UFSC na Mídia: Projeto de SC é escolhido para auxiliar na produção de cosméticos

10/07/2013 08:49

Pesquisadora Sandra Regina Ferreira- foto Daniel Conzi/ Agência RBS

Um trabalho desenvolvido pela professora Sandra Regina Salvador Ferreira, do Departamento de Engenharia Química e Alimentos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) pode ser o aliado da gigante Natura para aumentar a rentabilidade da empresa ao pesquisar o uso de algumas matérias-primas como substâncias eficazes contra o envelhecimento e a celulite.

Competindo com outras 94 investigações inscritas, a pesquisadora florianopolitana Sandra Regina Ferreira, de 48 anos, teve um dos sete projetos aceitos pela maior fabricante de cosméticos de capital nacional e que vendeu R$ 6,45 bilhões em produtos no ano passado.

Sandra e uma bolsista, que ainda será definida pela professora, devem começar a trabalhar com recursos da empresa no laboratório da UFSC entre setembro e outubro. A verba estimada para a pesquisa é de R$ 370 mil para trabalho de três anos.

No projeto apresentado à empresa, Sandra previu que as sobras do café e do maracujá, utilizados para a fabricação de cosméticos, poderiam render a extração de mais compostos antienvelhecimento e anticelulite, presentes nos alimentos.

Técnica potencializa os compostos dos alimentos

O que deve ser desenvolvido nos próximos meses em Florianópolis talvez não estude mais as duas matérias-primas, porque a Natura está definindo com a pesquisadora qual o produto com maior potencial de venda e, desta forma, em que alimentos investirá no momento.
Mas a tecnologia empregada é a mesma do trabalho atual de Sandra. Esta técnica é que interessa ao mercado e aos consumidores: potencializar, de forma sustentável, os compostos que estão presentes nos alimentos e que são descartados sem que se extraia tudo o que eles têm a oferecer.

— Quando vi o edital, percebi que nosso grupo de pesquisa (o Grupo de Extração Supercrítica) se enquadrava com a cara de produtos que a Natura quer, com menos impacto ambiental. Trabalho há muito tempo com a tecnologia green e a agregação de valor a partir do uso de resíduos que são descartados — explica Sandra.

Tecnologia verde tem pouco uso

A tecnologia verde trabalhada pela equipe da pesquisadora na UFSC é sustentável porque utiliza o CO2 para extrair vários compostos — como os que previnem o envelhecimento e a celulite — existentes nas matérias-primas usadas pela indústria de cosméticos  (veja na arte detalhes de como é feito este processo).

Sandra comenta que há muita produção de conhecimento nas universidades sobre a tecnologia, porém ainda existe uma distância grande para seu uso eficaz pelas indústrias.

— Se fala muito nisso, mas há pouca aplicação, tanto pelo custo inicial do investimento, que é maior, e também porque o Brasil importa esta tecnologia. A Natura ainda não a utiliza, mas deu um passo positivo e propositivo para avaliar a qualidade dos extratos obtidos a partir dela e assim decidir se vai aplicá-la nos seus processos.

No laboratório do Departamento de Engenharia Química e de Alimentos, a professora faz questão de mostrar o equipamento que os alunos utilizam para realizar suas pesquisas.

Entre amostras de pimenta rosa, café e outras especiarias, matérias-primas escolhidas para as experiências, lá está o “extrator supercrítico” que torna possível a separação dos compostos existentes em cada alimento para análise e, quem sabe, para futura aplicação na indústria.

Como se o ambiente fosse sério demais, com cilindros de CO2, tubos de ensaio e medidores de pressão, os estudantes orientados por Sandra amarraram uma fita cor-de-rosa do Senhor do Bonfim no equipamento com nome complicado. Logo acima dele, uma folha sulfite guarda o mantra dos pesquisadores: Keep Calm and vai Lurdinha. A pesquisadora explica, apontando para o extrator:

— Esta é a Lurdinha. E esta fita amarrada é para nos dar sorte — completa, com uma risada.

Fonte: Claudia Nunes/ Economia/ Diario Catarinense – 10 de julho de 2013

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