Podcast apresenta legado de mulheres negras que fizeram e que fazem a história de SC

20/11/2023 14:01

Arte: Audrey Schmitz, sobre obra de Valda Costa

Neste 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, o podcast UFSC Ciência apresenta algumas das mulheres negras que fizeram e que fazem a história de Santa Catarina. Produzido pela Agência de Comunicação da Universidade Federal de Santa Catarina (Agecom/UFSC), o episódio Legado delas, fala sobre as trajetórias de sete mulheres que impactam a arte, a educação, a ciência e a política:

  • Antonieta de Barros (1901-1952) foi professora, jornalista e a primeira mulher negra a ser eleita deputada no Brasil;
  • Neide Maria Rosa (1936-1994) foi uma cantora de projeção nacional que deixou músicas que tratam de questões raciais, de exaltação ao samba e ao morro e de autoafirmação;
  • Valda Costa (1951-1993) foi enfermeira, cabeleireira, mãe e talentosa artista plástica que retratou a população dos morros de Florianópolis;
  • Jaqueline Conceição da Silva é pedagoga, mestre em educação, pesquisadora no doutorado em Antropologia da UFSC e empreendedora no Coletivo Di Jeje;
  • Maiara Gonçalves, doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Biologia de Fungos, Algas e Plantas da UFSC, pesquisa segurança alimentar e relação com as plantas na Comunidade Remanescente de Quilombo São Roque;
  • Tânia Ramos, além de ser a primeira vereadora negra da história de Florianópolis, já trabalhou em diversas funções na escola de samba Unidos da Coloninha, desde a costura até a presidência;
  • Tercília dos Santos é artista e uma das grandes referências em arte naïf no Brasil.

O episódio é uma produção das estudantes de Jornalismo e estagiárias da Agecom Letícia Schlemper e Suellen Lima. Ouça no site, pelo  Spotify ou em outras plataformas.

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Pesquisadores da UFSC recriam perfume de Cleópatra

18/07/2023 13:56

Exposição do laboratório Quimidex traz curiosidades sobre o mundo das fragrâncias

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Material de trabalho de um perfumista. Foto: Crizan Izauro.

Letra imortalizada pelo grupo de axé É O Tchan, a famosa “mistura do Brasil com Egito”, se resultasse em um insumo, não seria outro senão o perfume. Isso porque Cleópatra e a população brasileira compartilham da mesma paixão. O apreço por aromas tornou o país o segundo maior mercado consumidor de fragrâncias, atrás apenas dos Estados Unidos, conforme divulgado pela empresa de consultoria Euromonitor International. Já a rainha, conhecida pelo fascínio por essências aromáticas, elegeu o perfume mendesiano como um de seus preferidos – o nome remete à cidade de Mendes, no Antigo Egito.

Mais de 3 mil anos depois, cientistas alemães recriaram e divulgaram os ingredientes da loção de Cleópatra. Composta por canela, óleo de balanos, resinas e mirra, a fórmula também foi replicada pela equipe do laboratório Quimidex, grupo de extensão e pesquisa vinculado ao Departamento de Química da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

O perfume da rainha do Egito é apenas uma das curiosidades que você pode conhecer (e sentir!) na exposição permanente “A química dos perfumes”, localizada no térreo do bloco Espaço Físico Integrado (EFI) e aberta à comunidade acadêmica e geral. Na visita interativa, integrantes do laboratório explicam desde a história das fragrâncias até processos químicos que levam à extração de óleos essenciais. E prepare-se para sair de lá com o olfato aguçado: visitantes são convidados a experimentar os diversos odores que compõem as famílias aromáticas.

Para agendar a sua visita, entre em contato com o Quimidex pelo e-mail quimidex.visitas@gmail.com ou no telefone (48) 3271-4460. O laboratório também oferta oficinas temporárias sobre tingimento, história do fogo e ensino de química, entre outros temas. Mais informações no site.

A seguir, você conhece um pouco sobre os cinco módulos da exposição.

De Cleópatra a inteligência artificial

Com origem no latim, a palavra perfume significa fumaça e está associada à descoberta do fogo, quando deuses eram homenageados através da queima de vegetais perfumados. No entanto, os aromas não ficaram restritos aos rituais religiosos. Já no Egito, há cerca de 3 mil anos antes de Cristo, fragrâncias se popularizaram para uso pessoal na forma de águas perfumadas, óleos essenciais e incensos.

Aperfeiçoada por novas técnicas de extração desde os gregos, a arte da perfumaria chega aos dias atuais contando até mesmo com o uso de inteligência artificial. “Empresas têm usado essa ferramenta para encontrar tendências e novas combinações de notas que perfumistas às vezes não pensam”, explica Anelise Regiani, professora do curso de Química da UFSC e uma das coordenadoras do Quimidex. Mas, embora seja de uso constante nas casas de perfumaria, a inteligência artificial não substitui o trabalho humano. “No final, tudo passa pelo nariz do perfumista”.

Paixão nacional

O Brasil é o segundo maior mercado consumidor de perfumes em termos de valores monetários, afirma Regiani. “Mas quem é da área acredita que, em termos de unidade comercializada, a gente bate o primeiro lugar”. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos, o setor movimentou US$ 1,5 bilhão em 2022, com alta nas importações e exportações.

Diversidade de fragrâncias brasileiras são reflexo de um mercado em expansão. Foto: Dairan Paul

É a formação cultural do país que explica tamanha paixão pelos aromas. O hábito do banho, por exemplo, é uma herança dos povos originários indígenas, detentores de amplo conhecimento sobre o uso de ervas na higiene pessoal. Já a cultura africana advinda dos negros escravizados utilizava plantas aromáticas em ritos religiosos, com fins de purificação e cura de doenças.

Desse cruzamento histórico resulta o fascínio brasileiro por borrifar o corpo, a roupa e a casa com os mais diversos aromas. “Gostamos de pôr perfume em tudo, até no inseticida”, ri a coordenadora do Quimidex. O costume mantém pujante a indústria, já que 90% dos consumidores brasileiros compram perfumes nacionais, indica o Sebrae.

Quem se aventurar pela exposição do Quimidex também poderá sentir o cheiro de diferentes matérias-primas da Amazônia. Que tal provar a fragrância amadeirada da priprioca? O adocicado do cumaru, conhecida como a baunilha brasileira? Ou então o óleo essencial de pau-rosa, que serve de ingrediente para o famoso perfume francês Chanel Nº 5?

Cheiro de vó

Além de conhecer a história do perfume no Brasil, visitantes serão apresentados a fragrâncias internacionais e vão ter uma prova das notas que compõem nossas famílias olfativas – como a cítrica e a floral. Também entenderão de que forma a gordura pode ser utilizada para extrair os óleos essenciais de pétalas de rosa, a partir da técnica de enfleurage.

Outro módulo dedica-se a explicar os processos bioquímicos do olfato. Quem nunca ouviu que certos odores têm “cheiro de vó”? Alguns aromas trazem lembranças de pessoas ou lugares por conta da memória olfativa, resultado da poderosa conexão entre cérebro e olfato.

Sobre o Quimidex

A equipe do Quimidex está pronta para receber visitantes e contar a história dos perfumes. Foto: Crizan Izauro.

Em atividade há mais de 20 anos, o Quimidex atua como um laboratório de divulgação científica. Alunos de graduação do curso de Química da UFSC, entre bolsistas e voluntários, são responsáveis por conduzir visitantes durante a exposição “A química dos perfumes”. O projeto também oferece oficinas e exposições temporárias, todas abertas a qualquer pessoa interessada, com visitas agendadas.

 

Contato:

Universidade Federal de Santa Catarina,
Espaço Físico Integrado,
Trindade, Florianópolis, SC, CEP 88040-900.
quimidex.visitas@gmail.com
Tel: (48) 3271-4460

 

Dairan Paul | Estagiário de jornalismo / Núcleo de Apoio à Divulgação Científica

Edição: Denise Becker / Núcleo de Apoio à Divulgação Científica

Tags: Anelise RegianiaromaCentro de Ciências Físicas e MatemáticascheirocleópatraDepartamento de QuímicaDivulgação Científicaé o tchanEgitoenfleurageexposiçãomemória olfativaNúcleo de Apoio a Divulgação CientíficaperfumariaperfumeUFSCUFSC CiênciaUniversidade Federal de Santa Catarina

Que efeitos as queimadas em Santa Catarina têm sobre os peixes e a vida humana?

27/04/2023 16:18

Pesquisa desenvolvida no Laboratório de Biodiversidade Aquática da UFSC investiga o impacto do fogo e das cinzas na vida aquática e de seres humanos 

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Foto: Reuters/Amanda Perobelli

 

Somente em 2022, Santa Catarina teve 1.360 focos de incêndio ativos de fogo, sendo agosto o mês de maior incidência, segundo levantamento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). No Brasil, as queimadas são um problema constante: entre 1986 e 2020, segundo dados do projeto MapBiomas, uma área de 1,67 milhões de km² do país sofreu com o fogo: esse tamanho é maior do que a extensão dos países da Noruega, Finlândia e Islândia junto.
Em dados locais, Santa Catarina também é bastante afetada. O Parque Estadual do Rio Vermelho, por exemplo, possui uma unidade de conservação de proteção integral, que sofreu constantemente com queimadas nos últimos anos. Em abril de 2020, um incêndio chegou a comprometer 240 hectares do parque.

Enquanto os efeitos do fogo e das cinzas residuais sobre o solo e os organismos terrestres começam a ser mais amplamente explorados, ainda é limitado o número de estudos que avaliam como a biodiversidade do ambiente aquático responde à ocorrência de fogo e à chegada das cinzas à água. “Ano após ano, o ser humano tem registrado números recordes de incêndios, em áreas queimadas cada vez maiores, e eu sempre penso: essa quantidade imensa de cinzas que é gerada uma hora vai chegar no ambiente aquático, seja por ação da chuva ou do vento”, explica o professor Bruno Renaly Souza Figueiredo, do departamento de Ecologia e Zoologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Aprovado no edital de chamada pública de 2021 da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (FAPESC), no programa de jovens projetos, o professor conseguiu os primeiros recursos para dar início à pesquisa: “Impacto do fogo e das cinzas sobre a biodiversidade na água doce: respostas dos peixes, dos anfíbios e dos microinvertebrados e macrófitas ao distúrbio”.

4 impactos das queimadas em Santa Catarina

As queimadas naturais ocorrem em áreas secas, predominantemente em clima árido ou semiárido. O estado de Santa Catarina está localizado em uma região historicamente chuvosa e úmida, entretanto, os períodos de estiagem no estado estão cada vez mais longos e com o registro de temperaturas cada vez mais elevadas. Como resultado a vegetação resseca, e o fogo tem mais chance de ocorrer e de se propagar, atingindo vastas áreas.

