Estudantes de Engenharia Mecânica representam a UFSC na sétima competição SAE Brasil Aerodesign
Madeira, varas de pescar, fibra de vidro. Motores, rádio, receptores e controle. Nas mãos de 10 alunos de graduação da Engenharia Mecânica, esses materiais transformaram-se em um pequeno avião, capaz de carregar cerca de 10 quilos. O aeromodelo irá representar a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em São José dos Campos (SP), na sétima competição SAE Brasil Aerodesign, que começa na sexta-feira, 23/9.
Veterana no evento, a equipe Céu Azul, que ficou em sétimo lugar entre os 60 competidores do ano passado, espera alcançar resultados ainda melhores. “A nossa expectativa é estar entre os cinco primeiros colocados”, afirma o estudante Bruno Contessi. E vale tudo para figurar entre os vencedores: trabalho extraclasse e totalmente voluntário, noites sem dormir e muita vontade para reconstruir o aeromodelo caso algo não saia como o previsto nos testes de vôo – neste ano, o avião ficou totalmente destruído por duas vezes depois de ser testado.
A elaboração do projeto começou em janeiro, quando foram divulgadas as regras da competição. Pensando em apenas aperfeiçoar o modelo que garantiu bons resultados no ano passado, os estudantes da UFSC tiveram uma surpresa: seria necessário diminuir a envergadura do avião, ou seja, a distância entre as pontas de cada asa precisaria ser menor. “São as asas do avião que dão sustentação. Por isso, a redução da envergadura implica na redução da capacidade de carga também”, explica Contessi, que é o capitão do grupo.
Para resolver esse problema, a equipe optou por construir um modelo biplano – com duas asas de cada lado. A solução fez com que a capacidade de carga, em relação ao avião construído no ano passado, fosse pouco reduzida: o modelo antigo pesava 3,4 quilos e podia carregar até 9,3 quilos, enquanto o novo pesa 4,1 quilos e tem capacidade para 9,2 quilos. Outra diferença entre o avião que competiu em 2004 e o deste ano está no sistema de freios, que antes não existia, agora desenvolvido pelos alunos na tentativa de obter maior pontuação durante o pouso.
O custo total do projeto, que inclui compra das peças utilizadas, ferramentas e materiais, assim como a viagem dos estudantes a São Paulo, é estimado em cerca de R$8 mil. Desse valor, somente o aeromodelo custou R$2,5 mil.
A competição – Organizada pela Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE-Brasil), o evento reunirá neste ano 61 equipes, de 45 universidades nacionais e estrangeiras. Mas a escolha da campeã não se restringe aos dias de prova. Há três meses, os participantes tiveram que entregar um relatório, no qual explicam o “passo-a-passo” da execução do projeto.
“Esse relatório e a apresentação que é feita no primeiro dia de competição, equivalem a 30% da pontuação total”, ressalta Contessi. Quando enviam o projeto à SAE, as equipes devem fazer uma previsão da capacidade de carga do aeromodelo, obtida por meio de cálculos que consideram fatores como altitude e condições atmosféricas no momento do vôo.
Recebem maior pontuação os aviões que conseguirem carregar a quantidade de carga mais aproximada do previsto pela equipe. No segundo dia de prova, são eliminados todos os que não conseguirem carregar no mínimo três quilos. O último dia da competição é dedicado a várias baterias de vôos entre os participantes, até que seja conhecido o campeão.
Experiência e aprendizado
A equipe Céu Azul é formada por alunos da terceira à décima fase do curso de Engenharia Mecânica. Orientados pelo professor Edison da Rosa, todos eles trabalham no projeto em horários extraclasse, sem nenhuma remuneração.
Para o capitão da equipe, que participa da competição pela terceira vez, quem se dedica a esse tipo de atividade deve ter uma enorme vontade de aprender. “Como nosso curso não é voltado para a aeronáutica, temos que pesquisar muito em livros, artigos e internet, para encontrar soluções. O processo de construção não é nada simples.”
Contessi lembra também que a competição é aberta a alunos de qualquer engenharia, física e também ciências aeronáuticas. “Competimos com equipes que só estudam isso, o tempo todo. Então, o desafio é muito grande”. Tanto entusiasmo tem trazido ótimos resultados para a UFSC. Em 2004, a equipe Céu Azul obteve o melhor desempenho entre todas as competidoras da região Sul – o sétimo lugar.
As duas equipes que conseguirem melhor classificação no Brasil ganham como prêmio a oportunidade de disputar a SAE Aerodesign East Competition, nos Estados Unidos. Há dois anos, a vencedora da competição nacional é a equipe formada por estudantes de Engenharia Mecânica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). “Eles foram os primeiros alunos de Mecânica que ganharam, o que já é um avanço”, lembra Contessi. (DH)
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Débora Horn, Núcleo de Comunicação do Centro Tecnológico/UFSC
FALE com o professor Edison da Rosa por telefone (48 331-9339) ou por e-mail (darosa@emc.ufsc.br).
CONVERSE também com o capitão da equipe Céu Azul, Bruno Contessi, por telefone (48 9101-8445) ou por e-mail (bruno.contessi@gmail.com.br)
VISITE o site da equipe da UFSC em www.aerodesign.ufsc.br
CONHEÇA também o departamento de Engenharia Mecânica (www.emc.ufsc.br)
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