O feminismo e o pós-colonialismo serão temas de discussão de seminário organizado pela pós-graduação de Literatura. Geografias do poder: crítica feminista e pós-colonial acontece de 28 a 30 de outubro no Centro de Comunicação e Expressão (CCE), e tem como objetivo compartilhar as pesquisas realizadas pelos alunos do curso.
Simone Schmidt, professora da pós-graduação e uma das organizadoras do evento, explica que a proposta é a de interligar os estudos desenvolvidos e as questões da atualidade. “O tema geral do seminário, que intitulamos Geografias do Poder, diz bem sobre nossos interesses: uma articulação entre o saber acadêmico e um olhar voltado para as questões políticas contemporâneas, atento à identificação das desigualdades de gênero, raça, etnia, nacionalidade”.
Mais informações: 3721 9582, com as professoras e organizadoras Claudia de Lima Costa e Simone Schmidt.
PROGRAMAÇÃO
28 de outubro (terça-feira)
9h
Conferência: Literatura e descolonização em África: memória e narrativas da República do Congo . Com Jean-Michel Mabeko-Tali (Departamento de História, Howard University, Washington, D.C.)
14h às16 h:
Sessão de trabalhos: Figurações de raça e gênero I
Adriana Soares de Souza – As mulheres. Duas histórias, dois livros e as marcas da inferioridade. Debatedora: Sandra Maria Job.
Carla Damasceno de Morais – Cotas raciais: uma leitura introdutória da mestiçagem no Brasil. Debatedora: Izabel Cristina dos Santos Teixeira.
Cláudia Regina Silveira – A simbologia do cabelo e do corpo como identidade racial. Debatedora: Clarice Costa Pinheiro.
Maria Aparecida Rita Moreira – Refletindo sobre a literatura infanto-juvenil: desconstruindo preconceitos e estereótipos. Debatedora: Geórgia dos Passos Hilário.
16h às 16h30: Intervalo
16h30 às 18h30:
Sessão de trabalhos: Figurações de raça e gênero II
Sandra Maria Job – A Representação social e literária da mulher negra na literatura brasileira brasileira pós-moderna. Debatedora: Adriana Soares de Souza.
Geórgia dos Passos Hilário – Mulheres negras do Laredo: histórias de vida em diálogos com a crítica feminista. Debatedora: Maria Aparecida Rita Moreira
Izabel Cristina dos Santos Teixeira – Uma abordagem sobre o ecofeminismo na literatura moçambicana. Debatedora: Carla Damasceno de Morais.
Clarice Costa Pinheiro – Amor e democracia: primeiros esboços de um possível casamento. Debatedora: Cláudia Regina Silveira.
29 de outubro (quarta-feira)
9h:
Conferência: Cartografias de Gênero: a escritora contemporânea na aldeia global. Com Sandra Regina Goulart Almeida (Universidade Federal de Minas Gerais)
14h às16h:
Sessão de trabalhos: Identidade cultural, deslocamentos, tradução I
Andrea Cristina Natal Simões – Os retratos de pais e filhas na poética de Mary di Michele. Debatedora: Márcia Fagundes Barbosa.
Cleber Rosso Bicca – Hibridação, transnacionalidade e movimento: A apropriação do hip hop por rappers de Florianópolis. Debatedor: Sandro Brincher.
Jair Zandoná – Poética do deslocamento: leituras sobre Mário de Sá-Carneiro e Bernardo Soares. Debatedor: Juliano Malinverni da Silveira.
Jefferson Bruno Moreira Santana – Os tradutores/intérpretes de Língua de Sinais e as fronteiras literárias. Debatedor: Rodrigo Diaz de Vivar y Soler.
16h – 16h30: Intervalo
16h30 – 18h:30:
Sessão de trabalhos: Identidade cultural, deslocamentos, tradução II
Juliano Malinverni da Silveira – Identidades Discursivas em “Tropicália ou Panis Et Circensis” . Debatedor: Jair Zandoná.
Márcia Fagundes Barbosa – Imagens nacionais e relações de poder nas narrativa da imigração alemã em Santa Catarina. Debatedora: Andrea Cristina Natal Simões.