Aliado a isso, o ser humano tem provocado  uma maior quantidade de incêndios, de maneira deliberada ou acidental, tais como a queimada ilegal realizada para supressão da vegetação e limpeza de áreas, o fogo ateado na agricultura para facilitar a colheita ou na preparação do solo para a semeadura, e até mesmo após a queda de fios de transmissão de eletricidade alta tensão sobre a vegetação seca. Seja qual tenha sido a origem do fogo, ela terá consequências negativas para a biodiversidade dos ambientes terrestres e aquáticos, e mesmo para o ser humano.

1. O estado já registrou 124 focos ativos de fogo em 2023

Segundo os dados do INPE detectados por satélite, Santa Catarina registrou no total 124 focos ativos de fogo nos últimos três meses: 35 em janeiro e fevereiro, e 54 em março. Isso provavelmente se deve às mudanças climáticas que tem levado a estações secas mais longas e com o registro de temperaturas mais elevadas. Mas certamente, também está relacionada com o uso do fogo na agricultura: “É uma prática agrícola muito comum no Brasil, inclusive existe uma lei para proibi-la, mas ela ainda ocorre”, esclarece o professor Bruno Figueiredo. 

Os prejuízos das queimadas envolvem a retirada de nutrientes fundamentais do solo para o crescimento das plantas, desencadeamento de processo erosivo, aumento da liberação de dióxido de carbono e até mesmo a destruição de habitats naturais.

2. As cinzas do fogo prejudicam a biodiversidade aquática

 

O principal objetivo da pesquisa desenvolvida no Laboratório de Biodiversidade Aquática (LABIAQ) é investigar como as cinzas oriundas das queimadas afetam diretamente a biodiversidade em rios e riachos. As cinzas podem chegar até a água, principalmente por ação da chuva, que lava o solo e pode carrear as cinzas, e pelo vento.

O professor comenta que a cinza pode matar: “a literatura científica tem revelado que as cinzas são uma substância complexa constituída por componentes químicos, como os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos e metais pesados, com potencial mutagênico e cancerígeno, que compromete a potabilidade da água para consumo humano, leva a uma grande mortandade de peixes, e reduz as contribuições da natureza para as pessoas.” 

Ilustração que mostra o impacto das cinzas tanto na vegetação, quanto na biodiverside de águas continentais, realçando que organismos grandes, como peixes e mesmo a microbiota aquática pode ser extinta após a ocorrência de incêndios. Arte: Lorenzo Driessen Cigogini

3. Causa a morte de peixes – e o desaparecimento de espécies nativas

Resultados preliminares do estudo do professor Bruno mostram que, em experimentação laboratorial, as espécies nativas de peixes presentes em rios e riachos são mais impactadas que as espécies exóticas invasoras. Esse resultado indica que a chegada de cinzas na água após um incêndio provoca a morte dos peixes nativos, mas não impacta fortemente as espécies exóticas invasoras, ameaçando a conservação da biodiversidade nativa. 

O professor Bruno Renaly Souza Figueiredo é graduado em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), e mestre e doutor pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). (Foto: Ana Quinto)

O professor explica que “geralmente, as espécies exóticas que são introduzidas nos rios e riachos do Brasil, são espécies nativas de outras regiões que possuem uma maior tolerância a alterações nas características ambientais”. O professor exemplifica que “a tilápia, por exemplo, é nativa do rio Nilo no Egito, e é muito resistente, e essa é uma das razões pela qual as pessoas a introduziram no Brasil”. Dessa maneira, como as espécies invasoras sobrevivem, elas começam a se reproduzir, e reduzem as chances das nativas retornarem ao ambiente.

4. As cinzas causam células tumorais nos peixes

“A gente verificou um resultado intrigante, que é o número de células com alterações genética em peixes expostos às cinzas. Para mim, isso acendeu uma luz de alerta importante: pois se as cinzas tem a capacidadede impactar os peixes, elas também pode fazer o mesmo com o ser humano que ingere uma água contaminada com partículas de cinzas ou ainda que se alimente de um peixe que viveu nessa água contaminada”, explica o professor Bruno. A acumulação de metais pesados e a presença de componentes mutagênicos, e potencialmente também cancerígenos, nos peixes tem impactos ainda incertos sobre os indivíduos que consomem esses animais contaminados. Futuras pesquisas no laboratório coordenado pelo prof. Bruno irá investigar esse tema.

A importância do estudo desenvolvido é fundamental para entender de que maneira as cinzas interferem na biodiversidade aquática e como esses fatores chegam até nós: “pode ser que os metais pesados nos tecidos dos peixes acabem também sendo acumulado por quem se alimenta dos peixes dessa região contaminada por cinzas”, esclarece.

Para expandir a pesquisa, é necessário financiamento

A primeira etapa da pesquisa será finalizada em novembro de 2023: o projeto, atualmente, conta com o trabalho de dois bolsistas de iniciação científica da UFSC, três estudantes extensionistas, um mestrando e dois doutorandos. As saídas de campo promovidas pelo grupo buscam capturar os organismos que vivem em rios e riachos do estado de Santa Catarina, para realizar os estudos experimentais que analisam a toxicidade das cinzas sobre a biodiversidade de água doce. Com três estudos planejados, o objetivo é analisar a ecotoxicidade nos peixes invertívoros (aqueles que se alimentam de invertebrados); nas espécies nativas e invasoras de girinos; e na dinâmica populacional de microinvertebrados. 

O grupo de pesquisa realizando estudo de campo para as abordagens experimentais (foto: Arquivo pessoal)

 

Além do caráter científico, a pesquisa possui pretende envolver também a comunidade escolar e a sociedade civil: “Além da divulgação dos resultados para órgãos ambientais, a gente vai fazer esse trabalho em escolas, para realizar uma educação ambiental sobre as consequências ambientais do uso do fogo e geração cinzas para a biodiversidade que vive na água e mesmo para o ser humano”.

Também está prevista a realização de um workshop específico para gestores públicos da área ambiental, para apresentação dos resultados das pesquisas que avaliaram os impactos das cinzas sobre a biodiversidade e os riscos potenciais à saúde humana. “No nosso projeto, temos servidores do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), até para termos essa conversa com o poder público e o órgão de proteção ambiental”.

Com a conclusão do edital da FAPESC, o grupo de pesquisa busca um novo aporte para continuar a realizar os trabalhos. Em uma segunda etapa, seria possível aprofundar os estudos por meio da aquisição de equipamentos apropriados para análises mais específicas. Atualmente, a pesquisa só tem conseguido êxito porque o laboratório de biodiversidade aquática da UFSC tem feito cooperação com outros laboratórios da UFSC, de outras Universidades Públicas do país (como UFPR, UFSCAR e UEM) e do exterior (como Universidade de Aveiro, em Portugal e Rhodes University, na África do Sul), viabilizando a condução da atual pesquisa.

Entretanto, é importante o fortalecimento do laboratório na UFSC, para que a equipe possa, de maneira independente, analisar os efeitos da presença de poluentes na água, como as cinzas para a potabilidade da água e os organismos que nela vivem: “no momento, a gente tem estudado as cinzas de queimadas, mas as cinzas podem ser geradas a partir de outros processos, como resíduo na produção de carvão, que é uma atividade localmente importante.” Assim, pesquisas podem ser realizadas para entender o principal dano relacionado as cinzas de carvão, com o objetivo de reduzir o impacto ambiental, aliando economia e ecologia.

Sobre o pesquisador

Bruno Renaly Souza Figueiredo é professor do Departamento de Ecologia e Zoologia (ECZ) da Universidade Federal de Santa Catarina. É graduado em Ciências Biológicas, e mestre e doutor pelo programa de Pós-graduação em Ecologia de ambientes aquáticos continentais. Suas pesquisas envolvem estudos de ecotoxicologia aquática, levantamento de biota aquática, dinâmica de cadeias tróficas, e mais. Contato: Bruno.figueiredo@ufsc.br.

 

 

 

Ana Beatriz Quinto | Estagiária de jornalismo / Núcleo de Apoio à Divulgação Científica

Rafaela Souza | Estagiária de design / Núcleo de Apoio à Divulgação Científica

Edição: Denise Becker | Núcleo de Apoio à Divulgação Científica (NADC-UFSC)

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Rádio Educativa Joinville Cultural passa a transmitir o Podcast UFSC Ciência

07/03/2023 10:51

A Rádio Educativa Joinville Cultural 105,1 FM passa a transmitir, a partir desta terça-feira, 7 de março, o Podcast UFSC Ciência. O programa irá ao ar todas as terças-feiras, às 20h30, na frequência 105,1 FM, na região de Joinville, e ao vivo neste link . A programação de estreia irá tratar sobre o tema balneabilidade, um assunto que tomou o verão em Santa Catarina. A Rádio Educativa Joinville Cultural é uma emissora pública mantida pela Prefeitura Municipal de Joinville. O Podcast UFSC Ciência é uma produção da Agência de Comunicação (Agecom) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), produzido em parceria com o Laboratório de Radiojornalismo, do Departamento de Jornalismo da UFSC.

O podcast que estreia a programação trata sobre a balneabilidade, o oceano, o turismo, a saúde e o saneamento básico de forma interdisciplinar. Quatro professores pesquisadores da UFSC foram convidados para discutir o assunto e trazer novas análises e discussões sobre o tema. Foram entrevistados os docentes José Salatiel, do Departamento de Ecologia e Zoologia; Maria Elisa Magri, do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental; Paulo Horta, do Departamento de Botânica e Rodrigo Mohedano, do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental.

Para outras informações sobre o episódio e outros podcasts, acesse o site UFSC Ciência.

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O que a gravidez de Isabella Scherer tem em comum com uma pesquisa da UFSC?

02/03/2023 14:27

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A pré-eclâmpsia é uma doença que acomete mulheres durante a gestação, definida pela presença de hipertensão arterial (pressão alta) após a vigésima semana gestacional, associada principalmente à presença de proteína na urina. A doença, que representa 42% das mortes maternas, atinge em torno de 100 mil mulheres por ano. Na América Latina, 25% das mortes maternas são causadas pela doença, que afeta entre 5% a 7% das gestantes brasileiras.

A catarinense Isabella Scherer, nascida em Florianópolis, de 27 anos, foi diagnosticada na gestação do seu casal de gêmeos, Mel e Bento. “Passei mal, comecei a ter muito enjoo, era uma tontura, uma sensação estranha… e aí depois eu descobri que são sintomas de pré-eclâmpsia”, relata, “eu fui pro pronto-socorro, falei com o meu médico, já eram quase 23h.” 

