Comunidade universitária discute segurança no campus de Florianópolis em fórum consultivo

03/09/2013 17:33

Estudantes, servidores, membros da Administração Central e da comunidade do entorno da UFSC participaram do debate, que também contou com a presença de acadêmicos do Curso de Formação de Oficiais da Polícia Militar. Foto: Henrique Almeida/Agecom/UFSC

Um público diverso, com cerca de 200 pessoas, lotou o auditório da Reitoria da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis, nesta segunda-feira, 2 de agosto, para participar de um fórum consultivo sobre a segurança no campus principal, no bairro Trindade, na capital. Estudantes, servidores, membros da Administração Central e da comunidade do entorno da UFSC compareceram e participaram do debate, que também contou com a presença de acadêmicos do Curso de Formação de Oficiais da Polícia Militar.

A mesa do debate foi composta pela reitora da UFSC, Roselane Neckel, pelo diretor do Departamento de Segurança Física e Patrimonial (Deseg) da UFSC, Leandro Luiz de Oliveira, e pelo tenente-coronel Araújo Gomes, comandante do 4º Batalhão de Polícia Militar de Florianópolis.

Leandro Oliveira compartilhou dados sobre a estrutura e números do Deseg durante sua apresentação. O diretor detalhou as características da segurança no campus e informou que a Universidade conta com 49 agentes de segurança e 221 vigilantes terceirizados, incluindo os quatro “campi”, fortalezas e estruturas externas ao campus central. Os contratos de serviços de segurança da UFSC custam, mensalmente, R$ 35 mil pela manutenção de equipamentos como câmeras, alarmes e cancelas eletrônicas e cerca de R$ 608 mil pela vigilância privada, incluindo viaturas e pessoal.

Leandro Oliveira compartilhou dados sobre a estrutura e números do Deseg durante sua apresentação. Foto: Henrique Almeida/Agecom/UFSC

“Quando há eventos como formaturas e festas, as ocorrências, especialmente de arrombamento de veículos, tendem a aumentar, e nós tentamos reforçar a segurança. Mas temos limitações e precisamos da colaboração de vocês, com alertas e informações. Neste semestre distribuímos 20 mil cartilhas com recomendações de segurança. Até agora, em 2013, prendemos 15 pessoas envolvidas em furtos dentro do campus, com o auxílio da polícia. Essas pessoas já estão soltas. Aqui já enfrentamos situações sérias, como tentativas de suicídio e a presença de pessoas armadas, traficantes, quadrilhas especializadas em furtos de carros, de livros”, explicou Oliveira. O diretor propôs a utilização das cancelas à noite e nos fins de semana, reforço no cercamento já existente e amadurecimento das propostas do Plano Diretor.

A Polícia Militar – representada pelo tenente-coronel Araújo Gomes – também apresentou seus dados: o comandante detalhou aspectos atuais da PM e afirmou que a corporação não tem interesse em fazer policiamento dentro do campus, por uma série de fatores.

“Acredito que a polícia no campus não é a solução. Queremos continuar sendo parceiros, mas já enfrentamos dificuldades no atendimento às demandas fora do campus”, explicou Gomes. O comandante defendeu a discussão do modelo de segurança da UFSC e da polícia comunitária para prevenir ações criminosas. Gomes destacou, ainda, o esforço da corporação em redirecionar seu foco e deixar de ser um instrumento de controle social e tornar-se parceira da população. “Nós estamos aqui como parceiros. Em uma universidade deste tamanho, com os recursos que tem, a nossa presença aqui só fará diferença em último caso”, acrescentou o policial.

A reitora Roselane Neckel destacou a preocupação da Administração Central com relação a incidentes relacionados a festas, e com as reclamações constantes da comunidade a respeito do barulho dentro do campus, sobretudo após as 23 horas. Roselane afirmou que há a presença de pessoas externas à comunidade universitária, com carros de som que desrespeitam o limite de horário e geram distúrbio aos moradores das imediações do campus. “Recebemos, na semana passada, uma advertência da Fundação Municipal do Meio Ambiente de Florianópolis (Floram), por poluição sonora. Observamos que essa poluição não se deve às festas organizadas pelos nossos estudantes, e, sim, a carros de som que entram depois do término das festas, com posturas que colocam em risco a vida dos estudantes e também o nosso compromisso com a comunidade externa à UFSC”, declarou a reitora.

Debate de ideias

O debate envolveu mais de 20 participantes, que se expressaram favoráveis e contrários a muitos pontos tratados nas apresentações da Polícia Militar e do Deseg, e até à própria composição da mesa. Foram propostas reflexões a respeito das causas da criminalidade no entorno da UFSC e sobre ações que a Universidade pode tomar para ser um agente de transformação social. Além disso, problemas como a iluminação do campus foram abordados. Vários participantes declararam-se interessados em tornar o campus principal da UFSC um espaço aberto e ativo de socialização, lazer e integração. Alguns se manifestaram contrários à atuação da Polícia Militar no campus e pediram mais segurança no entorno da UFSC. Também foi proposta a criação um instituto de pesquisas que trate da questão da violência e segurança pública, com participação da Universidade e da comunidade.

Participaram com comentários e ideias estudantes que representavam entidades como o Diretório Central dos Estudantes Luís Travassos (DCE), a Assembleia Nacional de Estudantes – Livre (ANEL), alunos de cursos como Geografia, Arquitetura e Urbanismo, Ciências Agrárias, Direito, entre outros.

Roselane Neckel esclareceu que a proposta das cancelas abrange o controle de entrada de veículos automotores e não de pedestres ou ciclistas. “A UFSC está aberta há 53 anos e não é o fato de haver portões ou cancelas que vai fechá-la à comunidade. A cancela foi pensada para o controle de acesso a partir das 23h com uma única entrada. Não vai impedir o acesso à UFSC e sim dificultar que a Universidade seja ocupada por carros. Estamos pensando em incentivar a utilização do nosso espaço para a prática esportiva; fomentar a entrada de um conjunto de pessoas que devem vir pra UFSC com segurança”, destacou.

A reitora delineou, ainda, o desenvolvimento próximo de projetos de abertura da Universidade, como o Plano Cicloviário, o Projeto do Parque Universitário, e o UFSC Campus com Vida. Roselane anunciou também que o plano de segurança do campus e o projeto de iluminação da Universidade acabaram de ficar prontos e serão apreciados em breve pela comunidade universitária. O projeto de iluminação, de acordo com o orçamento apresentado à Pró-Reitoria de Administração, deve custar em torno de R$ 16 milhões e prevê lâmpadas de led – com baixo consumo de energia – e um sistema inteligente para aumentar a segurança de quem circula no campus à noite.

Continuação do debate

A realização do fórum consultivo coincidiu com a VIII Semana de Integração do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH), que também traz a temática da segurança pública ao debate. Conheça aqui a programação.

Na manhã desta terça-feira, 3 de setembro, a Administração Central reforçou que será necessário realizar mais debates com o foco em segurança pública. Outros fóruns para discutir temas como orçamento, ingresso, permanência e a UFSC como lugar de Cultura estão programados para os próximos meses, até o final do semestre letivo.

Mayra Cajueiro Warren/ Jornalista na Assessoria de Imprensa do Gabinete da Reitoria/UFSC

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