
O artista carioca André de Miranda
A abertura da mostra do artista carioca André de Miranda será nesta quarta, às 18h30min. Na quinta, dia 4, acontece o Encontro com o Artista, a partir das 16h.
A obra de André Miranda é uma denúncia ao consumismo desenfreado do homem e principalmente ao descaso com a arquitetura antiga.
Abre nesta quarta-feira, dia 3 de maio, às 18h30min na Galeria de Arte da UFSC, a exposição individual “Xilocidade – Memória Urbana Gravada” com xilogravuras do artista carioca, radicado há dois anos em Curitiba, André de Miranda, que estará presente na abertura da exposição e também no “Encontro com o Artista”, no dia seguinte da abertura, dia 4, das 16 às 18 horas, ocasião em que o artista falará da sua trajetória e do processo criativo das suas obras, que gerou a série Xilocidade, e também falará sobre a arte da xilogravura, num bate papo para artistas, professores, estudantes e público interessado em geral.
A Galeria de Arte da UFSC funciona no edifício do Centro de Convivência, no campus universitário. A exposição poderá ser vista de segunda a sexta-feira, das 10 às 18h30min, até o dia 26 de maio. Contato: (48) 3331-9683 e pelo e-mail galeriadearte@dac.ufsc.br. Atividade gratuita, aberta à comunidade.

Obras ficam na galeria até 26 de maio
A exposição tem curadoria da artista plástica Manoela Afonso e contém 52 xilogravuras, de tamanhos variados, produzidas entre 2003 e 2006, geradas de 15 matrizes, e todas estão montadas em passe-partout medindo (45 X 40) cm. Nesta série, André denuncia o descaso com a memória da cidade e utiliza como exemplos casarões em cidades como São Paulo, Curitiba e Rio de Janeiro. O artista faz uso dos anúncios de jornais e revistas retirados dos classificados como suporte de fundo para, em cima, imprimir suas xilogravuras. “É uma denúncia ao consumismo desenfreado do homem e principalmente ao descaso com a arquitetura antiga. Casarões estão sendo vendidos para dar lugar à construção de prédios modernos”, comenta.
Na opinião da curadora da mostra e artista plástica Manoela Afonso, o que fica gravado na memória vem da relação do homem com o mundo. As experiências cotidianas são as ferramentas afiadas que deixam sulcos nessa matriz geradora de lembranças. Tais lembranças são multiplicadas a todo instante e dão origem a infinitas impressões. “Xilocidade”, segundo Manoela, é um movimento poético em busca do registro da memória urbana.
Sobre o artista
André de Miranda, 49 anos, nascido no Rio de Janeiro, já realizou mais de 90 exposições entre individuais e coletivas, participando ativamente de Salões e Bienais de gravura no Brasil e no exterior. Estudou xilogravura com Ciro Fernandes, Joel Borges e Anna Carolina Albernaz, gravura em metal com Heloisa Pires Ferreira e Marcelo Frazão. Freqüentou diversos ateliês de gravura, desenho e pintura no Rio e São Paulo. Suas obras encontram-se em importantes acervos de museus e galerias da Suécia, França, Portugal, Espanha, Romênia, Polônia, Japão, Argentina e Brasil. Freqüentemente ministra palestras e cursos de xilogravura em diversas regiões do Brasil. Além de inúmeras premiações, recebeu em 2003 o prêmio aquisitivo no 8º Salão Internacional de Gravura El Caliu, na Espanha.
O artista está expondo atualmente no Centro Cultural de São Francisco na cidade de João Pessoa, PB e em julho apresentará a mesma série Xilocidade, no Espaço Cultural BRDE – Palacete dos Leões, em Curitiba, PR.
Xilocidade – segundo o artista André de Miranda
“Através da série Xilocidade inicio uma denúncia sobre o descaso com a memória da arquitetura em muitas cidades brasileiras. São xilogravuras impressas sobre folhas de jornal (offset) retiradas dos cadernos dos classificados. Em anúncios de novos prédios, imprimo elementos da arquitetura antiga antes presente nesses mesmos terrenos em que agora prevalece o novo em sacrifício do antigo.
