XXVIII Simpósio Nacional de História até sexta-feira na UFSC
Com a temática Lugares dos historiadores: velhos e novos desafios, o XXVIII Simpósio Nacional de História foi aberto oficialmente na noite de segunda-feira, 27 de julho, e deve receber 5,5 mil participantes até esta sexta-feira, 31. O encontro é promovido pela Associação Nacional de História (ANPUH) e realizado conjuntamente por UFSC e UDESC.
Na cerimônia de abertura, realizada no auditório Garapuvu do Centro de Cultura e Eventos da UFSC, a reitora Roselane Neckel, que é e historiadora, destacou “a possibilidade de formar pessoas e sujeitos que reflitam, pensem e façam a crítica do imediatamente dado. A História trabalha com esta questão: a formação de cidadãos e cidadãs que vejam além do que está aparente, ou seja, que pensam, refletem e discutem. Nós historiadores temos uma responsabilidade muito grande na formação dos cidadãos e cidadãs, por sermos métiers de, por exemplo, escrever no futuro sobre o presente. Este é o grande desafio: como os historiadores escreverão a história do nosso presente. Ao mesmo tempo, nós, como historiadores, devemos sempre defender, com toda a nossa energia, a ordem democrática, a democracia. Combater, de forma intransigente, todo tipo de preconceito”.
O professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e presidente da ANPUH, Rodrigo Patto Sá Motta, frisou o papel dos historiadores na formação dos cidadãos do Brasil e a contribuição que devem dar para o debate político. “A História é um elemento do debate político e frequentemente manipulada por determinadas forças políticas em benefício dos seus próprios projetos. O papel dos historiadores é de não permitir que a história seja manipulada nessa direção. Um exemplo disso é que muitas pessoas têm defendido uma nova intervenção militar no Brasil com o argumento de que a ditadura brasileira nos anos 1960 e 1970 foi um período histórico positivo para o país. Isso é uma maneira utilizar a História pra justificar uma determinada ação política no presente. Os historiadores devem mostrar à sociedade brasileira o que foi esse período autoritário, o significado da ditadura, para que as pessoas tenham condições de fazer suas escolhas”.
Representante da comissão organizadora, Tania Regina de Luca destacou o tamanho e caráter democrático do evento. “Os simpósios da ANPUH são sempre grandes. Temos mais de cinco mil pessoas inscritas, mais de mil trabalhos que serão apresentados, quase 300 professores envolvidos na coordenação de minicursos e oficinas. Outra característica é de ser um congresso democrático. A Anpuh incentiva os mestrandos, os doutorandos, as pessoas que estão em processo de informação e os nossos graduandos a participarem dos eventos. O mestrando e o doutorando têm a oportunidade de, nos simpósios temáticos, estar ao lado da sua bibliografia. Aquele nome que ele só conhece na biblioteca ele pode encontrar ao vivo e em cores, e ter o seu trabalho comentado por esse professor importante e representativo”.
A historiadora Laura de Oliveira recebeu, no palco, o livro resultado de sua tese de doutoramento, Publicar ou perecer: a edições GRD, a política da tragédia e a campanha anticomunista no Brasil (1956-1968), defendida no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Goiás (UFG). Laura conquistou o primeiro lugar no 4ºPrêmio Tese Anpuh Prof. Manoel Luiz Salgado Guimarães e foi presenteada com a publicação.
Houve também um minuto de silêncio em homenagem aos professores Arlette Medeiros Gasparello e Theo Lobarinhas Piñeiro, ambos da Universidade Federal Fluminense (UFF), recentemente falecidos.
Antes da solenidade, houve a apresentação do grupo Arvoredo, especializado em chorinho. Até esta sexta-feira, 31 de julho, sempre às 18h, o hall do auditório Garapuvu será palco de apresentações de grupos musicais: na terça, 28, o grupo Às próprias (MPB); na quarta, 29, o Tocotambro (música/dança afro); na quinta, 30, o Giracoro (música regional); e na sexta, o Vento-Sul (música latino-americana).
