Laboratório da UFSC inaugura equipamentos de pesquisa em construção civil
O Laboratório de Experimentação em Estruturas (LEE) da UFSC inaugura nesta quarta-feira, dia 30, dois instrumentos essenciais para a
realização de ensaios experimentais em peças e sistemas estruturais. Os instrumentos são uma laje de reação com capacidade de carga de 240 toneladas, extensível até 500 toneladas, e uma ponte rolante que suporta até cinco toneladas. A laje de reação é uma superfície
indeformável que serve de suporte para que sejam realizadas sobre ela experiências em estruturas como um chassi de caminhão ou até mesmo uma casa, submetidos a uma determinada carga. A ponte rolante funciona como um guincho para o transporte das peças que serão submetidos ao ensaio na laje de reação.
Os equipamentos poderão atender os cursos de Engenharia Civil, Engenharia de Materiais, Engenharia Mecânica e Arquitetura, com destaque para o trabalho do Grupo Interdisciplinar de Estudos da Madeira (GIEM). O grupo é responsável pela construção dos equipamentos com recursos da FINEP, FUNCITEC, CNPq e empresas parceiras, totalizando uma soma de R$ 200 mil gastos na sua implantação. “Com estes equipamentos funcionando poderemos realizar experimentos com estruturas em tamanho real. Será possível, inclusive, construirmos dentro do laboratório uma casa em tamanho real de até
dois andares e sobre ela submetermos cargas para atestar sua resistência”, explica o professor de Engenharia Civil e pesquisador do GIEM, Carlos Szücs.
A inauguração dos equipamentos ocorre exatamente sete anos depois do incêndio de 14 de abril de 1996, que destruiu o Departamento de Engenharia Civil e os antigos aparelhos utilizados para a realização desse tipo de ensaio. “Ainda assim, na época contávamos com uma laje de reação bem menor e não tínhamos a ponte rolante. Com certeza, agora
podemos dizer que conseguimos implantar uma boa infra-estrutura para a área de engenharia de estruturas e construção civil”, conta Szücs.
Conheça O GIEM e os projetos em andamento
Antes mesmo do GIEM (Grupo Interdisciplinar de Estudos da Madeira) estar formalmente instituído, já existia desde 1992, dentro do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, uma linha de pesquisa voltada para estudos da madeira, mais especificamente para
o desenvolvimento da técnica da Madeira Laminada Colada (MLC), empregando material de florestas de reflorestamento do país.
Atualmente o grupo é formado por pesquisadores do Centro Tecnológico (CTC) e do Centro de Ciências Biológicas (CCB), que trabalham no
momento com três pesquisas: diagnóstico e recuperação de estruturas em madeira presentes em edificações históricas; desenvolvimento de tecnologias e serviços para o setor de base florestal em Santa Catarina e avaliação e desenvolvimento de sistemas
construtivos em madeira de reflorestamento voltado para Programas de Habitação Social.
Com base na pesquisa que está sendo coordenada pela professora de Engenharia Civil e integrante do GIEM, Ângela do Valle, instituições ligadas ao patrimônio histórico já puderam realizar em Florianópolis a restauração de edificações tombadas pelo município como a Igreja de Santo Antônio de Lisboa e a Igreja de São Sebastião do Campeche.
Outras edificações históricas, como a Igreja Nossa Senhora da Lapa do Ribeirão da Ilha também serão avaliadas. “Esse trabalho faz parte de uma rede de pesquisa que integra projetos de todo país com o tema patrimônio histórico. No estado de Santa Catarina conseguimos manter parcerias com importantes instituições que trabalham com esse
setor, como a Fundação Catarinense de Cultura, o Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em Santa Catarina, o Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis”, conta Ângela.
No projeto de desenvolvimento de tecnologias e serviços para o setor de base florestal em Santa Catarina, estão sendo realizados na UFSC estudos em três frentes: caracterização botânica da madeira de cada região do estado, análise das características físicas e mecânicas e o desenvolvimento de tecnologias alternativas aplicáveis às madeiras
provenientes de florestas plantadas de reflorestamento. Outras instituições de ensino e pesquisa de Santa Catarina vão contribuir com trabalhos em áreas como métodos de secagem da madeira e design do mobiliário. “Neste projeto, que reúne UFSC, Uniplac, Furb, Udesc e Senai, será possível desenvolver um estudo completo sobre a madeira
utilizada pelo setor moveleiro em Santa Catarina, desde a caracterização botânica da matéria-prima até o aprimoramento do design dos móveis”, explica o coordenador do
projeto na UFSC, professor Szücs.
Outro projeto que está sendo realizado pelo GIEM é o de avaliação e desenvolvimento de sistemas construtivos em madeira de reflorestamento voltado para Programas de Habitação Social. Esse projeto vai utilizar os novos equipamentos do Laboratório de
Experimentação em Estruturas nos próximos meses. “Em parceria com uma empresa, estamos modificando um sistema construtivo em madeira de reflorestamento voltado para uma faixa de renda alta, para adequá-lo a um menor custo para casas de habitação social. A partir de maio vamos construir o protótipo de uma casa e submetê-las a
avaliações estruturais, construtivas e ambientais que vão utilizar a laje de reação e a ponte rolante”, conta a professora de Arquitetura e Urbanismo e coordenadora do projeto, Carolina Szücs.
Mais informações com os professores Carlos Szücs (48 331 8540), Ângela do Valle (48 331 7772) e Carolina Szücs (48 331 9797).