Pesquisa avalia qualidade de vida de idosos de Florianópolis

17/11/2015 10:15

Os idosos representam 11,7% da população do Brasil, e, de acordo com o Programa das Nações Unidas de Desenvolvimento (PNUD), em 2030 eles serão quase um quinto dos brasileiros. Em Florianópolis, cerca de 11% dos moradores têm ou estão acima dos 60 anos. Esses dados motivaram o Epifloripa Idosos 2013/2014 – estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) para avaliar a qualidade de vida e a saúde dos idosos na capital. Esta foi a segunda etapa da pesquisa – que começou em 2009, com 1.705 voluntários –, na qual foram entrevistados 1.197 idosos, participantes também em 2009, com idade médiade 70 anos, que responderam a questões sobre saúde, autonomia, autorrealização e prazer.

O estudo identificou, em relação à pesquisa anterior, 5,4% de aumento nos sintomas depressivos que atingem 19% dos entrevistados. Além disso, houve aumento no autorrelato de câncer (presente em 11,5% dos participantes), hipertensão arterial (65,1%), doença cardiovascular (32,3%) e derrame (9,8%). A ocorrência de quedas também cresceu: em 2009, 13,6% dos participantes informaram ter sofrido esse tipo de acidente, e, em 2014, o índice passou para 19%. A professora Eleonora D’Orsi, do Departamento de Saúde Pública, do Centro de Ciências da Saúde da UFSC, coordenadora do Epifloripa, explica que os dados não podem ser considerados uma tendência porque, conforme o envelhecimento dos participantes, há o aparecimento de doenças que não foram relatadas na primeira etapa do levantamento. Ainda de acordo com Eleonora, estas doenças poderiam ser evitadas por mudanças no estilo de vida (dieta saudável, atividade física, estimulação cognitiva e interação social), maior adesão aos tratamentos para controle das doenças crônicas e ambiente favorável ao idoso (maior mobilidade e segurança na cidade).

Os participantes também passaram a utilizar mais a internet nos últimos anos, com 39,1% usando serviços como e-mail. Também foi apontado que os idosos de Florianópolis estão menos dependentes de outras pessoas em atividades básicas da vida diária (AVD), como se vestir e fazer a higiene pessoal. Em 2009, 25,6% declararam ter autonomia nas tarefas, agora são 31,5%.

Um dos resultados do Epifloripa foi a dissertação de mestrado em Saúde Pública da professora Ana Aparecida Tessari, que avaliou o IMC (peso dividido pela altura elevada ao quadrado) e circunferência da cintura (CC) dos voluntários, ambos considerados fatores de risco para doenças como as cardiovasculares. A partir do estudo, a pesquisadora identificou que os idosos com excesso de peso em 2009, e que mantiveram a situação em 2013/2014, foram os que manifestaram menor qualidade de vida. Ana explica que o Brasil vem apresentando propensão ao sobrepeso – 56,9% da população tem excesso de peso, de acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde de 2015, dado que se reflete na terceira idade e reforça a necessidade de acompanhamento da sua saúde.

Apesar dos problemas expostos, os idosos responderam positivamente ao questionário sobre qualidade de vida: a média de pontos foi 45, de um total de 57. Ana ressalta que as perguntas sobre prazer e autorrealização são de caráter pessoal e que um idoso pode não relacionar um problema de saúde com a sua autonomia. Também foi indicado no Epifloripa que os fatores que contribuíram para a pontuação alta na qualidade de vida foram o retorno ao trabalho após a aposentadoria, a prática de atividade física regularmente, o uso da internet e o convívio social.

Eleonora D’Orsi, afirma que uma nova etapa está prevista, a fim de continuar monitorando as mudanças na saúde dos idosos da capital catarinense. Por enquanto, a equipe está atualizando os cadastros dos participantes para realizar novo estudo em 2017.

A equipe responsável pelo levantamento foi composta de 12 supervisores (mestrandos e doutorandos dos programas de pós-graduação em Saúde Coletiva, Ciências Médicas, Educação Física e Nutrição da UFSC); uma bolsista de iniciação científica; um bolsista do curso de Ciências da Computação da UFSC e 13 entrevistadores contratados, responsáveis por aplicar os questionários.

Mais informações:

Epifloripa – (48) 3721-2223; epifloripapesquisa@gmail.com

Eleonora D’Orsi – (48) 3721-9388

Ana Carolina Prieto/Estagiária de Jornalismo/Propesq/DGC/UFSC
a.carolinaprieto@gmail.com

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