Programação
O programa Santa Afro Catarina também participa do simpósio com os roteiros culturais Cruz e Souza, Quitandas, Rosário e Ribeirão da Ilha. As vagas são limitadas a 25 por roteiro. Os interessados devem enviar e-mail para santaafrocatarina@gmail.com, indicando o dia e o roteiro escolhidos, que receberão instruções.
O leque de discussões é vasto: são 120 simpósios temáticos, abrangendo de história da África a relações entre religião e política, passando por violência contra as mulheres; estudos de gênero; metodologias de ensino; história da infância, da loucura, da saúde e da doença; música, teatro, esporte, cinema, movimentos sociais, meio ambiente, entre outros.
Entre os destaques estão as mesas-redondas Diálogos contemporâneos, que reúnem historiadores de renome em discussões sobre problemáticas atuais do ofício, como a inserção nos mercados editorial e de trabalho, feminismos e cultura indígena. Os debates serão realizados nos dias 29 e 30 de julho, a partir das 10 horas.
Mais informações e programação completa no site do evento.
Cronograma das conferências
Terça-feira, 28 de julho
19h às 21h
O historiador, entre utopistas e migrantes – por uma releitura da história do falanstério de Saí.
Laurent Vidal (Université de La Rochelle).
Mediadora: Tania Regina de Luca (Unesp/Assis).
Local: auditório do Espaço Físico Integrado (EFI).
19h às 21h
Judiciário, trabalhador rural e órgãos policiais/militares. Reescritas historiográficas.
Antonio Torres Montenegro (UFPE).
Mediador: José Luciano Queiroz (UFCG).
Local: auditório da Reitoria.
19h às 21h
In Search of the Amazon: Brazil, the United States, and the Nature of a Region.
Seth Garfield (Universidade do Texas).
Mediador: Henrique Espada Rodrigues Lima Filho (UFSC).
Local: auditório do Centro de Cultura e Eventos.
Quarta-feira, 29 de julho
19h às 21h
O lugar das historiadoras: feminismos e relações de gênero.
Joana Maria Pedro (UFSC)
Mediadora: Marluza Marques Harres (Unisinos)
Local: Auditório do Centro de Cultura e Eventos
19h às 21h
Sou ainda uma Brazilianist?
Barbara Weinstein (New York University).
Mediador: Alexandre Fortes (UFRRJ).
Local: auditório da Reitoria.
19h às 21h
Imagens e mapas: para além do visível
Maria de Fátima Costa (UFMT).
Mediadora: Nucia Alexandra Silva de Oliveira (Udesc).
Local: auditório do Espaço Físico Integrado.
Sexta-feira, 31 de julho
18h30 às 20h30
Conferência de encerramento: Sérgio Buarque de Holanda e Monções – Historia, Historiografia e Edição.
Laura de Mello e Souza (FFLCH/USP é titular da Cátedra de História do Brasil da Universidade de Paris IV – Sorbonne).
Mediadora: Maria Bernardete Ramos Flores (UFSC).
Local: auditório do Centro de Cultura e Eventos.
Fotos: Henrique Almeida/Agecom/DGC/UFSC
- Reitora da UFSC, Roselane Neckel, Foto: Henrique Almeida/Agecom/DGC/UFSC
- Presidente da Anpuh, Rodrigo Patto Sá Motta lembrou papel dos historiadores. Foto: Henrique Almeida/Agecom/DGC/UFSC
- Tania Regina de Luca destacou tamanho e caráter democrático do evento. Foto: Henrique Almeida/Agecom/DGC/UFSC
- Mesa da solenidade de abertura. Foto: Henrique Almeida/Agecom/DGC/UFSC
- Laura de Oliveira, vencedora do 4º Prêmio Tese Anpuh. Foto: Henrique Almeida/Agecom/DGC/UFSC
- Público lotou auditório Garapuvu. Foto: Henrique Almeida/Agecom/DGC/UFSC
- Apresentação de chorinho do grupo Arvoredo. Foto: Henrique Almeida/Agecom/DGC/UFSC