Projeto ‘Nossos Monumentos’ apresenta obras instaladas no campus universitário

12/08/2016 17:02
Foto: Henrique Almeida/Agecom/UFSC

Foto: Henrique Almeida/Agecom/UFSC

A Agência de Comunicação da UFSC (Agecom) inaugura, com a obra Boitatá Incandescente, instalada ao lado do Centro de Cultura e Eventos, o projeto “Nossos Monumentos”. Trata-se de uma série que pretende apresentar, a toda a comunidade, os monumentos espalhados pelo campus sede da UFSC, no bairro Trindade, em Florianópolis. A cada semana, contaremos a história de uma obra, com informações sobre seu autor e contexto de criação.

Boitatá Incandescente: uma homenagem a Franklin Cascaes

Uma cobra gigante de olhos brilhantes que serpenteia pelo céu e deixa um rastro de fogo por onde passa. Este é o boitatá, um dos personagens folclóricos mais temidos pelos primeiros moradores da Ilha de Santa Catarina. A “m-boy tatá” ou “cobra de fogo”, como era conhecida pelos nativos, aos poucos foi sendo “aportuguesada” pelos colonizadores açorianos e deixou de ser cobra para se tornar um boi. O olhar de Franklin Cascaes sobre a criatura folclórica, em seus textos e ilustrações, foi o que inspirou o artista Laércio Luiz na construção da escultura Boitatá Incandescente, um dos mais conhecidos monumentos da UFSC.

Foto: Henrique Almeida/Agecom/UFSC.

Foto: Henrique Almeida/Agecom/UFSC.

Com 15 metros de altura, construída com vigas metálicas da ponte Hercílio Luz, a obra foi instalada no campus em março de 2010, em meio às comemorações do aniversário de 50 anos da universidade e aos 284 anos de Florianópolis. Laércio Luiz conta que sempre foi um grande admirador do trabalho de Franklin Cascaes e também da ponte: “Desde criança eu passava pela ponte e dizia que queria ter um pedacinho dela pra mim, nem que fosse um parafuso.” Durante uma das etapas de reforma da Hercílio Luz, o artista teve a ideia de solicitar ao Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra) fragmentos da estrutura para que pudesse colocar em prática projeto da escultura que preparava há cerca de dez anos. Ele costuma dizer que “usou um patrimônio histórico para transformá-lo em outro”.

O projeto inicial tinha o objetivo de instalar a obra na Ponta do Coral ou no Parque da Luz, mas o Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (Ipuf) vetou as duas propostas. Então a solução encontrada foi inserir a obra no campus da UFSC, criando um espaço para homenagear Franklin Cascaes. O projeto paisagístico do local que recebeu a escultura foi elaborado pelo professor do curso de arquitetura da UFSC, César Floriano, em parceria com os professores Orestes Alarcon, do departamento de Engenharia Mecânica, e Moacir Carqueja, da Engenharia Civil, além do apoio do setor de Cultura e Eventos.

A praça Franklin Cascaes foi construída ao lado do “laguinho”, junto ao Centro de Cultura Eventos. Ela é composta por um deck de madeira e uma mandala de azulejos, com 14 ilustrações de diferentes boitatás, criados por Cascaes. “A ideia era criar um espaço que permitisse a contemplação do Boitatá Incandescente, pois é uma estrutura muito grande para ser vista de perto”, diz César Floriano. E para unir cultura e tecnologia, Laércio Luiz instalou um painel de led no olho do boitatá, além de câmeras que transmitem imagens do campus pela internet. Os equipamentos foram ligados nas células fotovoltaicas que existem em alguns prédios da universidade.

Foto: Henrique Almeida/Agecom/UFSC.

Foto: Henrique Almeida/Agecom/UFSC.

A pedagoga do Museu de Arqueologia e Etnologia da UFSC (MarquE), Sandra Carrieri, explica que Franklin Cascaes produziu dezenas de ilustrações do boitatá e que, para cada uma delas, o autor criou uma história. Muitas dessas ilustrações fazem parte da exposição Cascaes no MarquE, que reúne algumas das principais obras do artista. Sandra ainda acrescenta que “o autor utilizava o boitatá como forma de projetar sua angústia. Em alguns dos seus escritos, ele fala sobre os medos do homem, o lado negro ou o ‘monstro’ que habita o ser humano”.

Giovanna Olivo/Estagiária de Jornalismo/Agecom/UFSC

Tags: Boitatá Incandescentecampus TrindadeFranklin CascaesLaércio LuizPonte Hercílio LuzProjeto Nossos MonumentosUFSC