Conselho Universitário homenageia e agradece Glauco Olinger pelo seu legado

14/09/2022 11:32

Professor Glauco Olinger recebe homenagem das mãos do reitor da UFSC, Irineu Manoel de Souza, durante sessão solene nesta terça-feira, 13 de setembro. (Foto: Camila Collato/Agecom/UFSC)

Matéria atualizada no dia 19/09/2022 para inserção de informações sobre homenagem do CCA

O Conselho Universitário (CUn) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) prestou homenagem ao professor aposentado do Centro de Ciências Agrárias (CCA), Glauco Olinger, que comemora 100 anos no próximo sábado, dia 17. A sessão solene do Conselho ocorreu na terça-feira, 13 de setembro, no auditório da Reitoria e teve transmissão ao vivo pelo YouTube.

“Foi aqui nesta universidade que alguns anos atrás eu recebi o maior título, o que mais me honrou e mais me honra. Dificilmente haverá um título mais honroso que o título de professor”, disse Glauco, primeiro a discursar durante a sessão solene.

O quase centenário Professor Emérito expressou “profundíssima emoção”, e agradeceu pelo que denominou ser um “grande momento” de sua vida profissional. Desculpando-se pelo seu linguajar, que disse não ser acadêmico e sim de um extensionista rural, o professor ofereceu o que denominou uma “mini-aula” aos membros do CUn e pessoas presentes na solenidade, sobre o desenvolvimento socioeconômico de Santa Catarina e do Brasil, e sobre o destino da Floresta Amazônica. 

O professor falou sobre os problemas socioeconômicos causados pelo transporte rodoviário no Brasil, desde 1960 colocado como prioridade de investimentos, em detrimento dos transportes ferroviário e aquaviário. Ele apontou soluções, como a construção de ferrovias para dar vazão à produção agrícola de Santa Catarina, ligando não somente o oeste do estado ao litoral, como também conectando o Paraguai a Santa Catarina por via férrea. “O Paraguai é uma nação amiga e um grande produtor de milho e soja, principais ingredientes para a produção de ração para aves e suínos”, explicou. A Ferrovia do Frango, projeto que ligaria o oeste catarinense ao litoral, se chamaria então Ferrovia Guarani, sugere o professor, “em homenagem aos índios de lá e de cá”. 

Cesta de produtos da Feira Orgânica do CCA, presenteada ao professor Glauco. Na foto, Rosete Pescador, diretora do CCA, e Anderson Luiz Romão, egresso da UFSC. (Foto: Camila Collato/Agecom/UFSC)

Glauco deu, ainda, uma breve palestra sobre o futuro da Floresta Amazônica. “Quem derruba uma árvore comete um crime contra a natureza. Uma árvore chega a produzir até mil litros de chuva por ano. E as chuvas são as grandes responsáveis pela amenidade do clima”, falou. O professor reforçou a necessidade de manter a floresta e reflorestar as áreas degradadas. “A floresta pode cumprir um papel importante na produção de alimentos. A Floresta precisa ser enriquecida com as árvores que podem produzir os alimentos, e assim ainda contribuir com o clima”, salientou. Defendeu a recuperação de florestas degradadas também na região atlântica, e demonstrou soluções de subsistência da floresta e da pecuária. 

“Precisamos de mais florestas aqui em Santa Catarina, precisamos de mais árvores nos centros urbanos, de mais parques, jardim, flores e árvores de sombra, de grande área foliar. Esta é a mensagem que eu deixaria”, emocionou-se o professor, que lembrou em seu discurso os familiares presentes e amigos da UFSC. “Eu amo a todos”, agradeceu. 

Rosete Pescador, diretora do CCA, discursou e lembrou que conheceu o professor Glauco quando era aluna na primeira fase do curso de Agronomia da UFSC. Rosete lembrou dos marcos da carreira do professor, e ressaltou seu papel para inspirar jovens que se tornaram profissionais que deram continuidade ao legado de Glauco. “Foi multiplicador de esperanças. Qualificou a extensão universitária e atuou pela valorização da agricultura familiar”. Falou, ainda, do papel do professor na extensão rural. “Se hoje Santa Catarina é modelo nacional e internacional em tecnologias agropecuárias e cultivo de orgânicos, isso não aconteceu por acaso. Glauco Olinger foi decisivo para o estado atingir esta realidade”, ressaltou em seu discurso a diretora e membra do Conselho. 

