SEMINÁRIO INTERNACIONAL FAZENDO GÊNERO 7: Mesa-redonda discute Preconceito e midia

Fotos - Jones Bastos - Agecom/UFSC
Heloisa Buarque de Almeida escolheu a análise da televisão que é objeto de seus estudos. Disse que se propõe a uma “Antropologia da Mídia” – pesquisando todo o processo da mídia, toda a lógica de produção e processo de recepção.
Heloisa frisou que a mídia a qual se referia era a mídia-empresa, a que tem que ser lucrativa. Na televisão, ao contrário do cinema, não é o espectador que paga o custo e, sim, o anunciante. A audiência é olhada como consumidora. Para os publicitários que a pesquisadora entrevistou a mídia reflete a sociedade. Já , em contraposição, há uma outra máxima que a mídia, atualmente, ocuparia o lugar de um 4º poder. Para Heloisa a mídia é sim um dos lugares de construção do simbólico, de construção da cultura. Relativamente poderosa, ela – a mídia – é uma das construtoras nas questões de gênero, raça e sexualidade.
A qualificação da audiência é medida pelo potencial de consumo – medida criada pelo pessoal de marketing. Este é um dos problemas das redes como a SBT para conseguir anunciantes, já que se sabe que sua audiência pertence a classes de menos potencial de consumo.
Programas como as novelas são vistos como consumo feminino e dirigidas preferencialmente para as Classes A,B e C, que são determinadas a partir de: número de banheiros na habitação, nível de escolaridade do chefe da casa, bens de consumo da família e presença ou não de empregada doméstica. Para o marketing a dona de casa é a pessoa da casa que faz compras.
A novela além de levar novos produtos, discute temas que não confrontem com a ” moral” nacional da mulher boa mãe , aborto ainda é tabu.
No imaginário da televisão a mulher é dedicada, mãe e esposa amorosa, bem vestida, glamourosa, trabalha fora e isto acaba fazendo parte do imaginário e do discurso de homens e mulheres. Esta construção do ” feminino ideal” é também uma construção que abarca o consumo de potencialmente tudo.
Homossexuais vêm ganhando espaço na tevê porque é enorme seu potencial de consumo.
Heloisa encerrou falando sobre o marketing social, quando se usa a mesma estrutura de propaganda para colocar na estrutura de uma novela ou de um programa de televisão, como era o seriado Mulheres, mensagens sócio-educativas.
Suzana Funck, cuja especialidade é a literatura se propôs a fazer uma análise crítica de discurso a partir da escolha aleatória de dois números de jornais – Diário Catarinense. Citando Batkin disse que a palavra é o lugar onde o conceito se materializa, daí sua exposição levantar questionamentos de o porquê da presença feminina menor ou maior em determinadas páginas e setores do jornal, enquadramento das fotos e destaques da capa, deduzindo que aí também nestas escolhas se demonstram os preconceitos em relação ao papel que a mulher desempenha e o local que ocupa na sociedade.
Carmen Rial é coordenadora do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas da UFSC e do Núcleo de Publicação de Periódicos (NUPPe) e integra o Núcleo de Antropologia Audiovisual e Estudos da Imagem (NAVI), campo em que vem desenvolvendo suas últimas pesquisas. Carmen Rial falou sobre estupro e sacrifício na guerra do Iraque.
Segundo Carmen Rial, os antropólogos que estudam guerras mostram que a paz tem sido o interlúdio entre duas guerras e não o contrário. Carmen analisou a cobertura da mídia (CNN e Fox News) sobre como se tem reagido ao papel das mulheres na guerra, onde além de auxiliares, enfermeiras ou cozinheiras, passaram a integrar efetivamente o exército. “Quando uma mulher empunha armas, como Joana d’Arc, precisa esconder seu sexo. E, revelada sua condição de mulher, resolve-se a incongruência transformando-a em santa ou bruxa,a enviando para fogueira”, analisa a pesquisadora. Ela cita como modelos paradigmáticos duas mulheres que apareceram na mídia na guerra do Iraque: a soldada Lynch, protagonista de um “sequestro” não esclarecido, vez que foi “resgatada” de um hospital onde estava se recuperando e cujo silêncio manteve o mito de santa e England, seu oposto, satanizada, por sua imagem, que mais revolta causa,nas fotos de Abu Ghraibe.
Enviadas também para a fogueira são as iraquianas estupradas pelos soldados e mercenários norte-americanos. Esta desonra que se torna não individual, mas grupal, é muitas vezes evitada pelo suicídio, meio de evitar que nestes estupros étnicos se transporte além da semente da vida, a marca étnica, a marca religiosa, enfim, toda a identidade.
Carmen fez uma análise das fotografias destes estupros, divulgadas pela Internet, buscando mostrar o quanto as mulheres são estereotipadas ou silenciadas pelo tipo de cobertura que lhes é dada na mídia global. Afinal quem viu as fotos destes estupros? Elas aparecem em sites pornográficos, revelando o horror de que, mesmo depois de estupradas e mortas, elas rendem dinheiro ao estuprador e, são novamente estupradas a cada acesso a um destes sites.
A partir das coberturas televisivas, a professora formula a hipótese de que as coberturas globais, ainda que veiculem em diferentes países e em diferentes canais de televisão as mesmas imagens, não veiculam as mesmas mensagens, isto é, à incontestável homogeneidade de imagens se contrapõe uma heterogeneidade da cobertura.
Por Alita Diana/ jornalista coordenadora da Agecom




A revistaria está no local, onde, antigamente, funcionava um depósito. O lugar foi reformado com recursos do centro – cerca de R$ 1000,00 foram gastos e, segundo Carmen, com a boa vontade de integrantes e de pessoas próximas ao NUPPe. “Eu fiz a arte do cartaz de divulgação e o filho de uma editora fez o banner”, exemplifica a coordenadora. Além de Carmen, trabalham no Núcleo uma pessoa que gerencia a editoração dos periódicos e o assistente administrativo Luiz Carlos Cardoso, que também atende na revistaria. O NUPPe reúne-se mensalmente com o conselho de editores das revistas científicas para favorecer o apoio e a comunicação entre eles.
O encontro “Interfaces Artísticas – no contexto do ensino de arte” oferece 360 vagas em 16 oficinas que serão ministradas por profissionais de referência nas várias áreas artísticas. O evento acontecerá no campus da UFSC, em Florianópolis, de 11 a 14 de setembro próximo, e também congregará a VIII Mostra de Teatro Educação, o III Encontro Arte na Escola e o III Colóquio sobre o Ensino de Arte, abordando temas nas áreas de artes visuais, teatro, cinema, dança e música, através de diversas mesas-redondas, oficinas, conferências, debates, comunicações orais, apresentações artísticas etc.
Com uma hora e meia de duração, “Espelhados – a vida refletida em poesia” é um espetáculo de sensibilização e exploração dos universos da poesia. Ryana Gabech (poeta) e César Félix (poeta) apresentam versões de poemas de sua autoria, de poetas clássicos da literatura brasileira e de autores pouco conhecidos de suas respectivas cidades: Itajaí-SC e Rio Branco-AC.
Muito groove, presença de palco e levadas funk se misturam no Projeto 12:30. Livres de qualquer doutrina sugerida pelo nome, é a banda Gubas e os Possíveis Budas que se apresenta nesta quarta-feira, 23 de Agosto. O novo projeto de Gustavo Barreto vem para fazer todos buscarem a ”iluminação”. No vocabulário do grupo: aquele momento único e puro que sentimos quando estamos entregues à dança. O culto ao movimento do corpo começa ao meio-dia e meia, na Concha Acústica, na praça central da UFSC.


























