Congresso em Joinville debate necessidades e soluções para o transporte

06/11/2012 09:37

O Campus Joinville foi um dos promotores do XXVI Congresso da Associação Nacional de Pesquisa e Ensino em Transportes (Anpet), entre 28 de outubro e primeiro de novembro. A cidade foi escolhida como sede para o encontro exatamente por causa do pioneirismo da Universidade ao criar lá o Centro de Engenharias da Mobilidade lembrou o presidente da Anpet, professor Orlando Fontes Lima, durante o evento. Pesquisadores, empresas, representantes governamentais e instituições de educação reuniram-se para discutir as necessidades e o futuro do setor, em palestras, mesas redondas e debates. O assunto que mais chamou a atenção foi a mobilidade urbana, assunto da palestra do arquiteto e urbanista espanhol Francesc Ventura, um dos idealizadores do projeto de transporte de Barcelona, apontado como referência mundial. Mas foram levantadas também questões sobre custos de transporte de passageiros e cargas, propriedades físicas e materiais utilizados em veículos e vias, legislação, meio-ambiente e outros mais.

A mesa-redonda O Custo do Transporte Urbano, uma das primeiras, na manhã do dia 29, reuniu João Renato de Castro (da empresa de transporte florianopolitana Insular), Pedro José Oliveira Lopes ( da Federação das Empresas de Transporte de Cargas e Logística de Santa Catarina -Fetrancesc) e o professor Carlos David Nassi, da UFRJ. No

Professor Acires Dias- Diretor do Campus de Joinville

debate, que inicialmente tratou de questões técnicas sobre cálculo de custos e planilhas para estabelecer preços de passagens, logo passaram a discutir a necessidade das diferentes modalidades de transportes de carga e passageiros e da integração entre elas, conhecida como intermodal. Diante do crescimento do PIB e das necessidades que esse aquecimento impõe ao sistema de logística, Lopes alertou: “a economia brasileira ainda está nas costas do caminhão”. O evento encerrou-se na quinta-feira, primeiro de novembro, com visitas técnicas ao Porto de Navegantes, à Administradora Rodoviária AutopistaLitoral Sul e à Sede Joinvilense da empresa siderúrgica Arcelor Mittal.

 Diretor do Campus  presenta conceito e modelo do CEM

Em sua palestra, o professor Acires Dias, diretor do Campus Joinville, apresentou o modelo pedagógico do Centro de Ensino de Mobilidade (CEM). A principal característica, aponta, é a visão holística, que, ao invés do modelo de divisão por departamentos, privilegia a noção de centro de ensino. Inicialmente, o aluno estuda por três anos. Nos dois primeiros, conhece os fundamentos da Engenharia. É o Primeiro Ciclo. O Segundo é no terceiro, até graduar-se como bacharel interdisciplinar em Mobilidade, aproveitando as disciplinas que melhor convirem a sua preferência de formação e ênfase, e especializando-se em Mobilidade Veicular ou Mobilidade de Transportes. O Terceiro Ciclo é no quarto e quinto anos, quando escolhe conhecimentos mais específicos e completa bacharelado em Engenharia dentro de uma dessas ênfases: Engenharia Naval, Aeroespacial, Automotiva, Ferroviária e Metroviária, Mecatrônica, de Infraestrutura ou de Transporte e Logística.
Durante a palestra, ele citou matéria publicada em maio deste ano no jornal O Estado de São Paulo que aponta a Engenharia de Mobilidade como uma das principais profissões em alta no mercado. Ressaltou ainda os fundamentos de prioridade de integração dos sistemas técnicos, gestão da ocupação espacial desses sistemas e planejamento, projeto e implementação da infra-estrutura. Também colocou como referências filosóficas a mobilidade para todos, a prioridade das pessoas sobre os veículos, a economia de energia, mitigação de riscos ambientais e a sustentabilidade. “É preciso repactuar o uso das vias”, resumiu.
A vice-reitora Lucia Pacheco participou da cerimônia de abertura do Congresso e chamou a atenção para o papel fundamental do encontro e da área de conhecimento representada pelo Centro de Mobilidade: “traz uma proposta nova de entender transportes em todos os seus aspectos, tanto da logística quanto toda a parte veicular”.

Mobilidade Urbana: a solução de Barcelona

O professor Francesc Ventura, da Escola Politécnica da Catalunha, apresentou três vezes a palestra Pacto de Mobilidade Urbana de Barcelona na sua passagem por Santa Catarina. Em Joinville, falou no Congresso e na Associação dos Municípios do Nordeste de Santa Catarina (Amunesc); também esteve no Auditório da Engenharia de Produção, em Florianópolis.
Ventura lembrou de como a visão sobre o transporte em Barcelona foi alterada após as Olimpíadas de 1992. Na ocasião, o pesado investimento em mobilidade com ênfase em automóveis não surtiu os efeitos desejados e foi preciso rever todo o sistema. De lá para cá, foi criada uma ação integrada entre usuários, órgãos públicos, administração e empresas, a fim de reverter esse quadra. Mas cada cidade deve criar suas próprias soluções, de acordo com suas características, destaca. Ainda assim, há princípios que considera universais: “essencial na mobilidade urbana é conseguir que a maior parte dos deslocamentos possam se realizar em um entorno próximo, porque isso vai gerar muitos deslocamentos a pé. E tudo aquilo que reduzir os deslocamentos motorizados”.
Salientou ainda a importância de colocar a mobilidade como questão de Estado, não de governo. “Não é responsabilidade de uma administração ou de outra administração ou de um coletivo social ou profissional, é responsabilidade de todos. Até que encontremos um bom mecanismo de relação, de colaboração, os problemas são maiores. Quando somos capazes de sentar todos ao redor de uma mesa, então é quando se encontram as soluções.

Fábio Bianchini/ TvUFSC/UFSC
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Fotos: Henrique Almeida/Agecom/UFSC

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