Abre na terça-feira, dia 28, às 18h3min, na Galeria de Arte da UFSC, a exposição individual “mínimas” com instalação e objetos da artista Bernadete Amorim, mineira, residente em Curitiba, que estará presente para o Encontro com o Artista. Na ocasião Bernadete falará do processo criativo das suas obras e da sua trajetória, num bate-papo aberto a artistas, estudantes, professores de arte e público em geral. O Encontro com o Artista é uma atividade da galeria em parceria com o Arte na Escola – Pólo UFSC, aberto a professores e estudiosos de arte.
Sobre a exposição
A exposição “mínimas” apresenta cerca de 250 trabalhos, sendo que 230 peças compõem a instalação de roupas em miniaturas. A instalação foi produzida entre 2004/2005 e é pela primeira vez apresentada ao público de Florianópolis. As vestimentas foram cobertas com gesso e cola em sua superfície, e são objetos de diferentes formas e tamanhos. Distribuídas pelo chão, as peças expandem-se no horizonte, de forma a criar uma circulação para o espectador à sua volta. “Somos, quem sabe? gigantes a observá-los” diz a artista.
Sobre a artista
Bernadete Amorim nasceu em Belo Horizonte – MG, atualmente mora em Curitiba. Fez sua graduação em Educação Artística pela Universidade Federal do Paraná(1978). Ao longo de sua formação freqüentou também a Oficina de Litogravura, com Larissa Franco, no Museu da Gravura, Solar do Barão, Curitiba (1995); Poéticas Singulares, com Eliane Prolik, no Museu Alfredo Andersen MAA, Curitiba (2000); História da Arte Brasileira com Paulo Reis, na Universidade Federal do Paraná – UFP: Oficina permanente com Geraldo Leão, UFP (2002). Em 2004 concluiu pós-graduação com Especialização em História da Arte do Século XX, pela Escola Belas Artes do Paraná.
Realizou sua primeira exposição individual em 1993, com a exposição “Brincando com a Imaginação”, realizada na Secretaria de Estado da Cultura do Paraná, em Curitiba. Desde então, a artista vem desenvolvendo seu trabalho com exposições, em sua maioria, no Estado do Paraná, destaque para as exposições “Instalações e Objetos”, na Secretaria de Estado da Cultura, em Curitiba e na Universidade Estadual de Londrina, UEL (1999); Abarcados, Ateliê de Criação Teatral – ACT, em Curitiba (2006). Presente em outros estados do País, esteve em 2001 em São Paulo com a exposição “3 Elos”, na Galeria SESC Paulista; em Brasília com a exposição “A Casa”, Casa da Cultura da América Latina, Universidade de Brasília-UNB (2003).
Além disso, a artista participou de exposições coletivas, como a Bienal Brasileira de Piracicaba, Estado de São Paulo (1994); IV Salão Vitor Meirelles, em Florianópolis-SC. (1996); VI Salão UNAMA de Pequenos Formatos, Belém-PA. (2000); Simultâneas Passagens, Bernadete Amorim e Eliane Prolik, Secretaria de Estado da Cultura, Casa Andrade Muricy, em Curitiba (2005).
Premiada em salões e mostras de arte, Bernadete Amorim participa e organiza grupos preocupados em preservar e discutir a arte, como por exemplo, quando atuou como organizadora e mediadora do evento “Trago”, uma conversa entre artistas do Paraná, no Goethe Institut, 2004. Integra o Grupo Autônomo de Artistas Plásticos que discute e organiza ações ligadas à arte, na capital paranaense. E participa do grupo de artistas que discute o Movimento para Permanência e não Fechamento do Museu de Arte Contemporânea do Paraná.
Atualmente suas obras integram o acervo do Museu de Arte Contemporânea do Paraná, Curitiba; Galeria SESC Paulista, em São Paulo-SP; Secretaria Municipal de Londrina-PR; Secretaria de Estado da Cultura do Paraná.; Secretaria de Estado da Cultura de Santo André-SP; Secretaria de Estado da Cultura de Piracicaba-SP.
