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Este domingo, 1º de dezembro,  está marcado por mais um “Dia Mundial de Combate à Aids”,  e Santa Catarina tem motivos para se preocupar: de acordo com o último Boletim Epidemiológico Aids e DST, emitido pelo Ministério da Saúde, o Estado tem o segundo maior registro de casos de infecção pelovírus HIV no país, atrás apenas do Rio Grande do Sul. No ranking de taxa de incidência da região Sul, cinco cidades catarinenses aparecem entre as 10 primeiras colocadas – Itajaí, Biguaçu, Balneário Camboriú, Florianópolis e Criciúma. Os números mais preocupantes são os de Biguaçu, na Grande Florianópolis, onde os casos de Aids por cem mil habitantes passaram de 35,4 para 88,2 no período entre 2000 e 2011.

Para o médico pesquisador do Hospital Universitário (HU) da UFSC, Edison Fedrizzi, a péssima posição do Estado no ranking nacional está relacionada às duas formas mais comuns de infecção pelo vírus – relações sexuais sem preservativo e contaminação sanguínea por uso de drogas injetáveis. “Em um primeiro momento, acreditava-se que o número estava ligado à primeira forma, principalmente em cidades portuárias, como Itajaí; mas hoje consideramos que esteja mais ligado ao aumento do consumo de drogas, em especial por jovens.”

Fedrizzi também afirma que, apesar de o Brasil ser referência internacional no tratamento da doença, as atuais políticas públicas de prevenção são ineficazes. “Temos um programa exemplar, que oferece as melhores medicações de forma gratuita à população, mas é preciso investir mais em campanhas de conscientização, tanto nas escolas como na mídia”. Outra alternativa sugerida pelo pesquisador é que haja uma maneira mais fácil de se adquirir preservativos.  Segundo Fedrizzi, deve-se seguir o exemplo de outros países, onde não é necessário o deslocamento até uma farmácia ou posto de saúde para obtê-los; pode-se consegui-los em locais públicos.

Além da prevenção, outra questão a ser resolvida é o diagnóstico. Na capital, por exemplo, onde existem unidades de saúde que oferecem o teste, a doação de sangue ainda é procurada como forma de detecção do vírus. Segundo Patrícia Saldanha, farmacêutica bioquímica do Serviço de Hemoterapia do HU, a ação é arriscada, pois mesmo com os testes mais avançados à disposição, existe o período da janela imunológica, em que o vírus não é detectado pela triagem, podendo gerar um resultado falso negativo.

Patrícia explica que são feitos pelo menos dois testes para detecção do HIV por amostra de sangue doada, e que,em novembro, uma portaria do governo determinou a implantação de uma nova metodologia, que diminui o risco da janela imunológica. Além disso, são realizadas entrevistas para avaliar possíveis comportamentos de risco dos candidatos a doador. Fedrizzi destaca que para realizar o teste de Aidsno HU, basta dirigir-se ao hospital e fazer a solicitação. “O exame é feito de forma sigilosa e gratuita”.

Se diagnosticada a infecção, o paciente é aconselhado a dar início ao tratamento – que, no caso do HU, pode ser feito no próprio hospital – ou, então,encaminhado ao Hospital Nereu Ramos, referência em Santa Catarina no tratamento de HIV. Para evitar a infecção, Fedrizzi estimula a prevenção: “O mais importante é sempre pensar nas formas de transmissão. É preciso fazer uso de preservativo nas relações sexuais, principalmente se não for com um parceiro fixo, e, no caso de usuários de drogas, se não for possível abandonar o vício, não compartilhar seringas”.

Fernanda Costa/Estagiária de Jornalismo da Agecom/UFSC
fernandarvcosta@gmail.com

Claudio Borrelli / Revisor de Textos da Agecom / UFSC
claudio.borrelli@ufsc.br