Grávida de gêmeos, Isabella Scherer antecipou o seu parto devido à pré-eclâmpsia. (Foto: reprodução Instagram)

Isa, como é mais conhecida pelos seus 2 milhões de seguidores no Instagram, no perfil @isascherer, fez tratamento preventivo de pré-eclâmpsia durante toda a sua gestação. Por ser uma gravidez gemelar (quando os bebês são gêmeos), ela fez parte do grupo de risco da doença.

A empresária, e vencedora da oitava edição do reality show de culinária Masterchef, compartilhou detalhes do seu parto em outubro de 2022 no Instagram. O vídeo de 11 minutos alcançou mais de 130 mil curtidas e ultrapassou um milhão de visualizações: nele, Isa compartilhou os momentos difíceis que passou antes e depois do parto, quando esteve dias no hospital em acompanhamento médico pela pressão alta.

Foto: Isabella Scherer, Mel, Bento e Rodrigo Calazans (Foto: reprodução Instagram)

 

Os sintomas de pré-eclâmpsia se manifestaram quando ela havia recém completado 37 semanas de gravidez. Na lista de fatores que podem indicar a doença, a hipertensão arterial se destaca, mas diversos outros podem estar associados à pré-eclâmpsia, como insuficiência renal, trombocitopenia (plaquetas baixas no sangue), disfunção hepática, edema pulmonar (acúmulo de líquido no interior dos pulmões), distúrbios visuais ou cerebrais. É uma doença multissistêmica, que afeta principalmente o sistema cardiovascular, os rins, o cérebro e a placenta.

O diagnóstico que Isa Scherer recebeu da doença aconteceu em um domingo, e o parto foi marcado para aquele mesmo dia. Ao conversar com o seu médico, Wagner Hernandez, a decisão foi tomada: “A gente chegou à conclusão que os riscos não valeriam a pena prolongar a gestação”, explica ela, “então a gente acabou agendando o parto para esse dia mesmo.”

Apesar de ser uma doença responsável por causar 42% das mortes maternas mundiais, ainda não estão bem esclarecidos os fatores que podem desencadear a pré-eclâmpsia em gestantes. A proteinúria, que corresponde à quantidade de proteína na urina, associada à condição da pressão alta, é um dos sintomas mais presentes; porém, as causas e as origens da doença ainda são desconhecidas.

Para Isa Scherer, compartilhar a sua experiência com a pré-eclâmpsia com os seus seguidores é relevante para que o debate sobre a doença alcance mais pessoas, desmistificando a gestação e a maternidade. “Trazer a importância para as pessoas de um pré-natal. Nem todas as mulheres têm acesso e oportunidade. Se eu conseguir ajudar pelo menos uma mulher com essa condição, já valeu a pena compartilhar “, pontua a empresária.

Renata M. Lataro, pesquisadora do departamento do Centro de Ciências Biológicas da UFSC, quer investigar a causa da pré-eclâmpsia

A professora Renata Lataro estuda a influência de fatores que podem gerar a pré-eclâmpsia (Imagem: Ana Quinto)

A professora Renata Lataro, do departamento de Ciências Fisiológicas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e coordenadora de pesquisa do Centro de Ciências Biológicas (CCB) está realizando um estudo pré-clínico para identificar as possíveis causas da pré-eclâmpsia.

O projeto, denominado “Estudo pré-clínico para a identificação de mecanismos fisiopatológicos e novos alvos terapêuticos para a pré-eclâmpsia”, busca descobrir a origem da pré-eclâmpsia nas gestantes. “Já se conhece vários fatores de risco para a doença, mas sua causa primária e fisiopatologia não são completamente compreendidas”, explica a pesquisadora. A fisiopatologia é um ramo de estudo em que é possível compreender o processo de uma doença: suas causas, mecanismos envolvidos, evolução e quais alterações e manifestações causam no ser humano. “Ela não é muito bem conhecida, não se sabe o que de fato desencadeia o desenvolvimento da doença”, aponta a professora Renata.

A principal hipótese da pesquisadora, que será desenvolvida no estudo, é a alteração da microbiota intestinal materna: “A microbiota intestinal molda o sistema imune do hospedeiro, ou seja, do indivíduo”, pontua, “a hipótese é que essa mulher, já antes da gestação, teria um evento pró-inflamatório acontecendo”, o que poderia gerar a doença.

Ao investigar o papel da barreira intestinal e de metabólitos da microbiota intestinal no desenvolvimento da pré-eclâmpsia e os seus mecanismos envolvidos, é possível identificar possíveis alvos para tratamento e prevenção da doença.

Os testes da pesquisa pré-clínica serão desenvolvidos em modelo animal, com objetivos específicos de estudo. Um deles é investigar se a alteração na composição da microbiota intestinal é capaz de promover o desenvolvimento da pré-eclâmpsia, compreendendo se há uma ligação entre a disbiose intestinal (desequilíbrio de bactérias na microbiota) e a doença.

Dessa maneira, é possível também entender se uma dieta rica em fibras, por exemplo, poderia prevenir a doença. “Se de fato a hipótese se comprovar, mostrando que é uma alteração da microbiota que leva à uma mudança no sistema imune, e consequentemente ao desenvolvimento da doença, isso cria alternativas de tratamento, e não só prevenção”, enfatiza Renata.

Biotério Central da UFSC oferece estrutura de apoio para os pesquisadores

A fase de testes da pesquisa da professora Renata Lataro contará com os ratos disponibilizados pelo Biotério Central da UFSC. Todos os testes são avaliados rigorosamente pela Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA) da Universidade. 

“O biotério só trabalha sob uma demanda conhecida e aprovada pela CEUA, seguindo as normas legais”, explica Joanésia Maria Junkes, coordenadora do biotério. 

Todos os processos são acompanhados pela CEUA. No regimento interno da Comissão de Ética, esclarece-se que é competência do órgão examinar os protocolos experimentais ou pedagógicos aplicados aos projetos de pesquisa; manter cadastro dos pesquisadores e docentes; estabelecer programas preventivos e visitas de fiscalização às unidades da UFSC onde estão sendo realizados os testes; dentre outras normas.

Essa primeira etapa da pesquisa, atualmente em desenvolvimento, irá avaliar se alterações na parede intestinal poderá induzir o desenvolvimento de pré-eclâmpsia em ratas. “Iremos fazer uma análise histológica da placenta, do fígado, que também está envolvido no processo, e do intestino”, explica a pesquisadora. 

Financiamento é essencial para que a pesquisa continue sendo realizada

Para que a pesquisa cumpra todas as etapas e alcance os objetivos do estudo pré-clínico, a professora Renata esbarra nas questões de financiamento, essenciais para os projetos de pesquisa, especialmente nessa fase de experimentação: “Para a parte inicial, temos uma colaboração com um grupo de pesquisa da USP de Ribeirão Preto”, esclarece, “nós temos um projeto aprovado no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)”. 

O primeiro passo foi comprar o medicamento que ocasiona a quebra da barreira intestinal, o sulfato sódico de dextrana (DSS). O valor recebido foi em torno de R$ 2 mil. Para que o projeto pudesse avançar em uma etapa com testes com humanos, o financiamento precisaria ser muito maior.

“Há um estudo que mostrou uma alteração da microbiota intestinal em mães”, explica a professora Renata, “seria interessante conseguirmos fazer, mas para avaliar a microbiota intestinal de humanos, cada amostra ficaria em torno de R$ 350. Se fizermos uma análise da população humana, iríamos precisar de pelo menos 50 pacientes. Tendo financiamento, seria totalmente viável. 

“Ela é uma doença comum, mas que ainda não possui tratamento”, explica a professora. “Se a nossa hipótese se comprovar, a gente vai ter métodos preventivos para isso.” A pesquisa de Renata pode impactar a vida de mulheres como a de Isabella Scherer, e de milhares de outras brasileiras que são grupo de risco ou podem enfrentar a pré-eclâmpsia no futuro.

Sobre a pesquisadora

 

Renata  Maria Lataro é professora do Departamento de Ciências Fisiológicas da Universidade Federal de Santa Catarina. É graduada em Fisioterapia e é mestra e doutora em Fisiologia. Suas pesquisas envolvem a busca por novos alvos terapêuticos para doenças cardiovasculares, dentre elas, pré-eclâmpsia, hipertensão arterial e insuficiência cardíaca. Contato: renata.lataro@ufsc.br

Ana Beatriz Quinto | estagiária de jornalismo

Edição: Denise Becker | Núcleo de Apoio à Divulgação Científica (NADC-UFSC)

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Novo episódio do podcast ‘UFSC Ciência’ aborda preconceito linguístico

23/12/2022 10:17

A Agência de Comunicação da Universidade Federal de Santa Catarina (Agecom/UFSC) publicou nesta sexta-feira, 23 de dezembro, um novo episódio do podcast UFSC Ciência, com o tema Preconceito linguísticoOs entrevistados desta edição são os docentes Ana Cláudia de Souza, do Departamento de Metodologia de Ensino (MEN) da UFSC, Felício Wessling Margotti, do Departamento de Língua e Literatura Vernáculas (DLLV), e Gilvan Müller de Oliveira, também professor do DLLV e coordenador-geral da Cátedra UNESCO em Políticas Linguísticas para o Multilinguismo.

Em um país de dimensão continental como o Brasil, onde há a miscigenação de povos e uma pluralidade de tradições e linguagens, são inúmeras as variações linguísticas decorrentes das características regionais, das gírias e sotaques, que ao longo do tempo passam a fazer parte de nossa cultura linguística. Algumas ações, no entanto, conduzem à uma segregação social. E, neste contexto, não se pode refutar a existência do preconceito linguístico, que ocorre em relação a grupos de pessoas que gozam de menor prestígio social ou em decorrência das caraterísticas linguísticas inerentes à região do território nacional que habitam.

Esse prévio julgamento negativo a uma determinada variedade linguística caracteriza o denominado preconceito linguístico, operado tanto pelas pessoas como fomentado pela mídia e veículos de comunicação. Assim, este episódio do UFSC Ciência vai abordar a desigualdade linguística no Brasil, como a preconceito linguístico se manifesta na sociedade, que ações cotidianas perpetuam esse tipo de discriminação e o que pode ser feito para se evoluir desse cenário.

Ouça o UFSC Ciência no site, pelo Spotify, pelo Apple Podcasts ou outras plataformas.

