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Aconteceu na manhã de quinta-feira, 28/11, a primeira de uma série de transmissões teste para implantação da TV interativa. O Projeto Dedo de Prosa, evento organizado pelo Centro de Comunicação e Expressão da UFSC, com a participação de escritores catarinenses, foi transmitido ao vivo pela internet. Os internautas puderam acompanhar ao vivo pela rede o bate-papo com a escritora Maria De Lourdes Krieger, autora de livros infantis, e ainda conversar e trocar idéias por intermédio de um chat, disponibilizado na mesma tela do vídeo.

A transmissão fez parte dos testes iniciados há pouco mais de um mês para desenvolver e implantar a TV interativa no país. Financiado pelo CNPq, o Projeto I2TV conta com a participação de quatro universidades – UFSC, UFRN, PUC-Rio e USP- e quatros TVs Educativas – TV Universitária (RN), TVE-RJ, TV Cultura-SP e TV Cultura-SC. Os trabalhos foram divididos, sendo que a UFSC ficou responsável pelo desenvolvimento de set-top boxes – aparelhos parecidos com o vídeo cassete comum, mas que permite ao telespectador interagir na programação – e conteúdos especiais, adaptados a nova realidade da TV interativa. “Qualquer programa gerado neste novo modelo de pensar a TV deve levar em conta que quem está assistindo tem a possibilidade de interagir com o conteúdo”, diz Valdecir Becker, jornalista e pesquisador do projeto.

No experimento desta manhã, foi utilizada uma câmera digital conectada a um computador Pentium III, com uma placa especial que permite capturar e transmitir o vídeo na internet. Para a transmissão, foram utilizados dois programas: o Real Encoder, responsável pela codificação, e o Real Server, que “pega” o arquivo de vídeo digital e permite com que outras pessoas conectadas à internet possam assisti-lo. “Essa transmissão foi de fundamental importância para estudarmos o comportamento da rede diante de diferentes qualidades de vídeo”, analisa Edison Melo, coordenador do projeto em Florianópolis. Desta vez, o vídeo gerado ainda esteve disponível para toda internet, mas a partir dos próximos testes, que devem ser semanais, a taxa de transmissão do vídeo será aumentada gradativamente, com a conseqüente melhora da qualidade. O objetivo do projeto é transmitir vídeo com qualidade de DVD, via internet 2.

Mas o que é a TV interativa? Em resumo podemos dizer que qualquer pessoa pode interagir com a programação, com o apresentador do programa favorito, fazendo perguntas, ou então escolhendo a próxima atração. Para facilitar, pense no programa Você Decide, que ia ao ar pela Rede Globo uns anos atrás. Você via o programa e no final pegava o telefone e decidia como o episódio iria terminar. Fantástico, não? Agora imagine você poder determinar o fim do programa com simples cliques de um mouse especial, adaptado para TV, ou então com o mesmo controle remoto com o qual você seleciona os canais. Muito mais cômodo, certo? Este é apenas um dos recursos que a TV interativa irá oferecer.

Apesar de já estar em testes na Europa e Estados Unidos há mais de 10 anos, a TV interativa ainda não tem um modelo definido, nem tecnologia pronta. Há várias propostas, que vão desde o sistema de transmissão da Microsoft, que investe pesado nessa nova tecnologia, até iniciativas isoladas, que muitas vezes apenas pesquisam transmissão de vídeo em alta qualidade, ou então interfaces homem/maquina, que serão muito úteis quando unidas e adaptadas para a TV.

Na iniciativa brasileira, que une universidades públicas e privadas com emissoras de TV, estas devem gerar o conteúdo, ficando a cabo das universidades o desenvolvimento da infra-estrutura necessária para a transmissão. “É uma ótima forma de integrar a universidade com a comunidade”, diz Melo. Como primeiro fruto dessa parceria, o sinal da TV Cultura de Florianópolis foi disponibilizado na rede, podendo ser assistido de qualquer lugar, bastando ter acesso a internet por banda larga. “No futuro, vamos trocar o sinal da TV Cultura pelo sinal da TV interativa, adaptando o conteúdo e os equipamentos”, afirma Becker. Os avanços da pesquisa podem ser acompanhados pelo site www.i2tv.ufsc.br.