Patinhos começam a nadar assim que saem dos ovos
Um grupo de sete patinhos tem chamado atenção de quem circula no entorno do lago da UFSC, situado ao lado do Centro de Cultura e Eventos, no campus da Trindade. Anteriormente habitado por três espécies adultas de Pato do Mato – Cairina moschata -, agora o local também é a casa dos filhotes, que levam cerca de 70 dias para começar a voar.
O professor Guilherme Brito, do Laboratório de Ornitologia e Bioacústica Catarinense (Laboac), explica que essa é uma espécie comumente domesticada, que ocorre em muitos lugares do mundo mas tem distribuição mais ampla na América do Sul e na América Central. “São bichos geralmente mesclados, enquanto o não domesticado, o animal nativo, é todo preto”, explica. A espécie foi domesticada por comunidades indígenas das Américas.
Os Patos do Mato são animais essencialmente da floresta associada aos rios e costumam ser tímidos em regiões onde são muito caçados. No campus, onde são alimentados por pessoas que circulam na região, eles convivem harmoniosamente com seres humanos. “São o típico domesticado”, registra Brito.
Os filhotes, que têm alegrado os humanos andando e nadando em bando atrás da mãe, nasceram após cerca de 35 dias de incubação. “Geralmente se reproduzem em época chuvosa, quando há mais recursos. Eles nidificam em buracos, como oco de árvore ou buraco de barranco. Muitos utilizam caixas ninhos, com o ninho sempre numa área coberta”, explica o professor.
Essa espécie costuma registrar cerca de dez ovos por ninhada, o que é considerado um volume alto para o seu tamanho. Isso indica, segundo o professor, que há um dispêndio grande de energia dos animais em sua época reprodutiva. Entre os Patos do Mato, o macho é muito maior do que a fêmea.
Filhotes precoces
Espécie já foi catalogada como ave do campus (Reprodução do LABOAC)
Os simpáticos patinhos do lago da UFSC são chamados de filhotes precoces – ou, tecnicamente, nidífugos. “Eles nascem quase prontos, bem plumadinhos, saem do ovo e já saem nadando”. No caso dos Cairina moschata eles ficam mais dependentes da mãe nos primeiros dois meses e com cerca de 70 dias já são capazes de voar, o que pode fazer com que abandonem o campus em breve.
Mas a natureza – e a ecologia – também têm seus próprios enredos. E o professor Guilherme destaca que é imprevisível o que vai acontecer com os novos habitantes do lago quando conquistarem sua independência e alçarem seus primeiros voos. “O que eles tendem a fazer é se dispersar quando adultos, pois quanto mais bichos adultos no mesmo ambiente, menos recursos”, projeta.
Mesmo assim, o fato de serem animais domesticados pode fazer com que eles permaneçam no ambiente onde são alimentados de forma abundante. Se isso ocorrer, a população pode aumentar ainda mais, já que são animais que costumam se reproduzir bastante. “Eles tendem a ser promíscuos em cativeiros”, explica.
A fofura dos patinhos tem atraído muitos flashs, o que é facilitado pelos próprios animais, que não se assustam com a presença humana. “Os filhotes confiam muito nos pais e não têm medo da aproximação”, conta Guilherme. Mas, mesmo assim, é necessário cautela e respeito aos bichos. “Não dá para pegá-los na mão para tirar foto”, recomenda o professor.
Guia das aves do campus? Temos!
O Laboac está elaborando um material completo sobre as aves do campus da UFSC. A ideia é fazer um guia primeiro na versão de ebook. “ É um guia de campo para estimular a observação de aves do campus e arredores, já que temos bastante curiosos”, conta. O título da publicação em fase de produção é Guia de Campo das Aves do Campus.
Além do Pato do Mato, já catalogado, a equipe reuniu outras das quase 130 espécies registradas no campus, mas a ideia é envolver a comunidade, que pode enviar imagens das espécies fotografadas para o e-mail ornitoufsc@gmail.com ou instagram @laboac_UFSC. A ideia é também reunir os grupos para saídas de campo, as passarinhadas.