Na última quarta-feira, o site Universidade Aberta (www.unaberta.ufsc.br), produzido pelos estudantes de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), completou um milhão de acessos. A página veicula notícias e reportagens de interesse da comunidade universitária e faz clipagem dos principais jornais do país desde outubro de 1997, além de servir como laboratório para que os alunos exercitem a prática jornalística.
O Universidade Aberta On-Line tem uma história de pioneirismo: foi o primeiro site de atualização diária de uma universidade brasileira e o primeiro a utilizar áudio e vídeo em Santa Catarina.
Vencedora de quatro edições da Expocom (1997, 1998, 1999 e 2000), a página passou por uma reformulação editorial e gráfica no início deste ano, “com o objetivo de dar um maior espaço para a veiculação de reportagens e torná-la mais ágil e rápida em termos de atualização das informações”, como afirma uma das coordenadoras do projeto, Valci Zuculoto.
A equipe do site é formada por 25 alunos, dois professores coordenadores e duas jornalistas que já foram repórteres da página quando eram estudantes: Natália Viana e Gisiela Klein, criadora também do novo design da homepage
O Unaberta On Line faz parte do Projeto Universidade Aberta, vencedor, entre outras premiações, do Gran Prix de Jornalismo em 1999. Além do site, os participantes do projeto fazem dois boletins diários para a rádio CBN e produzem o programa Notícia na Mesa para a Rádio Santa Catarina, a segunda AM de maior audiência no estado. A rádio virtual do Curso de Jornalismo da UFSC – a Rádio Ponto (www.radio.ufsc.br) – também integra o projeto, veiculando notícias sobre a Universidade e dando espaço para a transmissão de programas produzidos pelos estudantes. Os alunos do Universidade Aberta participam, ainda, da cobertura anual das Reuniões da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) para uma rede nacional de rádios públicas e universitárias.
A comunicação do Vestibular da UFSC também é feita pelo Universidade Aberta desde 1999. Em troca, a Comissão Permanente do Vestibular (Coperve) financia o projeto. A parceria, utilizada como exemplo pelo Ministério da Educação, foi desenvolvida com o objetivo de reduzir os gastos da Coperve com a divulgação do concurso. Desta forma, todo o planejamento de mídia é desenvolvido pelos estudantes do Curso, desde o material de divulgação, o guia do candidato e a revista institucional, até os cartazes e a campanha publicitária em TV e Rádio.
Um dos coordenadores e fundadores do Projeto, Eduardo Meditsch, diz que o Universidade Aberta mudou o curso de jornalismo como um todo. “Deixou de ser um faz de conta e começou a ser um jornalismo real. E isso se expressa nos resultados do provão do Ministério da Educação e nos guias de vestibular da Editora Abril. Por outro lado, os alunos que se destacaram no projeto estão bem empregados, pois saíram preparados para enfrentar o mercado de trabalho”, destaca. “Além disso, como a Universidade requer dedicação exclusiva, o Universidade Aberta mata a saudade de alguns professores do fazer jornalístico”, conclui.
A professora e coordenadora editorial do projeto Valci Zuculoto vê no Universidade Aberta um espaço para que os alunos entrem em contato com a prática. “Tudo funciona como na redação e o nosso principal objetivo, além de democratizar o conhecimento produzido na UFSC e de noticiar o que se faz no ensino superior do país, é proporcionar, aos alunos, a prática do que aprendem nas salas de aula e a proximidade com o jornalismo diário”, garante.
O Universidade Aberta On Line entrou no ar em outubro de 1997, sob a orientação do professor Luis Alberto Scotto de Almeida e com uma tecnologia e uma “cara” bem diferentes das que tem hoje. O site tinha um fundo “amarelo terrível”, como define seu criador, o então estudante Zé Lacerda. As notícias eram adaptadas do rádio para a Internet, editadas e diagramadas um dia antes da página ir ao ar.
A homepage já nasceu multimídia: as notícias do rádio podiam ser ouvidas também na página. “Nós tínhamos que escolher cinco notícias dos radiojornais, editá-las e adaptá-las e também oferecíamos o arquivo de áudio”, explica Lacerda.
Um dos momentos mais marcantes de toda a história do Universidade Aberta On Line foi a cobertura da greve de 1998. Naquela época, os estudantes recebiam e-mails de diversos estados e também de outros paises. Nenhum site fez uma cobertura tão intensa e completa quanto o Universidade Aberta. “Todos os alunos se mobilizaram muito. Ninguém parou e os programas de rádio também continuaram sendo produzidos”, destaca o jornalista Pedro Valente, um dos editores na época.
Para Eduardo Meditsch, o fato de os veículos de comunicação terem perdido o interesse jornalístico pelo movimento aumentou a importância do site, que fornecia informações sobre o MEC, os sindicatos e sobre as outras instituições em greve. “Chegávamos a dar notícias em tempo real das decisões das assembléias das outras universidades”, destaca o professor. Naquela época, o número de acessos a homepage aumentou bastante. Cerca de 2500 pessoas de todo o Brasil visitavam a página diariamente.
O número de acessos da página é computado desde quatro de abril de 1998. Cerca de 87% das pessoas que lêem as notícias veiculadas pelo site estão no Brasil. Porém, há acessos também nos Estados Unidos, Alemanha, Portugal, Canadá, França e Reino Unido, e em mais dezenas de países. Os acessos do exterior são atribuídos, majoritariamente, a professores da Universidade Federal de Santa Catarina que se encontram fora em formação ou viagem.
O recorde de visitas aconteceu durante o Vestibular de 1999, no dia 30 de dezembro, quando 31.288 pessoas acessaram o Universidade Aberta On Line em um único dia.
Texto de Amanda Miranda e Mauricio Frighetto, estudantes que integram o Projeto Universidade Aberta