Professor Glauco e a arquivista e agente de comunicação do CCA, Aline Cardozo. (Foto: Camila Collato/Agecom/UFSC)

Joana Célia dos Passos, vice-reitora da UFSC, em seu discurso lembrou ter atuado também como extensionista rural e prestou homenagem ao professor Glauco Olinger com um discurso sobre a importante participação do professor na construção da Universidade. “A nossa Universidade agradece, agradece e agradece. É isso que fazemos com quem veio antes”, disse.

O reitor da UFSC e presidente do Conselho Universitário, Irineu Manoel de Souza, encerrou a solenidade com discurso sobre a relevância do trabalho do professor Glauco. “A Universidade sempre será grata ao professor Olinger. Demonstramos assim o nosso respeito e reconhecimento por este intelectual que mostra seus atos de amor pela ciência, tecnologia e inovação e pela sociedade”, parabenizou e agradeceu. 

O reitor entregou uma homenagem ao professor Glauco, em nome da Universidade. O Coral da UFSC apresentou canções e houve também a exibição de um vídeo da série Gente que Faz Nossa História, produzido pelo CCA e pela TV UFSC. O professor Glauco também recebeu da diretora do CCA, Rosete Pescador, uma cesta de produtos orgânicos da Feira Orgânica do CCA, confeccionada pelo engenheiro agrônomo Anderson Luiz Romão, mestre em Agroecossistemas pela UFSC.

Homenagem no CCA

Plantio de árvore de pau-brasil no CCA em homenagem ao professor Glauco reuniu dezenas de pessoas

O Centro de Ciência Agrárias (CCA) também prestou homenagem ao professor Glauco Olinger. Dezenas de pessoas participaram, no dia 16 de setembro, do plantio da árvore pau-brasil nas dependências do CCA, como forma de perenizar o agradecimento pela sua atuação em prol do ensino das ciências agrárias em Santa Catarina.

A homenagem foi conduzida pela Diretora do CCA, Rosete Pescador, e pelo professor Enio Pedrotti, que aplicou as recomendações para o plantio conforme as orientações prescritas pelo próprio professor Glauco, que fez questão de jogar a primeira pá de terra sobre as raízes da árvore. O momento foi prestigiado por todos os seus familiares, amigos e colegas. Foram várias as manifestações depoimentos de pessoas presentes na homenagem, que lembraram a atuação do professor Glauco e o impacto na trajetória de suas carreiras.

O decano do Conselho Universitário, professor José Isaac Pilati, falou em nome de todos os conselheiros mencionando a importância da homenagem e da trajetória do professor Glauco Olinger.

O Diretor de Assuntos de Aposentadoria José Francisco Danilo de Guadalupe Correa Fletes relembrou do seu ingresso no CCA, no qual foi docente por 20 anos, salientando que a acolhida do professor Glauco impactou a sua trajetória na instituição.

O professor Ricardo Kazama falou em nome de todo o Departamento de Engenharia Rural agradecendo pelo trabalho realizado em prol das ciências agrárias.

A neta do professor Glauco, Nicole Olinger, falou em nome de toda a família e muito emocionada agradeceu a todos e falou da trajetória do avô.

O professor Oscar Rover e o presidente do Centro Acadêmico também se manifestaram, assim como alguns amigos e familiares.

A presença de todos os familiares, incluindo seus quatro bisnetos na homenagem e no plantio, deixou o momento muito significativo.

O professor Glauco demonstrou muita alegria e gratidão pela homenagem recebida pela passagem de seu centenário. Ao final, o professor fez uma homenagem à árvore plantada recitando uma poesia e manifestou o desejo de que suas cinzas sejam acolhidas por ela quando ele retornar à terra.

Carreira

A sessão solene foi proposta pelo conselheiro e pró-reitor de Pós-Graduação da UFSC, Werner Kraus. (Foto: Camila Collato/Agecom/UFSC)

Glauco Olinger foi idealizador e o primeiro diretor do CCA. Docente do curso de Agronomia, contribuiu para a construção da Estação Experimental de Aquicultura – Itacorubi, a implantação da Pró-Reitoria de Planejamento, a criação do Sistema de Avaliação do Ensino, Pesquisa e Extensão e a instituição do Serviço de Extensão Rural em Santa Catarina.

Também atuou como presidente do grupo de trabalho para a implantação dos cursos de mestrado em Engenharia de Aquicultura e em Engenharia de Alimentos, foi membro do Conselho Universitário da UFSC nas décadas de 1970 e 1980, secretário Estadual de Educação e da Agricultura do Estado de Santa Catarina, presidente da Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural (Embrater) e consultor da Organização dos Estados Americanos (OEA) para assuntos agropecuários. Em 2007, recebeu o título de Professor Emérito da UFSC. 

 

Mayra Cajueiro Warren / jornalista da Agecom / UFSC

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