
Maricultura: cultivo de polvos pode ser nova alternativa
Dois professores que vêm colaborando com grupos de pesquisa da UFSC foram contemplados pelo Programa Especial de Estímulo à Fixação de Doutores (Profix), do Ministério da Ciência e Tecnologia. O programa foi lançado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) com o objetivo de incentivar a permanência no Brasil ou retorno do exterior de doutores brasileiros. Apenas 105 doutores de todo o país foram selecionados, sendo que apenas quatro na área de oceanografia. Nesta área, foi contemplada na UFSC a professora Érica A. Vidal, que vem desenvolvendo pesquisas no Laboratório de Cultivo de Moluscos Marinhos, do Departamento de Aqüicultura da UFSC. O outro professor contemplado pelo Profix é Antonio Kanaan, integrante do Grupo de Astrofísica do Centro de Ciências Físicas e Matemáticas da UFSC.
A professora Érica A. Vidal tem pós-doutorado no National Resource Center for Cephalopods, Marine Biomedical Institute, da University of Texas Medical Branch (EUA), fez seu doutorado em Oceanografia Biológica, na Texas A&M University (EUA) e Mestrado em Oceanografia Biológica, na Fundação Universidade do Rio Grande, Rio Grande do Sul. Desde 2001 vem atuando na UFSC. Com a bolsa Profix, a professora continuará na instituição coordenando o projeto ´Cultivo Experimental de Polvos em Santa Catarina´. O objetivo do projeto é buscar novas técnicas e alternativas para o desenvolvimento da maricultura em Santa Catarina através do cultivo de polvos.
O polvo comum (Octopus vulgaris) é uma espécie cosmopolita, encontrada em águas tropicais e temperadas ao redor do mundo e praticamente ao longo de toda a costa brasileira. Em geral, tem ciclo de vida curto (6 a 18 meses) e taxas de crescimento extremamente altas, podendo aumentar em peso em até 180 vezes num período de 1 a 2 meses. Essas características tornam o polvo uma espécie ideal para cultivo.
“O cultivo de polvos ainda não é viável em larga escala devido à grande mortalidade que ocorre imediatamente após a eclosão dos ovos”, explica a professora. Segundo a pesquisadora, isso ocorre principalmente devido à falta de conhecimento sobre as necessidades ecológicas dos pequenos polvos durante a fase no plâncton – quando vivem em suspensão na água do mar. Ao fim deste período, os animais tornam-se bentônicos – ou seja, passam a viver no fundo do mar. Nesta etapa, a mortalidade é reduzida, o que facilita o crescimento em confinamento.
“Certamente, o que se faz necessário para tornar viável o cultivo do polvo comum é o aprimoramento das técnicas de larvicultura. Isto só pode ser atingido quando os fatores que afetam a sobrevivência dos polvos durante a sua fase no plâncton forem melhor conhecidos”, destaca a professora. Assim, a primeira meta do projeto é otimizar a sobrevivência dos polvos em laboratório durante a fase planctônica. Isso tornará possível realizar o cultivo a nível experimental e, futuramente, permitirá que polvos juvenis sejam mantidos em gaiolas para engorda no ambiente natural.
A prática de engorda de polvos tem sido realizada com sucesso e está em rápida ascensão na Espanha, onde os polvos são consumidos em larga escala. Entre as vantagens da engorda estão a simplicidade das estruturas de cultivo, o fato dos polvos aceitarem alimentos de fácil acesso e o baixo custo de produção. Em contraste, o preço de mercado é altamente atrativo, já que um único polvo com peso entre 2 e 3 kg pode valer entre R$ 12,00 e 18,00.
Outro fator importante para o sucesso do cultivo de polvos é a grande disponibilidade de animais na costa de Santa Catarina. Polvos juvenis são comumente encontrados nas estruturas de cultivo de moluscos bivalves (ostras e mexilhões) em várias localidades do estado. Os polvos são predadores de ostras e mexilhões e entram nas estruturas de cultivo para se alimentar deste moluscos. Isso vem despertando o interesse dos produtores de ostras e mexilhões para a possibilidade de cultivo de polvos.
Mais informações com a professora Érica A. Vidal, fone ericavidal2000@yahoo.com.br, fone 232 3279
Grupo de Astrofísica também tem professor
contemplado no Programa Profix
O professor Antonio Kanaan, integrante do Grupo de Astrofísica da UFSC como professor visitante, é também um dos 105 pesquisadores brasileiros contemplados com bolsa do Programa Especial de Estímulo à fixação de Doutores (PROFIX), do Ministro da Ciência e Tecnologia. Graduado em Física pela UFRGS em 1988, com mestrado em Física na mesma universidade em 1990 e doutorado em Astrofísica pela University of Texas at Austin/1996, Kanaan atuou como recém-doutor com bolsa CNPq na UFSC no período de setembro de1998 a agosto de 1999. A partir de setembro de 1999,tornou-se professor visitante da UFSC, com bolsa da Capes.
Integrado ao Grupo de Pesquisa em Astrofísica, ligado ao Departamento de Física da UFSC, está envolvido com linhas de estudos como a observação de estrelas anãs brancas, que tem o objetivo de compreender a evolução desse tipo de estrela que representa o estágio final das estrelas normais. “Nas anãs brancas está guardada a história de todo o período anterior da evolução das estrelas”, explica o professor.
O pesquisador está também integrado a outros projetos de pesquisa que vêm sendo desenvolvidos pelo Grupo de Astrofísica. Entre eles, projetos de ponta em instrumentação astronômica no Brasil, como o desenvolvimento e construção de um espectrógrafo ótico para o telescópio SOAR (Southern Observatory for Astrophysical Research). Este telescópio está sendo construído em parceria com o Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA) e o espectógrafo está sendo construído inteiramente no Brasil, em conjunto com o Instituto Astronômico e Geofísico da USP, o LNA e a UFSC. Outra linha de pesquisa em que o professor está diretamente envolvido é o desenvolvimento de telescópios robóticos. Mais informações no site http://www.astro.ufsc.br/, e-mail kanaan@fsc.ufsc.br