Prêmio distingue professor da UFSC que tem índice de produtividade equivalente a cientistas com Prêmio Nobel

21/12/2010 14:09

Fotos: Paulo Noronha / Agecom

O índice H 41, maior do que o de alguns prêmios Nobel, foi um dos aspectos ressaltados na homenagem realizada no dia 16 de dezembro ao professor João Batista Calixto, com a entrega do Prêmio Destaque Pesquisador UFSC 50 Anos. Esse índice está relacionado ao número de artigos do professor e quanto estes trabalhos foram citados por outros pesquisadores.

A relação com os grandes cientistas mundiais foi lembrada pela professora Débora Peres Menezes, pró-reitora de Pesquisa da UFSC, que citou também os 382 trabalhos e 6.242 citações do homenageado, escolhido pelo Centro de Ciências Biológicas para receber a premiação.

Pesquisador 1A do CNPq, João Batista Calixto foi contratado pela UFSC em 1976, na gestão do professor Caspar Erich Stemmer, reitor que está relacionado à história de sucesso da UFSC e à expansão de seu corpo docente, destacou o chefe do Departamento de Farmacologia da UFSC, professor Giles Alexander Rae.

Trajetória
O colega de departamento lembrou o primeiro trabalho totalmente desenvolvido na UFSC por João Batista Calixto e que resultou em sua primeira publicação em periódico internacional, em 1981. “Outros 23 artigos foram publicados antes da transferência da Farmacologia do Centro de Ciências da Saúde para o Centro de Ciências Biológicas, como Coordenadoria Especial de Farmacologia”.

Alexander Rae recordou que em novembro de 1991 a Capes autorizou a implantação do Mestrado em Farmacologia e o professor João Batista Calixto foi seu primeiro coordenador. Mostrando fotos históricas, ele provocou risos e emoção na plateia.

Formação
A apresentação sintetizou o extenso currículo Lattes de João Batista Calixto, responsável pela orientação de 70 alunos de Iniciação Científica, 30 mestres (22% do total formado pelo Programa de Pós-Graduação em Farmacologia da UFSC) e 22 doutores (31% da pós).

São profissionais que estão em instituições de ensino superior públicas e privadas em Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Norte, Mato Grosso, São Paulo, Rio Grande do Sul, entre outros estados. “Pelo menos quatro estão no exterior e vários são bolsistas de produtividade do CNPq”, salientou o chefe do Departamento de Farmacologia.

Giles Alexander Rae fez questão de ressaltar uma das atividades atuais preferidas de Calixto, o projeto de educação científica Novos Talentos da Rede Pública, voltado à formação de estudantes e professores e à identificação de potenciais talentos no ensino médio das escolas públicas. Oito edições já foram organizadas na UFSC, envolvendo mais de 200 jovens e 120 docentes. Atualmente Calixto é coordenador nacional desse projeto.

Exemplo
Giles Alexander Rae falou também do lado empreendedor do homenageado, de suas quase duas dezenas de patentes e três produtos lançados no mercado nacional – o antiinflamatório Acheflan, o Cronos Flavonoide de Passiflora (creme antirrugas desenvolvido em parceria com a Natura) e o Sintocalmy (fitomedicamento indicado para controle da ansiedade, tensão e distúrbios do sono).

“São iniciativas que trouxeram recursos significativos para o Departamento de Farmacologia e que precisam acontecer mais no país”, frisou, lembrando também do mais recente desafio de João Batista Calixto: a construção do Centro de Referência em Farmacologia Pré-Clínica no Sapiens Parque, em Florianópolis.

Dedicação à ciência
“Devo tudo isso a muitas pessoas. Entre elas o professor Stemmer, que me trouxe para a UFSC muito jovem e me deu o apoio para começar. Aos colegas de departamento e todos aqueles que batalharam para transformar uma pequena sala em um dos melhores programas de pós-gradução em Farmacologia do país”, disse o professor Calixto. Ele salientou também o importante papel da família, que soube compreender “o desejo incontido de fazer mais do que podia, a alucinação pela ciência, a ausência provocada pela dedicação ao trabalho”.

O professor pediu aos jovens colegas de departamento que batalhem para manter o patrimônio que é a Farmacologia para a UFSC e falou sobre o grande desafio de que a universidade se abra para a sociedade. “Isso exige sacrifícios, exige sair da zona de conforto, perceber o que o público quer. A ciência pode mudar a sociedade, desde que volte a ela”, avaliou o professor.

O reitor da UFSC, professor Alvaro Toubes Prata, lembrou que o Prêmio Destaque Pesquisador UFSC 50 Anos foi direcionado a 11 figuras ilustres da Universidade. “O professor Calixto é um grande exemplo, referência em sua determinação”, disse, lembrando o quanto é competitiva a área em que atua o homenageado e quão grande é sua dedicação para se fazer uma referência internacional em seu campo de atuação.

