Processo que gera 11% a mais de álcool combustível durante fermentação será premiado nesta quarta-feira

30/05/2012 07:55

Artigo publicado na revista Metabolic Engineering e assinado por pesquisadores da UFSC, Universidade de São Paulo (USP) e Delft University of Technology (Holanda) será reconhecido nesta quarta-feira, 30 de maio, com o 3º Prêmio TOP Etanol – Projeto Agora, na categoria Trabalhos Acadêmicos Publicados. A premiação será entregue em Brasília.

O trabalho (Engineering topology and kinetics of sucrose metabolism in Saccharomyces cerevisiae for improved ethanol yield), por alguns meses entre os mais acessados do periódico científico, foi inscrito no concurso por Thiago Olitta Basso. Formado em Farmácia Bioquímica pela Universidade de São Paulo, Basso desenvolveu seu doutorado em Biotecnologia na USP, sob orientação do professor Andreas K. Gombert, trabalhando em um projeto do professor Boris Ugarte Stambuk, do Departamento de Bioquímica da UFSC e orientador do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia da USP.

O projeto contou com a participação de alunos da USP e da Pós-Graduação em Bioquímica da UFSC, sob coordenação do professor Stambuk,  também orientador do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia e Biociências da universidade catarinense.

Mais álcool combustível
A pesquisa possibilitou o desenvolvimento de leveduras mais eficientes para a fermentação da sacarose da cana de açúcar e melhoria da produção de etanol. O processo de modificação genética faz parte de um pedido de patente já depositado pela UFSC no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).

As leveduras modificadas, testadas em condições laboratoriais controladas, possibilitaram a produção de 11% a mais do álcool combustível. O etanol é produzido a partir do açúcar presente no caldo e no melaço da cana, por meio da ação de fungos microscópicos, as leveduras, responsáveis pelo processo de fermentação.

Uma preocupação relacionada à produção de álcool para substituir os combustíveis fósseis é o avanço das áreas de cultivo da cana-de-açúcar, e qualquer incremento na produção de etanol sem implicar no aumento na área plantada é muito bem vista pelo setor.

Modificação genética
Stambuk explica que a modificação genética da levedura para melhor fermentação da sacarose faz parte do que atualmente a ciência chama de engenharia metabólica. Em testes iniciais, desenvolvidos na UFSC e USP, o estudo já havia resultado em 5 a 6% a mais de etanol usando as leveduras modificadas.

Na sequencia dos trabalhos, Thiago Basso, em colaboração com pesquisadores da Holanda, realizou experimentos de engenharia evolutiva visando melhorar ainda mais o processo. O professor explica que, simplificadamente, a engenharia evolutiva consiste em cultivar as leveduras em biorreatores extremamente controlados (equipamentos chamados de quemostatos), por inúmeras gerações, o que geralmente permite selecionar leveduras melhor adaptadas que tendem a dominar o fermentador.

Basso foi capaz de isolar uma levedura melhorada após aproximadamente 50 gerações. Ele estudou a fisiologia destes microorganismos e observou que um dos genes envolvidos na utilização da sacarose tinha sofrido uma duplicação, o que alterou a capacidade da célula de captar, processar e fermentar este açúcar.

Atualmente, graças a um auxílio financeiro da Finep, as leveduras modificadas estão sendo testadas pela Usina Cerradinho Açúcar e Álcool, de São Paulo. Os resultados obtidos com as leveduras industriais engenheradas têm sido promissores.

Mais informações:
– Thiago Olitta Basso / to.basso@gmail.com / (41) 9165-0867
– Boris Ugarte Stambuk / bstambuk@mbox1.ufsc.br / (48) 3721-6919

Por Arley Reis / Jornalista da Agecom

Saiba Mais: Prêmio Top Etanol

– Tem como objetivo distinguir trabalhos e seus autores em temas relativos à agroenergia, bem como personalidades que tenham contribuído de forma acentuada para o setor.

– Nas modalidades de Jornalismo e Trabalhos Acadêmicos destaca matérias, estudos e pesquisas que abordem a importância da agroenergia e/ou a interação desta com questões relativas ao meio ambiente, sustentabilidade e proteção ambiental.

– De acordo com os organizadores, concorreram ao todo 110 trabalhos de jornalismo (impresso, televisivo, rádio, agências e internet); 143 fotografias; 87 trabalhos acadêmicos e nove projetos de inovação tecnológica sobre o tema “Agroenergia e Meio Ambiente.”

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