Sem nenhum critério e já há muito tempo, estes antigos casarões – alguns tombados – estão sendo vendidos e cedendo lugar a modernos e esqueléticos prédios. Bairros do Rio de Janeiro, como Santa Teresa, Catete, Tijuca e Centro, ainda tentam manter seus antigos casarões do início do século XIX. Muitas destas maravilhosas construções foram transformadas em pensões na década de 30, quando em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro ainda não havia a especulação imobiliária. Neles residiam jovens estudantes e famílias inteiras que alugavam seus quartos. Muitos imigrantes que aqui chegavam, subiam suas escadarias e encontravam abrigo nestes sobrados onde estava registrada sua história.
Encontrei nesta forma de impressão a maneira mais poética de chamar a atenção para este problema urbano. Fica aqui estampada minha denúncia.”
Xilocidade – Memória Urbana Gravada, segundo Manoela Afonso, artista visual e curadora da exposição
“O homem moderno é incapaz de recordar-se” (Walter Benjamin)
“O que fica gravado na memória do homem vem da sua experiência de vida. Suas lembranças são impressões geradas a partir dessa matriz – a memória – e gravadas por situações significativas o bastante para deixar essas marcas.
E o que pode marcar mais um vivente do que o seu lugar, seu ninho, sua casa? Casa é sinônimo de abrigo, intimidade, afetividade. A casa é cúmplice de quem nela habita e testemunha da história ali tecida por várias gerações. É um elemento que sempre esteve presente na vida do homem – do primitivo ao pós-moderno – construída com os mais diversos materiais – do barro ao concreto – mas que sofre as conseqüências do rápido movimento de demolição e reconstrução presentes na dinâmica natural das cidades.
A paisagem urbana é mutante e precisa constantemente dar lugar ao novo, mas tende a apagar as marcas do passado. A cidade é realmente uma grande obra sempre em construção, vivenciada diferentemente a cada instante pelo homem. Mas seu acelerado crescimento aumentou seu caráter hostil, desencadeando o rompimento das relações afetivas do homem com seu próprio habitat e a perda de identidade com a cidade em que vive. A fragmentação da história e da memória do homem tornou-se uma triste realidade que o situa num contexto social degenerado, além de prejudicar e inviabilizar a construção da sua cidadania. O homem urbano pós-moderno pode encontrar-se desconexo do seu meio ambiente, por não reconhecê-lo mais.
Xilocidade é um movimento de busca e registro da memória urbana. André vasculha sua memória de menino carioca, volta ao passado e se depara com casas com quintais cheios de árvores frutíferas, com a casa onde nasceu sua mãe, com construções antigas onde antes viviam famílias inteiras e que hoje desaparecem caladas levando consigo tanta história. Suas memórias mais antigas remetem à paisagem modificada pelo tempo e pelo homem no Rio de Janeiro; suas lembranças mais recentes identificam a persistência das antigas fachadas de Curitiba.”
A realização desta mostra em Florianópolis foi possível graças ao apoio cultural que o artista conseguiu com a Atena Transportes Ltda.
A Galeria de Arte da UFSC faz parte do DAC – Departamento Artístico Cultural / Pró-Reitoria de Cultura e Extensão da UFSC.
SERVIÇO:
O QUÊ: Exposição “Xilocidade – Memória Urbana Gravada” com xilogravuras do artista carioca André de Miranda.
QUANDO: Dia 3 de maio, quarta-feira , às 18h30min
ONDE: Galeria de Arte da UFSC, prédio do Centro de Convivência.
ENCONTRO COM O ARTISTA: Dia 4/5 das 16 às 18 horas.
Visitação: de segunda a sexta-feira, das 10 às 18h30 até 26 de maio.
Gratuito, aberto ao público.
CONTATO: (48) 3331-9683 e galeriadearte@dac.ufsc.br – Visite www.dac.ufsc.br
CONTATO COM O ARTISTA: (41) 3258-4890 ou mirandart@gmail.com
Fonte: [CW] DAC-PRCE-UFSC, com material do artista.