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Reportagens da UFSC conquistam primeiro lugar no prêmio de jornalismo científico da Fapesc

15/12/2022 12:15

Da esquerda para a direita, o jornalista Maykon Oliveira, o diretor da Agecom, Ricardo Torres, e os estagiários e estudantes de Jornalismo Matheus Alves, Leticia Schlemper e Carolina Monteiro celebram a premiação. Foto: Camila Collato/Agecom/UFSC

Reportagens produzidas pela Agência de Comunicação (Agecom) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) venceram duas categorias do 2° Prêmio de Jornalismo em Ciência, Tecnologia e Inovação, da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc). Na categoria Acadêmico, os estagiários da Agecom Carolina Monteiro, Leticia Schlemper e Matheus Alves ocuparam a primeira colocação com a reportagem Biodiversidade catarinense: É possível equilibrar a utilização dos recursos naturais e a preservação da natureza? Já na categoria Institucional, o jornalista Maykon Oliveira foi o primeiro colocado com a reportagem Tainha de laboratório: UFSC é pioneira na reprodução de espécie em cativeiroOs resultados foram divulgados nesta quinta-feira, 15 de dezembro, a partir das 10h, de forma remota, por meio do Instagram da Fapesc.

O prêmio tem abrangência estadual e é dividido em seis categorias – Texto, Foto, Vídeo, Áudio, Acadêmico e Institucional – e tem como objetivo reconhecer as contribuições dos profissionais de comunicação de Santa Catarina que produzem materiais jornalísticos sobre ciência, tecnologia e inovação. O primeiro, segundo e terceiro colocados em cada uma das categorias receberão certificados, troféus e premiação financeira. Foram aceitas reportagens jornalísticas publicadas em jornais, revistas e portais de notícias com circulação em Santa Catarina, independentemente da periodicidade.

Na primeira edição do prêmio, em 2021, Luana Consoli, estagiária da Agecom, foi finalista na categoria Internet e vencedora na região da Grande Florianópolis pela reportagem-perfil Inclusão, diversidade e inovação: conheça o Física Preta e sua idealizadora, pesquisadora da UFSC. 

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Latas, garrafas, baterias velhas: conheça os polvos que moram no lixo no fundo mar

13/12/2022 10:00

Pesquisa descobriu dezenas de animais utilizando os rejeitos como abrigo no litoral brasileiro

 

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Polvo encontrado usando de lata de refrigerante como abrigo/Foto: Projeto Cephalopoda

 

A latinha de refrigerante no fundo do mar parecia vazia, mas um movimento repentino mostrou que não era bem assim. Havia uma pequena espécie de polvo vivendo ali. Tatiana Silva Leite, oceanógrafa e bióloga na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em seus estudos descobriu que os polvos estão se abrigando em latas, vidros e outros tipos de rejeitos humanos. Cada vez mais numeroso no oceano, o lixo que produzimos tornou-se o abrigo mais fácil para algumas espécies de polvos que ocupavam conchas e buracos em ambientes recifais como seus abrigos naturais.

Segundo um estudo realizado pelo Pacto Global da Organização das Nações Unidas, divulgado em junho de 2022, só o Brasil descarta 3,44 milhões toneladas de plástico por ano. Desse total, pelo menos 67% (cerca de 2,3 milhões de toneladas) se concentram em bacias hidrográficas, com risco de chegar ao oceano. Isso significa que por ano, cada brasileiro descarta em média 16 quilos de lixo com potencial de escape para o mar. São sacolas plásticas, garrafas PET, canudos, embalagens, vidros, entre outros.

Instigada por essa situação, Tatiana iniciou uma linha de pesquisa no Projeto Cephalopoda (projeto que estuda polvos e lulas há mais de 20 anos), para estudar o fenômeno dos polvos que vivem abrigados no lixo no fundo do mar. A pesquisa é a primeira no mundo a tratar dessa temática, ganhando repercussão e destaque em vários países. Além disso, o estudo tem uma abordagem de ciência cidadã, que visa incluir e aproximar a sociedade do trabalho realizado por pesquisadores. 

Polvos passam muito tempo escondidos nas tocas (Foto: Athila Bertoncini)

O polvo-pigmeu é a menor espécie de polvo da América Latina, sendo recentemente batizado como Paroctopuscthulu n.sp., foi encontrado primeiramente vivendo em latas, garrafas, baterias velhas e até em um vaso sanitário no litoral do Rio de Janeiro. “O pessoal achava que esse polvo pequenininho era filhote do grande, e ninguém nunca olhou para ele. Aí quando souberam que eu estava aqui, mandaram uma foto e percebi que ele não era filhote, era o seu tamanho”, conta Tatiana, que também já encontrou essa e outras espécies no lixo marinho catarinense.

Após a descoberta, a equipe de pesquisa realizou uma campanha para coletar imagens subaquáticas do mundo todo para analisá-las a fim de entender como os polvos se relacionam com o lixo. Foram utilizados fotos e vídeos de banco de imagens, de cientistas e também da própria comunidade através das redes sociais. Como resultado, foram descobertas 24 espécies de polvos utilizando lixo como abrigo e proteção contra predadores no oceano. “Os polvos são muito inteligentes, têm um ciclo de vida curto e se adaptam muito rápido, então entender essas mudanças em seu habitat ajuda a entender os impactos do lixo no ambiente marinho”, explica a pesquisadora, cujo estudo ganhou repercussão na mídia internacional, com divulgação na National Geographic Francesa, Smithsonian e o jornal The Guardian

 

Curiosidades sobre os polvos

O nome dessa enigmática criatura dos mares deriva do grego e significa oito pés. São moluscos pertencentes à classe dos Cefalópodes, animais inteligentes capazes de distinguir entre formas e padrões, além de diversas habilidades de aprendizado observacional. Este ser marinho possui um senso de visão bem desenvolvido, não tem ossos e não possui coluna vertebral, portanto, são seres invertebrados muito flexíveis. Habitam as águas salgadas de vários oceanos e, para se protegerem dos predadores, passam a maior parte da vida entre rochas, conchas, fendas entre outros esconderijos naturais.

Ganharam atenção ainda maior com o documentário vencedor do Oscar 2020, My Octopus Teacher, em português, Professor Polvo, que mostra uma amizade fora do comum entre um polvo e um mergulhador. A pesquisadora Tatiana Leite teve participação especial no documentário, que mostrou um dos seus artigos como fonte de pesquisa. Com o sucesso da produção, os animais despertaram o carinho especial do público, principalmente ao mostrar que polvos têm emoções, sentimentos e inteligência superior a outros animais, além de gerar empatia nas pessoas quando confrontadas às situações adversas às quais são expostos, como por exemplo, o grande volume de objetos descartados do mar. 

 

O pequeno cefalópode brasileiro 

A pesquisa coordenada por Tatiana já observou que o polvo-pigmeu no Brasil costuma se abrigar em latas de cerveja e/ou refrigerante jogadas com frequência no mar, geralmente por pessoas a bordo de embarcações turísticas. Com a permissão da pesquisadora, mostramos aqui algumas imagens coletadas do fundo do mar e do trabalho em campo. 

Várias frentes de pesquisa são necessárias, a começar pela coleta de imagens aquáticas dos polvos para analisar como os objetos descartados no mar estão sendo utilizados como toca. Etapa que requer atuação coletiva com organizações não governamentais (ONGs) e instituições que retiram lixo do mar. O propósito é levantar dados sobre os locais onde os polvos são encontrados frequentemente. 

Animais usam conchas e fendas em rochas como abrigos naturais (Foto: Athila Bertoncini)

A próxima etapa é realizar um experimento de campo para estudar os motivos da escolha dos polvos em utilizar objetos descartados no mar como abrigo e assim descobrir se os polvos selecionam o lixo como toca devido a sua grande abundância no mar ou se esses resíduos possuem alguma característica mais vantajosa para os polvos do que as tocas naturais. Os resultados deste teste são de grande relevância para entender a interação entre polvos e lixo, visto que a presença dos rejeitos no mar traz diversos problemas ao ecossistema.

Tatiana espera que, após essa etapa de testagem, seja possível fazer uma campanha para que as pessoas devolvam para o mar as conchas que costumam ser retiradas por curiosidade, para souvenir e peças artesanais. Com isso, espera-se que os polvos voltem a utilizá-las como abrigo. “O mar está pobre de conchas, as pessoas tiraram tantas conchas e mataram tantos bichos que eles não encontram mais lugar natural para morar, resta o lixo. Então, para retirarmos o lixo do mar, precisamos devolver o lugar natural do polvo morar”, explica a pesquisadora.

 

De muitas maneiras a manutenção da saúde e bem-estar de polvos e outros animais marinhos dependem de financiamento 

O Projeto Cephalopoda, embora tenha chamado atenção da mídia do mundo inteiro, não possui o financiamento necessário para entregar à sociedade um resultado conclusivo sobre a temática do impacto do lixo do mar. Os pesquisadores estão escrevendo projetos, submetendo-os a editais e tentando conseguir parcerias com empresas que produzem lixo marinho com interesse em minimizar o seu impacto no meio ambiente. Segundo Tatiana, os estudos preliminares mostram que garrafas, latas e vidros são os tipos de lixo mais encontrados no mar, então as empresas que trabalham com esses objetos são a prioridade.

“Estamos esperando conseguir algum financiamento, por enquanto nossa ideia é: primeiro entrar em contato com todas as principais ONGs do Brasil que fazem retirada de lixo do mar, para sabermos onde é que essa espécie está e se realmente ela só está vivendo no lixo. Depois vamos fazer o teste para verificar se, à medida que o lixo for retirado, o polvo retorna ao seu ambiente natural. Se ele voltar, vamos passar para a terceira fase que é a campanha para devolução das conchas para o mar”, explica a oceanógrafa.

É necessário a aquisição de equipamentos básicos de segurança, cilindros de mergulho, passagens aéreas para realizar visitas em locais onde os polvos são encontrados vivendo no lixo, além de todo material de testagem dessa interação com os rejeitos. Além dessa parte estrutural da pesquisa, o projeto precisa de financiamento para fazer a campanha de conscientização e incentivo para devolução das conchas ao mar, uma etapa importante e que requer treinamento das equipes para a retirada do lixo do mar de maneira correta.

 

Por que incentivar o Projeto Cephalopoda?

Pesquisa busca entender como o lixo no mar pode afetar diferentes espécies (Foto: Athila Bertoncini)

Estudar a interação dos polvos com o lixo e os impactos no ecossistema marinho requer pesquisa e engajamento social. Segundo Tatiana, a proteção das espécies depende do quanto as pessoas estão envolvidas com a causa e as questões ambientais. “O maior impacto dessa pesquisa é o entendimento de como o lixo no mar pode afetar outras espécies que a gente ainda desconhece”, diz a oceanógrafa.

Além disso, estudar um animal carismático como o polvo é uma estratégia de gerar empatia para conscientizar as pessoas sobre a poluição nos oceanos. “Temos o polvo como uma espécie símbolo de inteligência. Então nós estudamos como é que ele se adaptou a isso, como a nossa interferência tanto no descarte do lixo no mar, como na retirada de material natural que a gente acha que não serve para nada – como as conchas que a gente usa como enfeite – está afetando esses animais que dependem delas para viver” prossegue Tatiana.

