A Associação Nacional dos Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) realizou na manhã de hoje (27) o seminário “Acesso à universidade pública, gratuita e de qualidade”, em Brasília, com o objetivo de dar continuidade e subsidiar o debate sobre as modificações no processo seletivo das Ifes propostas pelo Ministério da Educação (MEC). Reitores, pró-reitores de graduação e presidentes de comissões de vestibulares das Ifes discutiram o novo modo de ingresso nas instituições, que sugere a utilização de uma prova reformulada do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como meio parcial ou total de seleção.
Além dos representantes das Ifes, participaram como palestrantes a secretária de Educação Superior do MEC Maria Paula Dallari, o representante do Instituto Nacional de Pesquisas e Estudos Educacionais (Inep) Héliton Tavares, o vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) Otávio Velho, a presidente do Fórum de pró-reitores de Graduação (Forgrad) Sandramara Matias (Universidade Federal de Goiás), os presidentes de Comissões de vestibulares José Carlos Almeida de Lima (Universidade Federal de Alagoas) e Júlio Felipe Szeremeta (Universidade Federal de Santa Catarina), a presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE) Clélia Craveiro, e o presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) Ismael Cardoso.
O representante do Inep Héliton Tavares abriu as exposições falando sobre o Enem, exame criado em 1998, quando teve 160 mil inscritos, número que aumentou para 4 milhões em 2008. Tavares explicou que a proposta de modificação do exame e de sua adaptação como instrumento de seleção das Ifes vem sendo discutida desde abril do ano passado. A secretária de Educação Superior reforçou: “Essa proposta é feita com base em um grande acúmulo do MEC e do Inep, não estamos falando de um processo que começa agora, ele já vem amadurecendo”.
A presidente do Forgrad Sandramara Matias trouxe alguns apontamentos da comunidade universitária acerca da nova proposta. A pró-reitora questionou, principalmente, se o novo modelo de processo seletivo realmente seria mais democrático e includente, permitindo aos estudantes de escola pública maior acesso às universidades federais e o tipo de influência que esse novo processo causaria no Ensino Médio. Sandramara lançou, ainda, algumas questões sobre a operacionalização do processo e em relação à aplicação e à segurança da prova.
Maria Paula afirmou que o grande potencial transformador do novo Enem é a construção de um processo evolutivo, pois a proposta em questão pode ser aperfeiçoada gradativamente, à medida que for implantada pelas universidades. A secretária de Educação Superior do MEC destacou as qualidades da proposta: “Essa nova forma dá ao aluno a responsabilidade e a dignidade de fazer a escolha com base na sua nota, o que é totalmente meritocrático”.
A presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE) Clélia Craveiro enfatizou que deve-se pensar o processo seletivo enquanto um processo pedagógico, refletindo sobre a prática de Ensino Médio que se quer implantar. O presidente da UBES, Ismael Cardoso colocou o ponto de vista da representação estudantil, que defende a aplicação do novo Enem de forma seriada. Otávio Velho, vice-presidente da SBPC declarou o seu apoio à proposta, porém em caráter experimental, com a possibilidade de modificações futuras. “É preciso estar muito atento aos efeitos perversos, mas de fato está na hora de enfrentar esta questão”, afirmou Otávio Velho.
Opiniões
Alguns reitores colocaram dúvidas e fizeram suas observações sobre o novo modelo de ingresso nas universidades proposto pelo MEC. O reitor Aloísio Teixeira, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) reafirmou o seu entusiasmo com a proposta; na UFRJ, a discussão com a comissão de vestibular já começou e agora eles decidem como implantar o novo processo seletivo.
O reitor da Universidade Federal do Tocantins (UFT) Alan Barbiero lembrou a questão das disparidades regionais que podem ser ressaltadas com o processo unificado. “Há um sentimento comum de concordância do ponto de vista conceitual da proposta, apesar de questões que ainda precisam ser revistas. Por isso, eu defendo a ideia de uma ‘experimentação’ para este ano”, ressaltou o reitor da UFT.
O reitor da Universidade Federal de Viçosa (UFV) Luiz Cláudio Costa também demonstrou a boa recepção dos conselhos da UFV, que, segundo o reitor, entendem que filosoficamente a proposta é boa, mas estão preocupados quanto ao tempo para sua viabilização.
