Galeria de Arte da UFSC mostra instalações e cerâmicas de Rosana Bortolin
Na exposição Habitar Ninhos a ceramista faz uma analogia entre habitações humanas e os ninhos que os animais constróem para o seu bem-estar e reprodução.
Abre nesta terça-feira, dia 14 de setembro, na Galeria de Arte da UFSC, a exposição individual “Habitar Ninhos”, com instalações e objetos em cerâmica, da artista plástica Rosana Bortolin. No total, são cerca de quatro instalações e uma dezena de peças em cerâmica, mostrando casulos, casas ou ninhos, em que a poética da artista questiona atitudes do cotidiano, como as moradas enquanto
espaço de habitação ou de reprodução da vida. A exposição poderá ser vista pelo público até o próximo dia 1º de outubro, de segunda a sexta-feira, das 10h às 18h.
Rosana Bortolin nasceu em Passo Fundo (RS) e graduou-se em Desenho e Plástica em sua cidade natal, onde também cursou especialização em Cerâmica. É mestranda na Escola de Comunicações e Artes da USP e professora no Centro de Artes da Udesc, em Florianópolis. Freqüentou cursos ministrados por mestres da escultura nacional como Vasco Prado, Francisco Stockinger, Katsuko Nakano, Norma Grinberg
e Mário Cladera. Nas suas participações em cursos e simpósios no exterior, deixou obras em Cuba, Espanha e Portugal. Entre coletivas e individuais, expôs em várias cidades catarinenses e ainda em Passo Fundo, Porto Alegre, São Paulo, Curitiba, Santos (SP), Madri, Santa Cruz de la Sierra (Bolívia), Camaguey (Cuba) e Santiago do Chile.
Rosana Bortolin em sua exposição individual Habitar Ninhos apresenta esculturas e instalações com terra crua e cerâmica que mostram casulos, casas ou ninhos, procurando com esse tema questionar atitudes relacionadas ao cotidiano e, ao mesmo tempo, refletir sobre questões formais, poéticas, arquitetônicas e simbólicas com que se depara no processo de criação e na vida. Esta pesquisa realizada pela artista é o objeto de estudo da sua dissertação do mestrado em poéticas que realiza na ECA/USP.
Concebidos quando a artista estava grávida, ocasião em que banhava o seu corpo com barbotina (argila líquida), muitos trabalhos resultam da experiência que Rosana fez do seu próprio corpo como ninho, como suporte de morada: casa de si mesma e casa de formação de outro ser. Como diz o artista e professor de arte Jayro Schmidt, “a partir das elaborações de Rosana Bortolin, pode-se dizer que o corpo é o núcleo precursor da obra”.
Na instalação “Meu corpo é seu ninho” a artista utiliza uma fonte jorrando argila, a qual emite o som de batimento cardíaco de um feto, e fotografias 1,50m X 0,90m de quando estava grávida, banhada em argila. Este trabalho fala do fluxo sangüíneo, alimentador da fonte humana de vida.
Na instalação seguinte, sem título, é construído um ninho de argila de
aproximadamente 1,10m de altura, lembrando um grande seio, onde em seu interior há um triturador industrial (um liqüidificador) batendo argila, acionado mediante um sensor de presença, e uma fotografia de1,50m X 0,90m do seio da artista quando grávida, banhado de argila. Este trabalho remete às questões voltadas ao alimento do corpo físico.
Nos três objetos denominados Casa-Ninho I, II, III, com 30, 50 e 90cm de largura, respectivamente, a artista mostra malas de viagem com casulos de insetos em seu interior, onde podem ser observadas suas formas, com a lupa que faz parte do trabalho, e relacioná-las com as formas arquitetônicas utilizadas pelo homem. Estes trabalhos falam dos viajantes que quando transitam em rodoviárias, aeroportos estações de metrô e locais sem identidade antropológica, lugares opostos ao espaço personalizado, denominados de não-lugares pelo antropólogo Marc-Augé, carregam na mala sua maior referência ou seja: a casa.
Os demais trabalhos são ninhos de diversos tamanhos e formas confeccionados em cerâmica com argilas de diferentes tonalidades e queimados em diferentes temperaturas variando dos 900 aos 1.180 oC. Com obras produzidas em 2003 e 2004, depois de ser apresentada neste ano em Blumenau, é a primeira vez que esta exposição é apresentada ao público de Florianópolis.
Esta exposição é uma atividade do Departamento Artístico Cultural, vinculado à Pró-Reitoria de Cultura e Extensão da UFSC.
Fonte: DAC – PRCE – UFSC