Por Arley Reis / Jornalista da Agecom
Fotos: Paulo Noronha/Agecom

Professores Homenageados com o Prêmio Destaque Pesquisador UFSC 50 Anos em 2010:
– Raul Antelo (Centro de Comunicação e Expressão)
– Wagner Figueiredo (Centro de Ciências Físicas Matemáticas)
– Markus Vinícius Nahas (Centro de Desportos)
– Ivete Simionatto (Centro Sócio-Econômico)
– Luiz Fernando Scheibe (Centro de Filosofia e Ciências Humanas)
– Antônio Carlos Wolkmer (Centro Ciências Jurídicas)
– Jaime Fernando Ferreira (Centro de Ciências Agrárias)
– Alacoque Lorenzini Erdmann (Centro de Ciências da Saúde)
– Leda Scheibe (Centro de Ciências da Educação)
– João Batista Calixto (Centro de Ciências Biológicas)
– Ivo Barbi (Centro Tecnológico)

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João Batista Calixto: referência em farmacologia

No final da década de 1960, quando a Faculdade de Medicina do Estado de Santa Catarina foi integrada à Universidade Federal de Santa Catarina, a Farmacologia se tornou uma disciplina vinculada ao Departamento de Patologia. Na década de 1970, os esforços para fazer crescer a UFSC, instalada há poucos anos, levaram à implantação da Coordenadoria  de Farmacologia. Com o objetivo de qualificar o ensino e com a visão sobre a importância de incentivar a pesquisa nesse campo, o então reitor, professor Carpar Erich Stemmer, buscou em outros estados professores que o ajudassem.

O biólogo João Batista Calixto estava em São Paulo, concluindo seu mestrado em Farmacologia pela Universidade Federal de São Paulo (Escola Paulista de Medicina, atualmente Unifesp) e foi convidado para fazer parte dessa história. Ele nem conhecia Florianópolis. “Na época poucos aviões vinham para a cidade ainda bem pequena. Foi ai que descobri que Florianópolis era uma ilha e achei muito interessante”, lembra.

Era um desafio para o recém-mestre que via outras oportunidades. Mas a opção foi por Santa Catarina, onde foi acolhido e contratado como professor visitante da UFSC. Um ano depois fez concurso e passou a integrar uma equipe que hoje é responsável por um dos melhores cursos de Pós-Graduação em Farmacologia do país, conceito máximo 7 na avaliação Trienal 2010 da Capes (nota seis, também de excelência, desde 2000). Sua perseverança e dedicação foram fundamentais nesta trajetória, homenageada com o Prêmio Destaque Pesquisador UFSC 50 Anos.

Destaque na bibliografia internacional

Nascido em Coromandel, município do estado de Minas Gerais, João Batista Calixto graduou-se em Ciências Biológicas pela Universidade de Brasília (UnB), em 1973. Em 1976 tornou-se mestre em Farmacologia pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e em 1984 defendeu o doutorado em Farmacologia na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, ligada à Universidade de São Paulo (USP). Tem registrado em seu longo currículo Lattes mais de 300 artigos publicados em revistas especializadas de nível internacional.

O professor é um dos pesquisadores brasileiros mais citados na bibliografia internacional (mais de seis mil citações), um dos mais respeitados currículos da área médico-científica no país. É uma autoridade no estudo de princípios ativos de plantas, na pesquisa básica sobre dor e inflamação e sistema cardiovascular. É responsável pela formação de recursos humanos de alto nível: já orientou 35 dissertações, 24 teses e 18 pós-doutorandos, além de dezenas de alunos de iniciação científica.

Referência na pesquisa colaborativa com a indústria farmacêutica, o professor coordenou a produção do primeiro medicamento totalmente produzido no país. O antiinflamatório Acheflan foi desenvolvido em parceria com os Laboratórios Aché, a partir dos princípios ativos da planta erva-baleeira, também conhecida como maria-milagrosa.

“Todo medicamento de hoje já foi pesquisa básica no passado”, faz questão de lembrar o professor. Pesquisador nível IA do CNPq, membro da Academia Brasileira de Ciências, Calixto tem documentado em seu currículo registros de 18 patentes e o desenvolvimento de outros dois produtos que estão no mercado.

Mais informações com professor Calixto: calixto@farmaco.ufsc.br / (48) 3721-9491, ramal 229

Mais informações sobre o Prêmio Destaque Pesquisador UFSC 50 Anos:

Professor Jorge Mário Campagnolo – Diretor de Projetos de Pesquisa
Fone: (48) 3721-9437
E-mail: campagnolo@reitoria.ufsc.br

Professor Ricardo Rüther – Diretor do Núcleo de Apoio e Acompanhamento
Fone: (48) 3721-9846
E-mail: ruther@reitoria.ufsc.br