Racionalizar o uso da água, explorar a ventilação e a iluminação natural, economizar energia elétrica e usar energias alternativas, lidar melhor com perdas de materiais, gestão e reciclagem dos resíduos, usar materiais e componentes sustentáveis. Estes são alguns dos desafios que serão discutidos em Florianópolis de 23 a 25 de agosto, no Costão do Santinho, durante o XI Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído (Entac), que este ano tem como tema ´Construção do futuro`.
O objetivo é disseminar e discutir a produção científica na área, assim como debater políticas e problemas relacionados ao ambiente construído, com a participação de representantes de instituições de pesquisa, órgãos e empresas públicas e privadas. Entre as áreas que serão abordadas estão conforto ambiental e conservação de energia, desempenho e avaliação pós-ocupação das edificações, gestão de projetos, gestão de resíduos da construção, inserção urbana e políticas públicas. O evento é uma promoção da Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído (Antac), tem apoio da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e da Universidade Estadual de Londrina (UEL), além de patrocínio da Finep, CNPq e Capes.
A programação prevê que as manhãs serão reservadas às sessões de trabalhos. Mais de 1.200 artigos foram inscritos e 488 artigos estão selecionados para apresentação por pesquisadores de todo o país, num panorama da pesquisa nacional no campo de tecnologias para construção e sustentabilidade das edificações. O encontro também vai contar com painéis de discussão e participações de pesquisadores internacionais, como do professor Mat Santamouris, do Group of Building Environmental Research, ligado ao Departamento de Física da Universidade de Athens, na Grécia. Outro convidado estrangeiro é o professor Thomas Bock, da Alemanha. Ambos participarão de painéis na sexta-feira, a partir de 10h.
Na tarde de quarta-feira, dia 23, no painel “Impactos da pesquisa em tecnologia do ambiente construído”, o professor da UFSC e presidente da Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído, Roberto Lamberts, apresentará resultados e perspectivas do Programa de Tecnologia de Habitação (Habitare), da Finep. Carlos Torres Formoso, professor da UFRGS, vai falar sobre “Pesquisa em Gestão e Economia da Construção” e Vanderley M. John, da USP, e Philippe Gleize, da UFSC, abordarão a pesquisa em materiais de construção. Na quinta-feira os painéis serão direcionados à formação de recursos humanos e pós-graduação, necessidades e demandas da pesquisa sobre ambiente construído na visão da indústria e de inovação em concreto.
Mais informações no site www.antac.org.br/entac2006/
Para atendimento da imprensa:
Professor Roberto Lamberts: lamberts@ecv.ufsc.br ou 48 3331 5193
Por Arley Reis / Agecom
SAIBA MAIS:
Diversos trabalhos que serão apresentados no XI ENTAC tratam de princípios ou diretrizes da construção sustentável. Conheça algumas idéias:
Materiais e componentes mais sustentáveis
As necessidades nesse campo não se limitam a inovações técnicas visando reduzir impactos ambientais e o uso de substâncias perigosas. Incluem a disponibilização de informações, como especificações técnicas detalhadas, fichas de segurança de produtos, declaração sobre a durabilidade esperada e dados do inventário do ciclo de vida do produto. Não existe material totalmente sustentável, uma vez que as operações de transporte, extração e industrialização impactam o ambiente. Mesmo no caso da madeira, único material renovável, há problemas de sustentabilidade. Sua origem ilegal, o uso de espécies ameaçadas de extinção e o uso de biocidas limitam dramaticamente a sustentabilidade.
Economia de Energia
Os edifícios consomem parcela significativa da energia elétrica e, adicionalmente, o aquecimento de água por meio de eletricidade provoca um aumento da demanda de pico, encarecendo o sistema. A demanda por eletricidade deverá crescer no futuro próximo, especialmente pela incorporação de aparelhos de condicionamento de ar e aquecimento em habitações não projetadas adequadamente para utilizar de maneira eficiente esses equipamentos. Medidas de projeto, seleção de materiais e equipamentos podem reduzir significativamente o consumo de energia.
Redução das perdas, gestão e reciclagem dos resíduos
As perdas de materiais na construção civil brasileira são elevadas. Os resíduos gerados pelas atividades de construção, manutenção e demolição em canteiro dentro da malha urbana causam significativos custos sociais para o município e relevantes impactos ambientais. É necessário desenvolver uma estrutura para prevenir, gerir e reciclar de forma ambiental e economicamente eficiente as diferentes fases constituintes desses resíduos. Essa meta requer esforços das administrações públicas municipais, de empresas de construção e demolição, projetistas e fabricantes de materiais de construção, uma vez que produtos que reduzam o desperdício ou sejam mais facilmente recicláveis podem ser soluções eficientes.
Aumento da durabilidade
O aumento da durabilidade é uma forma de aumentar a sustentabilidade da construção no longo prazo, permitindo a formação de um estoque adequado de infra-estrutura. Envolve tecnologia de materiais mais resistentes a ambientes específicos, declarações de vida útil pelos fabricantes, tecnologias de projeto (para manutenção, para vida útil, para desconstrução e de edifícios flexíveis), bem como mecanismos de incentivo à modernização da estrutura construída.
Preservação do solo e da biodiversidade
O construbusiness impacta a biodiversidade e o solo desde a extração de matérias-primas até a implantação de construções. As oportunidades de mudança incluem técnicas de mineração, substituição de matérias naturais por resíduos industriais, técnicas de projeto de construções e gestão de canteiros, remediação de áreas e proteção contra erosão.
Respeito pelas pessoas e ambiente local
Estratégias de valorização dos recursos humanos, como políticas de capacitação e de prevenção de acidentes de trabalho, devem ser incentivadas e deverão trazer significativos benefícios para o setor e a sociedade.
Reuso e restauração de construções existentes
O desenvolvimento de mecanismos que incentivem a modernização das construções existentes pode trazer grandes benefícios culturais (como a preservação do patrimônio histórico e da paisagem) e ambientais (como a redução da geração dos resíduos e melhor aproveitamento dos materiais existentes).
Uso racional da água
Água é insumo escasso em muitas das grandes cidades brasileiras. As alterações ambientais associadas ao processo de construção simultaneamente afetam os sistemas drenagem e provocam erosão e impermeabilização do solo, causando repetidas enchentes em cidades. Esses problemas deverão ser substancialmente agravados pela mudança climática em curso. Nesse contexto, ganham relevância sistemas de gestão que priorizem a economia e o reuso de água, e a coleta de água da chuva .
Informações retiradas de material disponibilizado pelo professor Vanderley John, da Escola Politécnica da USP, coordenador geral da Conferência Latino-Americana de Construção Sustentável.