Rodrigo Diaz de Vivar y Soler – Gilberto Freyre e Michel Foucault: primeiras aproximações. Debatedor: Jefferson Bruno Moreira Santana.
Sandro Brincher – Olhares d’aquém e d’além mar: as alteridentidades coloniais nas literaturas africanas de língua portuguesa. Debatedor: Cleber Rosso Bicca.
30 de outubro (quinta-feira)
9 horas:
Conferência:Mulheres, experiência de vida e guerra de libertação em Angola. Margarida Paredes (ISCTE-Universidade de Lisboa).
14h às 16h:
Sessão de trabalhos: (Auto)biografias, histórias de vida, experiência e memória
Ana Paula Costa de Oliveira – É possível a autobiografia?. Debatedora: Cleuza Maria Soares.
Jane Vieira da Rocha – As duas margens da experiência: os miúdos e os mais-velhos na obra de Ondjaki. Debatedor: Marcelo Spitzner.
Marcio Markendorf – Sylvia Plath: um estudo literário da fama. Debatedora: Sumaya Lima.
Maria Isabel de Castro Lima – Cassandra, rios de lágrimas: uma leitura dos (inter)ditos. Debatedora: Luciana Hioka.
16h às 16h30: Intervalo
16h30 às18h30:
Sessão de trabalhos: Narrativas cinematográficas/literárias e abordagens teóricas contemporâneas
Marcelo Spitzner – Homoerotismo do naturalismo ao pós-modernismo: Caminha, Pompéia e Abreu. Debatedora: Jane Vieira da Rocha.
Cleuza Maria Soares – Pós-colonialismo nas telas do cinema: Amélia, dois mundos em combate. Debatedora: Ana Paula Costa de Oliveira.
Luciana Hioka – I Know I Ain’t Queer: questões sobre sexualidade e identidade nacional no filme Brokeback Mountain. Debatedora: Maria Isabel de Castro Lima.
Sumaya Lima – As Filhas do Vento e O Céu de Suely: um estudo da representação do sujeito feminino em condição de exclusão social. Debatedor: Marcio Markendorf.
Quem são os palestrantes
O Professor Jean-Michel Mabeko-Tali é cidadão da República do Congo-Brazzaville. Professor no Departamento de História da Howard University em Washington, DC., doutorou-se em Historia de África pela Universidade Paris VII – Denis Didérot, em França e é especialista em História da África Central. Iniciou a sua careira de professor na Universidade Agostinho Neto, em Luanda (Angola).
É membro fundador da revista francesa “Lusotopie” do Centro de Estudos da África Negra, Paris/Bordeaux, na qual publicou vários artigos. Professor Mabeko-Tali é também membro fundador da Faculdade de Literatura e Ciências Sociais da Universidade Agostinho Neto em Angola. É membro do Journal of Higher Education publicado pela African Union’s Council for the Development of Social Science Research in Africa (CODESRIA, Dakar). É ainda Director científico em Angola do “Centro de Estudos Sociais e Desenvolvimento” e editor da revista “Caderno de Estudos Sociais”. É com frequência Professor convidado pela École des Hautes Études en Sciences Sociales e pela “Maison des Sciences de L’Homme”, em Paris.
Publicou um ensaio em dois volumes sobre a Historia do MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola), antigo movimento de libertaçao anticolonial, e actual partido no poder em Angola, intitulado Dissidências e Poder de Estado: O MPLA perante si próprio 1962-1977. Lisbon/Luanda, Caminho/Nzila, 2001 e um ensaio comparativo sobre Identidades sociais e Transição politica no Congo e em Angola, intitulado Barbares et Citoyens – L’ Identité Nationale à l’ Épreuve des Transitions Africaines – Congo-Brazzaville, Angola. Paris, L’ Harmattan. É autor de inúmeros artigos sobre Angola e Congo publicados em revistas académicas africanas, francesas, portuguesas e americanas.
Professor Mabeko-Tali fala e escreve várias linguas, incluindo quatro línguas europeias, Francês, Espanhol, Português e Inglês – e três línguas africanas – Lingala, a lingua nacional do Congo Brazzaville e da Republica Democrática do Congo, o Sangho a lingua nacional da Republica Centro Africana além da sua lingua materna, o Linyellé do Norte do Congo.
