UFSC inicia cultivo de Cannabis para aplicação em pesquisa na área de medicina veterinária
Dentro de cinco a seis meses, pesquisadores do Campus de Curitibanos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), liderados pelo professor Erik Amazonas, esperam começar a produzir os extratos de Cannabis a partir de plantas cultivadas em laboratório. Recentemente, foram plantadas 120 sementes de mesma genética certificada de uma variedade rica em Canabidiol (CBD), substância já amplamente empregada na produção de medicamentos.
Estes são os primeiros desdobramentos da permissão concedida pela Justiça Federal, no final de 2022, para que o professor Amazonas possa realizar o cultivo, preparo, produção, fabricação, depósito, porte e prescrição de derivados da Cannabis sativa. Os extratos serão utilizados em uma pesquisa da aplicação da planta na área da medicina veterinária, da qual ele é um reconhecido pesquisador.
As mudas serão cultivadas em estufa própria para cultivo e pesquisas agronômicas do Campus de Curitibanos – espera-se uma taxa de germinação entre 90% e 95%. Enquanto as plantas crescem, o professor pretende importar insumos de parceiros para já obter extratos para pesquisas.
A extração dos óleos será feita na própria Universidade. “Temos o Laboratório Multiusuário de Análise Instrumental (Lamai) no Campus de Curitibanos, coordenado pelo professor Cristian Soldi, que tem condições de realizar extrações alcoólica, hidroalcoólica, por ultrassom, dentre outras. Um dos desdobramentos de pesquisa que iremos abordar é o desenvolvimento de diferentes métodos de extração e de formulações para uso veterinário”, explica Amazonas.
De acordo com o professor, o Centro de Ciências Rurais (CCR) tem condições de analisar, avaliar e garantir a qualidade dos óleos, contudo os pesquisadores também pretendem fazer parcerias com outras instituições para ampliar o rol de compostos avaliados entre os diferentes laboratórios, de modo a analisar qualitativamente os extratos de forma mais completa.
Indústria canábica
O professor Erik Amazonas coordena a linha de pesquisa “Endocanabinologia e Cannabis Medicinal”, do Grupo de Estudos em Produção Animal e Saúde, que reúne outros seis professores, um servidor técnico-administrativo, alunos de graduação e pós-graduação do Campus de Curitibanos, vários colaboradores externos e um consultor externo. A pesquisa com a Cannabis tem em seu escopo avaliar o uso de medicação à base de terpenofenóis em animais não humanos. Formulações de uso tópico contendo Cannabis serão analisadas quanto ao seu potencial cicatrizante e anti-inflamatório, efeito inseticida, repelente, mosquicida e anti-helmíntico e efeito desinfetante. E até mesmo o uso alimentar em animais.
“Através da ciência e conhecimento pretendemos ser catalisadores de um ecossistema favorável para a implantação de um novo setor econômico industrial no Brasil: a indústria canábica. Assim estamos trabalhando para criar o Centro de Desenvolvimento e Inovação Canábica (Cedican) no Campus de Curitibanos para adaptar o cânhamo e a indústria catarinense entre si”, esclarece o professor.
O Cedican poderá ter papel muito importante no fomento a startups, spin-offs e do empreendedorismo e inovação, contribuindo para o desenvolvimento regional.
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