Editora da UFSC lança duas novas traduções da obra de Shakespeare
Se alguém estiver na rua, num restaurante, ou até mesmo numa igreja e escutar a expressão “Ser ou não ser” vai dizer quase imediatamente: “Eu conheço isso” e, também quase imediatamente: “É do Shakespeare”, para quem conhece um pouco de literatura, ou é daquele “cara” que escreveu “Romeu e Julieta”, para quem não é tão ligado assim nos livros.
O fato é que William Shakespeare, nascido na pequena Stratford Upon-Avon, cidade localizada na região central da Grã-Bretanha, é um daqueles escritores universais, que praticamente todo mundo já ouviu falar, e o dia de seu nascimento e morte mostram um pouco porque era uma pessoa iluminada: nasceu e morreu no mesmo dia, 23 de abril.
Suas obras transitam no teatro e no cinema, como Sonho de uma noite de verão, publicada agora pela Editora da UFSC, numa tradução bilíngue inglês-português assinada por Rafael Rafaelli. “Não por acaso, é uma das peças mais encenadas em todo o mundo, sendo, para muitos espectadores, o primeiro contato com a obra de Shakespeare.
Segundo Rafaelli, Sonho de uma noite de verão mantém uma relação curiosa com “Romeu e Julieta, pois parece emular de forma cômica o tema da tragédia na representação burlesca da peça dentro da peça denominada A mais lamentável comédia e a morte mais cruel de Píramo e Tisbe.
Tragédia
Rafael Rafaelli também assina a A tragédia de Macbeth, igualmente bilíngue em inglês e português e também publicada pela EdUFSC. O tradutor, por sinal, não economiza nos adjetivos para qualificar a obra escrita em cinco atos: “Densa, enigmática, estranha, sinistra”.
Supostamente escrita entre 1605 e 1606, há pistas de que tenha sido feita de encomenda para ser representada na corte do rei James I, que unificou as coroas da Inglaterra e da Escócia ao suceder Elizabeth I. James patrocinou a tradução da Bíblia para a língua inglesa e era um estudioso da demonologia, tendo pessoalmente interrogado algumas bruxas escocesas entre 1590 e 1591.
Cabe ao tradutor de Shakespeare, diz Rafaelli, optar, antes de tudo, por uma edição na qual seu trabalho se baseará. “No caso específico de Macbeth, as diferenças entre as várias edições modernas decorrem principalmente da pontuação e da grafia e da interpretação de determinadas linhas”, diz Rafaelli. “Cada tradução de William Shakespeare envolve um projeto específico”.
Artêmio Reinaldo de Souza/jornalista/UFSC