O Departamento de Engenharia Rural, do Centro de Ciências Agrárias da UFSC, desenvolve um projeto de recuperação de áreas degradadas da Praia Mole. O objetivo é conter o processo de degradação e conseqüente poluição da praia, levando os alunos de Agronomia para a prática de disciplinas como Topografia, Irrigação e Drenagem, Biologia e Fertilidade do Solo e Manejo e Conservação do Solo.
“A realização deste trabalho é importante tanto para a formação acadêmica como para a formação cidadã”, avalia a o professor e coordenador do projeto, Jucinei José Comin. Ele diz também que por se tratar de vegetação de restinga, um ecossistema altamente frágil, deve-se não somente mobilizar estudantes, mas também conscientizar moradores da importância da preservação deste ambiente para que haja uma recuperação mais eficiente e rápida da região.
A área em recuperação fica situada no alto da Praia Mole, à margem esquerda da rodovia FLN – 110 e serviu de pátio de máquinas em 1980, quando a rodovia seria construída. Após o término da obra, a região ficou abandonada. A remoção da vegetação, o depósito de material resultante da colocação de asfalto e o tráfego intenso de máquinas resultaram numa compactação do solo. O solo compacto diminui a infiltração de água de chuva, gerando enxurradas que dão origem às voçorocas, desmoronamentos que causam o assoreamento de rios e represas, comprometem o fornecimento de água potável e agravam problemas urbanos, como as enchentes. Antes do início do projeto, em períodos de chuva, era possível notar o aparecimento de manchas avermelhadas na água do mar devido ao carregamento de sedimentos pela água da chuva.
O trabalho do Departamento de Engenharia Rural busca controlar o processo erosivo (contendo e estabilizando as voçorocas) e revegetar a área com técnicas simples, de fácil aplicação e baixo custo. Foram plantadas 600 mudas de espécies nativas, doadas pela FLORAM, pelo CCA, pela Companhia Pau Campeche, pela CIDASC e algumas produzidas pelos próprios estudantes. Entre as espécies plantadas estão pitangueiras aroeiras, erytrinas, guaramirim, goiabeiras, araçás e guarapuvus. Para conter as voçorocas, foram construídas barreiras no caminho de entrada das águas para diminuir a velocidade destas e mantê-las por mais tempo sobre o terreno, possibilitando sua infiltração.
Na construção dessas barreiras, o departamento usa um composto feito a partir da reciclagem de resíduos da UFSC, vindos das sobras do restaurante e das atividades de jardinagem. As cascas de coco, dos postos de venda de água de coco, também são usadas. O objetivo é agregar um elemento orgânico não poluente ao composto. A utilização das cascas foi feita em caráter experimental. O uso em maior escala poderá exercer um papel fundamental na diminuição do acúmulo de lixo na Lagoa da Conceição e na própria Praia Mole, pois a coleta viria a ser exclusiva do lixo produzido pelas residências.
Existe a possibilidade dos empresários ligados à comercialização da água de coco contribuírem diretamente para o projeto, pois muitos já possuem consciência da necessidade de dar destino adequado aos resíduos sólidos decorrentes da atividade. Como compensação, esses colaboradores poderiam receber um selo de qualidade ambiental (amigo da comunidade, ou coco ecológico), que divulgaria o produto por eles comercializado.
O projeto do CCA da UFSC existe desde 1998 e já foi exposto na Feira Ambiental da Praia Mole na e Primeira Semana Mata Atlântica. O trabalho, além de preservar o lugar, está evitando que a longo prazo ocorra a erosão progressiva da área, que poderia atingir as margens da rodovia.
Mais informações com o coordenador do projeto, professor Jucinei José Comin, pelo telefone 331-5433 ou pelo email jcomin@cca.ufsc.br