Secretário de Educação Superior do MEC participou de debate na UFSC

15/09/2015 12:04

Visita do Secretário de Educação Superior  do MEC, Jesualdo Farias (à esquerda, com o Professor Edson Bazzo e a Reitora Roselane Neckel) - Foto Henrique Almeida-12O secretário de Educação Superior do Ministério da Educação, Jesualdo Farias, disse na quinta-feira, 10 de setembro, que a legislação brasileira atrapalha as relações entre a universidade e o setor industrial. Ele participou de debate no CTC, na última quinta-feira, sobre o futuro da Engenharia, junto com a reitora Roselane Neckel, o ex-Gerente de Tecnologia da Transpetro e ex-presidente da Refinaria Abreu e Lima, da Petrobrás, Marcelino Guedes, e os professores Acires Dias e Edson Bazzo. A proposta da discussão era avaliar e planejar e avaliar o perfil do profissional de Engenharia quer oferecer e de que perfil a sociedade brasileira precisa até 2026.

Marcelino afirmou que a pesquisa científica desenvolvida no Brasil é pouco aproveitada economicamente e que falta visão global para nosso mercado. “Investimos poucos em tecnologia e inovação, investimos pouco em negócios. Os jovens estão pensando 20 anos à frente dos professores”, considerou. Para ele, a academia não está construindo o profissional do futuro e nesse ponto é importante ver que o papel dos professores na construção desse profissional muda a cada dia, mas a função de desenvolver curiosidade pelo saber deve ser permanente.

A plateia do debate incluía vários professores e ex-professores, especialmente das Engenharias Mecânica e de Materiais, entre eles o ex-reitor da UFSC Álvaro Prata. Também havia muitos alunos, a quem Marcelino aconselhou que desde o início de suas carreiras escolhessem uma especialidade e investissem nela. “A visão generalista vem mais adiante, com a experiência e os cabelos brancos”, disse. Durante sua fala, criticou ainda a proibição de que os professores passem mais que 120 horas por ano em programas e de pesquisas e inovação junto ao setor industrial.

Jesualdo Farias fez Mestrado e Dourado na UFSC

Jesualdo concordou que há preconceito em relação ao trabalho com o setor privado no ensino superior, mas ressaltou: “Preconceito que não existe aqui. O curso de Engenharia Mecânica da UFSC sempre buscou relações com a indústria”. Formado nos programas de Mestrado e Doutorado em Engenharia Mecânica da UFSC, ele iniciou sua fala agradecendo os professores que teve. Ele citou vários dados para exemplificar o baixo impacto da produção científica brasileira. Observou ainda que 1,7% das empresas brasileiras inovaram ou diferenciaram seus produtos e que estas respondem 25,9% do faturamento industrial e 13,2% da geração de empregos no país.

Assim, defendeu mudança radical para permitir que o professor universitário participe das atividades da indústria, de acordo com a determinação e autonomia de cada instituição. “Temos vários casos de processos contra professores que trabalharam para criar novas tecnologias junto ao setor industrial”, apontou. Disse também que o Brasil ainda forma poucos engenheiros, mesmo depois do processo de expansão universitária iniciado em 2003. Mas, ao contrário de Marcelino, posicionou-se contra o que chama de especialização prematura, que, para, ele, não contribui: “No Brasil, temos mais de cem tipos de cursos de Engenharia. Nos Estados Unidos, Europa e Ásia, são uns oito, no máximo 12”, ponderou.

Ex-reitor Erich Stemmer foi lembrado no encontro

A reitora destacou que encontrar caminhos para preservar o equilíbrio nas relações entre indústria e academia é o grande desafio da administração universitária no Brasil. “Não se pode confundir proteção legal a professores e alunos com burocracia”, ressaltou. Assim como Jesualdo, defendeu a função holística e da abordagem multidisciplinar para que a Universidade atue na solução dos problemas que acometem a população de todo o mundo, entre eles questões relacionadas a energia, água, produção de alimentos, meio ambiente, pobreza, educação, terrorismo e guerra.

Durante quase todo o encontro, ficou no telão do auditório, como homenagem, a imagem do reitor da UFSC entre 1976 e 1980, Caspar Erich Stemmer, falecido em dezembro de 2012. Sobre ele, Roselane qualificou como “inegável sua capacidade para trabalhar e perseguir um sonho. E a Engenharia Mecânica é um exemplo disso”.

 

Tags: CTCengenharia de materiaisEngenharia MecânicaMECMinistério da EducaçãoSecretaria de Educação SuperiorUFSC