Congresso de Agroecologia acontece no Centro de Cultura e Eventos
Mais de 500 trabalhos serão apresentados na próxima semana no III Congresso Brasileiro de Agroecologia. O evento acontece de 17 a 20 de outubro de 2005, no Centro de Eventos da Universidade Federal de Santa Catarina. São esperados dois a três mil congressistas de vários estados brasileiros e também de países do Mercosul. O evento vai integrar professores, estudantes e agricultores. Este ano os organizadores buscam também atrair o público geral interessado na agroecologia e os consumidores de produtos orgânicos.
Com tema principal `A sociedade construindo conhecimentos para a Vida`, o evento vai permitir a discussão de assuntos científicos, técnicos e práticos relacionados à agroecologia. Entre eles, educação e agroecologia, opções de mercados e comercializações, produção animal e vegetal, ecosocialismo, homeopatia, pesquisa, ensino, extensão e certificação. Serão ainda realizadas durante o encontro 30 oficinas.
O reitor da UFSC, professor Lúcio Botelho será palestrante na Oficina Saúde Humana, na terça-feira, 18, às 17h30min.
Produção
De acordo com informações divulgadas pelos organizadores, a produção orgânica mundial cresce anualmente de 20 a 30%. No Brasil supera os 40%. O Brasil já é o quinto produtor mundial, com 800 mil hectares cultivados organicamente e possui 19 mil produtores. A expectativa é de que em pouco tempo o Brasil possa superar os Estados Unidos (quarto produtor) que hoje possui 900 mil hectares. Austrália, Argentina e Itália detêm os maiores volumes e áreas da produção orgânica. Em Santa Catarina a produção agroecológica já é uma realidade, com mais de 60 associações de produtores.
Agroecologia na UFSC
Com diversos trabalhos de pesquisa, ensino e extensão no campo da agroecologia, a UFSC contará com a apresentação de 30 trabalhos no congresso. Um deles vai relatar resultados da parceria entre a universidade e pequenos agricultores do Extremo Oeste de Santa Catarina no melhoramento de variedades de milho. O projeto leva em conta que o processo de erosão genética das variedades tradicionais e do conhecimento local é uma séria ameaça ao desenvolvimento de novos cultivares e da própria agricultura.
Em artigo aceito para apresentação no evento, pesquisadores da UFSC alertam que os pequenos agricultores são os primeiros a sofrerem as conseqüências da erosão destas variedades locais, pelo fato de serem especialmente adaptadas às suas condições de ambiente e cultivo. Para agravar a situação, o sistema formal de pesquisa, muitas vezes, não tem produzido cultivares que atendam às demandas destes agricultores. O artigo descreve o trabalho que permitiu a definição das características do milho consideradas mais importantes e prioritárias para os agricultores do Extremo Oeste de Santa Catarina.
Segundo o estudo, o contato com os agricultores vem mostrando que há interesses diferenciados e que o respeito a estas necessidades e desejos é fundamental em um processo participativo de melhoramento genético. Os autores avaliam que a participação das entidades públicas de pesquisa junto às comunidades tem contribuído para a formação de conceitos sobre o manejo e uso de variedades de milho. O estudo vem sendo realizado por integrantes do Núcleo de Estudos em Agrobiodiversidade (NEABio), do Centro de Ciências Agrárias.
Controle de doenças
Professores e estudantes ligados ao Laboratório de Fitopatologia da UFSC também participarão do evento. O grupo vai apresentar pesquisas relacionadas ao uso de extratos naturais para controlar doenças de plantas. De acordo com o supervisor do laboratório, professor Marciel J. Stadnik, que também está envolvido na organização do evento, os estudos neste campo buscam alternativas ecológicas para minimizar o uso de agrotóxicos na agricultura e oferecer outras opções de controle, menos agressivas ao homem e ao meio ambiente.
Produção agroecológica de leite
Outro trabalho que tem como autores professores e estudantes da UFSC vai mostrar pesquisa que buscou avaliar a reação de agricultores na conversão para a produção agroecológica de leite. Foram estudadas sete propriedades, individuais e coletivas, na região do Noroeste do Paraná. A avaliação foi realizada levando em conta a percepção do produtor a respeito dos resultados obtidos a partir de mudanças para a produção orgânica, as dificuldades e progressos neste processo. As análises foram baseadas em entrevistas realizadas dois anos após a implantação do Pastoreio Racional Voisin (PRV), para produção agroecológica de leite.
Entre sete unidades pesquisadas, seis se mostraram satisfeitas com a nova tecnologia de pastoreio, e pretendiam continuar a conversão das atividades para a agrecologia. Um dos produtores individuais se mostrou insatisfeito com os resultados do projeto e retirou-se.
Em comparação com agricultores vizinhos, os produtores relataram que com o Pastoreio Racional Voisin houve maior produção de pasto, melhora na composição da pastagem, redução da ocorrência de parasitas e aumento da docilidade das vacas. Em geral os agricultores reconheceram neste processo de produção uma boa alternativa para a conversão agroecológica.
Mais informações:
A coordenação na UFSC é do professor Carlos Pinheiro Machado, fone 3331 5349, e-mail: pinheiro@cca.ufsc.br
Na Epagri, contato com Paulo Tagliari (EPAGRI) e-mail: geral@agroecologia2005.ufsc.br Tel (48) 3239-5533
Por Arley Reis/ jornalista da Agecom/UFSC
Saiba Mais
Visite o site do evento:
http://www.agroecologia2005.ufsc.br/index.html