Abre nesta terça-feira, dia 7 de fevereiro, às 18h30min, na Galeria de Arte da UFSC, a exposição individual “Vitrines da Alma”, com gravuras da artista visual paranaense Lahir Ramos. Na abertura da exposição, haverá o “Encontro com o Artista”, um bate-papo aberto a artistas, professores, estudantes e público em geral, quando Lahir Ramos falará brevemente da sua trajetória e do processo criativo das suas obras. Em seguida haverá um momento de confraternização com o público presente. A Galeria de Arte da UFSC funciona no edifício do Centro de Convivência. A exposição poderá ser vista de segunda a sexta-feira, das 10 às 18h30, até dia 03 de março. Contato: (48) 3331-9683 e galeriadearte@dac.ufsc.br. Atividade gratuita, aberta à comunidade.
A exposição consiste de uma série de imagens que a artista vem trabalhando desde meados de 2003, e que têm referências autobiográficas, pois expressa um momento de inquietação em relação à vida. Neste trabalho, Lahir Ramos faz uso das formas convencionadas, como cadeiras e escadas, não como simples representações, mas como objetos significantes dentro do contexto abordado. “A cadeira, para mim, simboliza a espera, o lugar das pessoas em volta da mesa, a presença, a ausência. A escada simbolicamente é indicadora de ascensão, transição, que também tem relação com escala, dimensão e espaço. Os objetos escolhidos codificam e expressam este momento”, comenta a artista.
Quanto à questão morfológica da obra, Lahir busca, nesta série de gravuras, enfatizar questões como gestualidade, desenhos de linhas em diversas graduações, e, sobretudo, linhas em relação ao espaço, que dialoguem e revelem o seu percurso, procurando assim evidenciar todo o processo do trabalho. A técnica escolhida para os trabalhos foi a ponta seca sobre alumínio, pois a gravadora acredita que esta técnica traduza de imediato a atitude do artista em relação ao material, muitas vezes aparecendo mais que a própria linguagem, pois surge em decorrência da expressão de um pensamento. “A minha gravura não tem como proposta alcançar virtuosismos técnicos, ela é uma linguagem em si, um meio, o qual utilizo para me expressar, mesmo que realizada de forma convencional. Gravar para mim é construir uma história, como um diário, dia a dia, risco a risco”, completa.
Lahir Ramos, paranaense de Curitiba, nascida em 1961, é graduada em Educação Artística com licenciatura em Desenho pela universidade Federal do Paraná-UFPR, em 1996. Atualmente realiza o curso de especialização em História da Arte do Século XX, pela EMBAP. Realizou cursos de aperfeiçoamento em arte educação e nas artes plásticas. Freqüentou o ateliê de gravura em metal na Casa da Gravura de Curitiba de 1993 a 1997. Participou de workshops em gravura com Violeta Franco, Estela Sandrine e Laurita Sales. Possui ateliê próprio sob o nome Arte Gravura – Ateliê, e tem participado de Salões (no Paraná, Santa Catarina e São Paulo), Mostras e Exposições Coletivas, em países como o Brasil (Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro), França, Argentina e Estados Unidos. Desde 1995 já recebeu sete prêmios em salões, como Medalha de Ouro pelo conjunto de obras no 50º Salão Ararense de Artes Plásticas –Contemporâneo, em Araras, Estado de São Paulo. Algumas de suas obras fazem partes de acervos no Brasil e no estrangeiro, como Galeria de Arte da UNAMA, na Universidade da Amazônia, em Belém, Pará, e no MoLAA, Museum of Latin American Art, em Long Beach, Los Angeles – Califórnia
A GRAVURA DE LAHIR RAMOS, SEGUNDO RICARDO RESENDE, DE SÃO PAULO
A gravura como linguagem hoje costuma receber severas críticas por, muitas vezes, “permitir” que suas complexas técnicas se sobreponham à inspiração/expressão em obras de artistas até mesmo consagrados pela crítica. Não é o caso de Lahir Ramos, artista que tive oportunidade de conhecer o trabalho sensível, pela primeira vez no 28º Salão de Arte de Ribeirão Preto, de 2003. Seus desenhos gravados, porque, na verdade, antes de serem gravuras são desenhos, chamaram a atenção, principalmente, pela simplicidade das imagens, de forte expressão gráfica e emocional por meio de traços e linhas que ela nos oferecia. Traços profundos, linhas fortes, leves e contínuas que constroem desenhos de pouca figuração, muitas vezes quase “nadas”, outras vezes se percebem cadeiras ou escadas, em alguns casos, nem isso, apenas partes delas ou apenas uma linha, que insinua o objeto e nos leva para lugar nenhum, nos vazios do campo da folha de papel. Paisagens interiores e exteriores que se abrem e deixam vislumbrar entre portas, caminhos e espaços em branco ou que se fecham na opacidade do negro, sinais, ora da presença da artista, ora de sua ausência nesse campo minado de suas imagens.
As gravuras de Lahir me fazem pensar no que poderíamos entender, como a primeira manifestação artística que temos conhecimento. Os desenhos gravados nas paredes de cavernas habitadas pelos homens em nossa pré-história. A artista parece querer subverter a expressividade daquelas imagens sintéticas e cheias de significados do homem primitivo, ao minimizar ainda mais seus gestos ou “registros” de suas impressões de um mundo interior contemporâneo silencioso e misterioso, por ela apresentado.
A Galeria de Arte da UFSC faz parte do DAC – Departamento Artístico Cultural / Pró-Reitoria de Cultura e Extensão da UFSC.
SERVIÇO:
O QUE: Exposição de gravuras “Vitrines da Alma” de Lahir Ramos e Encontro com a Artista.
QUANDO: Dia 07 de fevereiro, terça-feira, às 18h30.
ONDE: Galeria de Arte da UFSC, prédio do Centro de Convivência. Visitação: de segunda a sexta-feira, das 10 às 18h30, até 03 de março.
Gratuito, aberto ao público.
Contato: (48) 3331-9683 e galeriadearte@dac.ufsc.br
Fonte: [CW] DAC-PRCE-UFSC, com material da artista.