A complexidade dos impactos do lixo para os animais marinhos é tão grande que ainda não se conhece todos os efeitos para cada espécie. Mas já se sabe que os componentes tóxicos do lixo se acumulam nos organismos ao longo da cadeia alimentar, com efeitos nos seres humanos. “É muito triste, é como se a gente estivesse vendo no mar pessoas que vivem no lixão. É a mesma coisa. A gente sabe que pessoas que vivem no lixão têm diversos problemas de contaminação e a gente está diante de bichos que vivem no mar na mesma situação. O maior impacto do projeto é a mudança de percepção do ser humano sobre as consequências de seus comportamentos”, enfatiza Tatiana.

 

O futuro da pesquisa oceânica no Brasil 

Um projeto como o Cephalopoda sobretudo chama a atenção da comunidade em geral paras as questões da poluição dos oceanos e proteção das espécies marinhas. “A gente está na Década do Oceano e a ideia é que esse tipo de informação tenha impacto no pensamento da pessoa, tanto sobre jogar qualquer coisa no mar como de retirar coisas naturais do mar”, conta a pesquisadora. 

A Década das Nações Unidas da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável, ou Década do Oceano, é uma ação de integração entre ciência e política declarada em 2017 pelas Nações Unidas e realizada entre 2021 e 2030. Surge da necessidade de incentivar que a ciência atue em conjunto com os órgãos governamentais para garantir a saúde dos oceanos e a melhor gestão para cumprir as metas da agenda 2030.

Os dados falam por si. Os recursos dedicados aos estudos do oceano no Brasil correspondem a apenas 0,03% dos gastos totais em pesquisa no país, conforme relatório da Unesco divulgado em 2022. Além disso, o relatório analisou o baixo número de pesquisadores focados em ciência oceânica no Brasil, com indicadores muito abaixo do esperado: há menos de 10 cientistas dedicados à temática a cada 1 milhão de habitantes no país. Lideram a lista Portugal, Noruega e Suécia, com 300 pesquisadores a cada milhão de habitantes. 

O financiamento da ciência dos oceanos para a ação climática foi inclusive uma das pautas abordadas na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas – COP 27, em novembro deste ano, no Egito. Os países reconhecem a importância dos oceanos e a necessidade de preservação desse ecossistema. O cenário atual evidencia a urgência de apoio e captação de investimentos dos setores privado e filantrópico para estudos como o projeto Cephalopoda da UFSC, uma boa maneira de contribuir para a evolução da pesquisa sobre o oceano no Brasil.

 

Entre em contato com a pesquisadora:

Contato: Tatiana Silva Leite
E-mail: tati.polvo@gmail.com
Laboratório de Métodos de Estudos Subaquáticos Cefalópodes
Departamento de Ecologia e Zoologia (ECZ), Sala 201 B
E-mail: ecz@contato.ufsc.br
Fone: (48) 3721 4739
Centro de Ciências Biológicas (CCB)
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Florianópolis-SC. CEP: 88.040-970 – Brasil

 

Maria Magnabosco / Estagiária de jornalismo / Núcleo de Apoio à Divulgação Científica / UFSC
Rafaela Souza / Estagiária de design / Núcleo de Apoio à Divulgação Científica / UFSC


Edição
Denise Becker / Núcleo de Apoio à  Divulgação Científica / UFSC

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Santa Catarina abriga espécie de árvore considerada “super rara” ainda pouco conhecida pela ciência

22/11/2022 11:21

Ecólogos da UFSC dizem que o Crinodendron brasiliense é uma espécie em perigo de extinção

 

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O fruto do Crinodendron brasiliense se parece com um pequeno abajur. Foto: Rafael Barbizan e Sophia Kusterko

 

Crinodendron brasiliense ou cinzeiro-pataguá é uma árvore considerada “super rara”, encontrada durante um estudo de campo numa pequena área localizada nas regiões montanhosas do Planalto Serrano Catarinense. “Estávamos fazendo a medição de árvores de um projeto de monitoramento no Parque Nacional de São Joaquim, onde acabamos encontrando 59 indivíduos da espécie, o que despertou a nossa atenção para investigá-la”, diz o ecólogo Eduardo Luís Hettwer Giehl.

Com esse objetivo em mente, Eduardo Giehl e Rafael Barbizan – pesquisadores no Departamento de Ecologia e Zoologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis, lideram um estudo inédito, cuja proposta de pesquisa envolve o monitoramento do cinzeiro-pataguá com o objetivo de realizar um levantamento mais abrangente dessa espécie de árvore ameaçada de extinção e restrita à região. 

A extinção de populações e espécies é algo que afeta o ecossistema e a biodiversidade. Para o professor Eduardo e a equipe de pesquisadores, a dor da perda de uma única espécie é imensa, maior ainda quando pouco se sabe sobre ela. “Para nós é um abalo muito grande perder uma espécie, queremos preservar todas e o cinzeiro-pataguá está numa situação bem delicada”, explica o ecólogo.
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Nem bicho, nem planta: o que nos ensina o conhecimento dos fungos

03/11/2022 10:01

Projeto da UFSC busca catalogar a primeira lista de fungos ameaçados de extinção do Brasil

 

Elisandro Ricardo Drechsler-Santos: “a funga da serra catarinense, inclusive do Parque Nacional de São Joaquim, tem várias espécies novas, endêmicas e algumas estão ameaçadas de extinção”. Foto: Camila Collato

 

Uma bela xícara de café acompanhada de um pãozinho fresco, queijos e, em seguida, um suco de frutas é capaz de tornar qualquer hora do dia gloriosa, concorda? Agradeça aos fungos por isso e muito mais: os fungos estão presentes em quase toda a produção de alimentos. São responsáveis pelo avanço da medicina para tratar doenças físicas e mentais. Sequestram naturalmente e liberam o carbono, além de favorecer distintos processamentos industriais. E há uma série de usos diários dos fungos ainda pobremente conhecidos.

Muitos acreditam equivocadamente que são plantas, mas também não são animais – os fungos são organismos com a sua forma própria de vida. A comunidade de animais de um determinado local é tratada como Fauna, a de plantas, como Flora. E existe ainda uma terceira classificação: a dos fungos, conhecida como Funga. Assim, Fauna, Flora e Funga formam os três grandes grupos de organismos eucariontes da natureza. Apesar de sua importância reconhecida para a manutenção dos ecossistemas, da biodiversidade, e até mesmo para a indústria farmacêutica, essa categoria de seres vivos é pouco explorada pela ciência. Nesse sentido, o objetivo do pesquisador da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Elisandro Ricardo Drechsler dos Santos é criar um sistema de dados para catalogar, identificar e popularizar o conhecimento acerca da Funga.

Apenas 7% dos fungos são conhecidos pela ciência. Acredita-se que existam cerca de 1 a 5 milhões de espécies, no entanto, apenas 150 mil são catalogadas. Estudar e entender a Funga de um local é importante para a conservação não apenas das espécies de fungos, mas de todo o ecossistema. Essa é a missão do projeto MIND. Funga, coordenado pelo professor Ricardo. “A gente tem no Brasil aproximadamente 50 espécies que já foram avaliadas e a maioria delas são espécies ameaçadas de extinção. No entanto, não existe uma política ainda de reconhecimento disso”, explica o pesquisador. 

A ameaça de extinção

É comum ouvir-se falar sobre plantas e animais em ameaça de extinção. No entanto, pouco se conscientiza sobre o risco das espécies de fungos em perigo. Um dos objetivos do MIND. Funga é catalogar essas espécies na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). 

O pesquisador é claro: os fungos são essenciais para a estabilidade climática (dado seu papel no sequestro de carbono no solo) e para preservar a saúde ecossistêmica. No entanto, os fungos têm sido negligenciados em políticas ambientais e de conservação. Um descuido com inúmeras consequências, afirma o cientista. “Quando os fungos são colocados em risco, colocam-se em risco os ecossistemas que dependem deles. Com isso, perdemos a chance de realizar avanços, encontrar soluções para problemas ambientais graves, como mudanças climáticas e degradação da terra”, afirma.

E complementa o raciocínio observando que não existe ainda uma lista vermelha nacional de fungos, ou seja, os fungos não são reconhecidos no nosso território. O pesquisador busca estudar a distribuição das espécies para aplicar os critérios da IUCN e classificá-las em níveis de ameaça. Além disso, com engajamento com outros micólogos e liquenólogos, em breve haverá uma proposta ao Ministério do Meio Ambiente (MMA), para que essas espécies sejam oficializadas também em uma lista no âmbito nacional.

Esse processo de reconhecimento e inclusão das espécies ameaçadas de extinção na lista de alerta vermelho é importante, pois auxilia e chama atenção para criação de políticas públicas que visem à conservação da Funga e, por consequência, da biodiversidade. Como os fungos não são reconhecidos no território brasileiro, Elisandro acredita que seja necessário fazer uma ponte entre pesquisadores e governo, para que seja feito um trabalho em conjunto em prol da manutenção dessas espécies.

Por que os fungos devem ser conservados?

Os fungos são seres fundamentais para o funcionamento dos ecossistemas, pois junto com as bactérias heterotróficas são decompositores da matéria orgânica. Eles atuam como agentes recicladores da matéria, visto que ao fazerem o processo de decomposição devolvem os nutrientes para o solo e o gás carbônico para a atmosfera. Estes componentes serão reaproveitados pelas plantas, que eventualmente servirão de alimento para os animais herbívoros, reiniciando assim o ciclo da natureza. Os fungos podem ser descritos como o “elo” entre seres vivos e componentes não vivos do meio ambiente.

Outro motivo para que os fungos sejam conservados são os seus esporos. Elisandro explica que os esporos dos fungos são micropartículas liberadas no ar que auxiliam a formar as gotas de chuva. O pesquisador diz que “uma floresta preservada não só transpira umidade para formar nuvens, como também as partículas que estão no ambiente agregam essa umidade em forma de gota e fazem com que caia a chuva”. 

Além de sua importância para o equilíbrio ambiental, os fungos também podem ser explorados de maneira consciente pelos mais variados setores da indústria. Muitos alimentos, produtos e medicamentos utilizados no dia a dia dependem desses seres. Um exemplo clássico é a Penicilina, antibiótico descoberto a partir de fungos do gênero Penicillium.

