30, por solicitação do ministro, o presidente do Inep confirmou à jornalista do Estadão o cancelamento do Enem, segundo Haddad, para “não colocar em risco a credibilidade do Exame”. Os itens desta prova já estão fora do banco de questões do Inep.
Agora, o MEC estabeleceu uma divisão de trabalho: o Inep deve cuidar da nova prova, que já está pronta, mas que requer uma nova logística de organização e aplicação. O gabinete do Ministério está encarregado de, juntamente com a Polícia Federal e o jornal Estado de São Paulo, apurar o caso. Haddad informou que o inquérito já está aberto.
Investigações
Na tarde desta quinta-feira (1) a equipe do MEC terá uma reunião com o consórcio responsável por toda logística de impressão, distribuição e aplicação das provas do Enem, a empresa baiana “Consultec”.
Haddad explicou que não há provas impressas do Enem no Inep. Os exames são guardados em cofre, em formato digital e saíram de lá em um disquete que foi entregue há cerca de um mês para impressão. Questionado sobre a suspeição acerca da Gráfica, o ministro afirmou que não se pode excluir nenhuma possibilidade, mas que isso é “assunto de polícia” e ele não tem competência para apontar indícios.
Segundo o ministro e o presidente do Inep, toda a logística do processo é acompanhada pelo MEC e pela Polícia Federal e até o dia de ontem (30) não havia nenhum indício de fraude. “A logística do Enem é muito complexa. Ele distribuirá as vagas do Prouni e selecionará estudantes para 50 mil vagas em instituições públicas de Ensino Superior”, afirmou o ministro, ressaltando que em onze anos de realização do Enem, nunca ocorreu nada semelhante.
Os representantes do Ministério não sabem em que ponto ocorreu o vazamento da prova do Enem. Os exames estavam em processo final de impressão e a distribuição já tinha sido iniciada em alguns estados, como no Norte do país. São Paulo seria o último estado a receber as provas, porque era o mais próximo da Gráfica Plural, a contratada do Consórcio para realizar a impressão do material.
Nova logística
A realização do Enem custa cerca de R$ 180 milhões. De acordo com o ministro, 30% deste valor é referente à impressão e 70% destinado à locação de instalações e pagamento de fiscais de prova. Ainda não se sabe quem arcará com os custos de uma nova operação: “Vamos apurar as responsabilidades”, afirmou Haddad.
A licitação para escolha do responsável pela aplicação do Enem teve apenas um candidato, o que dificulta a contratação emergencial de um segundo colocado. A consultoria jurídica do Inep analisa, na tarde de hoje (1), os procedimentos para nova realização do exame, que deve continuar sob a coordenação do mesmo consórcio.
O ministro da Educação informou que a nova prova do Enem deve ser aplicada no mês de novembro e que os estudantes não ficarão prejudicados. “Já entramos em contato com os reitores. Tínhamos uma folga no calendário e vamos fixar uma nova data”, explicou o ministro.
Andifes divulga nota sobre cancelamento do Enem
Por ASCOM
1 de outubro de 2009 12:34
O Ministério da Educação (MEC) cancelou, na madruga desta quinta-feira, (01/09) a aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio por suspeita de vazamento das provas que seriam realizadas nos dias 3 e 4 próximos. Diante deste fato, a Associação Nacional dos Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) divulga nota de esclarecimento.
Em primeiro lugar, a Andifes tranqüiliza os candidatos com vistas ao ingresso no 1º semestre de 2010 e suas famílias, sobre os processos seletivos das Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes), pois os mesmos certamente serão realizados com a qualidade e segurança tradicionais.
A Andifes advoga também a completa apuração dos fatos, visando a segurança e idoneidade dos processos seletivos e da realização das provas, que julga ser fundamental em qualquer procedimento de concurso público.
A Associação esclarece que a Andifes, bem como as universidades federais não participaram de nenhuma etapa operacional da elaboração da prova do Enem, como pré-testes, seleção de questões, elaboração, impressão gráfica e distribuição, portanto, nunca tiveram acesso às provas.
A Andifes aguarda novas informações, acompanhará as averiguações e manterá a sociedade e os candidatos informados de todas as medidas e procedimentos relativos aos processos seletivos das Ifes e ao Enem.
Finalmente, ao lamentar a ocorrência, a Andifes ressalta que somará esforços com o Ministério da Educação e órgãos envolvidos, visando a superação do problema, sempre respeitando o interesse público e da sociedade brasileira.