Paralelamente, o Professor Jean-Michel Mabeko-Tali é novelista com dois livros editados em Paris, pela L’ Harmattan, ambos escritos em francês e inspirados nas realidades sociais e políticas contemporâneas da Republica do Congo Brazzaville, L`exil et l`interdit, de 2002 e Le musée de la honte publicado em 2003.
Sandra Regina Goulart Almeida possui graduação em Letras Português Inglês pela Universidade Federal de Minas Gerais (1986), mestrado em Literatura – University of North Carolina (1990) e doutorado em Literatura – University of North Carolina (1994).
Atualmente é professora associada da Universidade Federal de Minas Gerais. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Literatura Comparada e Literaturas de Língua Inglesa, atuando principalmente nos seguintes temas: crítica literária feminista, literatura canadense, escritoras contemporâneas e diáspora.
Livros publicados: Perspectivas Transnacionais (ABECAN/Faculdade de Letras/UFMG, 2005) e Gender Studies and Feminist Perspectives (Editora da UFSC, 2002).
Margarida Paredes é Licenciada em Estudos Africanos pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Candidata a um Projecto de Doutoramento em Antropologia no ISCTE, Lisboa, intitulado As Mulheres Combatentes na Luta Armada em Angola: Luta de Libertação, Guerra Civil e 27 Maio de 1977: que ‘mulheres’ são estas? Sob orientação do antropólogo Miguel Vale de Almeida.
∙Publicou Building Violence: Portugal Responsibility in the Failed Political Transition in Angola, in 1974-75, Congresso anual (2006) da ASA, African Studies Association em San Francisco, USA, integrada no painel da LASO (Lusophone African Studies Organization) sobre Political Transitions: Democracy, State Formation, and Violence in Colonial and Postcolonial Lusophone Africa;
. Viver e escrever entrelugares, Pensando África, III Encontro de Professores de Literaturas Africanas na UFRJ, Brasil (2007), mesa ‘Literatura de Autoria Feminina’. Durante o congresso foi eleita para a comissão que vai criar a Associação Internacional dos Estudos Literários e Culturais Africanos no Brasil;
. A Linguagem Desterritorializada no Colóquio Para Além da Mágoa: Novos Diálogos Pós-coloniais, na Casa Fernando Pessoa, que organizou em Lisboa (Janeiro de 2008) com Sheila Khan do CES, Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e Francisco José Viegas, escritor;
.Que negra é esta? Mulher, negra, brasileira e imigrante em Portugal, Congresso Europe in Black and White, Projecto Dislocating Europe, Centro de Estudos Comparatistas da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Keynote Speakers Ella Shoat e Paul Gilroy (Maio 2008).
Escritora, tem um romance O Tibete de África, editado pela Âmbar (2006) e um conto Namoro publicado numa Antologia Ibérica da Poesia e do Conto da Arion Publicações, (1998).
Tem artigos de crítica literária e recensões críticas espalhadas por revistas.
Como uma história de vida entre Portugal e África, nasceu em Coimbra no Penedo da Saudade em 1953 no seio de uma família tradicional e latifundiária alentejana. Acompanhou durante vários anos, o pai, professor universitário e oceanógrafo (hoje brasileiro), durante comissões de serviço, no fim do Império Colonial a Angola e Moçambique onde não foi uma testemunha silenciosa da Guerra Colonial.
Aderiu ao MPLA, Movimento Popular de Libertação de Angola em 1973, com 19 anos. Foi testemunha das cisões que abalaram este Movimento em 1974, Revolta Activa e Revolta de Leste tendo ficado ao lado de Agostinho Neto. Entrou em Luanda nos últimos dias de 1974, para estabelecer a primeira delegação oficial do MPLA na capital. Durante o período de descolonização foi feita prisioneira pelas FAP, Forças Armadas Portuguesas.
Após abandonar o exército angolano, trabalhou no Ministério da Educação e no Conselho Nacional de Cultura no pós-independência, como assessora do poeta António Jacinto e na área social com órfãos de guerra e crianças-soldado. Regressou a Portugal nos anos oitenta.
É membro da Direcção de uma ONGD, AIDGLOBAL, com projectos de Educação e Cooperação para o Desenvolvimento em Portugal, Moçambique e Guiné-Bissau.