Sobre a proposta da artista, por ela própria
Roupas, gesso e talco (obra sem título, produzida em 2004/205)
“O trabalho consiste de pequenas peças construídas com roupas em miniaturas. Estas vestimentas foram glaceadas na sua superfície com a aplicação de gesso e cola. Dispostos sobre o chão, estes objetos de diferentes tamanhos, expandem-se como horizonte ou panorama em sua diversidade, brancura e delicadeza, abaixo do ponto de vista do olhar. Somos quem sabe, talvez, gigantes a observá-los. São formas em diferentes escalas, volumes e movimentos corporais. Corpos ocos. O branco da superfície, frio e ensurdecedor, contrasta com a cor interna, quente e orgânica do tecido. O dentro é luz, a luz vem da cor. Vistos do alto visualizamos seus internos vazios, cheios de ar. Brincar agora, já não é um ato de possibilidades, a dureza da matéria, é fato, brincar é memória e imaginação. O branco recobre o externo apagando minúcias, detalhes. A aparência frágil quem sabe, de um glacê de açúcar sobre o doce. A imobilidade destes corpos endurecidos, que se equilibram ao verticalizarem seus pesos. É o corpo na sua capacidade de se fazer volume. Trazem a memória do corpo, um corpo que não está mais ali, presenças ausentes, a corporeidade dada pela ausência; nem pés, nem cabeças, congelados no seu último gesto. Imóveis se oferecem ao vazio. É este dentro vazio, que faz a comunicação com o ar de fora delas e umas com as outras. E esse vazio que é matéria também, matéria poética, em referência imediata a memória corpórea de habitá-lo.
Multidões, corpo como meu corpo, igual, que me olha. Presenças vazias, buracos ocos, oscilam levezas, equilíbrio, imobilidade e gesto. Congelamento em instantes do corpo.
A roupa é sempre uma membrana – é tecido que recebe uma forma.
Não há um corpo físico dentro deles, apenas uma referência a essa memória corpórea, devido a sua função – vestes são para corpos.
O conjunto grande dessas peças nos coloca diante de um tipo de escala – do pequeno, frente ao nosso tamanho do nosso corpo.
Da diversidade encontrada, nas variações desses tamanhos, volumes, características das funções e peças das roupas, seus detalhes, (que um pouco desaparece – cobertos pela mesma substância e operação).
Dos gestos que rememoram no trato de fazê-los em pé (em sua maioria) ou pelo menos fazê-los se auto sustentar.Na multiplicidade de relações entre elas.A cor branca de certa maneira neutraliza as cores, texturas, detalhes e desenvolve uma visualidade de aproximação entre elas, homogeinizando o exterior – a roupa como camada para apontar um outro espaço – do dentro, ou o interior e os espaços das relações entre uma peça e outra.
Há uma espécie de congelamento e isso fala do tempo, direcionado a cristalizar “instantes”, gestos pensados da roupa com o corpo. Há uma razão corpórea, ainda que se trate do invólucro e de uma mediação.
Os panejamentos sempre estiveram presentes na tradição de uma discussão escultórica, nas estátuas antigas e esses panejamentos se prestavam a inserir uma discussão do movimento, movimento do corpo em suas arestas. Lembramos da Vitória de Samotracia, das esculturas gregas de mulheres, às quais me prendo nas dobras das vestes, no movimento das pregas.
Está abaixo do nosso ponto de visão, serem pequenos e muitos brancos que se somam, vazios que se articulam, formas anteriormente moles, que a matéria gesso e cola enrijeceram, porém se mantêm leves. Isto, provavelmente, articula a poética do trabalho, no sentido de questionar a “apreensão”. Apreender o olhar, apreender uma coleção, apreender o frágil momento de sermos pequenos e prolongar a discussão dessas fragilidades no tempo e no lugar.
Nesse sentido, a instalação ou ocupação do espaço com a obra se deu através do diálogo entre os vários elementos, interdependentes e ainda necessitou do polvilhamento do piso – pó de talco – lugar onde elas estão. Parece que o pó, também fala do ar. A ação de polvilhamento é matéria mais ar.
Aí temos as peças e o pó, brancos, leves e soltos.” (Bernadete Amorim)
A Galeria de Arte da UFSC faz parte do Departamento Artístico Cultural, vinculado à Pró-Reitoria de Cultura e Extensão da Universidade Federal de Santa Catarina.
SERVIÇO:
O QUE: Abertura da exposição “mínimas” com instalação e objetos e “Encontro com a Artista” Bernadete Amorim.
QUANDO: Dia 28 de agosto, terça-feira, às 18h30min.
VISITAÇÃO: De 29 de agosto a 21 de setembro, de segunda a sexta-feira, das 10h às 18h30min
ONDE: Galeria de Arte da UFSC, prédio do Centro de Convivência, campus Trindade
QUANTO: Gratuito e aberto à comunidade.
CONTATO: Galeria de Arte (48) 3721-9683 e galeriadearte@dac.ufsc.br – Visite
www.dac.ufsc.br
Fonte: [CW e JS] DAC-PRCE-UFSC, com material da artista