Colégio de Aplicação promove evento sobre influências indígenas, africanas e europeias em Santa Catarina

16/05/2016 15:07

O Colégio de Aplicação (CA) realizou a ‘Sexta cultural dos 5º anos’ no dia 13 de maio. Durante o evento os alunos apresentaram o resultado de trabalhos realizados sobre as culturas negra, indígena e europeia. A programação faz parte de um projeto realizado em parceria com a Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), em que estagiárias do curso de pedagogia fizeram o planejamento de um conjunto de atividades envolvendo as crianças.

O projeto teve início no mês de março com um trabalho de uma semana de observação dos alunos. Após essa fase, um planejamento de aula começou a ser formulado para decidir qual seria a melhor abordagem dos temas propostos. Elas optaram por criar um ambiente de “vivência” em que os alunos pudessem colocar em prática os costumes de cada povo interligando elementos culturais com as disciplinas.

Durante as duas semanas de execução do projeto, os alunos aprenderam sobre a língua, culinária, jogos, danças, instrumentos musicais e crenças. Eles ainda tiveram contato com a história desses povos o que permitiu uma intersecção entre o passado e a atualidade.

A apresentação, no auditório do CA, iniciou com a professora e capoeirista Danuza Meneghello fazendo uma apresentação com um berimbau. Em sua fala destacou a importância de ensinar sobre a diversidade cultural nas escolas como forma de acabar com o preconceito e o racismo “a escravidão ainda não acabou, temos que cuidar para que isso não volte a acontecer”. Depois as crianças foram convidadas a integrar uma roda de capoeira. Finalizando o debate sobre preconceito a aluna Vitória Freitas leu o conto ‘Ame a você mesmo antes de qualquer coisa’, produzido durante as aulas em que os alunos discutiram o racismo.

Roda de capoeira formada pelos alunos e pela professora Danuza Meneghello. Foto: Ítalo Padilha.

Roda de capoeira formada pelos alunos e pela professora Danuza Meneghello. Foto: Ítalo Padilha/Agecom/UFSC

A estagiária Ana Beatriz Sodré disse que uma das razões para escolher trabalhar com a cultura africana foi o contato que ela teve com essa temática através da banda Cores de Aidê, da qual ela é integrante. “É uma banda de samba/reggae, só de mulheres, que valoriza o emponderamento da mulher negra e índia. Depois que entrei na banda mudei totalmente meu jeito de pensar e as minhas reflexões, isso abre os olhos para outras coisas”.

A segunda turma trabalhou com os imigrantes europeus em Santa Catarina. Um vídeo foi exibido mostrando as atividades realizadas em sala como a produção de poemas, degustação de pratos típicos e um estudo histórico sobre a colonização europeia em Santa Catarina. No fim do vídeo os alunos se apresentaram em trajes típicos dos povos colonizadores.

Joseane Pinto Arruda, professora do CA, explicou que as estagiárias tiveram muito cuidado ao falar sobre a colonização europeia no estado, p  rocurando esclarecer as condições desfavoráveis em que os colonizadores se instalaram e permaneceram. “Isso desconstruiu muitas coisas que nós, no decorrer da aula, não paramos para fazer uma reflexão”.

A terceira e última turma realizou uma apresentação musical sobre os povos indígenas, em seguida o vídeo ‘Culturas indígenas em Santa Catarina: vivências do 5º ano C’ foi exibido. As estagiárias ressaltaram que o foco do trabalho foi na população indígena do estado, para que os alunos pudessem assimilar e se aproximar dessa realidade. Elas usaram como exemplo a primeira turma de licenciatura intercultural indígena formada pela UFSC, e disseram que as crianças ficaram surpresas ao saber que haviam indígenas frequentando a universidade.

Crianças visitando a exposição e degustando comidas típicas. Foto: Ítalo Padilha

Crianças visitando a exposição e degustando comidas típicas. Foto: Ítalo Padilha/Agecom/UFSC

Ao fim das apresentações os alunos visitaram a exposição montada no saguão do colégio com todos os trabalhos desenvolvidos durante o projeto. Estavam expostos poemas, desenhos, tirinhas, instrumentos musicais, jogos e comidas típicas.

A professora da Udesc e orientadora do projeto, Jilvania dos Santos Bazzo, disse que esse trabalho é importante para que esses povos não sejam lembrados apenas em datas comemorativas, mas sim que sejam sempre incluídos nas discussões sociais e políticas. “É importante ressaltar a consciência crítica de que o negro não é só sofrimento, mas que ele é resistente. Há um sentimento de pertencimento, e esse sentimento é também de brancos, pretos, pardos, amarelos”.

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