Comissão divulga primeiro relatório do Plano de Logística Sustentável da UFSC

20/02/2014 17:59

Comissão constituída para estabelecer os critérios para compras e contrações sustentáveis reúne-se nesta quinta-feira, 20. Esses critérios também são abordados pelo PLS. (Foto: PROPLAN/UFSC)

A Comissão Gestora do Plano de Logística Sustentável (CGPLS) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) divulgou o primeiro relatório do Plano de Logística Sustentável (PLS). O documento concentra informações acerca da situação atual da Universidade, divididas em seis áreas temáticas: resíduos sólidos; compras e contratações sustentáveis; qualidade de vida no ambiente de trabalho; energia; água e esgoto e deslocamento de pessoal com foco na redução de gastos e emissões. Além de um diagnóstico atual, o material oferece propostas de melhorias e estabelece metas direcionadas aos setores responsáveis.

Esse é o primeiro relatório da UFSC que retrata a realidade da sustentabilidade na Universidade. A presidente da comissão, Anna Cecília Petrassi, destaca que o material é pioneiro por propor metas. “A publicação deste documento é um ponto de partida, um referencial para que o tema da sustentabilidade entre definitivamente na gestão universitária”, explica.

A realização do plano foi impulsionada por demandas do governo federal. A Administração Central da UFSC seguiu uma instrução normativa do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) e constituiu a comissão gestora especificamente para elaborar o PLS.

Abrangência

Uma característica importante do PLS, destacada por Ariane Laurenti, assessora de Gestão Socioambiental que também participa da CGPLS, é a dimensão dada pelo material para o tema da sustentabilidade. “De modo geral, a sustentabilidade tem sido quase que exclusivamente enfrentada pela sua vertente econômica. A comissão buscou ampliar essa visão propondo ações voltadas para o bem-estar e para a saúde da comunidade universitária”, explica Laurenti, que também atua como professora do Departamento de Patologia da UFSC.

Acompanhamento de ações

A expectativa da comissão é que o relatório gere uma movimentação da comunidade acadêmica para a criação de soluções e tecnologias voltadas ao uso responsável de recursos naturais. Petrassi afirma que muitos dados levantados pela comissão precisam ser estudados mais profundamente. “O que de fato acreditamos é que não deveríamos aguardar a realização desses estudos para que ações fossem propostas, mas enfatizamos a realização destes para que tenhamos informações cada vez mais fiéis da realidade e possamos avançar para o alcance da Universidade como referência em sustentabilidade”, defende.

A Comissão Gestora foi criada para conceber o relatório do PLS. O acompanhamento das ações, segundo Petrassi, ficará sob responsabilidade de futuras iniciativas. A presidente explica que não se trata de as áreas aderirem ao plano, mas de implantarem mudanças e colherem os resultados. “O acompanhamento se dará através da melhoria da qualidade de vida proporcionada às pessoas pelo cumprimento das atividades propostas”, ressalta. “As ações foram pensadas com indicadores que, em um primeiro momento, serão o termômetro do sucesso ou falha do que o relatório propõe”, conclui.

Laurenti concorda que o PLS deve ser um estímulo para fomentar ações concretas de sustentabilidade. “A publicação do PLS deverá ser um elemento de provocação para que a UFSC saia da retórica e parta para a ação. Talvez uma grande oportunidade imediata, se não a maior, seja a definição do novo Plano Diretor da UFSC, cujo processo está em vias de ser deflagrado através de amplo debate na instituição”, sugere a assessora.

Próximo passo

Após essa etapa, a Reitoria deve nomear uma comissão permanente que se comprometa a definir as melhores estratégias para o cumprimento e acompanhamento das ações propostas. Laurenti destaca que, independentemente da instituição de uma comissão permanente, é importante que a comunidade universitária sinta-se provocada pelo Plano e busque adequar as proposições à realidade dos locais de trabalho.

A assessora complementa que cada setor da UFSC deve repensar a sua prática cotidiana. “Devemos lembrar que, como dito no relatório do PLS, as políticas podem partir de cima para baixo, mas a solicitação de coerência delas parte de baixo para cima”, finaliza.

Exemplo

Segundo Laurenti, é preciso que ocorram iniciativas para a implantação de ações sustentáveis, porém, com gestão estratégica integrada. “É preciso que distorções sejam corrigidas em práticas de cunho sustentável desenvolvidas na UFSC, mesmo que a princípio essas correções possam gerar alguma resistência”, explica.

Um exemplo citado pela assessora foi a iniciativa de reconsiderar o projeto de compostagem da UFSC. Ela explica que foi preciso repensar o projeto tanto devido à necessidade de mudança da localização do pátio de compostagem – em virtude da expansão física da instituição – quanto por questões ambientais. “A segunda questão era seguramente aquela que implicava, principalmente pela proximidade da atividade ao canal hídrico que deságua no Manguezal do Itacorubi, tanto no agravamento do impacto ambiental ao Manguezal quanto em possíveis multas ambientais originadas no órgão fiscalizador estadual e notificações do Ministério Público Federal. Então, quando se fala em ações sustentáveis com gestão estratégica integrada está se falando que não adianta promover uma prática sustentável se o procedimento para tal é ineficaz ambiental e legalmente, o que a tornará insustentável ambiental e socialmente” concluiu a professora.

A solução da compostagem, ainda em desenvolvimento, veio com a institucionalização do projeto, financiado pela Administração Central, e com a formação de uma comissão, com representantes da Pró-Reitoria de Planejamento e Orçamento, Gestão Ambiental e Prefeitura Universitária, além de professores e estudantes diretamente envolvidos com o projeto e membros de centros de ensino interessados no deslocamento do atual pátio de compostagem.

A comissão investiu em tratativas com a Companhia Melhoramentos da Capital (COMCAP), para ampliar o convênio de colaboração técnica que a instituição já celebrava com a UFSC. “A melhor proposta seria aprofundar e profissionalizar os termos do convênio com a COMCAP para gerar uma gestão compartilhada dos resíduos, na qual a UFSC continuaria com a responsabilidade de apoio técnico e científico do tratamento e a COMCAP passará a realizar a coleta dos resíduos orgânicos da UFSC e o acondicionamento deles em uma área adequada ambientalmente”, esclarece Laurenti.

Pensamos que o mesmo pode acontecer em todos os setores da UFSC que, por iniciativa própria e com o fomento da administração, possam introduzir no cotidiano de nossa UFSC novos objetivos e novas práticas em consonância com a sustentabilidade, a transparência e a lisura administrativa”, conclui a assessora.

Mais informações:
Site do Plano de Logística Sustentável
(48) 3721-4887/4097

 

Mayra Cajueiro Warren
Jornalista / Diretoria-Geral de Comunicação
(48) 3721-4081 /
mayra.cajueiro@ufsc.br

Tags: gestão ambientalPlano de Logística SustentávelProplanUFSC