Estudo da UFSC avalia impacto do consumo de suco de juçara em exercício de alta intensidade

20/08/2021 09:46

Uma pesquisa desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Nutrição (PPGN) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) avaliou o impacto do consumo do suco de juçara em sessões de exercício intervalado de alta intensidade. O fruto é proveniente da palmeira Euterpe edulis Martius, também conhecida como palmiteiro juçara, e frequentemente encontrada na Mata Atlântica, desde o sul da Bahia até o norte do Rio Grande do Sul.

É um alimento semelhante ao açaí em aparência e sabor, sendo altamente nutritivo e pode ser benéfico à saúde – em parte, devido à sua elevada atividade antioxidante, conferida principalmente pela presença antocianinas. As antocianinas são pigmentos encontrados em vegetais que apresentam cores que variam do vermelho intenso ao violeta e azul, coloração encontrada no fruto juçara. Diversos estudos sobre os efeitos do consumo de sucos, polpas ou frutos ricos em antocianinas, avaliados por meio de intervenções agudas ou prolongadas, têm mostrado resultados positivos, como, por exemplo, o aumento da atividade antioxidante.

Em condições fisiológicas, o organismo humano conta com um integrado sistema de defesa antioxidante, que pode ser produzido pelo próprio organismo ou obtido por meio da alimentação. Esse sistema age contra o excesso de espécies reativas de oxigênio que podem causar oxidação de biomoléculas, lesões teciduais, dentre outros prejuízos ao organismo.

Durante o exercício, o consumo de oxigênio para a produção de energia é capaz de aumentar de 10 a 20 vezes em relação aos níveis de repouso, causando um aumento concomitante na produção de espécies reativas de oxigênio, que podem levar ao estresse oxidativo. Estudos sugerem que o consumo de alimentos ricos em antocianinas, como o fruto juçara, pode oferecer proteção antioxidante no exercício, independentemente da duração da intervenção.

Neste cenário, a doutoranda do PPGN/UFSC Cândice Laís Knöner Copetti realizou uma pesquisa ainda em seu mestrado com o objetivo de avaliar o efeito do consumo único do suco de juçara nos biomarcadores do estresse oxidativo e fadiga em indivíduos fisicamente ativos, antes e após uma sessão de exercício intervalado de alta intensidade HIIT (do inglês high-intensity interval training). O estudo proposto foi orientado pela professora Patricia Faria Di Pietro, coordenadora do Grupo de Estudos em Nutrição e Estresse Oxidativo (Geneo), e teve auxílio de bolsa da Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal e Nível Superior (Capes).

A pesquisa teve a participação de 15 voluntários do sexo masculino, com idades entre 21 a 28 anos e envolveu duas etapas com um intervalo de sete dias entre elas. Em uma das etapas, os participantes do estudo realizaram uma sessão de HIIT uma hora após o consumo de 250 ml de suco de juçara e, na outra etapa, a sessão de HIIT foi realizada uma hora após o consumo de 250 ml de água (bebida controle).

A partir de dosagens sanguíneas de uma hora antes do início da sessão, imediatamente após o término e de uma hora depois do fim da sessão de HIIT, evidenciou-se aumento do antioxidante não enzimático glutationa reduzida e redução do índice de estresse oxidativo. Além disso, foi observada redução da fadiga no grupo que consumiu o suco de juçara.

O estudo conclui que a valorização de uma fonte alimentar rica em antioxidantes, ainda pouco estudada em humanos, pode ser promissora no âmbito científico, socioeconômico, ambiental e nutricional. Sugere que futuras pesquisas devem examinar o uso do suco de juçara por um maior período de intervenção, em diferentes doses, bem como em outras condições de exercício, a fim de investigar possíveis alterações nestes e em outros parâmetros bioquímicos, fisiológicos, bem como avaliar a recuperação e desempenho do exercício.

A pesquisa ganhou o prêmio de melhor trabalho apresentado no III Congresso Sul Brasileiro de Nutrição Funcional que, diante da pandemia do coronavírus, foi unificado com o V Congresso Norte-Nordeste de Nutrição Clínica e Esportiva Funcional, realizado de forma remota nos entre os dias 14 e 16 de maio de 2020. Também recebeu o destaque Mérito Científico pela apresentação oral e ao vivo no Simpósio de Bioquímica do Exercício em Saúde, evento realizado pela PUC/PR, entre os dias 23 e 25 de junho de 2021.

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