A secretária de Educação Superior Maria Paula Dallari ouviu as opiniões e afirmou que elas são muito bem-vindas. Ela ainda garantiu que a autonomia universitária não será frustrada no âmbito desta discussão, pois é um tema caro ao Ministério, que será preservado. A secretária ainda informou que já está destacada uma pessoa no MEC para fazer o levantamento das posições das universidades, que já estão declarando a participação ou não no processo. “Podem vir boas ideias, é isso que define o processo em construção”, declarou Maria Paula.
A Andifes continua o debate com a realização de duas reuniões: uma reunião técnica entre pró-reitores de Graduação e presidentes de comissões de vestibulares das Ifes, e outra, do Conselho Pleno da Associação, com a participação do ministro Fernando Haddad, ambas na manhã do dia 28 de abril.
Fonte: Ana Paula Vieira – Andifes – 27 de abril de 2009 – 14:58
Ministro participa do Pleno da Andifes e pede apoio ao novo Enem
O ministro da Educação Fernando Haddad participou da reunião do Conselho Pleno da Associação Nacional dos Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) na manhã desta terça-feira (28). O principal assunto em pauta foi a participação das Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes) no novo modelo de processo seletivo proposto pelo MEC.
Fernando Haddad falou sobre a importância da Andifes na construção dessa proposta, que, segundo ele, já evoluiu e hoje permite mais possibilidades para as Ifes; portanto, ele pediu o apoio da entidade ao princípio geral da proposta, ressaltando que, gradativamente, as instituições se decidirão sobre como adotá-la, respeitando a autonomia e a diversidade de cada universidade. O presidente da Andifes, reitor Amaro Lins (UFPE) também destacou a parceria com o ministério: “A Andifes se sente com a missão cumprida nessa primeira etapa do debate, que vai continuar internamente nas Ifes, respeitando a autonomia de cada uma”.
Desde a apresentação da proposta do MEC, a discussão se tornou pauta primordial na Andifes, que sugeriu algumas modificações, principalmente por meio de um comitê de governança formado pelo presidente da entidade e um reitor de cada região do país, além das secretarias estaduais de educação. Depois de cerca de um mês de reuniões e discussões, a proposta ficou mais abrangente: “As quatro possibilidades são suficientemente largas para permitir a participação das instituições, testando o modelo, nem que seja na quarta forma. O modelo está muito flexível, a ponto de permitir uma transição responsável”, afirmou Haddad.
O ministro explicou que o MEC propõe um direcionamento para a educação do país: “Precisamos e um norte para o ensino médio a partir de um exame instigante, interessante e envolvente; e nós entendemos que esse norte é o novo Enem”, afirmou. Dentro da Andifes, o presidente afirmou haver concordância com os princípios fundamentais da proposta, e que agora cabe às universidades discutirem como participar.
Mobilização
O ministro Fernando Haddad também mostrou sua preocupação com o grande impacto que o tema causa na sociedade brasileira. Segundo ele, ninguém pode negar que a transição do ensino médio para o superior é traumática; logo, cabe ao MEC e às instituições de ensino melhorarem esse momento.
Devido à grande repercussão, o ministro sugeriu o posicionamento da Associação: “Se a Andifes diz para o país que esse processo é virtuoso e de aperfeiçoamento da educação, o sinal que a Andifes pode dar é muito importante. Aplaca os ânimos, dá um impulso à proposta”.
O pleno sugeriu a confecção de um documento com o posicionamento da Andifes sobre a proposta. Os reitores estudam esta demanda e o documento pode sair nas próximas horas.
Reunião com a presidência
O ministro Fernando Haddad também falou sobre a audiência da Andifes com o presidente Lula, marcada para o dia 28 de maio. Segundo ele, a reunião tem que ser um coroamento de uma visão de consolidação da educação, principalmente a pública. ”Devemos chegar ao presidente com um projeto consolidado para equacionar todos os entraves existentes nas Ifes”, afirmou Haddad. O presidente da Andifes concordou: “As Ifes vivem um momento muito especial e precisamos consolidar isso”.
Fonte: Ana Paula Vieira – Andifes – 28 de abril de 2009 11:24