Taxonomia

A ciência de reconhecer e descrever espécies novas é chamada de taxonomia, uma ciência básica que fornece elementos essenciais para outras ciências posteriormente, que são as ciências aplicadas. “Mais do que nunca o cientista no mundo é reconhecido, e em nosso país existe atualmente essa urgência de a sociedade reconhecer as universidades. Porque é dentro das universidades, principalmente as públicas e federais, que acontece a pesquisa”, enfatiza Elisandro. 

Para o pesquisador, quando descrevemos uma nova espécie de fungo, estamos mostrando para a sociedade em geral que existe uma caixinha de surpresas biotecnológicas, surpresas medicinais e surpresas na alimentação que podem ser explorados pela ciência aplicada, e podem retornar para a população não só como produtos importantes para a sociedade, mas também do ponto de vista econômico-financeiro.

O aplicativo de identificação

Complementar à pesquisa de Elisandro, em fase de testes, está a criação de um aplicativo para smartphones que permite, através da captura de imagens, reconhecer as espécies de fungos. Para isso, foram reunidos especialistas em identificação de fungos e inteligência artificial da UFSC dedicados ao desenvolvimento de um sistema moderno de reconhecimento de macrofungos a partir de um banco de imagens e informações.

Esse aplicativo faz parte do programa Ciência Cidadã MIND. Funga, ou seja, conta com a participação de voluntários para auxiliar no registro das imagens que irão compor o banco de dados. Em uma primeira etapa, cidadãos residentes próximos à região das Matas Nebulares de Santa Catarina utilizaram outro aplicativo desenvolvido por uma das pesquisas do grupo para fotografar os fungos em seu ambiente natural e registrar dados como localização, substrato, data da imagem etc. Esses dados estão sendo utilizados inicialmente em um projeto piloto, como base para mapeamento e monitoramento dessas espécies de fungos, bem como para compor o banco de dados do aplicativo de reconhecimento de espécies.

Elisandro comenta que esse banco já conta com informações de mais de 500 espécies de fungos. “Eu estou falando de aproximadamente 20 mil imagens de fungos. Essa base de dados é utilizada para treinar uma rede neural convolucional (Convolutional Neural Network / CNN).  Essa rede neural, ela aprende sozinha com os padrões que encontra nas imagens. É isso que a gente chama de Inteligência Artificial”, diz o pesquisador. Essa parte da IA é desenvolvida em parceria com equipe do Prof. Aldo von Wangenheim do Research institute on Digital Convergence – INCoD, também da UFSC. 

O aplicativo chamado de MIND.Funga app servirá tanto para professores da rede básica e superior em práticas pedagógicas quanto para especialistas contribuírem para popularizar a diversidade das espécies de fungos. 

“Eu tenho um compromisso com a ciência, mas ao mesmo tempo eu tenho um compromisso com a sociedade. E isso me faz querer mostrar para as pessoas o que nosso grupo descobre. Por isso nós estamos desenvolvendo esse aplicativo, para popularizar o conhecimento”, conta o biólogo. O aplicativo está em desenvolvimento e logo uma versão preliminar deverá estar disponível para testes.

Em geral, os estudos para acessar a diversidade e conhecer as espécies costumam ser mais acessíveis, do ponto de vista financeiro. Para o andamento deste projeto específico, os recursos foram disponibilizados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc). Com isso, o pesquisador foi capaz de ir além do objetivo previsto inicialmente. “Eu consigo dar bolsa, eu consigo ir para campo, eu consigo fazer biologia molecular, eu consigo produzir livros” comenta Elisandro.

O pesquisador:

Elisandro Ricardo Drechsler dos Santos, de 43 anos de idade, é Professor Associado do Departamento de Botânica da UFSC, atuando como orientador no Mestrado Profissional PROFBio-UFSC e Mestrado e Doutorado no PPG em Biologia de Fungos, Algas e Plantas (PPGFAP) da UFSC. Pesquisador do CNPq, especialista membro do grupo “IUCN SSC Mushroom, Bracket, and Puffball Specialist Group” e coordenador do grupo de pesquisa MIND.Funga (mindfunga.ufsc.br). 

Entre em contato com o pesquisador

Prof. Elisandro Ricardo Drechsler-Santos
Laboratório de Micologia (MICOLAB)
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Centro de Ciências Biológicas (CCB)
Departamento. de Botânica
Telefone: +55 (48) 37212889
Celular: +55 (48) 996268188
E-mail: drechslersantos@yahoo.com.br
Florianópolis – 88040970 – Brasil

 

 

Maria Magnabosco / Estagiária de jornalismo / Núcleo de Apoio à Divulgação Científica / UFSC
Rafaela Souza / Estagiária de design / Núcleo de Apoio à Divulgação Científica / UFSC


Edição
Denise Becker / Núcleo de Apoio à  Divulgação Científica / UFSC

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Banco de fezes: pesquisador busca financiadores para montar laboratório que pode salvar vidas

17/10/2022 09:25

Cientista da UFSC explica como o armazenamento de amostras pode ser usado para tratar doenças e controlar infecções

  

A disbiose pode ser intestinal, vaginal, da pele e do pulmão. (Foto: Centro de Controle da Disbiose)

Fezes – sim, fezes – podem ser usadas para o tratamento de doenças, para controle de infecções e até para melhora em quadros do espectro autista.  O transplante da microbiota intestinal (TMI), mais conhecido como transplante de microbiota fecal (TMF), vem sendo aplicado como método eficaz em todo o mundo para tratar problemas causados por bactérias multirresistentes a antibióticos e muitas outras condições. Esse é o principal tema de pesquisa de Carlos Zárate-Bladés, professor e médico que criou o Centro de Controle da Disbiose e lidera uma equipe de pesquisadores no Centro de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). 

Boliviano que mora em Florianópolis desde 2015, Zárate-Bladés comenta que a transferência de microrganismos de uma pessoa pode restabelecer o equilíbrio da microbiota intestinal. “O transplante de microbiota se consolidou para tratar uma infecção de repetição causada pela bactéria Clostridioides difficile, que provoca diarréia no paciente podendo evoluir para a inflamação do cólon. Esse patógeno é responsável por alta taxa de mortalidade em pacientes internados em hospitais; com o transplante, o sucesso da recuperação é superior a 90% para essa infecção em específico”, salienta o pesquisador.

A alteração da microbiota é chamada de disbiose, que pode ser intestinal, mas também vaginal, de pele, de pulmão e de qualquer outra mucosa do corpo. O desequilíbrio costuma provocar o aparecimento de doenças de diversos tipos, sendo a mais comum associada ao uso de antibióticos, mas também pode ser um problema consequente por uma outra doença de base.  

Outras alterações são atribuídas a pessoas com doenças inflamatórias intestinais como a colite ulcerativa e a doença de Crohn são condições que podem se beneficiar com esse tratamento. Assim, o objetivo do pesquisador Carlos Zárate-Bladés é desenvolver a técnica do Transplante da Microbiota Intestinal (TMI) no Hospital Universitário Polydoro Ernani de São Thiago, da Universidade Federal de Santa Catarina (HU-UFSC). Isso envolve investimentos para uma estrutura adequada, realização e manutenção da pesquisa. 

Devido à baixa incidência de efeitos colaterais, o transplante de fezes é recomendado pela Sociedade Americana de Doenças Infecciosas (IDAS) e pela Sociedade Europeia de Microbiologia Clínica e Doenças Infecciosas (ESCMID). O primeiro transplante de fezes no Brasil foi realizado no Hospital Israelita Albert Einstein, em 2013. Existe um banco de fezes no Hospital da Universidade Federal de Minas Gerais, que vem realizando de forma rotineira o transplante desde 2017. 
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Santa Catarina pode ser modelo para os outros estados no controle de bactérias do tipo MRSA

10/10/2022 08:50

Pesquisadora da UFSC está coordenando um projeto para estudar a Staphylococcus Aureus resistentes a Meticilina (MRSA)

 

A microbiologista Fabienne Ferreira estuda MRSA desde a sua graduação (Foto: Rafaella Whitaker)

 

A resistência das bactérias aos antibióticos é um grande desafio para a saúde pública no mundo. Uma dessas bactérias é Staphylococcus aureus resistentes à Meticilina, conhecida pela sigla MRSA. Apesar de serem organismos comensais, ou seja, que interagem com o ser humano sem causar doença, em algumas situações, o desequilíbrio da relação dessa bactéria com o hospedeiro pode ser prejudicial à saúde. O estudo conduzido por Fabienne Antunes Ferreira, microbiologista e pesquisadora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), busca entender essas interações entre o organismo humano e esses patógenos, mais especificamente no estado de Santa Catarina.

O objetivo do estudo é entender por que em Santa Catarina a incidência dessas bactérias resistentes a antibióticos parece ser menor em comparação com outros estados do país. No Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Paraná, cerca de 30 a 60% de Staphylococcus aureus são MRSA. No entanto, em Santa Catarina, essa taxa reportada foi de 2 a 8%. “Talvez, Santa Catarina possa ser um modelo futuro para inibir o crescimento dessas bactérias, já que aqui é naturalmente inibido de alguma forma”, explica a pesquisadora.
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DIVULGA UFSC – 15/08/2022 – Edição 1887

15/08/2022 10:08

 

 

Se você não consegue visualizar esta mensagem, clique aqui e leia o Divulga UFSC no site.

Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) | www.divulga.ufsc.br – 15/08/2022 – Edição 1887
Nota de repúdio: UFSC se manifesta quanto à ação da PM em ato pela democracia

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) apresenta veemente protesto contra o uso da força excessiva, truculência e abusos cometidos pela Polícia Militar do Estado de Santa Catarina na prisão de uma estudante da Universidade que participava do ato em defesa do Estado Democrático de Direito. A jovem, detida supostamente por fazer pichações, foi imobilizada à força, em atitude de nítida truculência. No momento da prisão fica evidente a atitude injustificável dos policiais, que deveriam estar no ato para garantir a segurança dos manifestantes. Continue a leitura>>. Leia também: Vice-reitora da UFSC participa de audiência de custódia de estudante presa.

Auditório da Reitoria da UFSC recebe ato cívico em defesa da democracia

O auditório da Reitoria da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) ficou lotado dia 11 de agosto, para realização do ato em defesa do estado democrático de direito. O evento foi organizado pelo Sindicato dos Professores (Apufsc) em conjunto com 27 entidades da sociedade civil. O reitor Irineu Manoel de Souza e a vice-reitora Joana Célia dos Passos estiveram presentes. O ato foi realizado simultaneamente à leitura da Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito. Continue a leitura » ».

UFSC ganha quatro menções honrosas em Prêmio Capes de Tese

A Universidade Federal de Santa Catarina conquistou quatro menções honrosas no Prêmio Capes de Tese – Edição de 2022, um dos mais tradicionais da pesquisa no Brasil. Os resultados foram divulgados nesta quinta-feira, 11 de agosto, no Diário Oficial, e trazem destaque a estudos da UFSC desenvolvidos em quatro áreas do conhecimento: Engenharia Civil, Engenharia Elétrica, Linguística e Literatura e Nutrição. No total, 49 trabalhos foram premiados e outros 96 receberam menção honrosa. Continue a leitura>>.


