Uma pesquisa desenvolvida pela UFSC procura determinar as causas do aumento do índice de câncer na cidade de Capivari de Baixo, no Sul do Estado. Dados do Datasus, banco de dados do Ministério da Saúde, demonstram ampliação dessas estatísticas a partir do ano de 2005 no município. O doutorando em Farmácia da UFSC, Fabrício Possamai, também funcionário da Vigilância Sanitária Estadual, relacionou os números à presença de uma das maiores usinas de incineração de lixo hospitalar de Santa Catarina na cidade e partiu para uma pesquisa, levando em conta a hipótese de que este fato poderia apresentar ligação com o aumento dos casos da doença.
Seu projeto, ´Análise do estresse oxidativo em trabalhadores expostos a emissão de poluentes atmosféricos de incinerador de resíduos sólidos de serviço de saúde`, realizado sob orientação do professor Danilo Wilhelm Filho, do Departamento de Ecologia e Zoologia da UFSC, consistiu em analisar amostras do sangue de trabalhadores que ficam em contato com resíduos da queima do lixo hospitalar. Foram selecionados 20 operários da empresa de incineração que manipulam o equipamento e lidam com a reciclagem do lixo doméstico nas imediações da usina, além de 20 moradores que residem a cerca de 5 quilômetros da usina.
“A atividade de incineração de resíduos deve ser fiscalizada com rigor, e cabe aos órgãos ambientais exigir controles periódicos de emissão de resíduos para garantir a qualidade do ar da região e, consequentemente, da saúde dos trabalhadores e da população”, lembra o orientador do trabalho. “É um absurdo fazer a triagem de lixo comum a poucos metros de onde se faz incineração de lixo hospitalar”, alerta.
Resultados
As amostras de sangue coletadas em Capivari de Baixo foram analisadas e comparadas com material do banco de sangue do Hospital Universitário da UFSC. Os resultados revelam um estresse oxidativo (desbalanço entre as defesas antioxidantes e os radicais livres de oxigênio gerados), não apenas nos trabalhadores, mas também naqueles moradores que vivem nas imediações da usina. Essa primeira etapa da pesquisa foi apresentada em congressos no exterior (Lisboa), e possibilitou que Fabrício constatasse que há uma “grande probabilidade” de que exista relação entre a proximidade com a usina e o alto índice de casos de câncer do município.
A segunda fase da pesquisa consistiu em incrementar a alimentação das pessoas com 500 mg de vitamina C e 800 mg de vitamina E (suplementação antioxidante), todos os dias, durante seis meses. A UFSC contou com o apoio de laboratórios que doaram os suplementos. Após esta etapa, a análise foi refeita e mostrou que a suplementação antioxidante foi eficiente para melhorar o quadro de estresse oxidativo em todos indivíduos analisados. “Essa reversão já era esperada, pois o histórico de pesquisas, tanto em outros projetos de nosso laboratório como na literatura especializada, mostra que a suplementação antioxidante é eficiente”, explica o professor.
Praticamente todas as análises já foram concluídas, exceto uma que será realizada por um ex-aluno da UFSC, agora doutorando da USP, Moacir Torres, sob a orientação do professor Pio Colepicolo, do Departamento de Bioquímica da Universidade de São Paulo. Para o professor Danilo, o trabalho da UFSC está em conclusão e foi bem-sucedido, abrindo possibilidade deste tipo de terapêutica antioxidante possa ser sugerida e implementada à população em estudo. “Mais do que denunciar, nós queremos colaborar com a saúde daquela população”, destaca o pesquisador.
Introdução no mundo da pesquisa
Para analisar as amostras de sangue coletadas, Fabrício contou com o auxílio de uma bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic), do CNPq, Ana Maria Berte Moratelli, estudante da 4ª fase do Curso de Farmácia, que trabalha desde o final de 2007 no Laboratório de Ecofisiologia Respiratória (CCB), local aonde foram feitas os testes. Ana considera que além de permitir que o estudante entre em contato com o meio científico ainda nas primeiras fases da graduação, a bolsa proporciona outros benefícios.
“Essa experiência na vida acadêmica ajuda a saber o que o estudante quer, se trabalhar em laboratório, seguir no meio científico ou, quem sabe, fazer uma pós-graduação”, avalia. Ana Maria vai apresentar gráficos e alguns resultados referentes ao trabalho desenvolvido pelo Laboratório de Ecofisiologia Respiratória durante o 18° Seminário de Iniciação Científica da UFSC. O evento será realizado quarta e quinta-feira (22 e 23/10), em frente à Reitoria da UFSC, e em auditórios da universidade, integrado à Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão (Sepex).
Mais informações:
– Com o doutorando Fabrício Possamai: fpp@unesc.net
– Com a estudante Ana Maria: anamaria_aninha@hotmail.com
– Com o orientador do trabalho, professor Danilo Wilhelm Filho: e-mail: dawifi@ccb.ufsc.br / fone 48 3721 6917
Por Gabriela Bazzo / Bolsista de Jornalismo a Agecom
Saiba Mais:
A Iniciação Científica
A UFSC conta atualmente com 480 bolsas de iniciação científica. No total, há um investimento anual de mais de 14 milhões – recursos do CNPq e da própria universidade. As bolsas com valores entre R$ 300,00 e R$ 380,00 permitem a participação dos acadêmicos em grandes projetos e deflagram, em muitos casos, a carreira de pesquisador – para diversos estudantes é uma preparação para que ao concluir a graduação já ingressem no mestrado.
De 22 e 23 de outubro, os bolsistas do período agosto/2007 a julho/2008 apresentam seus trabalhos no 18º Seminário de Iniciação Científica (SIC) da UFSC. Integrado à sétima edição da Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFSC, o encontro é direcionado à divulgação e avaliação dos estudantes. Este é mais um evento da UFSC na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia.
Mais informações sobre a iniciação científica na UFSC pelo fone (48) 3721-9332.
A Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFSC
A sétima edição da Sepex será realizada de 22 a 25 de outubro, em frente à Reitoria. O “grande circo” da Sepex terá quase seis mil metros quadrados, está sendo montado na Praça da Cidadania da UFSC, para uma mostra de trabalhos em mais de 100 estandes interativos e 1.300 painéis. Outros 600 projetos serão apresentados no Seminário de Iniciação Científica, evento paralelo à Sepex.
No período serão também oferecidos mais de 200 cursos gratuitos de curta duranção, que já tiveram as inscrições encerradas com quase seis mil participantes. Será ainda realizada durante a semana a inauguração de oito equipamentos interativos que dão início à construção de um parque de ciência no campus universitário.
Este ano a Sepex está integrada à Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. Os objetivos são os mesmos: ressaltar a importância da produção do conhecimento na vida da população e no desenvolvimento do País.
Mais informações sobre a Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão com a pró-reitora de Pesquisa e Extensão, Débora Peres (debora@reitoria.ufsc.br / Fone: 3721-9716) ou com a diretora do Departamento de Projetos de Extensão, Mônica Aparecida Aguiar dos Santos (monica@cca.ufsc.br / Fone: 48 3721-8305)
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