Homenagem destaca trajetória de Rodolfo Pinto da Luz, ex-reitor da UFSC com expressão nacional

04/07/2025 18:07

Comunidade foi recebida para homenagem no Templo Ecumênico da UFSC. Foto: Gustavo Diehl/Agecom/UFSC

A extensa e marcante trajetória do professor Rodolfo Joaquim Pinto da Luz na vida pública foi bastante destacada na homenagem realizada pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) na manhã desta sexta-feira, 4 de julho, no Templo Ecumênico, no campus da Trindade, em Florianópolis. O evento reuniu familiares, amigos, autoridades e membros da comunidade universitária, sendo um momento de memória e reconhecimento de sua notável jornada acadêmica e política.

Entre as muitas singularidades de sua caminhada, destacaram-se seus três mandatos como reitor, seu papel crucial na expansão da infraestrutura universitária e sua atuação em diversos cargos públicos ligados à educação e cultura. O falecimento do professor Rodolfo, ocorrido na última quinta-feira, 3 de julho, representou uma perda significativa para a UFSC, que agora carrega a responsabilidade de honrar seu legado, o qual permanece vivo não apenas nas estruturas físicas, mas também nos valores da instituição.

O evento ressaltou a relevância de Rodolfo para a UFSC, para Santa Catarina e para o Brasil. Durante sua trajetória, ele dedicou pelo menos 12 anos à liderança da maior universidade do estado de Santa Catarina. Foi reitor de 1984 a 1988, de 1996 a 2000 e de 2004 a 2008. Sua história com a UFSC começou na década de 1960, como estudante de Direito, curso no qual se tornou professor em 1973. Além disso, também atuou como Procurador Federal junto à Universidade.

Rodolfo teve uma carreira multifacetada no serviço público, ocupando importantes cargos nacionais como o de Secretário Executivo de Educação Superior do Ministério da Educação (MEC) e, interinamente, o de Ministro da Educação. Ele também presidiu a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), o Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras (CRUB) e a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes). Em níveis municipal e estadual, exerceu funções como Secretário de Educação de Florianópolis, presidente da Fundação Catarinense de Cultura (FCC) e do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (IPUF). Aposentado em 2023, após 50 anos dedicados à vida pública e institucional, Rodolfo sempre tratou a educação como prioridade. Ao receber o prêmio Elpídio Barbosa, declarou: “A educação é um pilar fundamental para uma sociedade mais justa, igualitária e próspera. É por meio dela que formamos cidadãos críticos e criativos, capazes de transformar o mundo ao seu redor”.

Reitor Irineu Manoel de Souza destacou a trajetória do professor Rodolfo em defesa da educação. Foto: Gustavo Diehl/Agecom/UFSC

O reitor Irineu Manoel de Souza destacou a significativa trajetória do professor Rodolfo Joaquim Pinto da Luz na defesa da educação e da universidade pública. Ressaltou sua competência na captação de recursos junto a Brasília e a outros ministérios, o que possibilitou a realização de obras fundamentais para a UFSC. Essas conquistas foram decisivas para consolidar a Universidade como uma das melhores do Brasil e da América Latina.

Sob sua liderança, a UFSC experimentou uma expressiva ampliação de sua infraestrutura, com avanços em diversos centros de ensino, como o Centro de Desportos (CDS), o Centro Socioeconômico (CSE), o Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH) e o Centro de Comunicação e Expressão (CCE). Mais do que estruturas físicas, essas obras simbolizaram um projeto de universidade comprometida com a formação integral e o fortalecimento da comunidade, complementou Irineu, que também lembrou que Rodolfo exerceu o cargo de pró-reitor de Administração, foi o primeiro reitor eleito das universidades públicas e o primeiro reeleito da UFSC, evidenciando sua habilidade em diálogo e conciliação.

A vice-reitora Joana Célia dos Passos comentou que o momento “é ao mesmo tempo de memória e de vida. É um momento triste para a sociedade

Vice-reitora disse que é um momento triste para a sociedade catarinense. Foto: Gustavo Diehl/Agecom/UFSC

catarinense e para a UFSC, mas gostaria de me dirigir, em especial, aos familiares e amigos do professor Rodolfo, que são aqueles que melhor conhecem e guardam as memórias da pessoa que ele foi. Certamente, essas memórias seguirão iluminando suas vidas, assim como ele iluminou a história de tantos que o conheceram”. Joana enfatizou que as instituições permanecem, mas as pessoas deixam marcas únicas, e que aqueles que mais compartilham momentos com alguém são também os mais impactados pela sua ausência.

A homenagem adquiriu uma dimensão ainda mais simbólica com a fala do padre Vilson Groh, que compartilhou um episódio que ilustra a “humanidade e coragem” de Rodolfo: sua incansável luta para impedir a demolição da Escola Celso Ramos, que seria substituída por um estacionamento para a Assembleia Legislativa. Graças às intermediações de Rodolfo, então secretário, o local foi preservado e hoje abriga uma creche municipal que acolhe 500 crianças, um legado de sua ação visionária.

Descrito como “um homem do diálogo, da resiliência, que sabia dizer não com gentileza e compartilhava seu conhecimento generosamente”, Rodolfo tinha uma visão de educação alinhada à de Paulo Freire, baseada na ideia de uma “educação humanizadora, alimentadora e transformadora”, entendida como um “ato de inteireza, diálogo e construção coletiva”. Padre Vilson também ressaltou que Rodolfo via a educação como um verdadeiro “sacerdócio”, dedicando-se à busca de significado e sentido, e concluiu afirmando que “todo conhecimento só tem sentido se promove a construção do bem comum”.

Rosiani Bion de Almeida / SECOM UFSC
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