Ministério da Saúde e profissionais alertam para importância da doação de órgãos

21/10/2020 17:49

O Ministério da Saúde divulgou o balanço sobre a doação de órgãos, tecidos e células e transplantes realizados no país no primeiro semestre de 2020, com um alerta sobre a necessidade de sensibilizar a população sobre a importância da doação, para salvar a vida de muitas pessoas que aguardam por um transplante.

No Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago (HU-UFSC), onde são feitos atualmente transplantes de fígado e córnea, existe a Comissão Hospitalar de Transplantes (CHT), encarregada de cuidar e acolher as famílias dos potenciais doadores em cada etapa do processo de doação, formada por profissionais com experiência em estratégias de comunicação para lidar com famílias em situações críticas e, com isso, conseguem ajudar estes familiares, apresentando a possibilidade de doação. A ideia é mostrar que a doação é um direito da família e que há condições de que este direito possa ser exercido.

A médica do HU Vanessa Miné Geraldo, ressalta a importância da participação destes profissionais nesta comissão. “O trabalho da comissão hospitalar de transplantes que acompanha todos os processos desde a identificação do potencial doador, o acolhimento familiar, a entrevista com os familiares levando a estes à possibilidade da doação de órgãos para outras pessoas, é imprescindível para o sucesso da doação. Sinto-me grata por fazer parte de uma equipe engajada e responsável pela possibilidade de gerar vida mesmo após a morte”, afirma.

A chefe da Unidade do Sistema Digestivo do HU, Marisa da Silva Martins, também ressalta o papel de todos os envolvidos no processo de doação de órgãos, com destaque para a SC Transplantes, que trabalha na conscientização da população sobre doação de órgãos e tecidos, e a identificação de potenciais doadores pelos profissionais de saúde.

O médico intensivista do HU e coordenador estadual de Transplantes, Joel de Andrade, explicou que o Estado conta com 53 hospitais que têm alguma atividade de doação, além de instituições que trabalham nesta área, com coordenadores que procuram e acolhem as famílias e oferecem a possibilidade de doação, com resultados muito positivos.

Segundo ele, nestes contatos com as famílias de potenciais doadores não é feito exatamente um “pedido”, mas é oferecida a possibilidade de doação. “Não é um dever, é um direito das famílias e como tal este direito pode ser exercido. Não é raro, inclusive, que as famílias ofereçam a doação por vontade prévia ou por algo que surge durante a internação”, explicou o médico.

Ministério diz que pandemia impõe desafios para manter doações

De acordo com dados do governo federal, neste momento de pandemia causado pelo coronavírus, no mundo inteiro e no Brasil têm sido observadas queda nas doações de órgãos e nas realizações de transplantes, tornando-se um desafio para os países, tanto pelos esforços para manutenção das doações, quanto para garantir a segurança das equipes de saúde e dos pacientes.

“O Ministério da Saúde, junto aos estados e municípios, está empenhado em encontrar soluções para superar os obstáculos impostos ao programa de transplante na pandemia. A retomada dos procedimentos será subsidiada por protocolos rigorosos para garantir a segurança de todos”, disse o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.

De janeiro a julho de 2019 foram realizados 15.827 transplantes. No mesmo período em 2020, o número de procedimentos foi de 9.952. Alguns centros de transplantes, no entanto, conseguiram manter suas unidades ativas e livres da Covid-19 e hospitais de grande porte de transplantes, como o Hospital do Rim, em São Paulo, receberam pacientes de centros menores para realização do procedimento com maior segurança. No país, até 31 de julho, existiam 46.181 pacientes aguardando por transplante.

O Sistema Nacional de Transplantes (SNT) incentivou as equipes de transplantes a acompanhar seus pacientes por meio de consultas em plataforma digital. A medida visa minimizar a circulação de pacientes portadores de doenças crônicas graves em unidades hospitalares. Houve um cuidado extra das equipes de transplante na seleção do paciente, buscando identificar possíveis portadores de Covid-19 assintomáticos ou outras situações clínicas que pudessem aumentar o risco da cirurgia nesse momento. Com a instituição deste novo protocolo, pacientes assintomáticos que testaram positivo na chegada ao hospital não puderam realizar o procedimento, o que obrigou as equipes a selecionar outro paciente para o transplante.

Outra ação do Ministério da Saúde é o acompanhamento semanal dos dados junto às Centrais Estaduais de Transplantes. A situação, no momento, parece ter se estabilizado. Centros importantes que estavam inativos estão retomando as atividades, e retomamos a captação de córnea em doador falecido por parada cardíaca.

A queda dos transplantes começou a ser observada na segunda quinzena de março, quando a pandemia começou no Brasil e seguiu os casos de notificação da Covid-19. Os estados mais afetados, com sobrecarga no sistema de saúde, foram obrigados a reduzir ou, algumas vezes, paralisar o programa de transplante. Contudo, à medida que a situação ficou controlada, o programa foi retomado.

Texto produzido pela Unidade de Comunicação Social do HU/UFSC, com informações do Ministério da Saúde

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