Gestão

Médica infectologista assume a superintendência do HU/UFSC

A médica Ivete Ioshiko Masukawa é a nova superintendente do Hospital Universitário (HU/UFSC). Ela foi nomeada por meio de portaria publicada na última sexta-feira, 12 de agosto, depois de ser indicada pelo reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). Ivete faz parte do corpo clínico do HU desde 2004, onde atuou como médica infectologista no Serviço de Controle de Infecção. Formada em Medicina pela UFSC, fez residência médica e mestrado em Moléstia Infecciosa e Parasitária pela Universidade de São Paulo (USP). É especialista em Administração Hospitalar, tendo atuado como chefe da Divisão Médica do HU/UFSC entre 2021 e 2022. Também participou da administração do Hospital Nereu Ramos, da Secretaria de Estado da Saúde, até 2020. A médica assume a 14ª gestão do HU desde a sua fundação, em 1980. Vai substituir a também médica Joanita Angela Gonzaga Del Moral, que ocupou o cargo até 22 de julho deste ano. Atualmente, a superintendência estava sendo exercida interinamente pelo gerente administrativo Michel Maximiano Faraco. Continue a leitura>>.

Profor divulga cursos de formação continuada para docentes

O Programa de Formação Continuada divulgou a agenda de atividades formativas para o semestre letivo 2022.2. Os cursos ofertados são uma oportunidade para conhecer e compartilhar experiências e práticas pedagógicas. O Profor tem o objetivo de proporcionar o aperfeiçoamento pedagógico continuado aos professores, sendo de caráter obrigatório para aqueles que estão em estágio probatório e facultativo aos demais docentes da instituição. Há pelo menos 19 cursos com inscrições abertas. Os cursos serão ministrados nas modalidades remota e presencial, conforme programação. Continue a leitura>>.

 


Extensão

UFSC oferece cursos para pessoas com 50 anos ou mais

O Núcleo de Estudos da Terceira Idade (Neti/UFSC) abre na segunda-feira, 15 de agosto, inscrições para as vagas remanescentes de seus cursos de extensão. São ofertadas aulas em diversas áreas, como danças, teatro, contação de histórias, matemática e nutrição, além de cursos de alemão e italiano, de uma oficina sobre as árvores da UFSC e de grupos reflexivos sobre envelhecimento. A relação completa de vagas remanescentes, com datas e horários, pode ser conferida neste documento. Para participar, é necessário ter 50 anos ou mais. As inscrições para todas as atividades podem ser realizadas pelo site neti.ufsc.br até quarta-feira, 17 de agosto. Mais informações no site do Neti e no edital de atividades de extensão. Continue a leitura>>.

Abertas as inscrições para evento de inovação e empreendedorismo da UFSC Curitibanos

Estão abertas as inscrições para o Conexão Contestado, 1º Seminário Regional de Inovação e Empreendedorismo, que ocorre de forma híbrida, nos dias 14 e 15 de setembro, no Mercado Público Municipal de Curitibanos e no Youtube da UFSC Curitibanos. O público-alvo são estudantes de ensino médio, acadêmicos, empresários e público interessados na temática. A inscrição gratuita poderá ser feita por meio do site oficial do evento. Continue a leitura>>.


Ensino

UFSC oferece cursos gratuitos de matemática básica e introdução ao cálculo nas férias de agosto

O Programa de Pós-graduação em Física da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) promove, entre os dias 19 e 24 de agosto, cursos concentrados e gratuitos de Matemática Básica (120 vagas) e Introdução ao Cálculo (120 vagas). Cada curso será oferecido em dois turnos, com 60 vagas cada (confira o cronograma abaixo). As inscrições podem ser feitas até  17 de agosto. Os cursos serão ministrados por doutorandos em Física. Continue a leitura>>.

Pós-Graduação em Engenharia Ambiental está com inscrições abertas para mestrado

O Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental (CTC/UFSC), está com inscrições abertas para o processo de seleção do mestrado, voltado ao período letivo que terá início no terceiro trimestre de 2022, conforme calendário da UFSC. Serão disponibilizadas 13 vagas para o curso, conforme nos limites estabelecidos por linhas de pesquisa no edital. As inscrições se encerram em 28 de agosto, às às 23h59 (horário de Brasília). A homologação das inscrições está prevista para dia 29 de agosto, e as avaliações dos candidatos (curriculum vitae, pré-projeto e arguição) irá ocorrer entre 30 de agosto e 2 de setembro. A divulgação do resultado definitivo será em 5 de setembro de 2022. Confira a íntegra do edital e outras orientações neste link.


Pesquisa

Semifinalista da Olimpíada Brasileira, equipe do Colégio de Aplicação da UFSC vai lançar satélite próprio

A equipe Sagittarius A*, formada por estudantes do 9º ano do Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), é semifinalista da Olimpíada Brasileira de Satélites (Obsat). Os quatro integrantes do grupo – Isabella de Freitas, Rosa Maria Miranda, João Vitor Caetano e Marcos Bueno – terão a oportunidade de lançar o satélite que desenvolveram. Para isso, a equipe irá viajar até Santa Maria, no Rio Grande do Sul, nesta próxima sexta-feira, dia 12 de agosto. Continue a leitura>>.

UFSC Explica: dark web

Dark web é o tema do novo episódio da série de vídeos UFSC Explica. Três pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), de diferentes áreas do conhecimento, abordam questões como segurança, anonimato e privacidade on-line em um mundo cada vez mais conectado e no qual os dados dos usuários se tornaram moeda de troca. Quais as diferenças entre deep e dark web? O que garante o anonimato dos usuários da dark web? Como acessá-la? Quem e o que podemos encontrar por lá? Essas e outras perguntas são respondidas ao longo do vídeo. Continue a leitura>>.

 


Comunidade

Campus Trindade: acesso à UFSC pelo bairro Pantanal será fechado temporariamente

A Prefeitura Municipal de Florianópolis irá fechar provisoriamente a entrada, via bairro Pantanal, ao Campus Trindade da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a partir da próxima segunda-feira, 15 de agosto. O acesso à rua Engenheiro Andrey Cristian Ferreira pela rua Deputado Antônio Edu Vieira será interditado por um período de 20 dias corridos, em função da obra de duplicação no local. Continue a leitura>>.

 

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Núcleo de Estudos de Literatura Italiana realiza evento sobre os 100 anos de Andrea Zanzotto

11/11/2021 15:35

O Núcleo de Estudos Contemporâneos de Literatura Italiana da Universidade Federal de Santa Catarina (NECLIT/UFSC) promove o evento “Mani, lingua e respiro: 100 anos de Andrea Zanzotto” nos dias 16 e 17 de novembro. O objetivo da atividade é discutir alguns dos aspectos de laboratório poético e pensar a tradução e a circulação da obra do poeta no Brasil, na Argentina e na Espanha.

O evento começa às 8h30 da manhã e será transmitido pelo canal do YouTube do NECLIT. As inscrições devem ser feitas aqui. Será emitido certificados para aqueles que tiverem 75% de presença.

Andrea Zanzotto 

Muitas facetas poderiam ser atribuídas a Andrea Zanzotto (1921-2011), para muitos considerado um dos grandes herdeiros de Eugenio Montale. Sua produção, iniciada com a publicação de Dietro il paesaggio [Por trás da paisagem], em 1951, pode ser vista sob diferentes perspectivas: desde uma forte relação com a tradição até seu caráter mais radical e experimental, passando pelo hermetismo, por certa atmosfera bucólica, sem deixar de tratar das atrocidades da Primeira e da Segunda Guerras, do Vietnã, da destruição da natureza e da grande mudança e reconfiguração da paisagem da região do Veneto.

O que chama a atenção na incrível e variada produção de Andrea Zanzotto é sua capacidade de ser sempre ele mesmo e sempre outro, variações, amplitudes e deslocamentos (inclusive na própria linguagem) que são articulados a partir de um espaço muito bem definido e delimitado. Esse espaço corresponde à sua cidade natal, Pieve di Soligo, no interior da região do Veneto, bem perto das Dolomitas.

Mais informações pelo Instagram do NECLIT ou pelo e-mail neclit.ufsc@gmail.com

Tags: Andrea ZanzottoNECLITNúcleo de Estudos Contemporâneos de Literatura ItalianaUFSC

Cientificamente Falando: exoplanetas é tema de novo episódio da série animada

28/04/2021 19:10

‘Cansado da vida na Terra? Que tal procurar outro planeta?’ – com essas duas perguntas o novo episódio do Cientificamente Falando apresenta o conceito de exoplaneta e os desafios da ciência em encontrar planetas distantes e analisar suas condições iniciais para abrigar vida.

A humanidade se questiona há séculos sobre a possibilidade de haver vida em outros planetas e se será possível um dia migrarmos a algum deles. Para responder se um planeta é habitável são dois os desafios: encontrar os planetas e identificar se possuem condições para abrigar vida. Encontrar planetas tem como desafio a impossibilidade de visualizar corpos sem luz própria, ao que duas técnicas são exibidas no vídeo animado. Uma vez descobertos um planeta, a pergunta é: pode abrigar vida?
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Tags: Cientificamente FalandoExoplanetasUFSCUniversidade Federal de Santa Catarina

UFSC na mídia: Laboratório Fator Humano é destaque na Veja e no portal do MEC

13/04/2020 10:06
Tags: coronavírusCovid-19Laboratório Fator HumanoUFSCUFSC na mídia

‘Traduzindo ciência’ apresenta oficinas culinárias para promoção da alimentação saudável

09/03/2020 14:41

“Do campo à cozinha: oficinas culinárias para promoção da alimentação saudável e sustentável para participantes do programa Células de Consumidores Responsáveis” é o tema do primeiro episódio da série de vídeos “Traduzindo ciência” neste semestre, produzida pela Agência de Comunicação (Agecom) da UFSC. As oficinas deste projeto de extensão foram adaptadas do programa Nutrição e Culinária na Cozinha, desenvolvido durante a tese de doutorado da professora Greyce Bernardo.

Com a participação das professoras Suellen Secchi Martinelli e Greyce Bernardo, o episódio trata de oficinas culinárias com consumidores que realizam compra direta de alimentos orgânicos da agricultura familiar local por meio das Células de Consumidores Responsáveis, programa do Laboratório de Comercialização da Agricultura Familiar (Lacaf), do Centro de Ciências Agrárias.

