Defesa da UFSC: audiência do reitor com presidente da Alesc após moção de repúdio proposta por deputado

13/07/2020 13:39

Reitor Ubaldo Cesar Balthazar visita o presidente da Alesc, Julio Garcia, nesta segunda-feira, 13 de julho. (Foto: Daniel Conzi/Alesc)

O reitor Ubaldo Cesar Balthazar visitou, nesta segunda-feira, 13 de julho, o presidente da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), Julio Garcia. A audiência ocorreu após a aprovação, no dia 7 de julho, de uma moção proposta por um deputado estadual que manifesta repúdio ao reitor e alega “paralisação total” da UFSC. Durante a audiência com o presidente, o reitor salientou as inúmeras ações da UFSC durante a pandemia de Covid-19 e reiterou a disposição da instituição em auxiliar Santa Catarina no enfrentamento da doença, inclusive oferecendo sua infraestrutura nos cinco campi.

Julio Garcia garantiu ao reitor que a moção não representa o posicionamento da Assembleia. “Reconhecemos, respeitamos a importância da UFSC e não concordamos com essa moção que foi aprovada”, ressaltou.

Ubaldo entregou um ofício que lista as principais iniciativas desenvolvidas pela UFSC desde 18 de março, data em que foram suspensas as atividades presenciais na Universidade. No documento, o reitor expressa “profunda decepção com representantes desse Parlamento que têm se servido do exercício de um mandato eletivo para ofender, agredir, desqualificar e imputar inverdades e leviandades à UFSC.” Julio Garcia disse que fará a leitura do ofício em plenária e dará ciência de seu conteúdo a todos os deputados.

Ofensas, ataques e críticas “sem qualquer fundamento”

Ubaldo escreve no ofício que as “ofensas não me atingem apenas como dirigente máximo, eleito pela comunidade e nomeado por ato do ministro da Educação. Ferem-me a honra como cidadão e especialmente como docente titular da instituição há mais de 40 (quarenta) anos. Além disso, repercutem no ataque a cada um dos docentes, pesquisadores, servidores técnico-administrativos e estudantes – estes da educação infantil, do ensino fundamental e médio, da graduação e pós-graduação”.

O reitor acrescenta que “tem havido críticas sem qualquer fundamento às medidas adotadas pela UFSC, particularmente à suspensão de aulas presenciais. No entanto, não são apenas críticas: são falsas acusações que imputam a todos os docentes e técnicos estarem sem desenvolver atividades enquanto recebem seus salários. Isso é muito grave! Da mesma forma, expressar manifestações desabonadoras restringindo-as apenas às atividades de ensino revela má fé, ignorância e leviandade. Uma universidade pública tem exatamente no tripé Ensino, Pesquisa e Extensão, sua maior marca, sua verdadeira essência. E a realidade, ignorada de maneira deliberada, revela o quanto a UFSC tem contribuído no período da pandemia”.

Ubaldo lista, no documento, o trabalho de docentes, técnicos e estudantes da UFSC na divulgação de medidas de prevenção e combate à Covid-19, como as inúmeras liveswebinars, vídeos, livros, boletins informativos e eventos on-line. Além disso, ressalta as pesquisas em andamento para vacinas e descobertas como a que identificou o vírus em amostras da rede de esgoto de Florianópolis de novembro de 2019. Ações de solidariedade, cursos abertos à população, capacitação de profissionais de saúde, campanhas informativas, produção de álcool 70, equipamentos médicos e de proteção individual, entre outras iniciativas foram abordadas na comunicação à casa legislativa. Confira o ofício na íntegra aqui.

O Sindicato dos Professores das Universidades Federais de Santa Catarina (Apufsc-Sindical) publicou, na última quinta-feira, dia 9, uma nota de resposta aos parlamentares. Na nota, a diretoria da Apufsc lembra que a moção de repúdio foi aprovada na mesma semana em que a UFSC chegou à nona posição no ranking das melhores universidades da América Latina, divulgado pelo Times Higher Education, além da aprovação de três projetos de pesquisa pelo CNPq para enfrentamento da Covid-19, inclusive um para o desenvolvimento de uma vacina contra o novo coronavírus. “Infelizmente, esses parlamentares também demonstram o desconhecimento sobre as condições de funcionamento de uma instituição de ensino multicampi como a UFSC, que está entre as 10 universidades com maior produção científica do País. Portanto, dizer que os recursos destinados à universidade estão sendo jogados no lixo, é ignorar a história de comprometimento da UFSC com a sociedade brasileira e catarinense. Já formamos profissionalmente milhares de jovens e grandes lideranças em todas as áreas e atividades, inclusive sete dos atuais 40 parlamentares catarinenses”.

Infraestrutura disponibilizada

O reitor levou ao conhecimento do presidente da Alesc, ainda, um ofício de 20 de março, enviado pela UFSC ao Governo do Estado e às prefeituras municipais de Araranguá, Blumenau, Curitibanos, Florianópolis e Joinville, colocando a infraestrutura da instituição à disposição.

Desde março a UFSC colocou ao dispor das autoridades municipais e estaduais a sua infraestrutura para criação de centros de apoio ao combate e tratamento da Covid -19, no intuito de oferecer unidades de apoio à triagem, ao acolhimento, ao acompanhamento e, se necessário, ao tratamento de pacientes;  a instalação de alojamentos/residências provisórias para profissionais de saúde; a utilização – dentro de parâmetros seguros – de estruturas para preparo ou fornecimento de refeições para profissionais de saúde; o apoio ao atendimento, via central telefônica, de ligações para esclarecimento de dúvidas e orientações, reduzindo as demandas das demais unidades de saúde; outras ações que o poder Executivo do Estado e dos municípios julgarem necessárias.

O presidente da Alesc disse que fará contato com as autoridades estaduais, especialmente a Procuradoria-Geral do Estado a respeito da oferta.

 

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