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Salvador Gomes recebe o livro ‘Labirintos do Poder’ das mãos de Nildo Ouriques, diretor da EdUFSC. Foto: Divulgação/EdUFSC/UFSC

A Editora da Universidade Federal de Santa Catarina (EdUFSC) anunciou o vencedor do III Concurso Literário Maura de Senna Pereira. A obra Todos os Fantasmas, de Salvador Gomes, coordenador de Divulgação e Jornalismo Científico da Agência de Comunicação (Agecom) da UFSC, foi selecionada às cegas entre 26 livros inscritos no prêmio. A EdUFSC prepara agora a publicação do volume, que reúne 31 crônicas do autor.

O concurso literário foi a terceira homenagem da editora feita à professora, escritora e jornalista Maura de Senna Pereira. Entre agosto e outubro do ano passado, os autores enviaram propostas de livros com textos em forma de crônica. As obras eram assinadas apenas com pseudônimos, para que a avaliação fosse feita às cegas por uma comissão de 20 jurados. 

Assim, a EdUFSC chegou a anunciar o resultado em seu site, utilizando apenas os pseudônimos dos autores. Salvador assinou como Lucius Jeremias, nomes de dois personagens de uma das crônicas do livro a ser publicado pela UFSC.

O diretor da EdUFSC, Nildo Ouriques, recebeu o vencedor do concurso na sede da editora, no Campus de Florianópolis, em 28 de maio, para o anúncio formal do prêmio. Salvador foi presenteado com o livro Labirintos do Poder, de Abelardo Arantes Júnior – romance ganhador do concurso Grupo Sul e o Modernismo Catarinense lançado em 2024 pela EdUFSC. 

Agora, Todos os Fantasmas está na fila para o processo inicial de edição. A publicação ainda não possui data definida, mas deve ser priorizada após outros processos listados na EdUFSC. “Temos nos ocupado de traduções de títulos que ainda vamos publicar. Estamos ampliando o catálogo da editora e já temos outras facilidades para disponibilizar mais títulos à venda em nossa livraria do Centro de Cultura e Eventos”, explicou Nildo no encontro. 

Sobre Todos os Fantasmas e o autor

Todos os Fantasmas é uma coletânea de crônicas, que, para Salvador, têm um estilo que “brinca com o fantástico”. “Nos textos, aparecem fantasmas, anjos, pessoas comuns. Todos vêm com ideias bem pragmáticas e usuais que, acho, ficam de bom tamanho em crônicas”, diz.

Apesar de se pautarem no “usual”, o cronista afirma que as histórias podem trazer questões mais profundas. Em Torre de Babel Fake, uma das crônicas da obra, a escrita utiliza o anacronismo — termo que se baseia na utilização inadequada de algo que pertence a um período diferente daquele em que está sendo usado — que outros textos da coletânea também têm. “Não é bem uma releitura de história clássica, mas uma brincadeira que calhou, acredito”.

Segundo o autor, o título da coletânea de crônicas é uma “brincadeira” de sua inspiração para escrever. Ele relata que os “fantasmas” são como ideias que lhe vêm à cabeça quando está em casa, no trabalho ou no ônibus, sendo, quase sempre, fruto da observação de situações do cotidiano.

“Esses ‘fantasmas’ trazem, por vezes, algumas questões até filosóficas, éticas. Escrever ajuda a lidar com essas questões e tratá-las com mais humor”, detalha.

Jornalista de formação pela UFSC, Salvador descreve a crônica como um hobby, que, por vezes, “vira uma necessidade”. “Às vezes, parece mais forte que eu. Mas não tenho uma regularidade na produção. Desde um pouco antes da faculdade de Jornalismo, lá por 1990, quando comecei a tomar gosto por ler, comecei também a escrever”, relembra.

Conforme permitia o regulamento do concurso, a maioria das crônicas da obra já estava pronta. Muitos textos estavam publicados em rede social. Alguns estavam guardados, esperando o momento, desde o final da década de 1990. Ainda assim, o servidor escreveu três histórias exclusivas para a coletânea do concurso.

“A crônica é um formato fantástico. Mas também é difícil, por vezes. É um texto que tem de entregar tudo em poucas linhas, ou seja, cria expectativa e entrega desfecho sem demora para o leitor”, resume o jornalista.