UFSC na Mídia: Prédio da Reitoria e Praça da Cidadania devem ser tombados como patrimônio histórico

23/06/2016 12:33

Florianópolis deve ter mais um patrimônio histórico quando o novo Plano Diretor for homologado pela prefeitura. Ao menos esta é a expectativa do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), que pede a inclusão do prédio da reitoria e da praça da Cidadania, projetada pelo urbanista Roberto Burle Marx, no documento que orienta a política de desenvolvimento e ordenamento da expansão da cidade como “área de interesse patrimonial”. “A praça está prestes a ser tombada como patrimônio histórico para honrar o trabalho de Burle Marx, considerado o mais importante paisagista do século 20, orgulho da UFSC”, escreveu o reitor em sua página no Facebook.

Segundo o chefe do Departamento de Arquitetura e Urbanismo, César Floriano dos Santos, o pedido de tombamento tem como principal motivo resguardar o patrimônio modernista. “Assim, a praça e o prédio da reitoria seriam os primeiros edificações modernas a serem preservadas na cidade. Há outras indicações, como o prédio do LIC [Lagoa Iate Clube], que também é do Burle Marx, já que também representa o período da modernidade”, disse.

Com o tombamento, a universidade acredita que seria mais fácil conseguir financiar uma obra de restauração dos espaços. “O local será tombado do jeito que está, impedindo novas intervenções, construções ou mesmo a demolição. O tombamento resguarda a praça para que, em um momento oportuno, se faça uma restauração. O encontro com o reitor [na semana passada] foi para tentar elaborar um projeto de restauração, pelo menos, da parte em frente à reitoria”, resumiu Floriano.

A praça da Cidadania da UFSC faz parte de uma fase de Burle Marx entendida como “intermediária”, nem tanto para o lado da arte concreta, nem a tramas mais complexas como no calçadão de Copacabana, no Rio de Janeiro. A obra no campus da UFSC foi idealizada na década de 1960, com apoio do urbanista José Tabacow, e ganhou destaque entre as obras modernistas por conta do jardim em meio à passagem dos pedestres.

Processo começou em 2009

O primeiro pedido de tombamento da praça da Cidadania e do prédio da Reitoria foi feito em dezembro de 2009, durante a 1ª Oficina para Revitalização da Praça da Cidadania. Foi naquela época que solicitações semelhantes foram feitas em outras cidades brasileiras. No Rio de Janeiro, por exemplo, a prefeitura tombou 84 projetos paisagísticos de Roberto Burle Marx. O acervo inclui jardins, painéis e esculturas em áreas públicas e privadas.

Durante a oficina, o urbanista José Tabacow informou que, na época de implantação do jardim de Burle Marx na UFSC, trabalhava em cerca de 300 projetos do gênero. Ele relembrou as etapas para elaboração da proposta de um jardim e lamentou o fato de que ao serem implantadas se tornam tão vulneráveis a interferências.

O paisagista Roberto Burle Marx

– Nasceu em São Paulo, no dia 4 de agosto de 1909, e passou a morar no Rio em 1913. De 1928 a 1929, estudou pintura na Alemanha. Lá, tornou-se frequentador do jardim botânico de Berlim, principalmente das estufas com flora brasileira. Seu primeiro projeto paisagístico foi para a arquitetura de Lúcio Costa e Gregori Warchavchik, em 1932.

– Tornou-se reconhecido internacionalmente como o mais importante paisagista do século 20.

– Projetou aproximadamente 1 mil jardins no Brasil e exterior.

– Na Região Sul sua presença foi mais marcante em Santa Catarina, em particular na cidade de Florianópolis.

– Entre sete projetos realizados no Estado, os dois mais expressivos foram concretizados na Capital: o Parque Dias Velho, no aterro da baía Sul, e o jardim da UFSC.

– Além de paisagista, Burle Marx foi também desenhista, pintor, tapeceiro, ceramista, escultor, pesquisador, cantor e criador de joias.

– Como paisagista, foi o autor de alguns dos endereços mais divulgados do Brasil, como o calçadão de Copacabana e o aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro; o Conjunto da Pampulha, em Belo Horizonte; o Eixo Monumental, em Brasília, entre outros.

– Foi apelidado por Tarsila do Amaral como “poeta dos jardins”.

– Morreu em 1994, como uma referência no talento de fundir o verde e o concreto.

 Texto de Rafael Thomé, publicado em 22 de junho de 2016 no Notícias do Dia.
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