Congresso de Inclusão do Negro Surdo destaca a importância do combate aos preconceitos

17/11/2017 19:26

Ayiu John Wuol, palestrante da Alemanha.

O VI Congresso Nacional de Inclusão Social do Negro Surdo (CNISNS), que ocorreu na UFSC entre os dias 16 e 18 de novembro, teve palestrantes internacionais, oriundos da Alemanha, França e Estados Unidos. Durante o evento, foi ressaltada a importância do combate aos diferentes tipos de preconceitos que estão presentes nos mais diversos países. Um dos destaques da programação da sexta-feira, 17 de novembro, foi a palestra de Ayiu John Wuol, negro e surdo que vive na Alemanha.

Ayiu discursou sobre as muitas diferenças que existem entre os seres humanos e a necessidade de respeitá-las: “As pessoas são todas diferentes. Ainda assim, existe ainda muito racismo, muito machismo, muita opressão, muito sofrimento. Na Alemanha, eu sou respeitado pelo que faço, mas ainda sinto preconceito, sobretudos nas palavras que geralmente são dirigidas a nós, negros, vindas na maioria das vezes de homens brancos. E não é só na Europa que existe preconceito. Também existe na África e em outros lugares.”

Algumas situações vividas por Ayiu foram expostas para exemplificar o que é ser negro em um mundo racista: “Para os negros, uma abordagem policial não traz segurança, mas sim insegurança, medo e outros sentimentos ruins. Já fui abordado por policiais quando caminhava em um parque, somente por ser negro. Por causa da cor da minha pele, acharam que eu estava ali para vender drogas. Realmente não é fácil ser negro hoje. E além de negro, também sou surdo, o que gera ainda mais preconceito.”

Ayiu finalizou sua apresentação resgatando o período histórico em que a escravidão era uma prática corrente para argumentar que, apesar de difícil, uma mudança de paradigma é possível: “Até quando será assim? Até quando o negro será considerado inferior em relação ao branco? Ao longo da história, muita coisa já mudou. Mas muita coisa ainda pode mudar. É necessário estimular essas mudanças.”

Sobre o evento:

O evento teve como objetivo abrir espaço acadêmico para as pessoas surdas negras para que possam ter acesso a diferentes áreas sociais. Foram debatidos temas como a mulher surda e negra; as ações afirmativas (cotas, acesso do surdo negro no mercado de trabalho); e também teve espaço voltado para arte, poesia, teatro, contos, danças entre outras modalidades que fazem parte da cultura negra surda.

A organização do evento foi coordenada pelo professor Victor Hugo Sepulveda da Costa, do Departamento de Língua de Sinais Brasileira, do Centro de Comunicação e Expressão (CCE), e pela professora Maria Auxiliadora Bezerra de Araújo, do Instituto Federal Catarinense (IFC/Sombrio).

Mais informações no site do evento.

Daniela Caniçali/Jornalista da Agecom/UFSC

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