Projeto desenvolvido na UFSC estuda nova metodologia de testes para gestantes de todo o Brasil

Equipe de profissionais do LBMMS alimenta o equipamento com amostras e reagente e configura o programa de testagem. Foto: divulgação/UFSC
Uma equipe da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) está realizando uma série de testes de biologia molecular de forma inédita no Brasil. Fruto de uma parceria com o Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde, o estudo utiliza um equipamento que faz todo o processo de extração do material genético, análise de reação, identificação de presença de bactérias e protozoários e liberação do resultado de forma automatizada. O objetivo é identificar a prevalência de determinadas infecções sexualmente transmissíveis (IST) em gestantes de todo o país para verificação da viabilidade de incorporação de metodologias de diagnóstico dessas infecções por biologia molecular no Sistema Único de Saúde (SUS) para o pré-natal.
O aparelho, chamado Panther, é o único instalado no Brasil e foi “emprestado” ao Ministério da Saúde pela empresa Hologic. Atualmente, ocupa uma sala exclusiva no Laboratório de Biologia Molecular, Microbiologia e Sorologia (LBMMS) da UFSC. A supervisora do laboratório, professora Maria Luiza Bazzo, explicou que os desenvolvedores do projeto fizeram questão de optar por essa metodologia por ser considerada referência pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para os exames realizados no âmbito do estudo, que compreendem o diagnóstico de clamídia, gonorreia, tricomoníase e da infecção por Mycoplasma genitalium.
“Visto que é um projeto piloto para implementação desses testes, preferiu-se fazer com o equipamento que é referência, mas não necessariamente esse equipamento será incorporado na rede para fazer as testagens depois, caso se opte pela biologia molecular [para identificação das IST durante o pré-natal] no SUS”, complementa o farmacêutico e pesquisador do LBMMS Marcos André Schörner.
O laboratório recebe amostras de secreção vaginal de gestantes, coletadas por profissionais de 21 unidades de saúde, localizadas em capitais e cidades de interior das cinco regiões do país. Elas são, então, inseridas no Panther, que pode receber até 120 amostras por vez, sendo que os primeiros resultados saem dentro de aproximadamente três horas. Após esses primeiros, a cada cinco minutos, cinco novos resultados são liberados pelo equipamento, permitindo a alimentação com novas amostras a serem testadas. A automação dos testes faz com que não exista manipulação das amostras, diminuindo riscos e minimizando erros.
As primeiras amostras começaram a ser processadas há cerca de duas semanas. Somente nos primeiros quatro dias de funcionamento, já foram feitos 1.400 testes. Segundo Marcos, serão processadas, no total, de 4,5 mil a 5 mil amostras. “A gente espera receber todas elas até o final de março. E, se der tudo certo, como a gente espera, como o equipamento é automatizado, é um processo rápido, e até a metade do ano provavelmente já vamos ter todos os resultados”, afirma o pesquisador.
Além de Marcos e Maria Luiza, também estão envolvidos no projeto Fernando Hartmann Barazzetti, biólogo e mestrando no Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia e Biociências da UFSC, Jéssica Motta Martins, farmacêutica e doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Farmácia da UFSC, a bióloga Hanalydia de Melo Machado e o farmacêutico Felipe de Rocco.