Grupo de pesquisa lança e-book para fotografia de macrofungos

18/01/2022 10:20

Aegis luteocontexta é uma espécie de fungo considerado raro, descrito há cerca de 18 anos (Foto: Felipe Bittencourt)

Quem gosta de fazer caminhadas pelas florestas (ou até mesmo na cidade), e leva sempre o celular ou câmera fotográfica, poderá tornar-se colaborador de um projeto desenvolvido pelo grupo de pesquisa MIND.Funga, ligado ao Laboratório de Micologia (Micolab) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O grupo, como o nome indica, desenvolve projetos ligados ao inventário da comunidade de fungos, principalmente em Santa Catarina, para apoiar pesquisas, ações de extensão e de preservação dos fungos.

O MIND.Funga acaba de lançar um e-book gratuito chamado “Protocolo de Captura de Imagens de Macrofungos”. Este manual foi idealizado junto a um aplicativo de reconhecimento de espécies de macrofungos através de fotografias, que está sendo desenvolvido em parceria com o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Convergência Digital – INCoD/UFSC.

O protocolo dá dicas básicas para fazer boas fotografias de macrofungos. As orientações vão desde a preparação do cenário, passando por todos os ângulos do fungo que devem ser fotografados até informações importantes de serem registradas. Estes dados são essenciais não só para o aplicativo, mas para os taxonomistas e, consequentemente, para o registro e conhecimento da diversidade de fungos que temos em nosso país. O guia foi desenvolvido de forma multidisciplinar pela equipe do MIND.Funga juntamente com o Laboratório de Processamento de Imagens e Computação Gráfica da UFSC (Lapix).

O e-book é bilíngue (português e inglês) e já está disponível gratuitamente para download através do site mindfunga.ufsc.br ou através do link: bit.ly/mind-protocolo.

Fomitiporia nubicola é fungo degradador de madeira, encontrado até o momento somente na mata nebular (Foto: G. Alves-Silva)

“O protocolo tem como objetivo principal orientar o público a tirar fotografias que sejam relevantes do ponto de vista científico, visando a utilização destas imagens no processo de reconhecimento e registro da diversidade de fungos, registro de ocorrências e outros aspectos relacionados à micologia”, explica Kelmer Martins da Cunha, graduando em Ciências Biológicas e bolsista de Iniciação Científica do MIND.Funga.

Ciência Cidadã

O programa de ciência cidadã do MIND.Funga existe desde 2020 e é o primeiro do Brasil dedicado aos fungos. A primeira etapa está sendo desenvolvida em projeto de mestrado do Programa de Pós-graduação em Biologia de Fungos, Algas e Plantas (PPGFAP/UFSC) “Inovação no monitoramento de macrofungos em ecossistemas de altitude de Santa Catarina através de um programa de ciência cidadã”. O trabalho é desenvolvido por Mahatmã Titton no âmbito do projeto “MIND.Funga – Da pesquisa com macrofungos ameaçados de extinção das matas nebulares de Santa Catarina à inovação na identificação das espécies”.

Nesta primeira etapa, foram selecionados e treinados cerca de 30 colaboradores residentes em áreas pouco exploradas, envolvendo inicialmente comunidades do entorno das Florestas Nebulares de Santa Catarina. As florestas nebulares, também conhecidas como Matas de Neblina, são ecossistemas vegetais típicos de altitude. Os voluntários fornecem fotografias de macrofungos em seu ambiente natural, bem como dados associados (substrato, localização, data da imagem).

Qualquer um poderá em breve ser um colaborador científico, já que está sendo iniciado um projeto maior de ciência cidadã, onde através do aplicativo em desenvolvimento todos poderão enviar fotos para a base de dados do grupo de pesquisa. Ou seja, além de receber sugestões de nomes sobre o fungo que está sendo registrado, o usuário poderá contribuir para as pesquisas de acesso à diversidade com informações sobre as espécies registradas, inclusive de espécies que estão em perigo de extinção.

Antrodia neotropica é uma espécie de fungo considerada vulnerável pela IUCN (Foto Mahatmã Titton)

“Quando lançado, o aplicativo servirá como uma ferramenta digital de sugestão de nomes de espécies de fungos com base em inteligência artificial, e principalmente como uma ferramenta de ciência cidadã, onde a equipe do MIND.Funga poderá utilizar os registros feitos pelos usuários em pesquisas sobre a diversidade e conservação da Funga brasileira”, afirma Kelmer. O e-book possui um capítulo explicando um pouco mais sobre o aplicativo.

O grupo MIND.Funga tem apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), além de contar com a colaboração da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), da Sociedade Brasileira de Micologia (SBMIC), do INCT Herbário Virtual da Flora e dos Fungos, do Instituto Nacional para Convergência Digital (INCoD-UFSC), do Programa de Pós-Graduação em Biologia de Fungos, Algas e Plantas da UFSC (PPGFAP-UFSC) e do Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração: Biodiversidade de Santa Catarina (PELD-BISC).

Phlebia incarnata

Hygrocybe sp

Gloeosoma mirabile

Ramaria sp.

 

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