Estudo da UFSC sobre desemprego e subemprego no Brasil ganha prêmio nacional
O egresso Vicente Loeblein Heinen, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), foi o vencedor da categoria Monografia no XXVIII Prêmio Brasil de Economia, do Conselho Federal de Economia. A pesquisa Superpopulação relativa no Brasil: tamanho e composição entre 2012 e 2020 teve o objetivo principal de identificar a composição e mensurar o tamanho do exército de reserva brasileiro entre 2012 e 2020, categoria que se refere ao desemprego estrutural das economias capitalista.
O trabalho abordou os temas do desemprego e do subemprego no Brasil entre 2012 e 2020 sob a ótica da categoria marxista da superpopulação relativa. A conclusão foi que ao final de 2020 essa superpopulação relativa era composta por 58 milhões de pessoas, o que correspondia a 53% da força de trabalho do país. Desse contingente, as pessoas negras e as mulheres eram majoritárias.
Segundo a pesquisa, o exército de reserva brasileiro é efetivamente maior e mais diverso do que poderiam indicar quaisquer estatísticas convencionais. “Ele era composto por 47 milhões de pessoas em 2012, tendo chegado a 58 milhões ao final de 2020. Ao longo de todo esse período, o capital não chegou a empregar regularmente sequer 60% de toda a força de trabalho disponível no país, mantendo sempre um volumoso excedente de trabalhadores a postos para garantir o regime de superexploração”, indica.
A análise constata que além dos desempregados em suas figuras mais tradicionais, essa população também é composta por trabalhadores em ocupações irregulares, pequenos produtores ou prestadores de serviços autônomos, geralmente vivendo em condições de miséria ou realizando trabalhos extremamente degradantes. “A principal funcionalidade sistêmica dessa população excedente é potencializar a concorrência pelos postos de trabalho existentes, garantindo a subordinação dos trabalhadores ao capital e os menores preços possíveis no mercado da força de trabalho”, sintetiza. O trabalho foi orientado pelo professor Lauro Mattei, com co-orientação de Pietro Caldeirini Aruto.
Diversos Conselhos Regionais de Economia entregam, anualmente, prêmios para as melhores monografias. Os trabalhos vencedores em cada Corecon, ou aqueles indicados, nos casos em que não há um concurso de monografias instituído, disputaram o primeiro lugar. Giornni Paolinelli Raposo Duarte, da Universidade Federal de Minas Gerais, obteve o segundo lugar com o trabalho O Nexo Água-Energia-Emissões na Matriz Elétrica de Minas Gerais: Impactos Econômicos e Ambientais. A terceira colocada foi Izabelli Barreto Cardoso, da Universidade Federal Fluminense, que apresentou um trabalho contendo uma Análise dos Impactos Ambientais na Agropecuária no Centro-Oeste Brasileiro. Ambos receberam menções honrosas.
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