O projeto de extensão estimula práticas alimentares saudáveis por meio de oficinas culinárias que destacam aspectos sobre a qualidade nutricional e conservação dos alimentos, técnicas diferenciadas para promover hábitos saudáveis, além do estímulo ao resgate de alimentos e preparações culturais e da sociobiodiversidade.

Tags: Oficinas culináriasTraduzindo ciênciaUFSCUniversidade Federal de Santa Catarina

Simpósio abordará biologia celular. Submissão de trabalhos inicia dia 17

07/06/2019 10:02

Os acadêmicos do Programa de Pós-graduação em Biologia Celular e do Desenvolvimento (PPGBCD) promovem no dia 15 e 16 de agosto, no Auditório do Centro de Ciências da Saúde (CCS), o Karyokinesis Symposium. A submissão para apresentação oral e de posters pelos estudantes será de 17 de junho a 26 de julho.

O Simpósio tem o intuito de integrar os laboratórios do PPGBCD e seus alunos para possíveis colaborações. As palestras e mesas redondas versarão sobre assuntos referentes ao PPGBCD: células tronco, regeneração tecidual, estudos celulares e moleculares do desenvolvimento, mecanismos celulares e moleculares associados a processos fisiopatológicos, embriotoxicidade, citotoxicidade e genotoxicidade.

Mais informações no site do evento: http://karyokinesis.paginas.ufsc.br/

Tags: CCSKaryokinesis SymposiumPós-Graduação em Biologia Celular e do DesenvolvimentoUFSC

Podcast UFSC Ciência lança novo episódio sobre vacinação

14/05/2019 12:39

Entrevistas são realizadas no Laboratório de Radiojornalismo da UFSC. Foto: Henrique Almeida/Agecom/UFSC

A Agência de Comunicação (Agecom) da Universidade Federal de Santa Catarina lança nesta terça-feira, 14 de maio, o segundo episódio do podcast UFSC Ciência. Vacinação é o assunto desta edição, e os entrevistados são os professores do Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia (MIP) da UFSC Oscar Bruna-Romero e Daniel Mansur.

Podcasts são arquivos de áudio disponíveis para o usuário escutar a hora que quiser. Os episódios serão quinzenais, sempre às terças-feiras, e estarão em diversas plataformas, como SpotifyiTunes .

O programa é uma realização da Agência de Comunicação da UFSC e irá divulgar o trabalho de alunos, professores e pesquisadores da instituição. A gravação e edição dos episódios contam com apoios fundamentais de dois setores da UFSC: o Laboratório de Radiojornalismo, do Departamento de Jornalismo, que cede um espaço semanal para a gravação de entrevistas e áudios; e o Laboratório de Gravação e Edição de Som, do Departamento de Artes, onde os materiais são editados e há gravação de pequenos trechos complementares.

Mais informações na página UFSC Ciência.

Ouça através do player abaixo:

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Tags: AgecomDepartamento de MicrobiologiaDivulgação CientíficaImunologia e ParasitologiapodcastSarampoUFSCUFSC CiênciaUniversidade Federal de Santa Catarinavacinação

UFSC Explica: Agrotóxicos

07/05/2019 18:47

O tema deste episódio do UFSC Explica é agrotóxicos. Por que os agrotóxicos são utilizados? Quais as consequências do uso de agrotóxicos a curto, médio e longo prazo? Há alternativas ao uso de agrotóxicos para a produção de alimentos em larga escala? Para responder a essas e outras perguntas, conversamos com três pesquisadores da universidade que são especialistas no tema.

Rubens Onofre Nodari, professor titular do departamento de Fitotecnia do Centro de Ciências Agrárias da UFSC. Nodari pesquisa os efeitos de herbicidas em abelhas e sistemas de produção orgânica e agroecológica.

Pablo Moritz, médico do Hospital Universitário e coordenador do Centro de Informação e Assistência Toxicológica de Santa Catarina.

Sônia Hess, professora titular do Departamento de Ciências Naturais e Sociais do campus Curitibanos da UFSC. Realiza pesquisas na área de Química Orgânica e Saneamento Ambiental.

Confira abaixo o vídeo, também disponível em nosso canal do YouTube.

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Tags: agrotóxicosUFSCUFSC ExplicaUniversidade Federal de Santa Catarina

UFSC apresenta podcast para divulgação da produção científica

30/04/2019 13:20

Luciane a Simon foram os primeiros entrevistados do podcast UFSC Ciência. Foto: Caetano Machado/Agecom/UFSC

Figurando no ranking de produção científica no Brasil como a décima instituição que mais produz ciência, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) desenvolve diversas atividades de ensino, pesquisa e extensão em seus mais de 108 cursos de graduação presenciais e 14 cursos de educação a distância. A partir desta terça-feira, dia 30 de abril, toda essa produção científica ganha um novo espaço: o podcast UFSC Ciência.

Podcasts são arquivos de áudio disponíveis para o usuário escutar a hora que quiser. Os episódios serão quinzenais, a partir desta terça-feira, 30 de abril, e estarão em diversas plataformas, como Spotify, iTunes e Soundcloud.
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Tags: AgecomDivulgação CientíficaLEIAMArquEpodcastsambaquisUFSC Ciência

O universo em expansão de Hawking: influências do cientista são avaliadas por professores da UFSC

03/04/2018 13:03

Neste sábado, 30 de março, foi realizado o velório de um dos mais renomados cientistas contemporâneos, Stephen Hawking. Falecido em 14 de março, o físico terá suas cinzas sepultadas na Abadia de Westminster e ficará ao lado de Isaac Newton e Charles Darwin, dois dos mais proeminentes cientistas britânicos de todos os tempos.

A deferência a Hawking não é sem motivos. Sua influência extrapolou seu campo de atuação científica e para buscar sintetizá-la, a Agência de Comunicação da UFSC (Agecom) entrevistou dois professores do Departamento de Física (FSC/CFM/UFSC), Débora Peres Menezes e Roberto Kalbusch Saito, para que ambos analisassem o impacto do trabalho de Hawking.

A singularidade de Hawking

Notório e notável, Stephen Hawking, trouxe originais avanços teóricos à cosmologia e astrofísica. Débora é explícita em dizer: “para o campo da cosmologia, Hawking era o maior cientista vivo”. Além de sua grande contribuição à área, no entanto, o físico inglês ganhou relevo por sua incrível capacidade de divulgação de temas complexos como singularidade, universo primordial, buracos negros e horizonte de eventos, por exemplo. Em best-sellers mundiais, ele disseminou para iniciantes em ciências conceitos até então herméticos.

Débora afirma que “a ciência normalmente se desenvolve assim: cada um vai contribuindo com uma migalhinha. Revendo aqui e ali e, de repente, alguém aparece e dá um salto. É difícil avaliar o quanto de migalha e quanto de salto tem Hawking, mas que ele possui uma contribuição relevante é indiscutível”.

Segundo Roberto, “além de um trabalho científico de excelência, o físico teve verdadeiro brilhantismo em divulgação”. O professor ainda acrescenta que “Hawking conseguiu explicar ao público em geral o que mesmo os astrofísicos tinham dificuldade em entender”.
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Mais um composto sintético pra conta: estudo analisa a contaminação de solos, águas e alimentos pelo PFOS

06/02/2018 09:25

Ele pode estar nos solos, nas águas, no ar e nos alimentos. Aplicado “inofensivamente” para combater o ataque de formigas de corte em cultivos de Pinus e Eucaliptos, na sua grande maioria, o formicida sulfluramida é um composto sintético, estável na natureza e que pode ser armazenado gradativamente pelo corpo humano através da ingestão de alimentos ou água que tiveram contato com esse poluente orgânico persistente (POP).

Segundo a Convenção de Estocolmo, da qual o Brasil é signatário, os POPs “são substâncias químicas que têm sido utilizadas como agrotóxicos e possuem características de alta persistência, ou seja, não são facilmente degradadas”. O Ministério do Meio Ambiente (MMA) esclarece em seu site que esse material pode ser transportado pelo ar, água e solo por longas distâncias e, com isso, “se acumularem em tecidos gordurosos dos organismos vivos, sendo toxicologicamente preocupantes para a saúde humana e o meio ambiente”. Uma vez no ambiente o formicida sulfluramida degrada para o POPs, chamado ácido perfluoroctanosulfônico (PFOS), caracterizado pela Convenção de Estocolmo como um químico de uso industrial.

A pesquisadora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Juliana Leonel, iniciou a exploração do comportamento deste formicida na costa baiana em 2014 enquanto professora da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Agora, membro do corpo docente do curso de Oceanografia da UFSC, vinculado ao Centro de Ciências Físicas e Matemáticas (CFM), a docente inicia as pesquisas sobre o poluente em outras regiões da costa brasileira, por meio de projeto aprovado pelo CNPq (Universal/2016): Origem, Distribuição e Transporte de PFOS para o Atlântico Sul.
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Livro traduzido pela EdUFSC é citado em série documental na Netflix

29/01/2018 11:01

O entomologista americano Jeffrey A. Lockwood, autor do livro Soldados de Seis Pernas – Usando Insetos como Armas de Guerra, é um dos entrevistados da série Nazi Secret Files, disponível para os assinantes da Netflix. O cientista aparece no quarto capítulo da série documental produzida pela BBC. O livro, publicado em 2016 pela EdUFSC, foi traduzido pelo professor aposentado e voluntário da UFSC, Carlos Brisola Marcondes.

Mais informações sobre o livro aqui.

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Nova edição da revista UFSC Ciência é lançada no aniversário de 57 anos da Universidade

19/12/2017 11:27

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) lança, em seu aniversário de 57 anos, a segunda edição da revista UFSC Ciência. A publicação é produzida pela equipe da Agência de Comunicação (Agecom) com o objetivo de promover a divulgação científica e dar visibilidade às pesquisas que vêm sendo desenvolvidas na universidade. A revista pode ser acessada online e também estará disponível em versão impressa.

A nova edição apresenta algumas mudanças em relação ao projeto gráfico original, desenvolvido por Airton Jordani. Todas as modificações foram elaboradas pelo estagiário Rafael Leme Carvalho, do curso de Design Gráfico, sob a supervisão de Audrey Schmitz. “Tentamos deixar o projeto mais dinâmico, para termos mais possibilidades de composição. O layout de cada página está mais flexível, as colunas e o tamanho das fotos variam. Quando se pensa em revista científica, logo se imagina aqueles textos enormes, com poucas imagens. Nesse caso é diferente. Procuramos valorizar as imagens para tornar o conhecimento científico mais interessante e atrativo para o público em geral”, explica Audrey.
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Tags: 57 anosAgecomAniversário da UFSCDivulgação Científicajornalismo científicolançamentorevistaUFSCUFSC Ciência
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